What's past is past

Escrito por Ana Paula | Revisado por Natashia Kitamura

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  - Mas que merda, Zayn. Eu já falei que to bem.
  - , você pode enganar todo mundo, mas eu te conheço bem demais pra isso.
  - Porra Zayn, eu vou desligar. ok? Amanhã eu te ligo, sei lá, me deixa em paz por hoje...
  - Mas ...
  E eu desliguei. Porra, qual o problema de eu curtir meu término de namoro sozinha? Fui até a cozinha e bebi mais um copo de água, já devia ser o oitavo. Minha mão uma vez tinha me falado que beber água fazia passar a vontade de chorar, não sei se era verdade, mas sempre deu certo comigo. Me encostei no balcão da cozinha e fiquei refletindo sobre aquela última briga. Ultima, e definitiva.

  Flashback ON
  - NÃO , EU JÁ FALEI QUE NÃO VOU NA PORRA DO SHOW!
  - Me escuta, Harry. Que cacete, se você não vai, por que ta arrumado assim? Porque eu vi os ingressos na sua carteira. Não mente pra mim!
  - MAS EU TENHO QUE MENTIR! VOCÊ ME SUFOCA COM ISSO ÀS VEZES!
  - TE SUFOCO? EU QUE SOU SUFOCADA TODO DIA POR MILHARES DE FÃS, DE PAPPARAZZIS, DE EX SUAS! EU NÃO CONSIGO MAIS IR AO SUPERMERCADO SEM SER XINGADA! VOCÊ TEM NOÇÃO DE COMO É ISSO? - eu perdi completamente a paciência naquele instante.
  - E LÁ VEM VOCÊ COM ESSE SEU DRAMA TODO DE NOVO! EU TO CANSADO OUVIU? CANSADO! – ele começou a mexer freneticamente no cabelo, sinal de que estava muito nervoso mesmo. Me surpreendi ao perceber que pela primeira vez, não me sentia mal com isso.
  - Desde quando você é assim Harry? – perguntei já tentando segurar as lágrimas que começavam a se formar no canto dos meus olhos, e os faziam arder. – Você mudou... Não é mais aquele garoto por quem me apaixonei...
  - Eu mudei? Larga de ser sínica garota, VOCÊ mudou. Desde que eu assumi essa merda de namoro, você tem saído com meio mundo, trocado tweets com famosos, isso é ridículo...
  - O que você ta insinuando Harry?
  - Que você só queria fama, era isso desde o começo não era? – ele me encarava com tanto ódio, eu mal suportava seu olhar, me sentia nua na sua frente, totalmente desprotegida. – Você é uma vadia manipuladora...
  - Eu não acredito que você está pensando isso de mim Harry. Você me conhece melhor do que ninguém...
  - Não , eu não te conheço mais. – ele me interrompeu – Quer saber? Vai se foder... – ele disse já indo em direção à porta.
  - O que você falou?
  - Eu mandei você ir se foder! Porque é exatamente o que eu to indo fazer... Sabe com quem eu vou no show? Com a Cara. E posso te falar, ela vai ser muito melhor companhia que você!
  - Que... que... Harry... O que você está dizendo? Você... você não me ama mais? – as lágrimas estavam ficando cada vez mais difíceis de se segurar.
  - Não, eu não te amo. – ele falou decidido, sério, senti o peso da verdade em suas palavras. – Eu to indo pro show. – saiu pela porta, e antes que ele permitisse que ela batesse, gritei.
  - ESTÁ TUDO ACABADO HARRY!
  - ÓTIMO! – ouvi ele gritar de volta, e desabei no chão. Que se foda esse garoto, que se foda essa dor enorme. Que se foda a Cara. Que se foda esse show. Que se foda o mundo.
  Flashback off

  Dois dias. Dois dias que eu estava solteira novamente. Depois da briga, recolhi de qualquer jeito as roupas que estavam na casa do Harry, assim como meus pertences mais importantes, fazendo questão de deixar pra trás o colar de avião igual ao dele que ele havia me dado. Mal sei como consegui chegar no meu apartamento aquele dia. Chovia tanto, parecia que o mundo ia acabar. A única coisa que me lembro depois da briga é de ligar para o Niall e falar tudo pra ele. Depois ele e o Zayn eu acho que vieram aqui e me fizeram dormir, mas ainda não me lembro ao certo. Sabe aquela sensação horrível quando se está tendo um pesadelo mais não consegue acordar? Era como eu estava, com a exceção de que aquilo tudo era bem real.
  Não sei como, mas naquela manhã fria havia saído a primeira notícia do término do nosso namoro. Zayn me ligou logo em seguida para saber se eu estava bem. Não devia ter atendido, falar com ele trouxe toda a dor de volta. Bebi mais um longo gole de água e escorreguei com as costas rentes ao balcão até sentar no chão. Abracei minhas pernas e fiquei encarando os azulejos brancos da cozinha na minha frente. Meu estômago doía, e eu corri para o banheiro. Não comia nada desde o dia que voltei para casa, mas me sentia mal e vomitava, geralmente água.
  Isso de vomitar quando estava triste deve ter começado na época do colégio, quando tive aquele primeiro índice de bulimia. Não provocava mais meu próprio vômito, sabia o mal que causava, mas sempre que eu me sentia mal, era inevitável. Esse trauma também já foi motivo de muitas brigas entre o Harry e eu. E aí estava ele de novo. Todos os caminhos levam a Roma, me entende? Tudo sempre voltava nele.
  O namoro já não ia bem fazia quase um mês, quando saíram aqueles boatos de eu ter traído ele com o Zayn, no dia em que nós almoçamos juntos. Eu disse que não era verdade, e ele pareceu acreditar, mas desde então vinha agindo de modo estranho.
  Meu telefone tocou de novo, mas eu me sentia muito fraca pra me levantar do chão do banheiro onde me encontrava agora. O som parou, para recomeçar de novo logo depois. Devia ser do trabalho. Era uma quarta feira, e eu já não havia ido no dia anterior também. Eu precisava atender. Dei descarga e enxaguei a boca, pra tirar o gosto ruim que eu sentia, aproveitei e passei uma água no rosto. A imagem que eu via refletida no espelho não se parecia nada comigo.
  Fui andando vagarosamente até onde havia deixado o celular, e identifiquei 27 chamadas perdidas e 6 mensagens.
  10 chamadas do Zayn.
  6 chamadas do Niall.
  7 chamadas da .
  2 chamadas do trabalho.
  1 chamada da minha mãe.
  E uma chamada do Harry... O QUÊ? Porra, o que esse garoto ainda queria? Ignorei. Hora de ser forte, . Resolvi ler as mensagens.
  “, você ta bem? Eu sei que não ta... Por favor, retorna minhas ligações, eu to preocupada... xx”
  “Dá pra fazer o favor de parar de ignorar minhas ligações? xx”
  “Eu juro que se você continuar me ignorando vou ai arrombar a porta do seu apartamento! xx”
  “Você ta deixando todo mundo preocupado, ninguém consegue falar com você... Por favor, me responde... Niall xx”
  “É sério , você ta me deixando louca, o Zayn ta querendo ir aí, me liga, por favor... xx”
  “Precisamos conversar. Harry.”
  MAS QUE MERDA QUE ESSE MENINO AINDA QUER FALAR COMIGO? Joguei meu celular no sofá, ele deu um pulo no ar e caiu no chão. Me joguei no tapete e fiquei encarando o lustre controlando o nível de umidade nos meus olhos. Alcancei o celular e o desliguei no momento em que recebia mais uma ligação de Niall. O joguei num canto, e quase consegui adormecer, quando ouvi baterem na porta.
  Que droga, dois dias sem dormir direito, e quando quase consigo algum infeliz me atrapalha. Ignorei. Mais batidas. Ignorei. Respirei fundo e fechei os olhos, fingindo não estar ali.
  - NÃO ADIANTA ME IGNORAR, EU SEI QUE VOCÊ TÁ AÍ... – merda, eu conhecia essa voz. Harry. – EU SEI ONDE VOCÊ DEIXA A CHAVE RESERVA, EU TO ENTRANDO ... – ele avisou mais uma vez do outro lado da porta. Ouvi o barulho da chave sendo inserida na fechadura, e meu impulso foi de levantar e correr para me esconder no meu quarto, mas graças a minhas ótimas habilidades motoras, tropecei em algo no chão e cai, bem no momento que ele abria a porta.
  - Meu Deus, você ta bem? – ele correu até perto de mim e se ajoelhou ao meu lado, o empurrei com força, já sentindo meus olhos arderem novamente.
  - Sai daqui Harry. – resmunguei, ainda um pouco perturbada com toda aquela situação.
  - Não , a gente precisa conversar.- ele estava sério, mas não bravo. Na verdade, estava até calmo demais.
  - Eu não tenho mais nada pra conversar com você. – Falei seca, me afastando dele e fazendo esforço para me levantar.
  - , você têm comido? – desde que ele soube que eu fui bulêmica no colégio pegava no meu pé com relação a isso, era absurdamente irritante.
  - Não te interessa Harry, faz o favor de sair da minha casa? – felei ríspida apontando pra porta
  - Não antes de a gente conversar. – ele cruzou os braços, indicando que não sairia dali até conseguir o que queria. Respirei fundo.
  - Olha Harry, eu ainda to muito puta com você, muito cansada, e nem um pouco a fim de conversar, você pode por favor sair da minha casa? – pedi com uma calma tão absurda que nem eu acreditei que tinha tanto autocontrole sobre mim.
  - , por favor, deixa eu explicar... – ele pediu se aproximando, e eu dei dois passos pra trás.
  - Não tem o que explicar Harry, você não me ama mais, a gente terminou, ponto final.
  - Não é simples assim, ...
  - Ah, e como é Harry? – perguntei irônica.
  - Eu menti. – ele falou baixo, olhando para o chão.
  - Isso pra mim não é novidade, Harry. – foi minha vez de cruzar os braços. Por mais que aquela situação fosse incômoda, eu agora estava curiosa para saber porquê ele estava ali.
  - Não, não desse jeito... Eu ainda te amo... – ele levantou o olhar pra me encarar, e apesar do choque ainda mantive meu rosto inexpressivo.
  - Mais mentiras, Harry? Pois bem, estou cansada de mentiras. Sai da minha casa. – não foi mais um pedido, foi uma ordem, a mais cruel que eu já dei na minha vida.
  - Mas ...
  - Mas nada Harry. Sai. – falei com ainda mais autoridade, ele abaixou a cabeça e saiu, fechando a porta atrás de si.
  Caí no chão chorando e tremendo, já não suportando mais tudo aquilo. Eu me sentia tão fraca. Meus olhos foram se fechando devagar, mas vi a porta novamente antes de apagar de uma vez.
  Abri os olhos e vi que estava deitada na minha cama. estava deitada ao meu lado, brincando com meus cabelos, e Zayn estava sentado na cadeira da escrivaninha, nos observando.
  - Oi... – se pronunciou, sorrindo fraca.
  - Oi... O que você tão fazendo aqui? – perguntei, e percebi que minha voz estava mais rouca que o normal.
  - Eu te avisei que o Zayn queria vir aqui, eu sabia que você queria ficar sozinha, então não deixei antes, mas quando seu celular deu desligado eu também me preocupei...
  - Ah, ta... – murmurei, enquanto Zayn se levantava da cadeira e se sentava na beirada da cama.
  - Você ta bem, ? – ele perguntou preocupado.
  - Eu to Zayn, falei pra você no telefone... – virei os olhos.
  - Pois você não parecia nada bem quando a gente chegou aqui... – ele me lançou um olhar extremamente acusador.
  - Eu só passei mal, nada demais...
  - , você desmaiou na nossa frente. – resolveu intervir.
  - Vai começar com essas preocupações agora ? Me poupe, não to com cabeça pra isso. – Falei grossa e me levantei da cama, percebendo então que vestia só uma camiseta e calcinha, diferente do vestido que eu usava antes... – Como eu vim parar com essas roupas? – estava absurdamente confusa.
  - Eu pus enquanto você estava desmaiada, você parecia estar desconfortável com aquele vestido... – se explicou e eu murmurei um “hm”, pegando em seguida um short jogado por ali e enfiando, sem me importar a mínima com Zayn ali ainda.
  - Ok, vocês já viram que eu estou bem, podem me deixar sozinha agora? – pedi, me dirigindo até a porta do meu quarto, e indo rumo a sala, com eles dois atrás de mim.
  - Não , não ta nada bem. Eu devia te arrastar a força pra um restaurante e te fazer comer alguma coisa... – Zayn disse nervoso, e eu abri a “porta da rua” pra eles, apontando pra fora, sem encarar nenhum dos dois.
  - Por favor. Me deixem sozinha. – murmurei baixo encarando o chão. Percebi puxar de leve Zayn pela mão.
  - Vamos Zayn, por favor, ela precisa ficar sozinha... – ela falou baixinho pra ele, e ele se deixou levar.
  - Por favor, come algo ok? Amanhã eu volto aqui... – Zayn disse baixinho no meu ouvido e apertou meu ombro de leve. – Eu te amo muito, entendeu ? – ele me abraçou de leve e saiu.
  - Brigada ... – falei pra ela, antes de ela sair.
  - Não foi nada meu bebê, só lembra que eu to aqui quando você precisar, certo? – ela disse meiga, me abraçando.
  - Eu sei, eu sei... Prometo te ligar depois. – disse baixinho e nos separamos desse abraço.
  - Te amo batatinha... – ela sorriu e saiu, me deixando novamente sozinha no meu apartamento. Grande. Gelado. E solitário.
  Imediatamente senti um calafrio percorrer meu corpo. Era uma madrugada muito gelada, e eu estava com um short e uma camiseta. Me joguei no sofá e puxei as cobertas que estavam ali pra tentar me proteger do frio. Não funcionou. Doía admitir, mas eu sabia que só me sentiria aquecida com alguém ali me abraçando. E não qualquer alguém. Aquele alguém. Dessa vez, ao pensar nele, aquelas lágrimas inúteis não apareceram. Devia ser a primeira vez. É isso aí , chega de chorar por esse imbecil.
  Acabei adormecendo, acho que estava exausta demais pra chorar, pra pensar, pra qualquer coisa, dois dias sem dormir acabam com uma pessoa, e a sensação de estar desmaiada não ajuda em nada. Acordei sentindo mais frio do que quando adormeci. Me levantei me sentindo levemente melhor, fui até meu quarto pra procurar uma roupa mais quente.
  Achei uma calça de moletom, mas não achava nenhuma blusa de frio. Até que vi, no canto do armário, o casaco preto da Hollister do Harry. Eu tinha pego ele algumas semanas atrás, num dia de show, quando ele passaria dois dias fora, e eu resolvi vir para o meu apartamento um pouco, e aquele casaco tinha o cheiro dele, era pra eu não me sentir sozinha... Será que eu deveria colocá-lo de novo?
  Estava tão frio, e eu não achava nada melhor, peguei o casaco e o passei pela minha cabeça prendendo a respiração, mas foi só eu respirar novamente e o cheiro inconfundível dele preencheu minhas narinas. Dessa vez foi inevitável, as lágrimas começaram a sair, eu abracei meu próprio corpo e mais uma vez sentei no chão, tentado me acalmar. Ouvi meu celular tocar. Mas eu não tinha desligado aquela porcaria...? Com certeza Zayn tinha ligado novamente...
  Me levantei vagarosamente e enxuguei as ultimas lágrimas. O cheiro dele impregnado no casaco era ludibriante, mas suportável. Caminhei até o celular que ainda tocava. Era Niall.
  - Oi Niall? – perguntei, ainda tentando controlar minha voz, que estava um pouco rouca por causa do choro.
  - ? Você me atendeu, finalmente! Você tava chorando? – ele perguntou preocupado e um pouco espantado, talvez pelo fato de eu ter atendido o telefone...
  - Pois é Niall... Não tava chorando não, relaxa...
  - Tem certeza?
  - Tenho Niall...
  - Posso passar aí? Tava precisando falar com você...
  - Olha, eu realmente não acho uma boa idéia... – tentei argumentar, mas eu tinha certeza que ele viria do mesmo jeito.
  - Ok, em 5 minutos to chegando aí.
  E o puto desligou o telefone, na minha cara.
  Niall era meu melhor amigo entre os meninos, foi ele quem apresentou eu e o Harry... Eu conheci o Niall na época do X Factor, no backstage, quando estava esperando minha irmã se apresentar... Acabamos trocando algumas mensagens depois, e saiamos de vez em quando depois que eles foram pra casa dos jurados junto com o grupo da minha irmã... Minha irmã faz parte do grupo Belle Amie. Não foram muito longe na competição, infelizmente, mas depois que tudo passou, e como eu morava em Londres, passei a sair com eles de vez em quando. Niall me apresentou pro Harry na noite da final, que eu acabei indo assistir. No começo éramos amigos, mas depois de alguns meses começou a rolar aquela sensação estranha sabe? Aquela vontade de ficar junto, aquela saudade repentina, aquele friozinho na barriga de ficar perto.
  Uma coisa levou a outra, e tínhamos completado um ano de namoro dois meses atrás. Um ano, e tudo acabado por causa dessa briga estúpida. Não, não posso pensar assim. Foram por causa de muitas brigas... Que não deixavam de ser estúpidas. Fui desperta dos meus devaneios com o barulho da porta se abrindo. Eu realmente precisava mudar o lugar da minha chave reserva, todo mundo sabia onde ficava! Niall entrou logo em seguida, e abriu os braços pra mim.
  Corri até ele e o abracei com força, enfiando minha cabeça no seu ombro. Desabei em lágrimas. Era daquilo que eu precisava, do abraço do meu melhor amigo. Ele passou as mãos pelas minhas costas e cabelos, e depois que me acalmei um pouco me arrisquei separar o abraço.
  - Desculpa por isso... – murmurei, e ele sorriu abatido.
  - Você não precisa pedir desculpas por estar triste... – ele argumentou, e passou a mão pelo meu ombro. – Vem, eu vou fazer algo pra você comer enquanto a gente conversa... – foi me guiando rumo a cozinha. Me sentei em um banco e ele abriu a geladeira.
  - Eu não to com fome, Niall. – e foi aí que meu estômago roncou. Corpo, você está do lado de quem afinal?
  - Não está não, imagina... Não tem nada aqui! Vou pedir uma pizza, espera aí... – ele reclamou fechando a geladeira e tirando o celular do bolso. Fez o pedido pra uma duas pizzas de sabores que eu não fiz questão de prestar atenção. Puxou uma cadeira e se sentou na minha frente na minúscula mesa que eu tinha na minha minúscula cozinha no meu minúsculo apartamento.
  - Quer falar o que, Niall?
  - Como você ta? – ele perguntou me encarando com aqueles olhinhos azuis cheios de preocupação.
  - Mal pra cacete – admiti. Eu não conseguia mentir pra ele, nunca entendi o porquê.
  - O Harry também. – ele comentou.
  - Acho pouco. Aposto que ele ta fingindo, você sabia que ele saiu com a Cara né?
  - Ele não saiu com a Cara, não do jeito que você ta pensando... Eles são só amigos , você sabe disso...
  - Mas são amigos que tem um passado sexual em comum.
  - Você não é amiga daquele seu ex... o...Sa...
  - Samuel, Niall. Mas é diferente, você sabe disso.
  - Não sei não. O Harry também morre de ciúmes quando você sai com ele... Você já pensou que talvez seja por isso que ele também insisti em manter contato com a Cara?
  - Eu... eu nunca tinha pensado nisso.
  - Pois eu tenho certeza que esse é o motivo.
  - Podemos parar de falar dele por um instante, por favor? – pedi. – Como os meninos estão?
  - O Zayn estava quase dando um treco hoje na passagem de som porque você não atendia o celular... Só se acalmou quando eu falei que vinha aqui.
  - Eu tava dormindo, acordei pouco antes de você ligar... E Liam? E Louis? Eu não falei com nenhum dos dois...
  - O Liam ta na dele, tentado acalmar os nervos entre a gente. Tá todo mundo mal com o término de vocês dois... – ele tava tentando mudar de assunto?
  - E o Louis? – insisti.
  - Ele ta bem. – falou rápido e desviou o olhar de mim. Mentira. Eu sabia quando ele mentia.
  - Fala a verdade Niall.
  - Ele ta puto com você...
  - POR QUÊ? – eu entrei em choque. Sempre fui muito amiga do Louis também, não era porque eu e o Harry tínhamos terminado que eu queria perder contato com eles!
  - Acho que foi o jeito que o Harry contou que vocês tinham terminado. – ele parou, esperando eu dizer algo, mas fiz silêncio, e ele foi obrigado a continuar. – ele foi no show com o Zayn e com o Louis naquele dia, e tava normal. Aí no outro dia a gente reuniu na casa do Liam pra uma reunião, e o Harry chegou estranho. A gente perguntou o que tinha de errado, ele começou a chorar e soluçar e falou que você tinha terminado com ele.
  - MAS NÃO FOI ASSIM QUE ACONTECEU! – o interrompi, levantando da mesa abruptamente. Como ele ousa fazer isso? Parece que eu fui a bruxa da história assim.
  - Calma . – ele pediu sério e eu me sentei de novo. – Ele explicou o que tinha acontecido, mas você sabe como o Louis é super protetor, e ver o Harry chorando ativou seu mecanismo de irmão mas velho, sei lá... Ele ficou puto com você.
  - Eu não entendo... Porque ele fez isso, Niall? Ele não tinha motivo, né?
  - Ele não fez nada, , ele só chorou perto do Louis, e aí fodeu tudo, você sabe como funciona isso...
  - Não sei não... espera, ele chorou? – de repente me deu uma vontade de chorar também.
  - Ele só tem chorado desde o dia que falou com a gente, e você não responder as mensagens dele ta matando ele também...
  - Mas eu... Niall, eu não posso ligar pra ele. – senti meus olhos se encherem de lágrimas nesse mesmo instante.
  - Não, não chora por favor. – ele se desesperou. – Eu não queria te fazer chorar. – ri de leve com o desespero dele.
  - Eu não vou chorar, não mais. – disse decidida e escorreguei os dedos por debaixo dos meus olhos impedindo as lágrimas de saírem.
  Niall sorriu pra mim, e ia dizer algo, mas seu celular tocou e nos interrompeu. Ele se levantou e foi até a sala atender, voltou instantes depois.
  - , eu preciso ir, você me desculpa? Eu tinha esquecido que tinha esse negócio que eu e o Liam temos que fazer pro próximo documentário, se você quiser eu volto mais tarde...
  - Não precisa Niall, eu vou dar uma arrumada na casa hoje, amanhã volto a ter uma vida, não se preocupe ok?
  - Tudo bem então, mas por favor, atende o celular quando eu te ligar.
  - Eu prometo. – sorri sincera pra ele e ele me deu um beijo protetor na teta, deixando- me sozinha novamente.
  - Agora sou só eu. – comentei comigo mesma e comecei a arrumar meu apartamento, que estava uma verdadeira bagunça.
  Fui dormir, me rendendo ao cansaço e satisfeita com a nova aparência da minha moradia, tudo estava bem melhor, parece que eu estava começando a superar.
  Acordei na manhã seguinte, tomei um banho e lavei todo o resto de tristeza que restava aparente em mim. Coloquei uma saia preta e uma camisa social branca, ia calçando uma sapatilha, quando reparei naquele salto azul que fazia um tempo que eu tinha comprado, mas evitava de usar, porque Harry não gostava. Ele dizia que gostava de mim pequena, pra me abraçar, pra não ficar com medo de que eu caísse, falava que eu era linda sem salto, sem maquiagem, que eu não precisava dessas coisas. Descalcei a sapatilha e fui até o armário, calçando o salto, e me sentindo completamente feliz com a minha escolha.
  Respirei fundo e me olhei no espelho. Eu me sentia bem comigo, pela primeira vez desde que terminamos.
  Peguei minha bolsa, tranquei a porta atrás de mim e coloquei os fones de ouvido. Estava no caminho para o trabalho, já que morava bem perto do prédio em que ficava a sede da loja de roupas em que eu trabalhava eu ia a pé, quando começou a tocar The Scientist, do Coldplay. Harry não entendia essa musica, era uma das minhas preferidas. Porque tudo me levava a ele? Ele dizia que não via sentido na musica, que gostava, achava boa, mas sem sentido algum. Balancei a cabeça como para me livrar dos pensamentos.
  Entrei no escritório e logo recebi minhas funções, um pouco atrasadas por causa dos dois dias que não fui trabalhar, mas eu sabia que daria conta.
  A semana seguinte correu assim. Eu enfiada no trabalho pra recuperar os dois dias em que faltei. Chegou a sexta- feira e eu pensei em ligar para os meninos para sairmos, mas então lembrei que eles tinham show hoje. Acabei ligando para .
  - ?
  - Oi , atendeu rápido! – comentei estranhando, ela sempre levava uma eternidade para atender o celular.
  - Tava com ele na mão, o Harry acabou de me ligar! Chega a ser bizarro isso... – ela riu sem graça e eu também. Ainda era complicado falar dele.
  - Então, vamos sair hoje? – mudei de assunto.
  - Ah , hoje não dá, o Zayn me chamou pra ir no show e eu falei que ia...
  - Ah, tá de boa, acho que vou ficar em casa mesmo então...
  - Qualquer coisa me liga, eu até te chamaria pra vir mas...
  - Não seria uma boa ideia – completei.
  - Pois é...
  - Relaxa, a gente combina algo amanhã, certo?
  - Claro, claro! , tenho que desligar, estou saindo do trabalho e ainda tenho que ir me arrumar.
  - Ok, bom show !
  - Obrigada baby...
  Desliguei o celular sentindo a animação se esvair de mim.
  Flashback ON
  - LOUIS!! – reclamava com o melhor amigo do meu namorado. Eu entrei no camarim onde os meninos estavam e o encontrei jogando papeis de chocolate na minha bolsa.
  - ! – ele gritou com aquela voz gay dele e saiu correndo.
  - ZAYN, PEGA ELE! – ordenei para o idiota que ria do meu lado, e esse bateu continência e saiu correndo atrás do amigo.
  - Posso saber o que ta acontecendo aqui? – Liam entrou na sala com e encontrou Zayn e Louis rolando no chão aos tapas e risadas.
  - Esse gay jogou papel de chocolate na minha bolsa! – denunciei apontando para Louis e voltei a executar a árdua tarefa de remover todos os pedacinhos de papel metalizado dos meus pertences.
  - Pede desculpa Louis. – Liam ordenou e Louis imediatamente se levantou.
  - EU NUNCA ME RENDEREI! – ele fez pose de herói e saiu correndo pelo corredor, com Zayn no seu encalce.
  Ao passarem pela porta acabaram por derrubar Niall que entrava naquele momento.
  - FOI MAL IRLANDÊS! – Zayn gritou do corredor sem se virar, e Niall se levantou passando a mão pela cintura, onde havia batido na beirada da porta.
  - Esses aí ainda matam alguém...
  - Concordo! – gritou do sofá, onde se sentara com Liam e agora ambos comiam os últimos chocolates deixados ali por Louis.
  - Cadê o Harry hein? – questionei. Não o via desde que chegamos no estádio, a cerca de uma hora atrás.
  - Sei lá, tava lá no palco fazendo não sei o que agora pouco... – Niall comentou, e me virei para ir rumo ao palco.
  Ia entrando no estádio, quando percebi que as primeiras fãs, que tinham ganhado algum tipo de concurso, já estavam ali dentro. Parei de imediato ao perceber Harry falando com elas. Eram 4 meninas que deviam ter uns 15 anos no máximo, uma garotinha mais nova, de uns 7 anos e uma mulher mais velha, de uns 45 anos, por aí. Harry tirava fotos com a menina loira enquanto as outras duas que eram morenas filmavam tudo. Depois ele se virou para a morena de cabelo curto e assinou algumas coisas que ela o entregou. Tirou mais algumas fotos com todas e depois se virou para a menorzinha. Se ajoelhou do lado dela e ela o abraçou com força. Ele a pegou no colo e tirou algumas fotos, assinou sua camiseta e a deu um beijo na testa para se despedir, quando Paul que estava ali por perto avisou que já era hora de voltar para o camarim.
  Ele chegou até onde eu estava, e se surpreendeu a me ver ali.
  - ?
  - Tava fazendo o quê?
  - Ah, elas ganharam um concurso, são canadenses... Vieram ver o show, mas não ganharam nada pra encontrar eu ou os meninos, então resolvi falar com elas um pouco antes do show.
  - Achei uma gracinha!
  - Sério?
  - Uhum, você foi muito bonitinho pegando a pequenininha no colo e tirando fotos fazendo careta e essas coisas. – ele sorriu envergonhado e corou de leve. Era complicado fazê-lo corar, e sempre que conseguia executar tamanha proeza me sentia vitoriosa.
  Ele me abraçou pela cintura e fomos juntos até o camarim onde todos se encontravam. Chegamos lá e encontramos nossos idiotas numa briga pela última moeda de chocolate, que segurava alto, empoleirada no topo do sofá e se apoiando sem jeito num cabideiro de roupas que os meninos usariam durante o show. Vi Liam fazer cócegas nas costelas dela e ela se desequilibrar. Zayn a segurou antes que ela caísse, e Niall e Louis pularam para tentar pegar a moeda que voou das mãos da minha amiga, mas ambos se trombaram e a moeda caiu no chão, rolando até bem próximo de onde eu e Harry estávamos parados. Ele se abaixou, desembrulhou a moeda e a partiu no meio, me entregando uma parte e colocando a outra na boca. Assim que dei a primeira mordida na minha metade percebi todos na sala nos encarando incrédulos.
  - Isso foi muito injusto. – Louis lamentou ainda esticado no chão ao lado de Niall
  - Nem me diga, to aqui faz um tempão lutando pelo tesouro, vem um piratinha de meia tigela e sua donzela em perigo e ficam com tudo por que batalhei toda a vida! – Niall fez o mesmo drama de sempre, e todos acabaram rindo.
  Flashback off
  Devo admitir que sentia falta dos dias do show que eu e íamos assistir, eram sempre muito engraçados.
  Quando dei por mim já estava no apartamento. Entrei e me estiquei no sofá, removendo os saltos pretos que usava aquele dia. Encostei a cabeça na almofada e senti um cheiro familiar se espalhar por ali, e então percebi que estava deitada na blusa de frio do Harry, que estava em baixo da almofada. Vesti- a num impulso e logo me arrependi. Todos os momentos que passei com ele invadiram minha mente, e eu senti, pela primeira vez, saudade. Saudade daquele idiota que me aturava nas noites de insônia, do imbecil que sempre me aquecia quando eu sentia frio. Do cavalheiro que me levava para jantar, e fazia milhares de surpresas para me ver sorris. Senti saudade do garoto safado que maliciava cada palavra que saia de minha boca, do menino que gostava de cantar pra mim. Senti falta do cheiro das panquecas que ele fazia pela manhã, do cheiro do seu perfume misturado ao seu suor quando uníamos nossos corpos nas noites frias. Me martirizei por cada briga, até senti pelas pequenas discussões que tínhamos vez ou outra. Mas não senti falta do idiota que chegava tarde em casa depois de alguma festa, cheirando a álcool. Não senti falta daquele canalha que me passava ciúmes de propósito, daquele infantil que achava ruim quando eu discordava dele, quando eu o ignorava por ele fazer algo errado. Senti saudade daquele bobo que ria mesmo sem entender minhas piadas. Senti saudades de tudo. E chorei, uma última vez, por Harry Styles.

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  Os dias viraram semanas e as semanas viraram meses. Encontrava ocasionalmente e Zayn, mas quase não saíamos como antes. Niall me visitava sempre, e de vez em quando até saiamos só para descontrair. Com Louis nunca mais falei, já que ele ainda estava bravo comigo de acordo com Niall. Falava as vezes com Liam por mensagem ou mesmo por Skype, mas nada muito longo. E Harry? Esse eu cortei da minha vida. Depois de dois meses da separação definitiva começaram a sair notícias de ele saindo com outras mulheres, que por mais que algumas machucassem, eu ignorava, seguia. No dia em que faríamos 2 anos de namoro, 5 meses depois do nosso término, algumas fãs que ainda apoiavam eu e Harry colocaram a tag #WeWantHanaBack nos tt’s mundiais. Por mais que tivesse apreciado o amor das fãs, não falei nada, assim como ele.
  Quando tocava alguma musica dos meninos no rádio, eu simplesmente mudava de estação, mas mesmo assim fui obrigada a ouvir sua voz novamente quando saiu o terceiro CD da banda, e Niall me deu um de presente, me senti obrigada a ouvir, e chorei em um de seus solos. Não chorei por ele, não chorei por termos terminado, chorei por mim, por ter um dia feito aquele garoto sofrer. Era ruim, mas eu admitia, eu ainda amava Harry.
  E assim foram durante 8 meses. 8 meses exatos depois de nossa briga. Oito longos meses que passei pensando, e a conclusão que cheguei foi que tudo que o amor faz é machucar, queimar, acabar.
  Em uma manhã, antes de ir para o trabalho, resolvi passar numa Starbucks, já que estava bem adiantada e com fome. Me surpreendi ao encontrar Louis na fila. Não falei nada, e fingi que não havia o visto. Não que eu fosse mal educada, mas não sabia como ele reagiria.
  - ? – ele me chamou, e me forcei a virar.
  - Oi Louis... – cumprimentei baixo e ele me deu um beijo na bochecha.
  - Faz tempo que eu não te vejo, hein? – ele sorriu. Eu realmente não entendia aquele garoto.
  - Pois é né, desde que eu e Harry terminamos. – já não doía mais falar sobre isso.
  - Então... E aí, como vai a vida? – ele me perguntou quando já pegava meu café.
  - Indo, levando... Fui promovida, e talvez no fim do ano consiga o cargo de gerente...
  - Que ótimo! – ele foi sincero. – tem tempo? Toma esse café comigo, botar a conversa em dia, sabe?
  - Claro, não tem problema. – nos sentamos numa mesa e ele falou sobre como andava a vida dos meninos, já que eu realmente tinha parado de acompanhar a banda. Falei em como ia minha vida e coisas do tipo, nas muito extremo.
  - Eu acho que te devo desculpas... – ele disse depois de um tempo, quando terminava meu café.
  - Pelo quê?
  - Por como agi com você quando vocês terminaram, acho que não foi muito justo...
  - Eu entendo Louis, nunca fiquei brava, você tava só protegendo seu irmão...
  - Pois é, mas mesmo assim te devo desculpas.
  - Ok, desculpas aceitas. – sorri junto dele.
  - O Harry ainda fala de você, sabe?
  - Legal. – murmurei, procurando meu celular na bolsa para checar as horas, eu estava sim curiosa, mas não queria mostrar interesse.
  - Ele sente sua falta.
  - Eu também – admiti, e o vi sorrir vitorioso. – mas isso não significa nada, eu não o amo mais.
  - Mentira! – ele sorriu ainda mais abertamente. – o Harry já me falou que sempre que você mente ou esconde algo você começa a mexer na ponta do cabelo, você tá fazendo isso agora!
  - Maldita mania daquele Styles de reparar em tudo.
  - Ele também te ama, .
  - Se amasse a gente ainda estaria junto Tommo. Olha, eu to atrasada já, outro dia conversamos.
  Me levantei e sai dali sem olhar pra trás. Cheguei na loja e novamente me enfiei no trabalho, pra esquecer da vida.
  Mais uma semana se passou, e numa quarta- feira qualquer resolvi passar novamente na Starbucks que havia me encontrado com Louis de manhã, para tomar mais um café. Notei uma movimentação um tanto incomum na porta, e entrei sem me importar muito. Estava na fila para pegar meu café, quando senti algo se pousar no meu ombro, e me virei, segurando a respiração ao reconhecer o dono daquela mão. Harry Edward Styles.
  - ? – ele falou meu nome, com aquela voz rouca que eu tanto senti falta. Que merda aquele menino fazia ali?
  - Oi Harry. – fui o mais seca que eu consegui, e não gaguejei. Ponto pra mim.
  - Você pode falar comigo por um instante só?
  - Não tenho nada pra falar com você Harold. – peguei meu café e me dirigi até a porta, já preparada para sair sem olhar pra trás.
  - Por favor. Eu preciso muito falar com você. – ele segurou meu pulso e falou cada palavra com tamanha convicção que não pude negar. Ele sempre conseguia o que queria comigo.
  - 2 minutos Harry. – revirei os olhos e ele me guiou até uma mesa mais afastada, para que alguns papparazzis e umas fãs que se encontravam ali não nos vissem com tanta facilidade.
  - Como você tá? – ele perguntou meigo e eu bufei.
  - Harry, vai direto ao ponto, se não vou chegar atrasada no trabalho.
  - Eu sinto sua falta. – opa, direto demais Styles.
  - Que bom.
  - Você não sente a minha? – seus olhos tinham uma expressão de medo que eu vi pouquíssimas vezes.
  - Só todos os dias pelos últimos 8 meses. – me dei por vencida e olhei para baixo, encarando a mesa de madeira.
  - Sério? – percebi uma estranha animação na sua voz e o encarei notando um leve sorriso surgir no canto de seus lábios.
  - Sério. – suspirei fundo, não acreditando naquelas palavras que havia pronunciado.
  - Você me perdoa, ?
  - Eu não tenho porquê perdoar Harry, eu que tava errada o tempo todo afinal...
  - Isso não é verdade, nós dois erramos, eu mais do que você, e nunca me arrependi tanto de algo na minha vida, queria apagar cada momento.
  - Não é assim Haz, nós dois fizemos muitas besteiras das quais nos arrependemos, mas eu não as apagaria.
  - Eu sinto tanto sua falta. – ele repetiu e eu vi seus olhos se encherem de lágrimas. Era muito difícil ver Harry chorar, admito que vi uma ou duas vezes, mas era tão doloroso.
  - Não chora. – pedi, já sentindo meus próprios olhos arderem. Segurei sua mão por cima da mesa e ele me encarou novamente.
  - Sabe aquela musica que você gosta, The Scientist?
  - Sei...
  - Agora eu entendo.
  - Como assim?
  - Você sempre gostou dela, é sua musica preferida, mas eu nunca entendi, depois que você foi embora, ela começou a fazer sentido. – fiz silêncio para ele continuar, e ele continuou. – talvez ela nunca tenha feito tanto sentido pra mim. – e então ele fez uma coisa que me deixou totalmente sem reação, começou a cantarolar baixo a musica. A minha musica preferida. Com aquela voz rouca que eu tanto senti falta.

  Come up to meet you, tell you I'm sorry.
  (Vim para lhe encontrar, dizer que sinto muito)
  You don't know how lovely you are
  (Você não sabe o quão amável está)
  I had to find you, tell you I need you
  (Tenho que te encontrar, dizer que preciso de você)
  And tell you I set you apart
  (E te dizer que escolhi você)
  Tell me your secrets, and ask me your questions
  (Conte- me seus segredos e me faça suas perguntas)
  Oh let's go back to the start
  (Oh, vamos voltar para o início)
  Running in circles, coming up tails
  (Correndo em círculos, perseguindo as caudas)
  Heads on a silence apart
  (Cabeças num silencio a parte)

  Sua voz foi ganhando mais intensidade a cada palavra, e eu via a verdade, o significado real daquela musica naquele momento. Eu via sinceridade nas suas palavras. Os olhos dele deixaram cair a primeira lágrima, e soltei nossas mãos para enxugá-la.

  Nobody said it was easy
  (Ninguém disse que seria fácil)
  It's such a shame for us to part
  (É uma pena nós nos separarmos)
  Nobody said it was easy
  (Ninguém disse que seria fácil)
  No one ever said it would be this hard
  (Ninguém nunca disse que seria tão difícil assim)
  Oh take me back to the start
  (Oh, me leve de volta para o começo)

  Ele sussurrou a última frase como se implorasse realmente. Oh Harry, eu realmente queria voltar com você para o começo, reviver tudo, cada momento, talvez poupar algumas brigas. Nosso primeiro beijo, aquele dia quando todos os meninos dormiam depois de assistirmos um filme de terror. Queria viver novamente quando você falou pela primeira vez que me amava...

  I was just guessing at numbers and figures
  (Eu só estava pensando em números e figuras)
  Pulling the puzzles apart.
  (Rejeitando seus quebra- cabeças)
  Questions of science, science and progress
  (Questões da ciência, ciência e progresso)
  Don't speak as loud as my heart.
  (Não falam tão alto como meu coração)
  So tell me you love me, come back and haunt me,
  (Diga- me que me ama, volte e me assombre)
  Oh, when I rush to the start
  (Oh, quando eu corro para o começo)
  Running in circles, chasing in tails
  (Correndo em círculos, perseguindo nossas caldas)
  Coming back as we are.
  (Voltando a ser como éramos)

  Eu queria reviver tudo. Não o culpava mais. Queria os eu te amos, as brigas, as brincadeiras, as implicâncias, os carinhos. Eu queria tudo, sem tirar nem por. Aquela musica não era mais somente minha musica favorita, aquela era a musica que me fez se apaixonar novamente pelo mesmo idiota, que eu talvez nunca tenha deixado de amar.

  Nobody said it was easy
  (Ninguém disse que seria fácil)
  It's such a shame for us to part
  (É uma pena nós nos separarmos)
  Nobody said it was easy.
  (Ninguém disse que seria fácil)
  No one ever said it would be so hard
  (Ninguém disse que seria tão difícil assim)
  I'm going back to the start.
  (Eu estou indo de volta para o começo.)

  No fim, ele já não cantava, ele falava, cada vez mais baixo, cada vez mais perto. Sussurrou as ultimas palavras no meu ouvido, me envolvendo pela cintura com aqueles braços que tanto queria de volta pra mim. O seu cheiro tão inconfundível invadiu novamente minhas narinas, e eu respirei fundo, pra nunca mais me esquecer daquele odor maravilhoso. Ele encostou a própria testa na minha, e fechou os olhos. Fiz o mesmo.
  Sentia sua respiração bater de encontro com a minha, e percebi ele respirar mais fundo por um momento.
  - Eu te amo tanto, por favor, não desiste da gente. – ele implorou, e eu abri meus olhos, pra me deparar com os olhos verdes dele que pareciam enxergar o fundo da minha alma.
  - Eu nunca deixei de te amar, Harry.
  Ele finalmente tomou coragem para selar nossos lábios, num beijo com gosto de café, gosto de saudade, gosto de Harry, gosto de nós.
  Nos separamos depois de longos segundos, e vi Harry sorrindo como um menino que tinha ganho o melhor presente do mundo, com as lindas covinhas aparecendo, e os olhos brilhando. Passei as mãos pela sua nuca, até chegar nos seus cachinhos, e ele se arrepiou com meu toque. Sorri.
  Eu queria tudo de novo.
  - Você me dá mais uma chance? – Ele pediu.
  - Eu te dou quantas chances precisar Harry, porque eu nunca mais vou desistir da gente. – ele sorriu ainda mais abertamente e me beijou de novo. E de novo. E de novo.
  Não, eu não fui trabalhar naquele dia, os papparazzi se banquetearam com as fotos de nós dois juntos de novo, o fandom provavelmente foi a loucura novamente. Não que eu me importasse com isso, afinal, eu estava junto com o homem que amava, e pra mim nada mais importava.
  Estávamos voltando juntos ao início, e naquela quarta- feira, num café qualquer, eu vi começar tudo de novo.



Comentários da autora


Fic nova pra vocês amores, curtiram? Não é o tipo de fic que eu escrevo, por ter final feliz e tal, e ser fofa - porque eu achei fofa, vocês acharam fofa?- enfim, eu curti ela. Foi inspirada na musica Begin Again, da Taylor Swift e tal, se vocês ouvirem a musica vão ver como é tipo, perfeita pra essa história... E aí eu tava ouvindo The Scientist do Coldplay nesse finzinho, e acabou dando muito certo. Comentem, me façam feliz ok? Amo todas vocês (: