We’re All The Stars

Me lembro até o presente momento do primeiro dia em que conheci a garota mais incrível do universo. Não é exagero, pelo menos não para mim. %Liane% me rendeu muita inspiração, muitas canções e letras bobas de amor.

  Vou dizer a verdade, antes dela minha vida era bem do tipo "sexo, drogas e rock'n roll". Admito que naquela época era tudo o que eu queria com meus 19 anos. Tietes correndo atrás da banda, noites e mais noites mergulhando nas drogas com o resto dos caras, e claro, muitos shows em meio a isso tudo.

  Mal acreditei quando percebi que uma única garota conseguiu em alguns dias, coisa que meus pais não conseguiram em muitos anos, %Liane% me fez ver o quanto eu estava estragando minha vida enquanto me drogava e o quanto punha em risco o futuro da minha banda, que por sinal era a que ela mais amava, depois de %Beatles%.

  Acho que eu nunca superei o fato dela amar mais %John% %Lennon% do que a mim, ela ria de mim com esse fato, mas o que eu podia fazer? O amor dela por %Lennon% fazia com que eu me sentisse um tanto inferior...

  — Seu bobo, ele é muito mais velho do que eu, é amor de fã, só isso. — Ela me encarou rindo divertida enquanto bagunçava meus cabelos.

  Tínhamos acabado de assumir um relacionamento concreto, agora não teríamos de esconder nada de ninguém. Meus pais estavam vibrando por eu ter deixado as drogas — com muito esforço — e por finalmente parar com um única garota no quarto. Essa ultima parte me envergonhava...

  — Vamos, %Derick%, deixe de bobagem, ok? — Ela me encarou e depositou um beijo em minha testa. — Você é meu favorito de todos os tempos — %Liane% concluiu sorrindo enquanto sentava ao meu lado e encostava a cabeça em meu ombro.

  — Te amo, %Liih%... — murmurei encostando meus lábios em seus cabelos.

  O silêncio reinou por alguns instantes, mas eu sabia que ela estava sorrindo...

  — Hey %Liih%, escrevi uma nova canção. — Sorri encarando um pedaço de folha rabiscada.

  — Os garotos vão adorar saber disso! — Ela sorriu radiante e tinha nos olhos um brilho que eu conhecia bem. — Vou ser a primeira a ouvir, certo? — %Liane% me encarou ansiosa.

  — É claro, meu amor. — Eu sorri de volta.

  — Posso saber o nome? — Ela sentou ao meu lado cruzando as pernas empolgada.

  — %Meggie% — respondi em tom de pouco caso.

  %Liih% me encarou duvidosa e curiosa com minha resposta, então peguei o violão e comecei a tocar a canção que havia criado. Ela sorria com algumas frases, mas na maioria das vezes ficava encarando o pedaço de papel que eu havia deixado em cima da mesa de centro.

  Quando terminei de tocar, ela sorriu largamente em minha direção.

  — Escreveu tudo isso nesse papelzinho? — perguntou erguendo a sobrancelha.

  — Por que não lê? — murmurei fingindo não dar muita atenção.

  %Liane% se esticou um pouco estendendo o braço e pegando o pedaço de papel. Eu acompanhei seus movimentos e a observei enquanto lia o que estava escrito na folha. Quando %Liih% abriu seu mais lindo sorriso, eu soube que ela aceitara me fazer ainda mais feliz.

  — Sim, sim, sim! — ela exclamou me abraçando com força.

  — Que bom que aceita se tornar a senhora %Müller%, minha Estrelinha — murmurei em seu ouvido a acariciando.

  Eu ainda podia me lembrar perfeitamente daquele dia, mesmo depois de cinco anos, ainda parecia ter sido hoje. Ao lembrar daquele dia sentia a mesma sensação de felicidade e realização. Foi um dos melhores momentos que passei com %Liih%.

  Havia alguns meses que havíamos casado, estava tudo sendo uma maravilha, definitivamente. %Liane% estava ainda mais radiante e isso me contagiava. Claro que era quase impossível não ser levado pela alegria que minha pequena irradiava.

  Numa semana em específico, %Liih% andava um tanto estranha, feliz mas ao mesmo tempo hesitante em estar daquela forma, o que me deixou preocupado.

  — Hum... %Derick%, preciso dizer uma coisa, mas não sei se é o melhor momento... — ela murmurou hesitante.

  Eu já estava para ter um ataque e vários pensamentos sem sentido passavam em minha mente.

  — O que foi, %Liih%? — perguntei por fim, antes que aquilo acabasse me matando antes de saber o que ela queria dizer.

  — %Derick%, eu... Erm... Nós... — Ela hesitou novamente, me deixando um pouco mais nervoso.

  — Nós o quê, %Liane%?

  — Nós seremos pais — ela falou apressadamente.

  Encarei-a boquiaberto e confuso. Então ela não estava pensando em me deixar, nem cansado do meu jeito bobo de viver dizendo que a amo, ou desistido do nosso casamento?

  — Diz alguma coisa, %Müller%! — %Liih% reclamou fazendo bico por eu deixá-la de fora de minha conversa particular comigo mesmo.

  — Ah... — Eu ainda não conseguia pensar direito. Eu ia ser pai!

  — Droga, eu sabia que não era hora e...

  — Por que não seria hora, %Liih%? — finalmente perguntei demonstrando confusão.

  — Porque... Bem, a banda está fazendo ainda mais sucesso, e... Tem as turnês...

  — Ah, minha pequena Estrelinha, você deu a melhor notícia para esse futuro pai babão! — exclamei puxando-a para um abraço. Ela me abraçou de volta fungando em meu pescoço.

  — Eu quase pensei que você surtaria com a ideia. Que acharia péssimo.

  — Pequena, nada que venha de você seria péssimo para mim. — Sorri a beijando.

  E aquele tinha sido outro melhor momento que passei com ela.

  Foram nove meses bastante complicados comigo viajando em turnê. Na penultima semana de gestação %Liane% teve um problema, houve um descolamento de placenta de segundo grau. O que a levou a sala de cirurgia mais cedo que o esperado e me levou num vôo particular de volta para a nossa cidade.

  Cheguei ao hospital no final da cirurgia e o que me esperava lá não era o que eu esperava. Eu a tinha perdido, tinha perdido minha pequena e mal pude me despedir...

  — Senhor %Müller%? — uma enfermeira perguntou. — Sua esposa lhe escreveu isto antes da cirurgia, pediu-me para que lhe entregasse — ela disse tirando de seu bolso um papel dobrado. Logo que me entregou se afastou me dando um tapinha nas costas.

  "Oi, meu %John% %Lennon% da atualidade, espero que tenha chegado bem da viagem, parece que nosso bebê quer vir ao mundo um pouco mais cedo do que o determinado. Apressadinho, não quis esperar você voltar da turnê, mas tudo bem.

  Talvez eu não volte para você da sala de cirurgia do modo que espera, por isso me prometa que vai amar nossa %Meggie%, se isso acontecer.

  Eu te amo %Derick%. Estarei para sempre com você."

  Deixei as lágrimas rolarem livres em meu rosto antes de dizer quase num sussurro um "Eu prometo, minha Estrela".

  Preciso dizer que os dois anos seguintes não foram nada fáceis para mim sem %Liane% ao meu lado, mas agora eu tinha %Meggie%, e eu a amava com todo o meu ser. Era parte da minha pequena e isso se confirmava mais a cada dia. %Meggie% tinha o mesmo sorriso, o mesmo brilho especial, a mesma alegria que minha %Liih%.

  %Derick% encarava o túmulo de sua esposa enquanto uma garotinha de três anos colocava uma única orquídea em cima do mesmo.

  — Oi, pequena... — %Derick% murmurou baixinho enquanto via a filha passar os dedos no epitáfio da mãe, como se o acariciasse.

  — Mamãe, eu te amo muito, tá? Agora o papai vai falar um pouco com você — %Meggie% murmurou sorrindo e dando uma beijoca no túmulo.

  Uma brisa leve passou pelos dois, e um certo silêncio se instalou ao redor deles, não um silêncio desconfortável, mas sim um silêncio que %Derick% conhecia muito bem.

  O homem sorriu involuntariamente, ele sabia que agora ela estava sorrindo para eles. Seu marido e sua pequena filha.

  %Liane% %Elloy% sempre estaria presente na vida de %Derick% %Müller%, até o ultimo suspiro.