What Are Words

Escrito por Camila Dyna | Revisado por Laura Weiller

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Capítulo Único

  - Você foi encarregado de cuidar dela até a mesma ter condições de seguir sozinha.

  - Mas, como? Por que voc... - E ele me deixou ali, falando sozinho em minha nuvem. Aquela foi a primeira tarefa que recebi e parece que seria a mais difícil. Não que cuidar dela seria difícil, o difícil seria vê-la e não poder tocá-la, não poder sentir seu toque e vice-versa. Nós éramos tão unidos, tão felizes, isso não deveria ter acontecido.

  Flashback ON - Narrado em terceira pessoa.

   e tinham 8 e 9 anos respectivamente. A menina era quieta, comportada e muito sensível. Já o menino, era mais extrovertido e bagunceiro. Porém, os dois tinham uma coisa em comum: honestidade. Morando em cidades totalmente diferentes, os dois nem faziam ideia de que um dia iriam se conhecer.
  - Mamãe, o que a senhora está fazendo? - A mãe da menina estava encaixotando várias coisas na sala.
  - Estou guardando essas coisas aqui filha, nós vamos nos mudar. - Em um tom triste, contou para a filha.
  - Mamãe, porque está triste? Não quer se mudar?
  - Eu estou feliz filha, mas me preocupo com você. E seus amiguinhos?
  - Não se preocupe mãe, eles ficarão bem.
  Na verdade, não tinha amigos, ela só fingia para que sua mãe ficasse feliz. Percebia a tristeza de longe e tinha uma mente muito esperta para sua pouca idade.
  Uma semana depois, estavam prontos para se mudar e não via a hora de começar do zero, quem sabe tentar fazer amigos.
  A família de se mudou para outro estado devido à transferência de trabalho do pai da menina. A caminho da nova cidade escrevia em seu diário. Criara o hábito de escrever desde que ganhou um em seu aniversário de seis anos. Começou a escrever e não parou mais. Viu que se sentia menos sozinha, escrevendo o que acontecia em sua vida.

  "Querido Diário, estou no carro, a caminho da minha nova casa. Espero que lá tenham pessoas legais que não me machuquem. Será um pouco difícil de fazer amigos, mas espero que eu consiga. Me deseje sorte ok? Mais tarde eu te conto como é tudo por lá! Tchau diário!"

  O carro entrou em um condomínio fechado de casas, onde moravam famílias mais tradicionais e ficou boquiaberta. As casas ali eram incríveis! A deles era um bônus do pai de , que ganhou com a promoção de seu cargo. Passara de funcionário de uma grande loja de carros para gerente. Não podia acreditar. Depois de anos trabalhando duro, finalmente conseguiu ser promovido.
   entrou em casa, subiu as escadas e entrou em um quarto que sua mãe disse ser seu. O lugar era grande, tinha um banheiro e a janela dava de frente para um quarto de uma outra casa. Após ajeitarem tudo, os pais de disseram que ela já teria que ir para a escola no dia seguinte, afinal, o estudo era muito importante.
  Durante muito tempo, a garota só ia de casa para a escola e da escola para casa. Não se interessava em conversar com ninguém e não fazia questão também. Para passar um pouco o tempo, passava grande parte dos intervalos, na biblioteca, afinal, era apaixonada por livros. Por ser uma parte bem deserta da escola, a menina sempre observava as pessoas e via um menino de cabelos bem penteados e arrumados sempre na mesma mesa, escrevendo algo em um papel.
  Tinha muita vergonha de ir lá falar com ele, então ficava só observando mesmo. Um dia voltando da escola, encontra sua mãe no quintal de casa com uma mulher e um menino.
  - Olá filha, como foi a escola?
  - Legal mãe. - Disse entrando logo em seguida.
  - Filha, venha cá! Esses são nossos vizinhos, e seu filho ! - Assim que olhou para os dois, arregalou os olhos. Aquele era o menino que ela tanto observava na biblioteca.
  - Ér, ahm, olá! Prazer! – Disse a menina envergonhada.
  - Oi fofa! Tudo bem? - Disse apertando as bochechas da menina.
  - Aham. É... Mamãe, posso entrar?
  - Claro querida, tudo bem.
   entrou e foi direto para o seu quarto. Estava guardando suas coisas quando alguém bate na porta.
  - Já estou indo mãe, só um segund... - Antes de terminar a frase, a porta se abriu e o tal menino entrou em seu quarto. - Ei! O que faz aqui? - Disse com as mãos na cintura.
  - Desculpa, eu só queria perguntar se você quer brincar comigo. - Disse corando.
  - Ah, tá, eu vou sim. - Essa poderia ser uma ótima chance de fazer um amigo e aceitou.
  Os dois brincaram e se divertiram muito naquele dia. Parecia que se conheciam há muito tempo, e no final da tarde, não queriam mais se separar.
   foi para sua casa e se despediu de com um beijo na bochecha. A partir daquele dia nascia uma grande amizade.
   escreveu em seu diário tudo o que havia acontecido e dormiu com um sorriso no rosto. No dia seguinte, os dois foram juntos para a escola e quando chegaram ao portão, algumas meninas passaram rindo ao lado de e ela paralisou.
  - Ei , tudo bem? O que houve? - perguntou preocupado com a amiga.
  - Tudo bem, não foi nada. - Mentiu.
  O sinal bateu e foram para a aula. Apesar de ser um ano mais velho, os dois eram da mesma sala, já que era adiantada um ano.
  O resto do ano foi assim. Os dois sempre iam e voltavam da escola juntos e viraram amigos inseparáveis. Sabiam tudo um sobre o outro.
  Passados dois anos, entraram para o ensino fundamental. Era o primeiro dia em uma nova escola e estava com muito medo. tentava acalmá-la, mas não estava adiantando.
  - Calma , vai dar tudo certo tá? Eu prometo! - O menino disse e segurou a mão dela lhe passando confiança. Assim entraram pelo portão da escola. Como sempre acontecia, paralisou perto de algumas meninas que pareciam ser patricinhas. Ela nunca quis contar para o porque e sempre desconversava. Mas agora, estava ficando muito frequente.
  - Hey, não acha que deve me contar o que está acontecendo?
  A garota assentiu e caminhou de cabeça baixa até um banco que tinha ali perto.
  - Pode ser depois da aula? - Ela perguntou e assentiu. Não conseguia negar nada a ela.
  A aula passou lentamente e não dizia quase nada. Foram andando devagar e quando chegaram em casa, foram direto para o quarto de conversar.
  - Então mocinha, me conta. O que está havendo?
  - , eu te pedi pra esperar até a aula acabar porque eu não consigo contar isso sem chorar. Você será o primeiro a saber e eu preciso que você me prometa que não vai contar a ninguém. - O tom de voz da menina preocupou .
  - Claro , pode confiar em mim.
  - Quando eu morava em outra cidade, umas meninas da minha escola faziam coisas ruins comigo. - Neste momento ela começou a chorar e segurou suas mãos. - Elas me derrubavam no chão e rasgavam minhas folhas. Puxavam meu cabelo e me humilhavam na frente de todos na sala de aula. Todos riam de mim e eu não sabia o por que. Eu chorava todos os dias a caminho de casa e tinha que enxugar as lágrimas e fingir que nada aconteceu. Ai eu mudei pra cá e te conheci. Acho que eu me aproximei mais de você por você ser menino, sei lá.
  Ela chorou muito e as lágrimas não cessavam. a abraçava e sussurrava que tudo ia ficar bem. Após o desabafo da menina, não acreditava que uma menina tão boa e sincera poderia ter sofrido bullying.
  - Tudo vai ficar bem , não se preocupe, eu não vou deixar mais nada te machucar, eu vou ser como o seu anjo da guarda tá? Eu sinto muito por isso ter acontecido com você. Vai ficar tudo bem agora pequena, se acalma.
  Depois de uma tarde de revelações e choros, os dois ficaram vendo televisão e comendo brigadeiro.
  Os anos se passaram e sempre protegia de tudo, desde um mosquito até um carro em alta velocidade. Eles se tratavam tão carinhosamente que as pessoas que viam e não os conheciam pensavam que eram namorados, ainda mais porque eles andavam de mãos dadas.
  O sentimento de e de tinha crescido e agora eles estavam com 15 e 14 anos. Estavam na fase dos namoros e festas. saia com algumas meninas e curtia, mas quando estava ficando sério, dispensava-as, porque nenhuma era como , e lá no fundo, ele a amava. Já , não fazia questão de sair com ninguém e preferia ficar em casa. Ela sempre amou , porém nunca contou com medo de estragar a amizade deles.
  Num belo dia de sol, tinha um encontro com um menino bonitão de sua sala e estava empolgada. Se arrumou toda e foi acompanhá-la. Chegando no parque, os dois viram uma cena horrível e os olhos de já se encheram de lágrimas. O menino com o qual iria se encontrar estava aos beijos com uma patricinha de sua sala. Os dois riram e se aproximaram de e .
  - Gostaram? Bela cena, não? - Disse o bonitão.
  - Por... Por que? - Disse já com lágrimas escorrendo por seu rosto.
  - Sabe querida, tudo isso é parte de uma aposta entre nós. - A patricinha disse e apontou para seus amigos.
   não estava acreditando. Aquele menino a usou. Ele não gostava dela, só estava tentando ganhar uma aposta. Ela não conseguia raciocinar direito e sua visão já estava embaçada por causa das lágrimas.
  - Você achou mesmo que alguém como ele ia gostar de você, sua nerd? - A menina ria e zombava de .
   já estava vermelho de raiva, a ponto de explodir.
  - Não falem assim com ela! - a defendeu.
  - Ah o namoradinho tá defendendo ela, que lindo! - O menino falou e virou para .   Na mesma hora acertou um soco certeiro no rosto do menino, fazendo com o que o mesmo caísse no chão. Seus amigos partiram para cima de , mas ele saiu correndo puxando , que estava tonta ainda com o ocorrido. Despistaram os caras e conseguiram chegar à casa de .
  - Ufa, até que enfim conseguimos. - disse colocando as mãos no joelho, ofegante. foi andando até o quarto de e se jogou na cama chorando. - Ei , eles não merecem suas lágrimas. Não ligue para o que eles falaram.
  - Eles me usaram e zombaram de mim, como antes. - Disse com a voz abafada por estar com o rosto enfiado no travesseiro do garoto.   - Desculpa , por não ter te protegido, eu não consegui, me desculpa. - se sentia mal por ela.
  - , não foi culpa sua, eu que sou muito sonhadora e acho que as pessoas são boas.
  - Existem muitas pessoas boas e um dia você vai encontrar uma pessoa que te vê do mesmo jeito que eu vejo, que vai te amar para sempre.
  - Obrigada . - Os dois se abraçaram e a menina molhou a camiseta do amigo com as lágrimas.
  - Eu te amo. - Os dois disseram juntos e se separaram do abraço. Se olharam, os olhos dos dois brilhavam e sorriam. Colaram as testas e ficaram assim por um tempo. Depois, os lábios dos dois se tocaram naturalmente e logo se separaram. Eles não acreditavam no que havia acontecido, mas deixaram o assunto quieto e começaram a ver televisão como se nada tivesse acontecido. Passava um filme de ficção científica e os dois resolveram ver.
  - , você entendeu essa parte? - perguntou e olhou para a amiga. Riu sozinho, percebendo que a menina havia dormido encostada em seu ombro. A ajeitou e deitou ao seu lado, dormindo logo em seguida.
  Depois de muitas aventuras e difíceis anos, chegaram ao último ano de escola. e estavam felizes. Iriam se formar e ir para a faculdade. seria cantor e Camila escritora. Resolveram ir em uma festa para se divertir um pouco, afinal, seria a primeira e última dos seus dias de escola. Se arrumaram, e seguiram em direção à festa. Lá, dançaram, curtiram e fizeram várias coisas que nunca tinham feito na escola.
  Por último, na hora de ir embora, resolveram pegar carona com um colega de classe. Porém, o motorista estava bêbado e os dois nem perceberam. Voltando para casa, o carro perdeu o controle e bateu em um poste. Logo após o impacto, ninguém viu mais nada. só foi acordar no hospital, cinco dias depois. Olhou para o lado e viu sua mãe, a olhando, com olheiras profundas e olhos vermelhos.
  - Mãe, o que houve? - Perguntou com a voz mole.
  - Ai minha querida, ainda bem que você acordou. Deixa eu chamar o médico. - A mãe dela chamou o doutor e este fez uma série de exames nela e perguntou várias coisas. No final, a menina estava bem, mas precisava de muito repouso.
  - Mãe, o que aconteceu? - Perguntou preocupada.
  - Você sofreu um acidente minha filha, o carro bateu em um poste. Já faz cinco dias.
  - Nossa, eu dormi tudo isso? E cadê o ? - A menina perguntou e os olhos de sua mãe se encheram de lágrimas.
  - Ele... Ele não conseguiu querida. - Sua mãe chorava.
  - Não, não pode ser, cadê ele mãe? Cadê? - A menina se desesperou e chorava compulsivamente. Sua mãe a abraçou e as duas choravam como crianças.
   saiu do hospital abalada e não conseguia acreditar. Ela queria muito estar sonhando naquele momento. Seu melhor amigo, seu protetor, seu mundo se foi e ela não pode fazer nada.
  Dias depois era o velório de . estava tão mal que não conseguia falar com ninguém, mal comia e chorava muito.
  Chegou no cemitério e abraçou forte a mãe de que estava tão mal quanto ela. Ela permaneceria de luto eterno. Ninguém nunca ocuparia o lugar de seu amigo.
  - Eu sinto muito tia . Me desculpa. - Disse chorando.
  - Não sinta querida, você não tem culpa. cumpriu a promessa que te fez. - Disse olhando com compaixão para a menina.
  - Como assim?
  - Encontraram abraçado a ti no carro, disseram que ele estava te protegendo, para que você sobrevivesse. Ele te salvou querida. - Nesse momento já soluçava de tanto chorar, pensando que se não fosse ela, seu amigo ainda estaria vivo e feliz.
  - Eu quero ele de volta!
  - Ele estará sempre conosco , em nossos corações, pensamentos e lembranças. - Disse abraçando a menina. - Olha, eu achei isso nas coisas dele, é para você. Ele nunca teve coragem de te entregar querida, eu sinto muito. - entregou uma carta à menina que pegou e se sentou em um banco para ler.
  A carta dizia:

  "Querida , eu sei que parece meio clichê o que vou escrever agora, mas não me julgue. Você não sai da minha cabeça desde quando tínhamos 8 anos. Sabe, desde que prometi que iria te proteger, eu cumpro tal promessa, por que que tipo de cara eu seria se eu te deixasse quando você mais precisa de mim? Por isso, eu sempre estarei do seu lado, mesmo que não seja em corpo, mas em pensamento eu sempre estarei com você. Você foi um anjo enviado para mim, porque eu não era feliz antes de te conhecer. E se estiver lendo esta carta, saiba que onde quer que eu esteja, eu vou estar bem do seu lado esta noite. Sempre que pensar em mim eu estarei com você. Bom, se as palavras são para bons e maus momentos, elas sempre continuam vivas em nossos corações. Eu te amo, minha pequena, minha sunshine."

   molhava a roupa com as lágrimas e a abraçava a carta com força. Olhou para o céu e sussurrou: "Eu sempre vou ter manter por perto meu anjo, eu também te amo".
  Passado o velório, não conseguia superar a perda de seu amigo e entrou em depressão. Nenhuma palavra a ajudava, por mais que tentasse. Após anos de tratamento, sua vida foi voltando ao normal.

  Flashback off

  E aqui estou eu, protegendo a minha pequena. Hoje ela está com 25 anos e não está mais tão pequena assim. Ela conheceu uma pessoa muito boa e que vai fazê-la feliz. Parece que agora, ela conseguirá seguir sozinha, me mantendo em pensamento.
  - ? - Um anjo me chamou, interrompendo meus devaneios.
  - Sim? - Respondi.
  - Parece que sua tarefa foi bem sucedida e meu chefe decidiu que você deve voltar. Ela ainda precisa de você.
  - Voltar? Como assim? Do que você está falando?
  - está grávida e você voltará como o bebê dela. Assim, vocês ainda terão uma ligação e se sentirá muito mais protegida.

  Narração em 3ª pessoa:

   se preparava para o parto e seu marido estava ao seu lado, segurando sua mão, dando-lhe forças.
  Depois de um tempo, o filho deles nasceu e o doutor o entregou a .
  - Então, qual é o nome desse lindo bebê? - olhou para seu marido e respondeu:
  - O nome dele é .

Fim



Comentários da autora

  Nota da Autora: Bom gente, essa é a minha primeira songfic e eu escrevi um pouco rápido, então, me perdoem qualquer erro e coisas clichês :D Espero ter feito justiça à música e que vocês gostem. Beijos :*