Você Salva A Minha Vida
Escrito por Júlia Souza | Revisado por Pepper
Parte do Projeto Songfics - 4ª Temporada // Música: One Direction - Diana
Eu ainda me lembro a primeira vez que a vi: Perdida no aeroporto. Ela obviamente não era da Inglaterra. Estava em dúvida se ela era da américa central ou do sul, porém aquilo pouco importava. O jeito em que os seus cabelos se moviam enquanto ela andava, rebolando os quadris, olhando de um lado para o outro, na provável esperança de que alguma alma caridosa parasse para ajuda-la. Adivinha quem foi?
- Olá? – parei em sua frente, vendo-a tomar um susto com minha aparição repentina – Você precisa de ajuda?
- S-sim – ela abaixou o olhar para o chão, envergonhada – Eu queria saber onde é que eu posso pegar um táxi, se você pudesse me ajudar, eu ficaria grata...
Seu sotaque era forte, tive que me esforçar para entende-la com clareza.
- É só você sair do aeroporto e virar a direita. Vai ter um ponto de táxi bem ali.
Aparentemente ela também estava fazendo esforço para me entender. Mas me parecia que ela tinha pego a informação.
- Ah – ela sorriu – Muito obrigada.
- Me diz o seu nome – sorri de volta, esperando que ela realmente dissesse o seu nome para um estranho que conheceu no aeroporto.
- – ela pôs de volta no lugar uma mecha de cabelo que tinha escapado
- Você não é daqui, certo? – estendi a mão para ela – Sou .
- Prazer – sua pequena mão apertou a minha – Não... Eu sou brasileira.
(As primeiras páginas são fotos suas)
They make you look so small
(Elas fazem você parecer tão pequena)
How could someone not miss you at all
(Como alguém não poderia sentir a sua falta?)
- Você ‘tá louco, cara?! – , meu melhor amigo, gritou, vendo-me pegar minha mochila e o case do violão – Como assim você vai para o Brasil?!
- Qual é o grande problema nisso, ?! – arqueei uma sobrancelha, conferindo os meus pertences necessários para a viagem.
- Você não pode simplesmente ir para o Brasil! – ele gritou novamente – É do outro lado do oceano!
- Eu não vou a pé!
-Tudo isso por causa de uma garota, ?!
(Eu nunca a maltrataria)
I'm not a criminal
(Eu não sou um bandido)
I speak a different language
(Eu falo uma língua diferente)
But I still hear your call
(Mas ainda posso ouvir o seu pedido)
Sim, haviam-se passado quatro meses desde que eu conhecera . Eu a via toda semana, ou estudando, caminhando no parque, tomando sorvete, cantando no Karaokê da esquina... Sim, ela estava hospedada na casa em frente a minha. Era uma estudante de intercâmbio. Viera passar quatro meses em Londres.
Depois do primeiro mês, eu passei a segui-la. Acho que deve ter ficado com medo, mas ela dizia que gostava da minha companhia.
Aqueles foram os quatro meses mais rápidos da minha vida: Quando me dei conta, quando fui visita-la, ela já estava arrumando as malas para ir embora. E foi aí que eu caí na real: Eu nunca mais iria vê-la.
Quer dizer, Facebook, Skype, Twitter... uma infinidade de redes sociais, mas eles não eram a mesma coisa que estar junto, conversando pessoalmente.
(Deixe me ser aquele a)
Light a fire inside those eyes
(Acender a chama em seus olhos)
You've been lonely
(Você esteve sozinha)
You don't even know me
(Você nem me conhece)
But I can feel you crying
(Mas eu posso sentir você chorando)
- Eu nunca senti isso por ninguém antes, – respondi, tentando ser o menos dramático possível
- ´Tá, mas o que isso quer dizer? – ele franziu o cenho – Só por que você nunca sentiu antes, não quer dizer que não vá sentir nunca mais.
- Uma vez meu pai me disse que devemos aproveitar a oportunidade, pois ela pode nunca mais voltar.
- Você está louco, dude – ele balançou a cabeça – Viajar até o BRASIL para falar com uma garota.
- Eu já sou maior de idade, – revirei os olhos – Eu posso ir para onde eu quiser. E eu quero , por isso vou até ela.
- A garota é uma adolescente! Você vai ser preso!
- Ela já vai fazer dezoito, – suspirei. Ele realmente estava tão determinado a me fazer desistir da garota da minha vida? – E eu só tenho vinte. Fica calmo, cara.
- Você devia tomar cuidado!
- Caramba! – gritei, exasperado, porém logo baixando o tom de voz – Eu faço o que eu achar certo, cara.
- Exatamente – ele abaixou o olhar, contrariado – Você faz o que você quiser, dude.
- Não fica chateado, – revirei os olhos – Eu não estou indo cometer suicídio. Apenas percebi que preciso correr atrás daquilo que eu acho certo. E é o que eu acho certo agora.
(Deixe me ser aquele a)
Lift your heart up and
(Levantar seu coração)
Save your life
(Salvar a sua vida)
I don't think you even realize
(Eu não acho que você percebe)
Baby you'd be saving mine
(Mas você está salvando a minha)
Não sei quantas horas de vôo, para mim, pareceu uma eternidade. A agonia de ver os seus olhos castanhos outra vez, brilhando alegremente para mim. Fora tão rápido, mas me pareceu tão forte que não tive como evitar que aquela garota doce, pequena, simpática e linda garota brasileira tomasse conta da minha mente.
(Foram apenas quatro meses)
You've fallen down so far
(Você caiu tão longe)
How could someone mislead you at all
(Como alguém pode te enganar, afinal?)
Finalmente o meu vôo chegara. Eu estava ansioso para vê-la, porém ainda não era a hora. Confesso que estava meio perdido no aeroporto. Muita gente naquela época do ano, todos falando uma língua que eu não fazia ideia de como traduzir e eu realmente queria chegar no meu hotel logo.
Duas horas depois, eu já estava deitado na cama de solteiro da pousada que eu reservara. O teto me parecia bem interessante. Não conseguia parar de fita-lo.
Será que ela gostaria da minha surpresa? Quer dizer, eu não havia falado nada com ela. Provavelmente minha achava que eu estava em Londres ainda. ‘Ora, como você é prepotente, ...’ pensei. Por que ela estaria pensando em mim, afinal? Mas se ela estivesse, eu tinha certeza de que ela achava que eu ainda estava em Londres.
Sorri com o pensamento. E cantarolei:
- ‘I don’t think that you even realize, but you’d be saving mine’
(Eu quero chegar em você)
I wanna break this wall
(Eu quero quebrar essa parede)
I speak a different language
(Eu falou uma língua diferente)
But I still hear you call
(Mas eu ainda escuto você chamar)
O que eu tinha planejado fazer no Brasil? Seguir o endereço que ela me dera antes de voltar para o Brasil...
- ! – ela chamou o meu nome, enquanto arrastava a mala até o carro – Vem cá!
Caminhei sorrindo até ela, que estendeu um papel para mim. Abri-o e lá tinha o que parecia ser um endereço. Mas os nomes eram diferentes, obviamente não era um lugar aqui na Inglaterra.
- Caso você resolva me visitar no Brasil – ela riu alto.
Por dois segundos eu pensei que ela estava falando sério, mas logo percebi que brincava.
- Este é o meu endereço.
- Pode ter certeza que eu vou lá – ri de volta, ajudando-a a colocar a grande mala no carro.
E eu só planejara fazer uma coisa na América do Sul: cantar. Eu compusera uma música e queria ir até sua casa para cantar para ela. Como ela reagiria? Eu não sabia. O que ela faria depois? Eu não fazia a menor ideia. O que EU faria depois? Tava cagando para isso. Só não podia mais conviver sem falar o que eu sentia.
O pior que podia acontecer era ela me achar um louco por dizer que gostava dela, sem conhece-la por mais de um ano e eu ter que voltar para Londres sem e sem a minha dignidade. Ótimo.
(Todos nós precisamos de algo)
This can't be over now
(Isso não pode acabar agora)
If I could hold her
(Se eu pudesse abraçá-la)
Swear I'd never put you down
(Juro que nunca a colocaria para baixo)
Desci rapidamente as escadas do hotel. O violão estava preso no meu ombro direito e o papel com o endereço no meu bolso.
Fui até a rua e tive sorte de ver um táxi vazio. Como um louco, corri até o meio fio e passei a fazer a dança do acasalamento, para ver se o taxista parava. Er... se bem que funcionou.
O cara não falava inglês e eu tive que fazer mímica para ele entender que eu queria que ele me levasse no endereço do papel. Ele entendeu e, em quarenta minutos, eu estava na frente de uma vila simpática de casas no estilo alemão.
Eu não era muito bom em converter dinheiro e vi que a corrida tinha dado R$20,80. Não me importando muito, joguei uma nota meio acobreada, com uma onça desenhada. Cinquenta reais, acho.
Franzi as sobrancelhas, perguntando silenciosamente a ele se aquela quantia era suficiente. Ele assentiu e foi pegar o troco. Eu estava ansioso, com pressa, simplesmente acenei para que ele ficasse com o troco.
Corri até o portão e vi que o porteiro estava dormindo. Olhei para a esquerda e para a direita. Ninguém. Tudo o que fiz foi pular o portão alto e olhar no papel: Casa nº12, procurando desesperadamente, cheguei até a casa 12.
Era um ugar simpático, a casa toda trabalhada em branco e madeira, com uma varanda um jardim bem cuidado. Olhei para a janela do andar de cima. A luz estava acesa. Por conta da parede cor-de-rosa e a estante com bichinhos de pelúcia (que dava para ver através da janela), deduzi que aquele fosse o quarto dela.
Joguei a primeira pedrinha na janela, rezando para que aquele fosse realmente o seu quarto.
Joguei a segunda pedrinha, rezando para que ela não estivesse com ninguém no quarto. Bom, pelo menos ninguém que fosse me enxotar dali, como possivelmente o seu pai, ou a sua mãe.
Joguei a terceira pedrinha, rezando para que ela pelo menos estivesse no quarto.
Joguei a quarta, eu já não ligava na vergonha que passaria caso aquela não fosse a casa dela, caso não fosse ela quem estivesse no quarto, caso seus pais me mandassem ir embora... eu só queria ver o seu rosto pela janela, por isso passei a sussurrar o seu nome.
- !
Eu já estava quase que batendo na porta da casa, para perguntar se ela estava lá, quando vi que ela finalmente olhou para fora do quarto.
Seus grandes e expressivos olhos se arregalaram e eu sorri, afastando-me um pouco e pondo-me a tocar no violão.
- ‘Front pages all your pictures…’
(Deixe me ser aquele a)
Lift your heart up and
(Levantar seu coração)
Save your life
(Salvar a sua vida)
I don't think you even realize
(Eu não acho que você percebe)
Baby you'd be saving mine
(Mas você está salvando a minha)
Agora eu já estava terminando de tocar. Algumas pessoas que estavam na rua pararam para me olhar e, a única pessoa que realmente me importava ali me olhava com um misto de expressões que ficava difícil de distinguir cada uma delas.
Surpresa, admiração, alegria, euforia... tudo estava passando naqueles grandes olhos castanhos. Eu agora só a olhava, esperando que reagisse de alguma forma.
Ela correu para dentro da casa e, em menos de um minuto, já estava saindo pela porta da frente, correndo em minha direção.
(Oh oh oh)
Oh oh oh
(Oh oh oh)
Baby you'd be saving mine
(Baby, você está salvando a minha)
- ... – abracei sua cintura, sentindo seu leve aroma de lavanda – Eu senti saudades.
- Você veio até o Brasil para falar comigo?! – ela me olhou nos olhos.
- Tecnicamente para cantar para você – ri e ela me acompanhou.
- É verdade? – ela me perguntou e eu franzi o cenho – Quer dizer, tudo o que você disse nessa música?
- Absolutamente – assenti e a abracei mais forte – Eu te amo, pequena.
(Oh oh oh)
Oh oh oh
(Oh oh oh)
Baby you'd be saving mine
(Baby, você está salvando a minha)
Pequenas lágrimas visivelmente brotavam dos seus olhos e eu sussurrei, antes de tomar seus lábios para mim:
- , eu posso salvar a sua vida – senti sua mão acariciar a minha nuca – Você pode não saber, mas está salvando a minha.
E, euforicamente, depois de tantos meses eu finalmente provei os lábios vermelhos de . Pela primeira vez, pensei, mas espero que seja a primeira vez de muitas.
Notas da autora: Vei, me perdoem pela shit que saiu essa fic. Vejam a minha situação:
1º Eu fiquei metade do prazo que me deram para escrever sem internet
2º Eu particularmente não gostei da música que eu recebi, o que me levou a um bloqueio criativo e ao número três:
3º Eu estou escrevendo isso às 22:53 da terça-feira do dia 22/10/13, ou seja: dois dias antes do prazo. Amanhã eu tenho que estudar para uma prova que eu vou ter quinta e escrevi essa fic na maior rapidez possível.
Eu francamente pensei em não escrever essa fic :( a música não foi muito boa... Mas seria uma sacanagem com a pessoa que mandou essa música e eu adoro escrever songfics... então é óbvio que eu estou planejando participar da próxima temporada :D
Espero que compreendam a minha situação :)