Você me tornou um homem melhor

Escrito por Larissa | Revisado por Anne

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  Narração por .
  Era só mais um dia chato de escola. Eu estava com os meus amigos no corredor, estávamos perturbando um CDF do quinto ano. Isso realmente me animava.
  - Hey! !
  , o retardado, como era conhecido, estava vindo falar comigo. Ele estava sempre tentando me convencer de parar de perturbar as pessoas, mas que graça teria a vida assim?!
  - O que você quer retardado? - perguntei.
  - Por que você não o deixa em paz?! - respondeu apontando pro CDF.
  - Ah! Fala do CDF?!
  - Ele tem nome sabia?!
  - Olha só galera, ele tá defendendo a namorada!
  Todos riram. Inclusive quem não sabia do que eu estava falando. O CDF que estávamos perturbando havia aproveitado nossa distração e fugiu.
  - Cai fora retardado! - disse , meu melhor amigo.
   se mandou.
  - Da próxima vez a gente quebra a cara dele.
  Rimos novamente. E foi ai que eu a vi. A garota mais linda que já vi. Linda, mas estúpida. Por quê? Bem, ela estava conversando com , o retardado.
  - Hey, . Quem é aquela?
  - Ah! , você gostou dela?!
  - Claro que não, idiota! - menti. - Quero saber o nome dela, para passar a chamá-la de retardada.
  - Sei... O nome dela é .Ela estuda na nossa sala...
  - Como você sabe quem ela é e eu não?!
  - Você a derrubou da escada na segunda serie, e ela nunca falou com você.
  - Ah tá.
  Depois de batermos em dois nerds do quarto ano, fomos para a longa e cansativa aula de espanhol. estava lá. Eu acenei para ela, mas o que ganhei em troca foram um olhar de desprezo dela, e um comentário infeliz de .
  - Abram o livro na página que paramos aula passada. Façam os exercícios e fiquem quietos. - disse a professora com cara de tartaruga velha.
  Ninguém a obedeceu, óbvio. Meu livro estava aberto em cima da mesa, nem podia mais ser considerado um livro, pois arranquei páginas para jogar nos CDFs. Aliás, só eles estavam fazendo a lição. era uma que o fazia. "Como uma garota tão linda pode ser tão estúpida?!" Pensei.
  - Tem certeza de que você não gosta dela?! - perguntou sorrindo.
  - Já disse que não gosto dela! Por que continua insistindo nisso?!
  - Porque você esta encarando ela há meia hora.
  - Ah! Se manca cara! Quem poderia gostar de uma garota como ela?!
  - O gosta...
  - Como sabe disso?!
  - Ele gritou isso outro dia no pátio. Cara! Você tá bem desinformado!
  Dei-lhe um tapa no braço e me ocupei lançando páginas do livro nos nerds.

  Narração por :
  Aquele idiota do estava lançando bolinha de papel em nós. Eu tinha que me concentrar e fazer aqueles exercícios pois as provas estavam chegando. Mas como se concentrar desse jeito?!
  Finalmente o sinal tocou. Sai correndo da sala, para ir ao encontro de , minha melhor amiga. Ela não fazia espanhol,preferiu inglês. Às vezes também prefiro inglês.
  - Oi !
  - Oi! E aí, como foi a aula de espanhol?
  - Horrível. ficou atrapalhando. Como sempre.
  - Eu acho que ele gosta de você...
  - Ah!Me poupe!
  Nesse momento, passou ao nosso lado, teve um ataque de riso. Ele nos olhou e foi embora.
  - Para de rir criatura.
  - Desculpe, mas não deu pra segurar.
  Eu o olhei enquanto ele ia embora.
  - Ah! Você também gosta dele! - disse .
  - Não gosto não! - ela me encarou. - Tudo bem...Talvez eu goste... um pouquinho...
  - Ninguém gosta de alguém só um pouquinho!
  Ela começou a rir de novo. Fui até meu armário e peguei os livros de literatura, fez o mesmo, quando fechei a porta do armário, estava parado ao meu lado. estava falando com , mas quando o viu, se encolheu atrás de mim.
  - Oi. - ele disse.
  -Oi. Tchau. - respondi e comecei a ir em direção a sala de aula.
   grudou do meu lado e começou a tagarelar sobre a lição de espanhol.
  -Por que você conversa com esse cara?! - perguntou parando do meu outro lado.
  - Porque esse cara é melhor que você.
   estava ao lado de , e ria de novo.
  - Cai fora! - disse entrando na sala. e me seguiram.
   ficou parado na porta por um segundo, mas depois entrou também. , o melhor amigo dele, começou a falar com ele,e começou a rir.
  -Então, ele não gosta de você, certo?! - disse se sentando na minha frente.
  - Não enche !
  - Eu sei que não devia me meter, mas, o que foi isso que acabou de acontecer?
  - Não sei, e mando pro inferno quem sabe!
  - Nossa! Por que tanta raiva?!
  - Até você ?Vocês querem mesmo me infernizar!
  Os dois riram. e sua “gangue” se sentaram atrás de mim. Foi ai que e riram mais ainda.
  Só quando a professora entrou na sala eles pararam de rir e de fazerem piadinhas.
  - Temos um aluno novo. O nome dele é Ryan.
  O garoto novo era alto e loiro. Não demorou e já o fez cair no chão. Eu o ajudei a recolher os livros, me apresentei e ele sentou do meu lado.

  Narração por :
  Ryan era o garoto novo, e já estava roubando de mim. Meu Deus! Você esta pensando como uma garota! não era minha. Se eu continuasse a gostar dela, iria perceber e iria me perturbar pelo resto da vida. Mas como se para de gostar de uma pessoa?
  Decidi parar de pensar nisso e me concentrar em perturbar Ryan.
  Na hora do intervalo, Ryan ficou ao lado de . A essa altura, já havia percebido que eu gostava dela. Eu já não podia mais negar.
  - Por que não tenta virar amigo dela?
  - Uma vez, eu fui falar com ela. E ela me mandou pro inferno... Isso foi ano passado.
  - Oh!Tadinho do !
  Ele riu.
  - Cala boca.
  - Tive uma ideia! - disse Marvil.
  - O quê? Vai matar ?
  - Não. Mas é uma boa ideia... Enfim,você gosta da , eu tenho certeza que ela gosta de você.Sei disso porque ela não para de te olhar. - olhei para ela, a garota de cabelos escuros realmente estava me olhando.
  - Como pode ter certeza disso?
  - Só me escuta! Sou irmão da , amiga da , então, posso convencê-la a fazer vocês a serem amigos, ou pelo menos tentar.
  - Haha! Até parece!
  - É serio! - ele olhou para sua irmã. - ! Vem cá!
  A garota ruiva se levantou e revirou os olhos. Ela caminhou até nossa mesa.
  - O que você quer agora?
  - Pode nos ajudar em uma coisinha?
  - Depende...
  - Tá legal, senta ai. Bem, é o seguinte, gosta de e vice versa, e...
  - Ei!Para de falar! - exclamei.
  - Cala boca e me deixa terminar! , pode me ajudar a fazê-los virarem amigos, e quem sabe mais tarde eles virem...
  - Ah não! Nem vem Marvil! Se ela descobrir ela me mata!
  - Por favor, ! É nossa única chance!
  - Chance de quê?!
  - De fazer nossos melhores amigos felizes! - exclamou .
  - Own! Que meigo ! Pensei que você não tivesse sentimentos! - exclamou .
  - Ah! Já faz dois anos !
  - Como é que é?! - disse Marvil.
  - Dois anos atrás, eu e namoramos em segredo...
  - Como é que é?! - gritou Marvil.
  - Ah! Sem drama Mar! Vai falar que você nunca fez isso?!
  - Fez sim! - me intrometi na conversa. - Ele namorou a ano passado!
  - Quem é ? - gritou .
   nos olhava, percebi que teríamos que diminuir o volume da conversa, ou ela perceberia.
  - Pessoal, falem mais baixo! Ela vai ouvir! - disse.
  - Tanto faz! Eu não vou participar disso! Façam vocês a operação cupido!
  - Ah !Por favor!
  - Vai catar coquinho Marvil!
   voltou para a companhia de , Ryan e . E na nossa mesa, começou a bagunça rotineira. Marvil capturou um nerd e o jogou em cima da mesa. Na hora muita comida começou a voar pra toda parte. Olhei em direção a , ela estava indo embora. Eu precisa fazer alguma coisa. Ela conseguia me tirar do sério.

  Narração por :
  Ele conseguia me tirar do sério. O intervalo era sempre um pesadelo, mas hoje o transformou num inferno.

  Sai daquele lugar, e fui para o pequeno jardim, na frente da escola. Lá estava sempre vazio, era bem tranquilo.
  Sentei-me em um banco de madeira e esperei o sinal tocar.
  Ouvi alguém se aproximando, e imaginei que pudesse ser ou , mas não era.
  - Você é a , não é? - perguntou , o garoto loiro.
  - Sou. Por quê? Vai me perturbar como faz com ?
  - Quem é ?
  - O garoto loiro que você e a turma da Mônica perturbam.
  - Você não tem senso de humor né?!
  - Não, eu não tenho senso de humor e companhia.
  - Senso de humor e companhia?! Haha. É, você combina com o .
  - E quem disse que eu quero combinar com ele?!
  - Tá na cara.
  - O que você veio fazer aqui?
  - Te perguntar uma coisa.
   se sentou do meu lado, e ficou encarando uma arvore a nossa frente.
  - Pergunte então.
  - Você gosta do ?
  - Ah! Qual é! Sai daqui!
  - Não, isso é um lugar público, e não saio daqui até você me responder.
  - Não vou te dizer! Você vai espalhar pra escola inteira!
  Ele pulou do banco e começou a gritar:
  - Isso foi um sim! Isso foi um sim!
  - Cala boca !
  Ele sorriu e se sentou novamente.
  - Foi um sim?!
  - Vai contar pra alguém?
  - Não.
  - Promete?
  - Aham.
  - Então, foi um sim... Não confio muito em você, mas se eu não te dissesse iria me perturbar não iria?
  - Claro, esse é meu trabalho. - ele riu.
  - Por que você queria saber isso?
  - É confidencial... Só eu,Marvil, e sabemos o porquê.
  - A também tá metida nisso?! Eu vou matá-la!
  - Não faça isso... Ela só quer te ajudar...Ela é legal.
  - Você gosta dela! - exclamei.
  - Não gosto não!
  - Admita !
  - Tá legal. Mas fica de boca fechada hein!
  - Se eu contar isso pra alguém, você vai contar de mim. Eu não sou louca...
  Ele sorriu.
  - Isso é estranho... - falei.
  - O que é estranho?
  - Eu e você nunca conversamos, e agora estamos contando segredos... É meio... Estranho...
  - Também acho. Mas na verdade nós não contamos nada, só nos irritamos o bastante para deixarmos escapar.
  - Certo...
  O sinal tocou, e fomos para a sala. Eu e estávamos conversando, até e me puxarem para um lado, Marvil e o puxarem para outro.
  - O que aconteceu?! - perguntou .
  Nós entramos na sala, e eu contei a ela o que conversamos, quase deixo escapar sobre gostar dela.

  Narração por :
  - O que você estava fazendo?! - perguntou Marvil a .
  - Só estava conversando com ela!
  - Ela vai acabar se apaixonando por você seu idiota!
  - Não vai não. Por que iria?
  - Todas gostam de você. - exclamei.
  - Ela não. Tenho certeza.
  - Como pode ter certeza?
  - Prometi não contar.
  - E desde quando você guarda segredos? Virou mulherzinha agora?
  - Nunca! - percebi que falei alto de mais, então sussurrei. - Ela admitiu que gosta de você.
  Para mim era normal ouvir isso, mas foi diferente dessa vez. Eu nunca gostei de ninguém. Mas, por alguma razão, eu gosto de . Acho que fiquei feliz de ela também gostar de mim.
  A aula começou, e eu me pegava olhando para a cada cinco minutos.

  Narração por :
   estava conversando com e , enquanto eu fiquei conversando com Ryan.
  - Então, qual sua aula favorita? - perguntou.
  - Não sei... Talvez seja redação, ou ciências...
  - Gosta de escrever?
  - Gosto. Acho que escrever me relaxa...
  - Escrever sobre o quê?
  -Sobre tudo... A vida, assassinatos, ficção cientifica, fantasia, romances...
  - Você tem uma história ai com você? Fiquei curioso agora...
  - Acho que tenho... Mas é romance...
  - Não tem problema... Gosto de romances.
  Revirei minha mochila e achei uma história que escrevi no começo do ano. Se chamava “Nova perspectiva”, era um romance, mas acho que não era muito bom.
  Ryan começou a ler, e vez ou outra ria de algo.
  Quando acabou de ler, ele disse:
  - Adorei essa história...
  - Está mentindo.
  - Não estou nada! - ele riu. - Adoro histórias sem sentido!
  Eu dei uma tapinha no braço dele, e começamos a rir.
   ficava olhando para nós, com desaprovação. Eu não sabia por que ele sempre ficava me olhando e me julgando, como se eu estive em um show de talentos.
  - Por que você entrou na escola bem no meio do ano, e em período de provas? - perguntei.
  - Porque minha família teve que se mudar da cidade onde morávamos, pois estava infestada de insetos, e todos ficavam doentes.
  - Que horror!
  - É... Mas isso é normal quando se vive no campo.
  Ele sorriu. e se viram para conversarem também,elas disseram que estava tendo uma crise existencial.
  - Então, estavam falando de que? - perguntou a loira.
  - Sobre o lugar de onde vim. - respondeu Ryan.
  - E vocês falavam de que? - perguntei.
  - Sobre meninos. - respondeu olhando para .
  - Você gosta dele né?! - perguntou .
  - Claro que não!Eu tenho nojo dele! Ele é... é...nojento!
   riu.
  - Vai ter uma festa na casa do hoje à noite. Ele me convidou e deixou eu levar vocês também. O que acham? - disse .
  - Pra mim ta ótimo. Não tenho nada pra fazer mesmo. - disse e eu concordei com ela.
  - O disse que também vai, porque ele quer conhecer alguém. E você Ryan?
  - Eu não sei... Não conheço ninguém sem ser vocês.
  - Então é uma ótima chance para se enturmar! Você vai e pronto! - exclamou .
  Todos riram. O sinal tocou e fomos para a próxima aula. Esta passou bem rápido, ficamos falando sobre as pessoas que estariam na festa e quem era legal Ryan conhecer. Ele ficou encarando o tempo todo. Parece que haveriam muitos casais formados até o final do ano. e Ryan, e , e a garota misteriosa...
  Falando em casais, me lembrei de , e sobre o que havia dito sobre algo confidencial. Decidi conversar com e convencê-la a me contar mas iria fazer isso quando estivéssemos indo pra casa, quando estivéssemos sozinhas.

  Narração por :
  Na última aula, me sentei perto de de seus amigos. Queria ouvir toda a conversa.
  - Vai na minha casa hoje a noite pra festa ? - perguntou .
  - Lógico. Você convidou a...? - apontei para .
  - Não exatamente. Eu convidei a e disse pra ela levar os amigos se quisesse, ouvi ela convidando, todos ali vão.
  - Ótimo.
  Quando a aula acabou, fui direto pra casa de , Marvil também foi.

  Narração por :
  - Por favor, !
  - Não vou contar nada ! - disse sentando-se em minha cama.
  - Por que não?!
  - Mais tarde você descobre o que é. Podemos nos arrumar agora?
  - Tudo bem.
  Depois de nos arrumarmos, voltei a tentar convencer a me contar.
  - Tá legal! - ela gritou. - Eu e os meninos bolamos um plano para fazer você e ficarem juntos! Eu não estou sabendo do que vão fazer, só sei que vão tentar.
  - Não acredito que você fez isso!
  - Eu não fiz nada!Eu nem concordei com isso!
  - Sei...
  Depois de me xingar, fomos para a festa. , e Ryan já estavam lá.Nem sinal de e sua gangue.

  Narração por :
  - Prestem atenção! Vamos aproveitar que estão todos aqui e repassar o plano. Temos que deixar e sozinhos em alguma lugar. Alguém tem alguma ideia?
  - A gente a tranca no porão e o vai pra lá! - riu .
  - Isso é sério! - eu disse.
  - Já sei! - exclamou Marvil. - Vamos fazer um jogo de verdade ou desafio, só com a gente e os amigos da , daí tomo mundo sai pra ir em algum lugar e fazemos ficar lá. Depois, eles se entendem e a gente volta depois de um tempo ou quando a gente ouvir alguém gritando ou algo voando. - riu.
  - Ótima ideia! - exclamou .
  Depois de repassarmos tudo, descemos para a festa. Ela já estava lá e estava linda.
  Passaram umas duas horas, e então chamamos o pessoal para jogar. Subimos para o quarto de e começamos a jogar.
   para :
  - Verdade ou desafio?
  - Verdade.
  - É verdade que você já quis beijar seu irmão? - riu.
  - Não! Eu não vou falar que é verdade!
  - Então, sorteia um castigo!
   chacoalhou uma caixinha, e pegou um papel, estava escrito:
  “Faça um corte em símbolo de estrela na testa, ou beije um dos meninos.”
  - Ah!Esse é fraquinho! - exclamei. - Então quem vai beijar?
  - Eu...
   acenou discretamente, mas eu percebi.
  - . - respondeu.
  Ela se aproximou e lhe deu um selinho.
   para mim:
  - Verdade ou desafio?
  - Desafio.
  - Eu te desafio a descer e beijar um menino que você odeia.
  - Eu não vou fazer isso!
  - Então, pegue seu castigo, covarde!
  - Ninguém me chama de covarde! Desafio aceito!
  Desci as escadas, e procurei um dos jogadores de futebol da escola. E fiz o que ela me desafiou. Foi horrível.
  Marvil para :
  - Verdade ou desafio?
  - Desafio.
  - Eu te desafio a ligar para a emergência, e dizer que um ursinho de pelúcia te estuprou.
  - Desafio aceito.
   pegou seu celular, e ligou para a emergência. Colocou no viva-voz.
  - Alô?! No que posso ajudar?
  - É que... e-e-u...fu-fui estuprada...po-por um...um u- ur- ursinho de pelu-pelúcia. - ela imitou uma pessoa apavorada e gaguejando. Todos rimos.
  - Ah! Vai catar coquinho!
  Ela desligou o telefone e voltou pro seu lugar.
  Ficamos um tempo ali, fazendo desafios e inventando verdades.
  - Então, Marvil quer ir comigo pegar umas bebidas? - perguntou .
  - Claro. , , , Ryan vem junto?
  - Claro. - disseram em coro.
   sentou na cama de e ficou olhando para a janela. Me sentei ao lado dela.
  - Então, como conheceu ? - perguntei a primeira coisa que me veio à cabeça.
  - Você não quer saber disso.
  - Tem razão... Eu sinto muito...
  - Pelo quê?
  - Por ter te jogado da escada há alguns anos...
  - Só por isso?
  - Não, por ter transformado sua vida num inferno também... Desculpe.
  - Vou pensar no seu caso...
  - Se eu disser que você é bonita e inteligente, você me desculpa?
  - Talvez.
  Sentei-me mais próximo a ela.
  - E se eu fizer isso?
  Passei meus braços pela cintura dela, e ela se arrepiou.
  - E se eu me aproximar, e fizer isso?
  Aproximei-me mais ainda, e,quando ia beijá-la, Ryan entrou no quarto. se afastou de mim e se sentou no chão novamente. Eu fiquei sentado lá, desejando jogar Ryan da escada.
  - O que vocês estavam fazendo? - perguntou.
  - Nada... Eu estava tentando me desculpar...
  Todos sobem de volta ao quarto. vem falar comigo.
  - Deu certo?
  - Não. Ryan entrou bem na hora.
  - Vamos tentar de novo. - ele se virou para os que acabaram de subir. - Todo mundo lá em baixo!Comida por minha conta!-fingi que também iria descer, e disse para : Pode pegar um casaco no armário ali para mim?
  Ela concordou, e foi até o armário. correu para fora, e eu entrei, e fechei a porta.
  Quando ela se virou, fez uma expressão de espanto.
  - Onde está o ? - perguntou.
  - Ele desceu. Mas onde paramos?
  - Eu não parei em lugar nenhum. Você deve estar parado na escada pro inferno.
  - Por que me odeia?
  - Quer uma lista, ou os motivos principais?
  -Esquece. Mas você aceita minhas desculpas?
  -Não. Agora me dá licença.
   foi até a porta, e tentou a abrir. Mas estava trancada e não fui eu que tranquei.
  - Muito engraçado. Abre isso.
  - Mas eu não tranquei, juro!
  - Ah é? Então foi quem? O Chapolin Colorado ou o Darth Vader?
  - Vocês não vão sair daí, até se entenderem! - gritou do outro lado da porta.
  - ! Isso não tem graça! - gritei.
  Ele riu, e foi embora.
  - Então, vamos ficar muito tempo aqui. - disse.
  - Eu não vou! A janela esta aberta, eu saio por ela! - disse .
  Ela foi em direção à janela, mas recuou ao ver a altura que iria ter de pular.
   se sentou em frente à porta, e eu fiquei andando de um lado pro outro.
  - Então, qual sua banda favorita?
  - Por que quer saber? Vai me xingar dependendo da resposta?!
  - Não vou. Me conta...
  Sentei-me ao lado dela.
  - AC/DC.
  - Sério? Você não tem cara de gostar de música assim.
  - Mas eu gosto.
  - Eu gosto de AC/DC também...
  - Não perguntei.
  - Gosta de ler?
  - Sim.
  - Hum... Eu gosto de...
  - Eu não quero saber! Eu só quero sair daqui e continuar longe de você!
   se levantou e se sentou no parapeito da janela. Eu fiquei a observando.Ela era incrível. Eu adorava tudo nela, até o jeito ignorante comigo.
  Depois de longos trinta minutos, deixou-nos sair de lá. Ela foi embora e não se despediu de ninguém.
  - Não funcionou . Ela continua me odiando.

  Narração por :
  Eu não acredito que ele fez isso comigo. Será que ele realmente me queria ou era só mais uma brincadeira de mal gosto?
  Bem, não importa. Tinha coisas mais importantes para me preocupar. Espera ai! Eu não tenho mais nada com que me preocupar!
   disse que não tinha nada a ver com aquilo, mas ela e os outros com certeza tinham e não podiam negar. Não depois de hoje.
  - E ai filha?! Como foi a festa? - perguntou minha mãe.
  - Um saco.
  - O que aconteceu?
  - Nada. Só que foi muito chata, vou dormir. Boa noite.
  - Boa noite.
  Fui para meu quarto e me joguei na cama, nem me troquei.
  Sonhei varias vezes com o momento em que tentou me beijar. E tive certeza de que era tudo falso. Uma brincadeira comigo. Eu sabia que não devia ter falado com , mas agora já era tarde.

  Narração por :
  Na manhã seguinte a festa, na escola, procurou em todos os lugares, mas não a achei. Então fui falar com as amigas dela.
  - ! Oi, você viu a hoje?
  - Não. Eu liguei pra ela, mas ninguém atendeu.
  - Você sabe o que aconteceu?
  - Não. Mas eu posso te dar o número dela, pode ser?
  - Tá.
  Anotei o número de , e esperei o intervalo para ligar para ela.
  Finalmente o sinal do intervalo tocou, e eu podia ligar para .
  - Alô?!
  - Oi, posso falar com ?
  - Ela não está. Quem é?
  - É... um...amigo dela......
  - , ela está no hospital.
  - Por quê? O que aconteceu?
  - Ela acordou no meio da noite vomitando. E depois ela desmaiou descendo as escadas. Os médicos ainda não sabem o que é.
  - Em que hospital ela está?
  - Naquele perto da escola, sabe?
  - Sei. Eu vou visitá-la assim que sair daqui.
  - Tudo bem. Tchau.
  - Tchau.
  Desliguei o telefone e já grudou do meu lado.
  - O que foi Romeu? - perguntou.
  - A esta no hospital. Eu vou vê-la depois da escola...
  - O que ela tem?
  - Ninguém sabe.
  - Sabe a , irmã do Marvil?
  - Sei. Por quê?
  - Estamos namorando.
  - Mas vocês nem se conhecem direito!
  - Você que pensa! Eu a conheço desde o ano passado, ela faz curso de matemática junto comigo.
  - Que lindo! - ri.
  Depois do intervalo, mal podia esperar o último sinal bater, para eu ver , mesmo que ela não queira me ver.

  Narração por :
  - Como se sente? - perguntou o m´ddico assim que acordei.
  - Meu pulmão dói... - disse com dificuldade.
  - O pulmão? Tudo bem. Posso fazer um exame de sangue?
  Concordei com a cabeça.
  - Onde está minha mãe? - perguntei.
  - Ela foi para casa. Seu pai está ali fora.
  Uma enfermeira entrou no quarto, e fez o exame.
  - Como estava se sentindo ontem?
  - Eu estava ótima ontem.
  - Não sentiu nada de estranho? Nenhuma dor, tontura...?
  - Nada.
  - Hum...E nos últimos meses?
  - Eu tive pneumonia, tossi muito, e às vezes quando eu tossia, saia sangue.
  - Certo... Nó vamos fazer uma tomografia em você, tudo bem?
  - Tá.
  - Eu vou fazer sua ficha, e uma enfermeira já vem te buscar.
  Quando ele saiu, meu pai entrou na sala. Ele estava muito preocupado, dava pra ver em seu rosto.
  - Oi pai.
  - Oi ... Como se sente?
  - Eu não sei... Estou dolorida...
  - Vai dar tudo certo, você vai ver...
  Ele se sentou em uma poltrona ao meu lado, e ligou para minha mãe. Eu adormeci, mas logo fui acordada para fazer a tomografia.

  Narração por :
  Finalmente o último sinal tocou, eu corri para o hospital.
  Dei meu nome na recepção e me disseram para ir para o quarto 209, eu fui. estava lá, deitada na cama do hospital, tomando soro.
  Quando ela me viu, seus olhos se arregalaram. Ela parecia não querer me ver ou achou que estava delirando, pois fechou os olhos e demorou um pouco pra reabri-los. Quando o fez e me viu parado ali, ela ficou imóvel. Seu pai me cumprimentou e perguntou se eu podia ficar com ela, para ir almoçar. Eu concordei, lógico. Me sentei ao lado dela e ela ficou me olhando, sem dizer nada.
  - Ouça, , eu sei que eu errei muito. Eu sei que te magoei muitas vezes,e não só a você, a muita gente. Mas, você me mudou. Eu...eu não entendo,sabe?! Foi eu olhar pra você que algo dentro de mim despertou... Acho que foi o amor. Nunca senti isso por ninguém. Eu queria que você soubesse que eu sinto muito mesmo ter feito você passar por coisas ruins... Eu só quero te pedir uma chance... Uma chance de consertar tudo. Uma chance para te conquistar... Vou entender se você não quiser...
  Olhei para ela, e vi uma lágrima escorrer por seu rosto. Ela sorriu para mim, eu acariciei seu rosto e ela segurou minha mão.
  O pai dela entrou junto a mãe dela e um médico.
  - , eu tenho más noticias pra você... - ele suspirou - Você tem câncer de pulmão.
   apertou minha mão e fechou seus olhos. Rios de lágrimas escorriam de seus olhos. Me levantei e a abracei, mesmo ela estando deitada, ela me abraçou também. Seus pais choravam e eu senti meus olhos marejarem. Eu não posso perdê-la.
  , , , Ryan, e Marvil estavam do lado de fora da sala, e ouviram a notícia. e choravam. estava abraçada com e com Ryan. Marvil e só olhavam para dentro, com olhares tristes e desanimados.

  Narração por :
  A dor era horrível, agora que sabia o que eu tinha. Meu coração estava apertado e eu não conseguia soltar . Ele me confortava. Lágrimas e mais lágrimas escorriam por meu rosto. Eu não conseguia abrir os olhos pois desejava estar sonhando, mas sabia que não estava.
   me soltou e saiu da sala. Abri os olhos e vi que estavam todos lá fora. Todos me olhavam com tristeza e pena. Eu não gostava de ser observada daquele jeito, minha mãe estava de joelhos no chão e meu pai tentava acalmá-la. O médico estava do lado de fora, examinando que havia desmaiado por alguns segundos.
  Meus pais, depois de acalmarem a si mesmos, tentaram me acalmar... eu não conseguia parar de chorar. Quanto mais eu chorava, mais dor eu sentia.
  - , você tem que parar de chorar! Se você começar a tossir, vai começar a sangrar. - dizia o médico.
  Mas eu já estava tossindo, e já sangrava. Começou a ficar tudo embaçado e eu não conseguia mais enxergar. Eu desmaiei.

  Acordei na manhã seguinte, e estava em um quarto diferente do outro que estava antes.
  - Onde estou? - perguntei.
  - No hospital, ainda. - uma voz conhecida respondeu.
  Virei-me e vi , Marvil, , Ryan, , e parados ao meu lado.
  - Como deixaram todos vocês entrarem?
  - Os convencemos. - disse .
  Tentei me sentar, mas não consegui. me ajudou.
  - Obrigado. - disse. - Onde estão meus pais?
  - Lá embaixo na cantina. - respondeu . - Como se sente hoje?
  - Eu... Que negocio é esse?!
  - É oxigênio ... Você não consegue respirar direito sozinha. - disse .
  - Por que vocês não foram para a escola?
  - Amigos em primeiro lugar. - respondeu .
  - E então? - disse o medico entrando no quarto. - Como esta se sentindo hoje?
  - Um pouco melhor...
  - Ótimo. Você tem que escolher uma coisa agora...
  - Minha peruca?
  - Não. Você não vai ficar careca se não quiser. Você tem que escolher seu tratamento... Pode ser cirurgia ou quimioterapia.
  - Se eu escolher a cirurgia, ele some pra sempre?
  - Às vezes sim, às vezes não...
  - E a quimioterapia irá me deixar careca...
  - Sim... Eu volto daqui a pouco e você me dá uma resposta, pode ser?
  - Claro...
  Ele saiu do quarto. Me virei para a pequena multidão que estava ali comigo e esperei uma resposta.
   e disseram para eu fazer a cirurgia, para não perder os cabelos. O resto disse que o câncer pode voltar depois da cirurgia, então era melhor fazer a quimioterapia, pois ele poderia voltar mas era menos provável.
  Quando o médico voltou, escolhi a quimioterapia, que também foi a escolha de meus pais.
  Iria tomar a primeira dose de remédio no dia seguinte.
  Todos foram embora, menos meus pais e .

***

  Dois meses depois.
  Narração por :

  Depois de dois meses, já estava careca mas insistiu para usar uma peruca. Eu lhe dizia que ela ficava bonita de qualquer jeito, mas ela preferia a peruca. Sim, nós estávamos namorando.
  Todo dia depois da aula, eu ia vê-la. Passava a noite ao lado dela às vezes.
  Uma coisa que me entristecia, era ver que depois de dois meses, ela começou a piorar. Ela vomitava muito, e sangrava junto. Ela teve pneumonia duas vezes durante o tratamento. Eu ouvi os médicos conversando e dizendo que ela pode não sobreviver, mas eu não acredito nisso.Ela é forte e ainda vai viver muito. Todos dizem isso.

***

  Estávamos vendo televisão, e começou a tossir muito. Os médicos disseram que ia passar logo.
  Eu estava acariciando seu rosto novamente.
  - Re, lembra-se de como eu era há meses atrás?
  - Sim. Chato e metido. - ela riu.
  Era bom a ouvir rir.
  - Eu só queria dizer que, você me tornou o que sou hoje.
  - Como assim?
  - Você me tornou um homem melhor.
  Ela sorriu e segurou minha mão. Ela se virou para a televisão e continuou tossindo. Começou a sangrar e eu lhe dei um papel para que ela não se sujasse de sangue, ela odiava isso.
  - Eu... Te...Amo... - disse.
  - Eu também te amo. Muito. Te amo para sempre.
  - Sabe o que eu queria fazer de novo?
  - O que meu amor?
  - Sentir as ondas do mar, sentir o cheiro da água salgada, sentir aquela brisa de verão no rosto.
  - Quando você sair daqui no fim de semana, vamos para a praia. Vamos reunir todo mundo.A , o , o , a , o Ryan e o Marvil.
  - Posso te pedir uma coisa?
  - O que você quiser.
  - Se eu morrer, eu quero ser cremada. Jogue minhas cinzas no mar.
  - Você não vai morrer.
  - Olhe meu estado. Eu ouvi os médicos dizerem que não tenho muito tempo.
  - Eles estão enganados.
  - Eu te amo tanto ...
  - Eu também te amo muito . Por todo infinito.
   morreu aquela tarde.
  Eu não consegui soltar seu corpo já sem vida. Queria que ela abrisse os olhos e me abraçasse. Queria vê-la sorrindo novamente.
  Tudo se acabou. Eu devia ter sido gentil com ela desde o começo. Como fui estúpido.Perdi o amor da minha vida. Para sempre.

***

  O enterro dela foi como ela pediu. Ela foi cremada,e jogamos suas cinzas no mar.
  Eu não conseguia suportar perde-la. A dor era enorme e insuportável.
  Decidi que seria um médico, especializado em câncer. Salvaria vidas. Ela iria ficar orgulhosa de mim. Ela me tornou um homem melhor, sou grato eternamente.



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