When they said "Speak Now"

Escrito por Amanda Borges | Revisado por Beezus

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  O casamento estava prestes a começar, entrei discretamente e me sentei na última fileira, tentando passar despercebida. Fiquei observando aquele circo de horrores: Ouviam-se gritos escandalosos do lado de fora, vindos da noiva. Ela gritava com suas damas de honra, enquanto todos naquela igreja fingiam não ouvir, assim como fingiam se importar e estarem felizes pelo casal que estava prestes a se casar, trocando gestos divertidos. Até mesmo a família dela, todos sempre sérios vestidos em tons pastéis, fingiam que nada acontecia.
  Olhei para o altar, onde todos estavam posicionados esperando a noiva, e entre eles, , o noivo, o meu melhor amigo. Peguei meu celular, enviando uma mensagem.
  “Você fica bem de smoking.” Escrevi apenas, observando-o tirar o celular do bolso e ler. não tirava o celular de perto por um segundo, e após ler a mensagem, me procurou naquela multidão de gente esnobe e fútil. Seus olhos encontraram os meus e então ele deu um sorriso tímido.
  “Fico feliz que veio.” Respondeu, mas sua face não parecia feliz.
  “Você não precisa fazer isso.” Mordi o lábio inferior com receio, mas enviei a mensagem mesmo assim.
   encarou o celular por alguns segundos, e, quando estava prestes a responder, as portas da igreja foram abertas. Ele guardou o celular, se virando pra contemplar a noiva no seu vestido... espera! Que vestido era aquele? Parecia um... Um doce! O vestido era branco com listras vermelhas enroladas por todo o corpo, com uma calda colorida e eu segurei o riso, olhando rapidamente pra , que expressava um autêntico “WTF?”. A música escolhida era lenta e depressiva, mais parecendo uma marcha fúnebre, enquanto a noiva flutuava pelo corredor vermelho.
  Mas de uma coisa eu soube, subitamente, ao ver me olhar uma última vez antes de receber a noiva no altar: Ele gostaria que fosse eu.
  E então tudo fez sentido.

   e eu crescemos juntos e somos melhores amigos desde sempre, mas nunca fomos maduros o suficiente pra perceber que o que sentíamos um pelo outro era mais que amizade de “quase irmãos”, ou eu que não tivesse enxergado isso. E não era egoísmo, namorava há quanto tempo? Seis meses? E do nada resolve se casar com uma mulher que ele não conhece? E pior: Que não O conhece? Todas as brincadeiras, as noites em claro, os quasebeijos na sorveteria do Bob... Era mais que amizade.
  Imaginando o futuro por um segundo, eu tomei a decisão de que não podia deixar o meu futuro ser tirado assim de mim, tão fácil.
  Eu me perco em um devaneio, mas saio do mesmo ao ouvir o padre dizer: “Fale agora ou se cale-se para sempre”. Há o silêncio, e aquela era a minha última chance, um arrepio percorreu todo meu corpo ao me levantar e dizer:
  — Eu não sou o tipo de garota que interrompe rudemente uma ocasião dessas, de véu branco, — Comecei, com minhas mãos estavam trêmulas e todos me olhando. Olhares horrorizados de todos na igreja. Respirei fundo e passei a encarar , a única pessoa que me importava ali: — Mas você não é o tipo de garoto que se casaria com a garota errada. — Sorri, encarando o chão.
  A noiva me olhou incrédula, isso não era certamente o que ela esperava que seria, e logo seu olhar se tornou raivoso. Sentia meu rosto corar, ali atrás, quase escondida nas cortinas, como se eu não tivesse sido convidada por aquela adorável noiva.
  — É por isso que ele está casando comigo, queridinha. — Ela sorriu cínica, e se virou. — Continue. — Ordenou para o padre.
  — Bem, se ninguém mais tem alguma objeção... — O padre tossiu levemente, me encarava e eu não sabia o que ele pensava, não sabia o que fazer, ou falar. Todos voltaram a encarar os noivos, e foi virado (lê-se: empurrado) na direção do padre. — Vamos aos votos: , você aceita como sua legítima esposa? — E novamente o silêncio. me encarou, e eu novamente me levantei.
  — Não diga sim, fuja agora! Vou encontrá-lo lá fora, na porta dos fundos da igreja. — Falei indo em direção à porta principal.
  — SPEAK NOW!¹ — A mãe da noiva, desesperada, gritou para ele, agarrando seu braço.
  — Não espere ou diga nenhum voto, você precisa me ouvir! — Eu queria chorar, mas não iria, fiquei encarando ele, que me olhava com aqueles olhos indecifráveis.
  Não esperei e saí, dando a volta na igreja e entrando em um pequeno bosque que tinha ali. A grama batia em meus joelhos e o lugar havia se transformado em uma minifloresta, onde antes, anos atrás, uma linda praça existia. Avistei o chafariz de anjinhos, já seco e tomado pelas folhas, que cresciam por ele; Andei mais um pouco até um ferro enferrujado que sustentava três balanços. Me sentei no do meio, um pouco receosa, com medo de algo cair, mas, apesar da ferrugem e de não ser usado há anos, o brinquedo ainda estava em bom estado, se podemos assim dizer.
  Sorri involuntariamente, olhando o lugar onde eu conheci , um menino que dividiu o balanço comigo e mais tarde, toda a minha infância e adolescência. Após a puberdade virou o centro das atenções, era realmente um homem muito bonito, no auge da sua vida, aos vinte anos, se casando com uma mulher que só o queria pela beleza.
  Eu sempre o admirei porque, se havia algo que sabia fazer era encantar as pessoas. Ele fazia isso com todas, mas comigo era diferente.
  Não me pergunte “diferente como?”, porque eu não sei como responder, mas, eu nunca encontrei alguém tão leal e carinhoso como ele. Ele me protegia, me animava e me ouvia. Eu sempre fui perdidamente apaixonada por e nunca havia me dado conta, com medo de isso sufocar nossa amizade, com medo de não ser recíproco, com medo da mudança. E era hora de mudar, de sair de trás das cortinas e dizer o quanto eu o amo.
  Ei! Não durma no teclado! Eu sei que essa história é bem clichê, e que eu fui completamente desnecessária ao me meter no casamento do meu melhor amigo, mas, ele me amava! E eu correspondia isso, você está vendo que sim!
  Eu arrisquei, e havia recebido minha resposta, após minutos sentada naquele balanço: ele não viria. E com isso, nossa amizade estava acabada, e provavelmente ele me odiaria pro resto da vida. Legal.
  E para de falar que eu mereço! Eu sei que sou tapada! Grrr.

  Fiz a menção de levantar, quando o barulho das folhas secas sendo quebradas me alertou, fazendo meu coração pular, batendo freneticamente dentro de mim.
  Era ele.
   se sentou no balanço do lado, olhando o lugar. Não falamos nada por longos e aterrorizantes minutos.
  — Você se lembra desse lugar? — Olhei ao redor, sorrindo melancólica. Ele olhou pra mim por um instante e passou a encarar o chão.
  — Então é isso? Você interrompe o meu casamento, fala coisas de uma forma que parece estar apaixonada por mim, fala na frente de todo mundo que ela é a pessoa errada pra mim e espera que eu venha correndo atrás de você? — No final da frase ele voltou a me encarar, mas novamente, por poucos segundos. — Funcionou. — Ele deu de ombros e eu soltei um risinho. — Sim, eu lembro daqui.
  — Eu estou.
  — Está o que? Maluca? Acho que sim. — Ele sorria pra mim.
  — Eu estou apaixonada por você. — Meu rosto estava completamente ruborizado.
  — Você sempre foi. — Ele não tirava o sorriso. — E não venha com essa de que só descobriu agora.
  Abaixei a cabeça, rindo. Ele levantou e parou na minha frente, estendendo a mão pra mim. O encarei um pouco duvidosa, mas levantei, fazendo meu corpo colar no dele.
   pousou uma mão na minha cintura e a outra eu meu rosto, fazendo eu me aproximar ainda mais. Podia sentir sua respiração ofegante batendo contra meu rosto, e lentamente fui fechando os olhos, até não haver mais nenhuma distância entre nossos lábios. Não posso descrever aqui, mas feche os olhos e imagine o melhor beijo da sua vida (se já teve ou ainda terá). Então, imaginou? Foi melhor, bem melhor.
  Após o beijo, nos encaramos sorrindo, e ele disse, com uma voz doce:
  — Que bom que você estava por perto quando eles disseram "Speak Now".

FIM