When The Darkness Comes

Escrito por Boo | Revisada por Natashia Kitamura

Tamanho da fonte: |


Música: Animals, por Maroon 5

Sexta-feria. Wydle Street, Sydney. 07:30 a.m

  A água quente que descia do chuveiro retirava a espuma que ainda restava de meu corpo enquanto eu encarava a parede branca do box, sem enxergar nada, na verdade. Meus pensamentos estavam longe demais, ainda anestesiados pelo frenesi causado pela escuridão. Meu estômago se revirava a cada vez que eu me lembrava de qualquer detalhe do que acontecera. O prazer causado pela loucura era sobrenatural. Insano. E bom.
  Desliguei o chuveiro, perguntando-me se no fim das contas aquilo não havia sido mais um sonho, como todos os outros. Com o corpo envolvido pela toalha, saí de dentro do banheiro, caminhando até meu quarto com dificuldade devido a confusão que fazia minha cabeça girar. Enquanto secava minha pele, o choque me atingiu com força. Sufoquei um grito quando prestei atenção na minha imagem refletida no espelho.
  Pequenas marcas roxas se distribuíam minha cintura e subiam irregulares pelo meu tronco, até a altura da clavícula, provando que tudo fora real.

Metro St. James Café, Sydney. 09:15 a.m

  O garçom gentil colocou a xícara de café em minha frente com cuidado e partiu, deixando-me a sós com meus pensamentos. Não sabia nem porque estava me forçando a engolir o café, já que eu não sentia fome. Entre um gole forçado e outro, lamentei meu vício e contei os segundos para que o sol fosse brilhar em outra parte do globo terrestre.

Sydney Hospital, Sydney. 03:15 p.m

  Cada segundo era um passo mais perto da noite, mas o tempo parecia se arrastar. Pacientes passavam pelo corredor a minha frente, mas eu não os desejava mais um bom-dia como sempre fazia. Procurei manter minhas mãos ocupadas. Apesar do trabalho, a única coisa que ainda tomava conta de cada pensamento meu, era o escuro.

Wydle Street, Sydney. 09:50 p.m

  A casa já se encontrava quase escura.
  Meu celular tocava insistente em cima do criado-mudo de meu quarto, mas eu não o atenderia. Era apenas Caleb. De novo.
  Provavelmente, tentaria me chamar para sair novamente ou apenas para desejar “boa noite”. Sua insistência era algo que quase me fazia esquecer a escuridão.
  Pobre Caleb.
  Tentando me fazer sair com ele para me apresentar aos seus amigos como sua nova namorada, caindo como um patinho quando eu respondia as suas ligações ou respondia as mensagens de com poemas medíocres roubados da internet. Mal sabia o quanto a escuridão o odiava. Mesmo depois de ter me irritado muito nas últimas semanas, eu o agradecia silenciosamente.
  Se não fosse pela sua boca grande, as informações não correriam, e a escuridão não viria.
  Apaguei a luz do quarto, deixando apenas a janela aberta para que a escuridão o trouxesse. Deitei-me na cama, respirando profundamente antes de fechar os olhos. Logo ele viria.

11:57 p.m

  A euforia que tomava conta de mim foi substituída pelo sono e angústia. Já estava me cansando de esperar.
  Talvez ele não viesse essa noite.
  Me afundei em meu travesseiro, tentando me concentrar para afastar os pensamentos angustiantes que invadiam minha cabeça, para assim poder dormir em paz.
  O celular que ainda estava em cima do criado-mudo voltou a apitar, avisando que uma nova mensagem havia chegado.
  Mas que merda, Caleb!
  Não iria pegá-lo, mas pude ouvir o som da tela sendo desbloqueada.
  - Não poderia pensar em você fechando esses seus lindos olhos sem a minha mensagem de boa noite. – a voz baixa e seca ecoou de algum lugar no escuro, fazendo com que eu me encolhesse em um canto da cama. – Espero que amanhã você possa me atender e aceite almoçar comigo. Estou com saudades. Com amor Caleb.
  O brilho fraco do celular permitia que eu visse sua silhueta parada ao lado da cama por alguns milésimos quando o celular se chocou contra a parede com força. Arfei, tentando sufocar um grito.
  - ?
  Silêncio.
  Senti o colchão afundando ao meu redor, e logo o peso do corpo se equilibrava sob o meu. Senti sua respiração batendo contra a minha pele, e logo, seus lábios grudaram em meu pescoço.
  - ... – murmurei. – É você?
  - Shhh. – sussurrou contra a minha pele. – Estava esperando por outra pessoa por acaso?
  - Você demorou. – ralhei. – Demorou demais.
  - Me desculpe, . – sussurrou antes de selar nossos lábios por alguns segundos. – Tive que resolver algo antes.
  - Resolver o quê?
  - Aquele nosso problema chamado Caleb. – disse o nome do rapaz com desgosto, antes de mordiscar meu pescoço levemente. – Nada demais.
  - O que você fez com ele?
  - Desde quando isso importa?
  - Só me diga que você não fez nada que o impeça de viver.
  - Não o matei ainda. – seus lábios tocaram os meus por alguns poucos instantes. Não podia ver seu rosto no escuro, mas sabia que ele tentava me encarar. – Não tem motivo pra você se preocupar agora. Eu voltei e você não vai mais fugir de mim.
  - Quem me garante que você não vai sumir de novo?
  - Eu garanto. – murmurou com irritação. – Você sabe muito bem que eu quis sumir depois do que houve. Mas eu não posso te deixar sozinha por um minuto e você já se mete em encrencas.
  - Eu segui com a minha vida e você disse que ia seguir com a sua. Isso não é uma encrenca.
  - Teimosa. – arfei quando senti seus dentes se apertando em meu ombro. – Não adianta tentar fugir de mim, . Eu sempre vou te achar. Não adianta mais tentar se esconder. Olha o que acontece entre nós!
  - Isso é bobeira, . Você só sente ciúme.
  - Bobeira? Ciúme? – rebateu incrédulo. – Isso não se trata apenas de algo físico. Eu te sinto quando não estou perto e sei que você também me sente, anjo. É muito mais forte. É mental. E de uma mente você não se liberta nem fechando os olhos.
  Seus lábios se grudaram nos meus novamente e ele deixou que seu peso caísse sobre mim, me prendendo. Suas mãos desciam por meu corpo e apertavam cada parte exposta que ele encontrava pelo caminho.
  Faltava-me o ar, mas a urgência de tê-lo era maior do que precisar respirar.
  - Espera. – afastou-se de mim de repente. Um clique ecoou e um pouco de luz que vinha do abajur iluminou o quarto. – Hoje eu quero te ver. Quero ver cada parte do seu corpo.
  Suas mãos desceram até a barra de minha camisa, puxando-a para cima, deixando meu corpo marcado exposto aos seus olhos.
  - Linda. – sussurrou para si mesmo enquanto arrancava suas próprias roupas. – linda.
  Seu corpo voltou a colidir com o meu, seus lábios deixavam novas marcas famintas em mais partes de meu corpo. Cravei as unhas em suas costas quando uma de suas mãos começou a massagear meu seio.
  - . – gritei quando ele tomou meu mamilo em sua boca e o sugou enquanto a mão massageava o outro.
  Ele me enlouquecia. Cada toque era um passo mais longe de qualquer vestígio de sanidade que me restava.
  - Você. – grunhiu, segurando meu rosto para que eu pudesse lhe encarar; – A culpada é você.
  - Culpada de quê?
  Novamente seus lábios se chocaram contra os meus com urgência, seus braços me apertavam contra o seu corpo e com um movimento rápido, ele inverteu nossas posições.
  - Eu enlouqueci. – a dor se fez presente em seus olhos. – Ru enlouqueci quando deixei você ir. Enlouqueci quando fiquei sabendo que você estava saindo com o Caleb. Todas essas semanas vindo aqui a noite só me provaram o quanto eu sou viciado em você. Tenho andado por ai pensando em como eu amo te tocar e como amo mais ainda quando você me toca. Amo quando você grita meu nome quando esta com raiva de mim, mas ao mesmo tempo esta louca para que eu esteja em você. Eu não consigo fazer nada direito se você não esta comigo, mas quando estamos juntos fazemos uma guerra. Eu não entendo nada. Mas eu gosto disso.
  Deixei minhas mãos correrem livres por seu corpo, desenhando as tatuagens em seu peito exposto e fui descendo devagar, aonde eu sabia que ele mais precisava que eu tocasse.
  - – suas mãos se apertaram em minha cintura quando passei a mão em sua ereção. –, não quero brincar hoje.
  Continuei massageando-o, observando enquanto ele perdia o controle ao meu toque.
  Sua paciência se esgotou e novamente ele me girou, fazendo com que eu voltasse a ficar por baixo dele. Me livrei de sua boxer preta e deixei minhas mãos brincando com seu membro.
  - ... – arfou, fixando o olhar no meu. – Puta merda, já chega.
  Assenti e deixei suas mãos retirarem o único pedaço de pano que restava em meu corpo.
  Ele posicionou seu membro em minha entrada e devagar me penetrou.
  Meu coração batia descontrolado em meu peito enquanto eu ouvia ele chamando meu nome. Seus movimentos rápidos e bruscos e as mordidas que ele distribuía por meu corpo me faziam gritar.
  Agarrei seu cabelo com força, arrancando um grunhido e recebendo de volta estocadas mais fortes.
  - ... – gemi quando senti meu corpo tremer. – E-eu estou perto.
  - Vem. – respondeu grudando sua testa na minha. – Vem pra mim.
  Gritei seu nome quando o tremor se combinou com a sensação de fervura que exalava de meu corpo. Fechei meus olhos com força, deixando que o prazer finalmente me levasse pra longe.
  - Eu amo você. – sua voz rouca sussurrou em meu ouvido. – Porra, eu amo você.
  - Fica. – sussurrei em seu ouvido. – Não vai embora.
  - Eu não vou. Você é minha.

FIM



Comentários da autora