We're Falling

Escrito por Boo | Revisado por Natashia Kitamura

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Parte do Projeto Songfics - 16ª Temporada // Música: Fall, por Justin Bieber

  Os flashes explodiam em todas as direções, me fazendo ficar quase cego. Gritos, pessoas chamando por meu nome e toda a mesma euforia cansativa e rotineira. Abaixei a cabeça enquanto tentava passar pela multidão. Pensei que teria algumas semanas em paz em minha cidade natal, mas talvez não fosse possível.
  - HEY , QUEM É A MOÇA COM VOCÊ?
  Senti a mão trêmula de apertando a minha com força. Sabia que ela era claustrofóbica e estava fazendo o melhor para protegê-la, mas o carro parecia a se distanciar a cada passo. Nada estava saindo como eu havia planejado.
  Toda a alegria que eu senti quando vi me esperando naquele aeroporto havia ido para o lixo! Depois de meses sem sentir todas as velhas borboletas que se agitavam em meu estomago desde quando tínhamos 15 anos de idade todas as vezes que eu a encontrava, a única coisa que eu precisava no momento era paz, mas a única coisa que eu encontrei foi um voo atrasado e uma despedaçada.
  O fato de o avião ter atrasado não me deixava tão bravo quanto vê-la triste. Sabia que estava acontecendo alguma coisa com ela, quando decidi me declarar via Skype uma semana após o término do namoro com Edward Estúpido Howard. Três malditos anos desperdiçados, assistindo enquanto ela o beijava e escrevia poesias enquanto ele mal se lembrava de seu sobrenome. A princípio ela não acreditou e riu. Tão cega. Mas depois desconfiou, o que me fez sentir raiva pela primeira vez em muitos anos. Era tão difícil de ver que eu a amava? Era difícil perceber como eu sorria quando ela estava perto? Como as minhas mãos suavam quando ela brincava de entrelaçar os dedos nos meus? Senti raiva, mas senti uma vontade maior ainda de querer provar a verdade, nem que para isso eu precisasse roubar milhões de rosas ou fazer qualquer coisa para que ela entendesse.
  Iria arrancar um sorriso sincero dela, iria conseguir de qualquer maneira.
  Passei as mãos em sua cintura e a trouxe para mais perto, fazendo com que seu rosto frágil ficasse contra meu peito. Avistei o carro de sua mãe parado no estacionamento e consegui caminhar um pouco mais rápido quando alguns seguranças ajudaram a dispersar a multidão. Abri a porta do passageiro para que ela pudesse se sentar e joguei minha mala no banco traseiro do carro.
  - Me desculpa por isso. – dei partida no carro e arranquei. – Sei que você não gosta de multidões, mas às vezes eu não consigo evitar! Desculpa!
  - Não é culpa sua. – respondeu e passou a mão em minha perna. Sossega pelo amor de Deus, coração! – Você me prometeu que iriamos parar no Central Park antes de ir pra casa da sua mãe!
  - Tudo bem. – revirei os olhos com a tentativa falha dela de parecer empolgada.
Quando paramos em um farol vermelho, peguei sua mão que estava repousada em meu joelho e depositei um beijo em sua palma, levando-a até a minha bochecha. Sua mão acariciou meu cabelo e eu suspirei pesadamente e fixei os olhos nos dela por um momento.
  - Sabe que não vamos fugir disso por muito tempo, certo?
  - . – arfou, recuando. – Eu tenho tanto medo...
  - Medo de quê?
  - Olha pra frente, por favor. – disse, virando-se para a janela. – É complicado demais.
  Suspirei pesadamente e pisei no acelerador. A raiva crescia dentro de mim, afinal, o que aquele tonto tinha que eu não posso ter? Eu escutava as poesias dela, eu sabia de cada mania que ela tinha, eu conhecia a família dela, EU SABIA AO MENOS O SOBRENOME DELA, por que raios ela não podia gostar de mim?
  - ...
  Apertei o botão e liguei a radio. Não estava com paciência para ouvir a desculpa que ela iria soltar, pensando seriamente se eu devia leva-la ao Central Park no final.
  Dirigi pelas ruas xingando o mundo e suas teorias de todas as coisas que tinha em mente enquanto ela insistia em abaixar o volume.
  Parei o carro perto do parque e desliguei o radio, saindo do carro sem esperar por ela. Reconheço que eu estava sendo infantil, mas eu não me importava. Todos tem o direito de se sentir mal, certo?
  - ME ESPERA! – gritou atrás de mim. – , QUER PARAR DE SER INFANTIL?
  - Não. – respondi e continuei andando em direção ao parque. Passei pelos portões, desviando de algumas crianças que corriam com cachorros, olhando um casal de velhos sentados em um banco alimentando os pássaros que pousavam perto.
  Senti suas mãos passando por minha cintura, fazendo-me parar. Ela estava (adoravelmente) vermelha, talvez por ter que correr para conseguir me acompanhar, ou talvez por raiva.
  - Estúpido! – xingou, batendo em meu peito com as duas mãos, fazendo-me arfar em surpresa. – Ficou famoso e agora acha que todo mundo tem que correr atrás de você é?
  - Como é? – perguntei incrédulo, afastando-me de seus tapas fortes. – De onde você tirou isso?
  - Eu não quero estragar a amizade. – gritou enquanto continuava a me estapear. – Eu não quero perder você de novo! Porque foi só você ficar famoso que tudo aconteceu. Foi só você se afastar de mim que tudo se arruinou.
  - Eu nunca me afastei de você, ! – respondi, tentando segurar suas mãos. – foi você quem se afastou de repente, você que passou quase dois meses sem falar direito comigo e depois apareceu falando que havia terminado com aquele babaca!
  - EU NÃO ESTOU FALANDO DO EDWARD! – gritou e me empurrou. Seus cabelos estavam desengrenhados por causa do vento. O rosto havia ficado mais corado, e as lágrimas quentes desciam por seu rosto. E novamente, eu perdi as forças. Sempre perdia quando ela aparecia chorando porque ele não a notava nos corredores da escola. Uma vez, havia prometido a mim mesmo que nunca machucaria, que nunca a faria chorar por qualquer motivo. – Eu não quero estragar a amizade! Nunca quis e eu juro que tenho tentado! Mas ai você se tornou O e arruinou tudo. Eu pensava que já tinha superado todos aqueles sentimentos ridículos que eu nutria por você quando eu tinha 10 anos de idade, mas não! Você se tornou mais espetacular do que já era e o Edward parecia ser tão bom naquela época até você decidir aparecer em cada capa de revista! Até o dia em que você foi embora para poder ganhar o mundo enquanto eu ficava nos bastidores, aplaudindo e me segurando pra não me derreter de uma vez!
  - Como é?
  - Puta merda, você já foi mais inteligente, .
  - Repete.
  - Você já f...
  - Não isso! – ofeguei e segurei seus pulsos, puxando-a para mais perto de mim. – Você disse que não queria estragar a amizade.
  - Eu não quero estragar a amizade. – disse entredentes.
  - Eu entendo que você não queira. – respondi imitando seu tom de voz. – Eu sempre tive esse medo, mas por que não tentar?
  - , o que você pretende com tudo isso?
  - TE FAZER FELIZ! – gritei, fazendo com que ela pulasse. – É tão difícil entender isso? Anjo, pelo amor de Deus, tente entender que eu quero você. Eu faria qualquer coisa pra te ver feliz e...
  - SE VOCÊ QUERIA ME VER FELIZ, POR QUE FOI EMBORA?
  - PORQUE VOCÊ ESTAVA OCUPADA DEMAIS TENTANDO SUFOCAR UM SENTIMENTO QUE PODERIA SER RECÍPROCO!
  - Co...
  - AH, PARA DE SE FAZER DE SONSA! – soltei seus braços e caminhei pela grama, passando as mãos por meus cabelos. Ela iria me ouvir e eu não iria mais segurar nada. – Quer saber por que eu fui embora? Porque estava DOENDO. Eu morria todos os dias quando você aparecia toda feliz falando sobre aquelas drogas de poesias que estava escrevendo pro Edward. EU ESTAVA FARTO DE OUVIR VOCÊ PLANEJANDO A PORRA DO SEU CASAMENTO COM ELE. Mas sabe o que foi a gota d’agua ? Foi naquela tarde de domingo, quando você chegou à minha casa um pouco envergonhada, dizendo que teve a sua primeira vez na noite anterior em uma festa qualquer. E você estava tão bem. E EU ESTAVA MORRENDO PORQUE VOCÊ MERECIA MUITO MAIS DO QUE ISSO E SÓ VOCÊ NÃO ENXERGAVA. EU FIQUEI FARTO DE TE DAR PISTAS, DE TENTAR PORQUE TODA A VEZ QUE EU PENSAVA EM VOCÊ, EU PENSAVA NELE TE TOCANDO. TOCANDO O SEU CORPO EM UMA CAMA QUALQUER QUANDO VOCÊ MERECIA MAIS!
  - , eu...
  - Não ouse inventar qualquer coisa. – recuei quando ela tentou se aproximar. – Eu queria uma chance, . Uma. Chance.
  Seu rosto confuso se desfez em lágrimas, e lentamente, ela caiu no chão sentada. Apesar de todo o meu esforço para me manter firme, me sentei e coloquei-a em meus braços. Os soluços baixos me cortavam o coração, e as mãos agarradas em minhas costas me causavam arrepios.
  Não estava contando o tempo, mas poderia segurá-la daquele jeito pra sempre. O encanto foi quebrado quando ela se afastou um pouco, segurando meu rosto em suas mãos.
  - Me desculpa anjo. – murmurei. – Desculpa, eu estou sendo t...
  Minhas costas colidiram com o chão e os lábios quentes dela encontraram o caminho até os meus.
  Tudo fazia sentido naquele momento. A sensação de beijá-la era melhor do que eu imaginava. Apertei seu corpo contra o meu e aprofundei o beijo, fazendo–a suspirar.
  - . – murmurou baixinho. – Não quero cair de amores assim.
  - , você já caiu. – respondi rindo, colocando alguns fios de seus cabelos atrás de sua orelha. – E eu já estou te segurando.



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