We were born to die

Escrito por Larissa Santos | Revisado por Natashia Kitamura

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  Peguei minhas malas na esteira do aeroporto de Heatrow, e andei até a saída do aeroporto. Era bom estar de volta. Ou talvez não tão bom assim. Tudo aqui me lembrava a ele. Harry. Sempre ele. Tudo ele. Ele parecia um fantasma na minha vida. Eu não precisava estar aqui, mas eu sentia ele comigo lá. Um ano nos Estados Unidos e eu ainda não consegui tirar ele da minha cabeça. Mas eu sabia que eu não ia conseguir. Ver a cara dele em jornais e revistas, boatos de namoradas dele, boatos de tudo. Não importava o que ele tivesse feito comigo, eu não conseguia ficar brava. Mas daquela vez eu tinha conseguido. Mas eu não fiz por outra também. Fui embora sem avisar nada. Sem deixar nem uma carta. Sem nem mandar uma misera mensagem de texto.
  Chamei um táxi e segui meu caminho até meu apartamento. Maldito o dia que eu escolhi comprar um apartamento bem na frente do apartamento do Harry. Se é que ele ainda morava lá. Cheguei logo, paguei o táxi e subi com as minhas malas no elevador. Tive que fazer três viagens do elevador até a minha casa para levar as malas. Entrei no meu apartamento e eu nunca tinha me sentido tão sozinha assim. Era sempre eu no Harry, Harry aqui, vice e versa. E agora eu estava sozinha. E ia ter que me acostumar com isso. E toda vez eu me lembrava da maldita promessa que eu havia feito. Que eu nunca ia me apaixonar.
  Olhei em volta no meu apartamento e percebi que estava do jeito que eu havia deixado. Bagunçado. Ri comigo mesma. Eu ia ter que começar a arrumar isso. Do jeito que eu sempre fazia pra acabar mais rápido. Cantando. Fui até o meu quarto e abri uma das malas, e me troquei. Parecia que mesmo cantando, eu ia demorar.

  Harry’s POV.

  Cheguei tarde em Londres naquele dia. Eu não estava bem. Há um ano. Tem um ano que ela se foi. Exatamente. Eu não sabia como eu havia conseguido sobreviver sem ter ela nos meus braços de novo. Eu queria gritar. Eu queria procurar ela por ai. Mas eu não tinha pista nenhuma de onde diabos ela poderia estar. Estacionei meu carro na garagem do prédio. O carro dela ainda estava lá. Nunca saia. Entrei no elevador e subi. Meu andar estava vazio sem ela por perto. Sem ela cantando tomando banho ou arrumando a casa. Eu estava me despedaçando. Coloquei as chaves na fechadura do meu apartamento e ouvi uma voz cantando uma canção familiar. A voz dela. Balancei a cabeça em sinal de negação, não podia ser. E a luz do apartamento dela estava acesa. Meu coração parou. Ela estava de volta. .

  ’s POV.

  Eu estava quase terminando, mas ouvi minha campainha tocar. Fiz um coque desajeitado no meu cabelo e fui até a porta atender. Não olhei no olho mágico. Apenas abri e sorri para não passar uma imagem de vizinha chata com fadiga de viagem. Me surpreendi com a imagem que eu encontrei na porta.
  Harry.
  E as lembranças vieram como uma onda enorme na minha mente. Atingindo-a com toda a força do mundo. Fui acordada dos meus pensamentos pela voz rouca de astro de rock do Harry. Que me fazia estremecer toda vez que eu as ouvia.
  - Você voltou. - Ele disse e eu olhei diretamente nos olhos dele. Eles estavam sem brilho, sem cor. Não eram os mesmos olhos que o ano passado.
  - Sim. - Falei olhando pra qualquer lugar menos para os olhos dele.
  - Por que você foi embora? - Ele perguntou e eu pude perceber que ele estava falando sério.
  - Você não faz a mínima ideia? - Perguntei.
  - Não. - Respondeu rápido.
  - Eu também não. - Falei e fechei a porta do meu apartamento. Caindo sobre a mesma. Eu fazia ideia sim. Pra explicar melhor.
  Há um ano e dois meses atrás eu me entreguei completamente a Harry. Desse jeito mesmo. E eu fiquei grávida. Eu não contei pra ele, eu não contei pra ninguém. Eu guardei pra mim. E então, um belo dia (nem tão belo assim) eu liguei minha TV e estava passando uma entrevista com eles.
  “Entrevistador: Quando vocês pretendem ter filhos?
  Harry: Eu nunca pretendo ter filhos. Não pelos próximos 50 anos.
  Liam: Eu quero ter filhos quando eu tiver uns 30 anos. Acho que é uma boa idade.
  Niall: Não penso nisso agora.
  Louis: Eu não tenho muito jeito com crianças, então, quanto mais tarde melhor.
  Zayn: Quando tiver que ser, será.”
  E eu desabei de chorar. Se eu contasse pra ele, ele ia me largar. Então eu preferi ir embora primeiro. Naquele exato momento, entrei num site de passagens, comprei uma só de ida para os Estados Unidos, arrumei minhas malas e saí. Sem mais nem menos. Harry ia me odiar por ter fugido e ainda mais por ter ficado grávida. Então eu fiz o certo. Fui para os Estados Unidos, tive o bebê lá e dei pra adoção. E agora eu estava de volta. E o meu passado me assombrava cada vez mais. Ainda lembro das palavras da minha mãe quando eu contei a ela.
  “- A decisão é sua. Mas não se arrependa depois.
  E às vezes eu me arrependia. Era só eu ver alguém com um bebê e meu coração já se amolecia. Eu nunca sabia se eu tinha feito as decisões certas. Eu apenas as fazia. E esse era o meu maior erro.
  E eu me lembrava do dia que eu estava passando os canais na TV da pequena casa que eu havia alugado nos Estados Unidos. Cinco meses atrás.

  Flashback.
  “Minha barriga estava imensa. Vi o rosto de Harry passando rápido na TV. Voltei ao canal que estava. E gostaria de não tê-lo feito também.
  “- Você namorava, certo Harry? - O entrevistador perguntou e ele assentiu olhando pra baixo. - O que aconteceu? - Ele perguntou.
  - Eu não gosto de falar sobre isso. Sinto muito. “
  Naquele momento eu peguei meu celular e chequei meu twitter. Nas minhas mentions eu só conseguia ler “vadia” “se eu te ver na rua eu te mato” “vou te quebrar, igual você fez com o Harry” “gorda” “ridícula”. Aquilo era demais pra mim. Resolvi sair de casa um pouco pra tomar um ar. Olhei a vizinhança. Eu não conhecia ninguém. Senti uma pontada muito forte na barriga. Eu não ia aguentar por muito tempo. Olhei para o lado e vi o rosto de Harry estampado em um táxi. Andei mais um pouco, parando para colocar a mão na barriga por aquela dor que eu estava sentindo e andei um pouco mais devagar. Parei em frente a uma banca de jornal e vi o rosto de Harry estampado em uma revista. Eu não aguentava mais. Senti uma dor muito forte. Como se estivessem rasgando a minha barriga. Pessoas se ajuntaram em volta de mim e eu só pude ver um rosto conhecido me levando pra dentro de um carro, e dirigindo até o hospital mais próximo. Então eu apaguei. E acordei ao som do choro de um bebê.”
  Fim do flashback.

  Eu estava acabada. Tinha ficado três meses a mais nos Estados Unidos tentando achar uma família pra cuidar do meu bebê. Encontrei uma boa. Os Williams. A esposa do Sr. Williams tinha sofrido um aborto espontâneo. E eles resolveram adotar uma menina pra ficar no lugar da filha deles. foi o nome que eles escolheram para minha filha. Minha filha. Pensando nisso tudo, eu adormeci.

  Acordei tarde. Minhas costas estavam doendo e meu apartamento continuava bagunçado. Fiz waffles para o café, tomei um banho, e comecei a arrumar a casa. Comecei pela cozinha. Guardei tudo que estava jogado. Depois fui para o meu quarto, guardei tudo que estava nas malas e passei aspirador. A sala estava ok, eu já tinha arrumado ontem. Me joguei no sofá e suspirei pesado. Eu estava cansada. A música mudou. Uma melodia conhecida começou a ecoar. Não podia ser essa música.

  I think yesterday
  Eu penso que ontem
  And all the times I spent being lonely
  E todo tempo que eu passei estando sozinho
  I watched the young be young
  Eu assisti os jovens sendo jovens
  While all the singers sung
  Enquanto todos os cantores cantavam
  About the way I felt
  Sobre o jeito que me sentia

  Eu me lembrava de quando eu conheci o Harry. Era setembro. Eu tinha ido a um casamento de uns conhecidos dos meus pais aqui em Londres, como eles não puderam encontrar um voo que viesse no dia, ou antes, eles falaram para eu ir representá-los. E lá estava eu numa festa chata, cheia de pessoas esnobes com o nariz levantado. Até aquele momento. Olhei para a porta, cruzando meus braços em torno de mim mesma e observei uma cena angelical. Um garoto dos cabelos cacheados que caiam sobre seu rosto como a voz de um cantor se une a uma melodia, lindo. Seus olhos verdes misteriosos. E seu sorriso encantador. Eu não acreditava em amor à primeira vista até aquele momento. Isso não podia estar acontecendo comigo. Eu tinha jurado a mim mesma que eu nunca ia me apaixonar, porque tudo que o amor faz é quebrar, queimar e acabar. E eu não sou muito fã de coisas passageiras. Até que uma hora, nossos olhares se encontraram. E era como se dançássemos parados. Tudo que eu podia querer estava ali. E eu nem o conhecia direito.
  Eu teria que me arriscar.

  The days are here again
  Os dias estão aqui de novo
  When all the lights go down,
  Quando todas as luzes se apagam,
  What do they show me?
  O que eles me mostram?
  The rules are all the same
  As regras são todas as mesmas
  It's just a different game
  É somente um jogo diferente
  To tell you how I feel
  Para te dizer como eu me sinto.

  Primeiro encontro. Minhas mãos estavam suando. Eu estava com medo de fazer algo errado, como eu sempre fazia. Eu nunca conseguia fazer nada certo, isso era fato. Eu tinha um namorado no Brasil. Mas com ele não era assim. Eu me sentia morta com ele. Que bom que me veio a ideia de vir a Londres a cabeça logo e eu larguei dele. Eu queria me sentir viva, não parecer um defunto. Ouvi três batidas na porta do meu apartamento. Era Harry. Ele morava no apartamento em frente ao meu, por coincidência. No caminho do parque ele me contou sobre a banda, sobre como tudo aconteceu e o que ele sentia. Eu achei fofo da parte dele. Mas minha vida era um nada, eu não tinha porcaria nenhuma pra contar. Bem, todos dizem que os opostos se atraem. E aquele foi o primeiro dia que nós ficamos. E eu nunca tinha me sentido desse jeito na minha vida. Protegida, talvez até amada. Eu estava enganada sobre o amor.

  Although it seems so rare
  Mesmo que pareça tão raro
  I was always there
  Eu sempre estive lá.

  “ Rodrigues.
  Nacionalidade: Brasileira.
  Mora em: Londres.
  Em um relacionamento sério com Harry Styles.” Sorri com aquilo. Estávamos namorando fazia dois meses. E sem duvidas eram os melhores dois meses da minha vida. Se não fosse por um grande, ou não tão grande assim imprevisto. Minha gravidez. Eu tinha conseguido concertar a minha vida e agora, ao mesmo tempo estragá-la. E foi ai que eu tomei a minha decisão. Fui embora.

  Oooh, oooh
  I can't stop digging the way you make me feel

  Eu não consigo parar de gostar do jeito que você faz eu me sentir.
  Oooh, oooh
  I can't stop digging the way

  Eu não consigo parar de gostar do jeito
  Oooh, oooh
  I can't stop digging the way you make me feel

  Eu não consigo parar de gostar do jeito que você faz eu me sentir.

  Senti meu rosto queimar com as lágrimas que escorriam por todo ele. Eu podia ter feito tudo diferente. Eu realmente podia. Mas eu não consigo pensar antes de agir. É uma das minhas piores manias. Se eu não tivesse fugido, Harry teria terminado comigo de qualquer jeito e hoje seria apenas eu e uma criança inocente no mundo. Na verdade, duas crianças. Eu não pedi pra ficar grávida aos 18 anos. Mas eu não preveni. Mas a verdade era de que eu ainda gostava do Harry. Eu não gostava, na verdade. Eu ainda o amava. Eu sempre tentava esquecê-lo, mas nunca conseguia. Ele ficou impregnado na minha cabeça como a melodia de uma canção de ninar. Nunca saía.

  I took a little time
  Eu levo um pouco de tempo
  Scripting all the things that I tell you
  Decifrando todas as coisas que eu te falo
  I'll send them through the mail
  Eu vou te enviar por correio
  And if all goes well
  E se tudo der certo
  It'd be a day or two
  Será um dia ou dois.

  Um dia eu tentei escrever uma carta. Uma carta descente. Algo que explicasse tudo isso. Mas eu era uma covarde idiota. Eu não conseguia. Não tinha o mínimo de coragem.
  “Harry.
  Eu sinto muito por tudo isso. A verdade é que eu estava grávida e então eu vim embora. Me desculpe mesmo.” Peguei minha borracha e apaguei aquilo. Deixei apenas: “Harry. Eu sinto muito por tudo isso. Eu te amo.” E mandei via correio rápido. Chegaria rápido até ele, e ele me odiaria cada vez mais. Eu poderia ter sumido de vez, sem cartas, nem nada. Mas eu tinha que estragar as coisas mais ainda. Eu estava chorando muito. Não conseguia mais. Eu tinha que contar pra ele.
  Se eu não o fizesse seria capaz dele me odiar mais ainda.
  E isso era o que eu menos queria.
  Eu sabia que ia dar tudo errado. Mas eu o fiz.
  Mais uma das minhas decisões erradas.
  Saí do meu apartamento e bati na porta dele.
  (Pode parar a música).

  Logo ele apareceu, com os cabelos bagunçados com cara de quem acabou de acordar. Eu não conseguiria. Eu ia ser covarde de novo.
  - Eu tenho uma coisa pra te falar. - Falei e senti meus joelhos tremendo.
  - Fala, . - Ele disse me fazendo começar a chorar.
  - Não me chama assim. Eu sou um monstro. - Falei e naquele momento eu desabei. Eu tentava de qualquer jeito fazer aquilo parar.
  - Respira. Fica calma. - Ele disse. - Entra. - Falou e puxou-me pelas mãos até o interior de seu apartamento. Eu tinha boas lembranças sobre esse lugar.
  - Senta ai. - Ele disse apontando a uma poltrona e sentou-se no sofá enquanto eu me sentava na mesma. - Pode falar. - Ele disse.
  - Eu... eu quero te dizer o por quê de eu ter ido embora. - Falei secando as lágrimas que restavam no meu rosto. Eu tinha que ser forte. - Eu... não foi planejado. Foi do nada. - Falei.
  - Então por que você foi embora? - Ele perguntou e eu vi que os olhos dele estavam marejados também. Ele sempre me amou. E eu fui uma idiota de ter fugido disso.
  - Duas semanas depois da minha primeira vez, lembra? Você deu uma entrevista para um canal de TV e disse que não pretendia ter filhos pelos próximos cinco anos. Eu ia estragar a sua vida. Então eu resolvi ir embora. - Falei rapidamente e fechei os olhos, tentando impedir mais lágrimas de descerem.
  - Não... não pode ser. - Ele gaguejou e olhou pro chão. Pude ver ele ficando vermelho.
  - Foi isso mesmo. - Falei e comecei a chorar novamente.
  - Você ficou grávida? - Ele perguntou balançando a cabeça tentando afastar esses pensamentos, como se realmente não estivesse acontecendo.
  - Fiquei. - Falei com voz de choro.
  - E cadê meu filho? - Ele perguntou, e se levantou.
  - Nos Estados Unidos. - Falei.
  - Como assim nos Estados Unidos? - Ele perguntou levantando a voz. Ele nunca tinha falado comigo assim antes.
  - Ela não é mais minha filha. - Falei.
  - E VOCÊ TOMOU ESSA DECISÃO SEM ME CONSULTAR? - Ele perguntou e eu assenti com a cabeça, deixando mais lágrimas virem. Eu tinha me tornado um monstro. - Eu quero vê-la. - Ele disse. - Agora. - Falou.
  - Eu não posso mais chegar perto dela, Harry. Foi um combinado. - Falei fungando.
  - Caralho, ! Você só faz merda. - Ele disse.
  - A culpa não é TODA MINHA! Meça suas palavras. Se você não tivesse me provocado e tivesse a porcaria de uma camisinha isso não teria acontecido. A culpa é tua também! Não vem jogar tudo em cima de mim. Você acha que eu estou como com isso? Bem, me sentindo orgulhosa? Nem vem! Se eu pudesse eu ficaria com essa criança, mas eu quero viver a minha vida e não queria estragar a sua! A culpa é mais sua do que minha. - Falei chorando ainda mais.
  - Vai pra sua casa, pega algumas roupas e documentos, estamos indo pros Estados Unidos agora. - Ele disse e então me apontou a porta. e eu fui andando. Eu tinha estragado as coisas ainda mais.

  1 hora depois...
  Tinha pego exatamente o que Harry mandou eu pegar. Estava esperando sentada no sofá, com a cabeça apoiada na lateral do mesmo. Eu podia ter ficado nos Estados Unidos e ter evitado ter perdido o amor da minha vida pra sempre. Ouvi minha campainha tocar, me levantei, levando minha mala junta e abri a porta, sem nem olhar na cara do Harry, e coloquei minha mala do lado de fora. Ele foi andando atrás de mim.
  - Pode deixar que eu levo. - Ele disse.
  - Não, valeu. - Falei e continuei levando-a até o elevador.
  - , deixa de ser orgulhosa. - Ele disse.
  - Você fala um monte pra mim e depois vem falar de orgulho? Não fode. - Falei e apertei o térreo. Fomos em silêncio até a garagem e fomos até o carro dele. Coloquei minhas malas no banco de trás, e entrei no mesmo. Coloquei meus fones no máximo e pude ouvir Harry falando algo que eu não entendi bem, por causa da música alta. Melhor assim mesmo.
  Chegamos rápido ao aeroporto. Tirei minhas malas do banco de trás e entrei, sem ao menos esperá-lo. Eu estava com a cara amarrada. Não era pra menos, também. Depois de tudo que ele falou pra mim, eu não podia estar melhor. Fomos andando até o balcão de informações, depois que ele me alcançou.
  - Eu quero duas passagens pro voo mais próximo para os Estados Unidos. - Harry falou.
  - Em qual classe, senhor? - A balconista perguntou.
  - Na primeira. - Ele disse.
  - Temos os assentos 12 e 13. O próximo voo é daqui a meia hora- Ela disse.
  - Por favor, me coloca na econômica então, do lado dele eu não fico. - Me pronunciei pela primeira vez.
  - , para de agir igual criança. - Harry disse. - Essas duas da primeira classe. - Continuou então foi para o outro lado pegar as passagens e pagar. Fizemos o check-in e entramos no avião. Me sentei na janela e coloquei os fones novamente, no máximo. Harry estava tenso ao meu lado. Ele já havia me falado sobre o seu medo. Mas agora eu não podia me fazer de coração de manteiga e dar a mão pra ele, depois de tudo que ele havia dito. Me encolhi no meu banco e fechei os olhos. E eu só desejava que aquilo tudo acabasse logo.

  6 horas depois...
  Fui acordada por Harry me cutucando. Ótimo. Me levantei com a cara emburrada, peguei minha bolsa no chão e sai andando do avião sem nem olhar pra ele. Fui alcançada pelo mesmo logo.
  - Você vai ficar me ignorando até quando? - Ele perguntou.
  - Até o dia que você aprender a medir suas palavras. - Falei e continuei andando.
  - Qual o endereço da nossa filha? - Ele perguntou.
  - Ela não é nossa, muito menos sua, você disse que não queria ter filhos pelos próximos 50 anos, lembra? - Respondi.
  - Deixa de ser criança e fala o endereço logo. - Ele disse e fomos pegar nossas malas na esteira. A minha já estava à vista, ótimo.
  - 182 East 72nd Street - Falei e sai com a minha mala, esperei por ele do lado de fora do aeroporto. Logo ele chegou com sua mala também. Senti um flash. Droga. Entramos no primeiro táxi que vimos. Coloquei meus fones novamente. Tudo para evitar uma possível conversa. Que era o que eu menos queria naquele momento. Paramos em frente a um hotel.
  - O quê? A gente vai ficar aqui? - Perguntei.
  - Sim, você achou o quê? Que a gente ia vir e ir embora no mesmo dia? - Ele perguntou abrindo a porta e ajudando o taxista a retirar as malas. Sai do carro também e peguei a minha mala. Ele foi pedir os quartos e eu fiquei esperando.
  Fomos acompanhados do gerente do Hotel.
  - Muito bom tê-los aqui, Sr. Styles e Srta. . Acompanhem-me, vou levá-los até a suíte de vocês. - Ele disse e eu arregalei os olhos.
  - Que porra é essa, Harry? - Perguntei.
  - , olha como você fala. - Ele disse e eu gargalhei.
  - Você fala coisa bem pior. Nossos quartos são longe um do outro, né? - Perguntei e ele deu risada.
  - Na verdade... - Ele ia dizendo, mas foi interrompido pelo gerente do hotel.
  - A suíte de vocês é a segunda a direita. Espero que aproveitem a estadia aqui no Hotel. - terminou de falar e saiu andando.
  - Você só pode estar zoando com a minha cara. - Falei irônica.
  - Não estou. - Ele disse e caminhou até o quarto, nossas malas estavam na porta.
  - Eu te odeio. - Falei.
  - Não, você não odeia. - Ele disse.
  - Como você sabe? - Perguntei.
  - Eu me garanto. - Ele respondeu.
  - Ridículo e bipolar. - Falei e ele não respondeu mais. Entramos no quarto e eu percebi que só tinha uma cama de casal e um sofá.
  - A cama é minha. - Falei e corri com minha mala até a cama. Dei risada, mas depois me lembrei de que eu estava brava e fechei a cara de novo. Me deitei com as pernas pra cima ficando de costas pra ele e fiquei mexendo no celular. Que ótimo.
  Logo eu adormeci.
  E nunca tive um sonho pior que aquele.

  No sonho...

  Eu estava no topo de um prédio. Usava um vestido branco que a cada vez que eu chegava mais para a ponta ficava mais vermelho, de sangue. A única coisa que me segurava era uma faixa, escrito amor e em vermelho. Havia sangue por toda ela e meu coração estava no chão. Vi Harry saindo de um quartinho que havia no topo do prédio e ele segurava uma grande tesoura. Chegou perto de mim.
  - Adeus, . - Falou e cortou a faixa que me segurava. Eu caí lentamente enquanto o observava me observando. Meus olhos foram se fechando lentamente e eu fui perdendo o ar. Logo senti um impacto muito forte na minha cabeça, e depois vi tudo ficando mais vermelho ainda. Me levantei do meu corpo, mas ele continuava lá. Pessoas se ajuntavam em volta de mim e perguntavam o quê estava acontecendo, quem eu era, e quem estava lá em cima. E eu não conseguia falar nada. Nada saia. Senti uma força me puxando cada vez mais pra cima e logo eu estava nas nuvens. Eu não poderia mais voltar.

  Fim do sonho.

  Me levantei num pulo, assustando Harry. Aquele sonho, pra mim, tinha sido algo como um aviso. Um dos piores. Eu estava suada e tinham lágrimas nos meus olhos. Meu coração batia aceleradamente.
  - Tá tudo bem? - Ele perguntou chegando perto de mim.
  - Não te interessa. - Falei.
  - Daqui a pouco eu vou naquele endereço que você me passou, vai se arrumar. - Ele disse.
  - Eu não vou. - Falei. - Eu não posso ir lá. Eu assinei uma nota de que eu nunca mais voltaria. - Falei.
  - Você não precisa aparecer lá. Eu posso ir sozinho até lá, e você se esconde ou fica me esperando atrás de algo. - Ele falou.
  - Tá. - Falei, abrindo a mala e pegando uma roupa qualquer e entrei no banheiro. Tomei um banho e me troquei. Fui até o espelho me checar e estava tudo ok. Sai do banheiro.
  - Vamos logo então. - Falei. Descemos em silêncio e quando chegamos ao térreo, tinha um carro esperando-nos em frente ao hotel. Um homem abriu a porta do carro pra gente,e eu entrei, apoiando-me na porta do carro, e fechando os olhos. Não ia ser fácil.

  15 minutos depois...
  Nós tínhamos chegado. O grande prédio preto ainda me deixava lembranças da decisão que eu havia tomado. Uma das mais difíceis da minha vida.
  - Vamos? - Ele perguntou.
  - Sim. - Falei e saímos do carro. Outro flash. Será que eu não posso ficar em paz?
  - Fica aqui. Qual o apartamento? - Ele perguntou.
  - É a cobertura. - Falei e me sentei no banco que tinha na rua. Observei-o atravessar a rua e entrar no prédio. Agora já estava feito. Esperei por vinte minutos e logo ele apareceu de novo. Ele sorria.
  - Ela... Ela é perfeita. - Ele disse e eu assenti com a cabeça. - Ela tem os meus olhos e o seu cabelo. - Continuou sorrindo.
  - Sim... - Falei e meus olhos se encheram de lágrimas. Eu poderia estar com ela agora aqui em meus braços, ter evitado ouvir tantas besteiras de Harry e nós estaríamos felizes. Mas não. Eu sempre tenho que fazer as coisas errado. Uma lágrima escorreu dos meus olhos.
  - Tá chorando? - Ele perguntou e eu não soube o que dizer.
  - Não. - Falei e limpei a lágrima.
  - Pode falar o que está acontecendo, . Eu ainda te conheço. - Disse sorrindo amigavelmente.
  - Eu só faço decisões erradas. Só faço merda. A minha vida é um poço de mentiras e máscaras. Não sei mais o que fazer. - Falei e desabei. Senti os braços quentes de Harry me confortando. Solucei. Eu tinha saudades dos braços dele mais do que tudo.
  - Isso não é verdade... Você só é meio precipitada. - Falou e eu sorri. Tirou seus braços do meu redor.
  - Vamos sair daqui. - Falei entrando no carro e ele entrou logo atrás de mim. Limpei meus olhos com a manga da blusa, dobrando-a logo em seguida. Fiz outra burrada.
  - O que é isso? - Harry perguntou segurando meu pulso.
  - Nada. - Falei cobrindo novamente e retirando sua mão de meu pulso.
  - , me fala que você não está fazendo isso. - Ele falou e então eu abaixei a cabeça. Ele sempre tinha sido muito protetor comigo.
  - Eu... eu não estava conseguindo mais. - Falei.
  - Por favor, não faz mais isso. - Ele pediu.
  - Tudo bem. Tá tudo bem. - Eu falei, e me virei para a janela.
  - Nos leve para um parque. - Ele disse e o motorista nosso caminho até lá. Logo chegamos. Descemos do carro e fomos andando até o lago. - Hoje você vai se lembrar o que é se divertir de novo. - Ele disse rindo e eu dei risada também. As coisas pareciam estar voltando a ser como eram antes.
  - Tire os seus sapatos, se você não quiser perdê-los ou reclamar do preço que pagou por eles depois. - Falou e eu o obedeci, sentei e tirei-os. Ele me acompanhou e tirou os dele também. - Não se preocupe, ninguém vai pegar seu sapato ou sua bolsa. - Falou e fez sinal para o motorista vir ficar aqui olhando as coisas. Senti pena dele naquele momento. Ri por dentro.
  Fomos andando até a beira do lago e entramos em um pedalinho. De meias.
  - Pronta? - Perguntou e eu assenti com a cabeça. Fomos pedalando e eu ri. Eu tinha me esquecido de como era aquela sensação. Eu tinha me esquecido de todas elas. Ele estava pedalando pra frente eu perdi o ritmo, sentindo o pedal batendo no meu pé.
  - Harry. - Falei rindo. - Harry para, tá fazendo cosquinhas. - Falei e ri mais ainda. - Para! - Falei gargalhando então ele parou, rindo junto comigo. Ficamos assim por uns 10 minutos.
  - Eu tinha me esquecido sobre o quão isso era divertido. - Falei.
  - Nós fazíamos isso todo dia. E nunca nos entediávamos. - Ele disse olhando pro céu.
  - Bons tempos. - Falei.
  - Vamos voltar? - Perguntei.
  - Claro. - Ele disse e então fomos pedalando até a margem de novo. Colocamos nossos sapatos de volta novamente e entramos no carro. Fomos de volta ao Hotel.
  - Eu vou ter que sair. Mas é rápido. - Ele disse se despedindo de mim com um beijo no rosto e então eu subi. Liguei meu notebook e fiquei no twitter. Meu nome e o do Harry estava nos trending topics. Fiquei desesperada. Eu odiava atenção.
  (coloquem uma musica triste, da sua preferência, mas eu escrevi ouvindo Born to Die, da Lana Del Rey)
  Observei que também tinha o nome de Harry e outra pessoa nos trending topics.
  “Harry Styles e Caroline Flack.” Cliquei em cima e pude ver algumas fotos. Eram de hoje. De agora a pouco, para falar a verdade, e eles estavam de mãos dadas.
  Todas as sensações que eu tinha sentido hoje se transformaram em uma outra. Vontade de morrer. Ele não parecia a mesma pessoa naquelas fotos. Comecei a chorar. Tudo tinha começado a dar errado de novo. Eu não podia ser tão não-sortuda ao ponto de tudo acontecer comigo ao mesmo tempo. Chorei compulsivamente.
  Ouvi a porta do quarto ser aberta.
  Harry estava nela. E estava me vendo desse jeito.
  Sai correndo e entrei no elevador, apertando o botão do terraço, e pude ver Harry correndo para tentar alcançar o elevador. A missão dele falhou.
  Quando eu cheguei lá, fiquei observando o céu. Era de um cinza muito forte. E eu comecei a pensar sobre qual era a minha missão aqui na terra. O que eu tinha vindo fazer aqui. Eu amei, eu fiquei grávida, eu fugi, eu me fodi, fiz decisões erradas, e nunca nada dava certo. Acho que a minha única missão aqui de verdade foi ter a e fazer um casal que tinha perdido o filho ter alegria de novo. Só isso. Cheguei mais perto do parapeito do prédio.
  Eu nunca tinha pensado sobre como eu queria morrer. Mas sempre me vinha na mente de que a hora estava chegando. Quem sabe agora? Só dependeria de mim. Fiquei em pé. O vento estava quase me derrubando pra trás. Ouvi um barulho atrás de mim e vi Harry parado, sem fazer nenhum movimento.
  - Desce daí, . - Harry falou. Pude ver ele tremendo.
  - Não. Minha missão aqui acabou. - Falei e me virei pra frente.
  - ! Não, por favor, eu te amo, não faz isso. - Ele estava chorando. - Por favor, não faz isso, pelo amor de Deus. - Ele estava ajoelhado agora. Comecei a chorar também.
  - Eu também te amo. Te amo muito. E por isso eu tenho que deixar você viver e deixar de ser um peso na sua vida. - Falei e chorei ainda mais. - Eu sou doente, Harry. Não está vendo? Você merece algo melhor. - Continuei. Ele não falou nada.
  - Adeus, Harry. - Falei e dei mais um passo. Eu não sentia mais meus pés em lugar nenhum, eu só via o chão se aproximando de mim cada vez mais rápido. Fui me sentindo sufocada, logo perdi o ar e meus olhos se fecharam. Senti um impacto no chão e logo ouvi barulhos, mas estava tudo preto. Eu vi uma luz no final e logo eu não estava mais em meu corpo. Pude me sentir voando e logo eu estava nas nuvens, observando as pessoas ao meu redor, desesperadas, e Harry chorando sobre o meu corpo desacordado. Eu não tinha forças para chorar. Eu não tinha forças pra nada.
  Minha missão tinha acabado.
  E eu tinha feito mais uma decisão errada na minha vida.



Comentários da autora


Nossa, eu nunca escrevi uma fic assim e tô com medo de não ter dado certo.. .Espero que tenha! Ahahah