Vizinhos
Escrito por Jubs Castro | Revisada por Mariana
Ir embora da cidade que você nasceu e cresceu é muito difícil, você não quer se despedir da sua família, dos seus amigos e nem daquele menino que você tinha uma quedinha quando era criança, também não quer se esquecer dos lugares que frequentava ou onde passava as férias escolares. Eu sou a Magic e estou indo morar em Los Angeles, deixando a minha querida Belo Horizonte para trás. Formada em Cinema, consegui um emprego bom em Hollywood e estou seguindo meu sonho. Tenho 24 anos, estou solteira e muito bem, obrigada. Não que eu não goste de namorar, mas sabe aquela fase que você quer se curtir? Pretendo continuar assim.
Sem mais delongas, preciso ir para o aeroporto, estou no táxi, sozinha, indo pegar meu voo, não quis que ninguém fosse no aeroporto se despedir de mim, já foi dolorido demais a festa surpresa que fizeram.
[...]
Finalmente em L.A. Sai do aeroporto arrancando meu casaco, não sabia que fazia tanto calor assim. Ao pegar um uber até o meu pequeno apartamento alugado bem próximo ao lugar que ia trabalhar, esbarrei com um garoto bem na porta do prédio, o que fez com que minhas malas fossem para o chão e eu quase caísse de cara.
- Hey, me desculpe! – ele ajudou pegar minhas malas e eu me equilibrei.
- Tudo bem – falei com o sotaque pesado – pelo visto tenho um vizinho estabanado.
- Você é de qual andar? Posso te ajudar com as malas – ele disse já pegando uma das minhas malas e levando para dentro do prédio, apenas o segui.
- Oitavo andar – ele apertou o botão do elevador
- Olha que ótimo, eu também! – ele sorriu aberto e eu apenas me limitei a um sorriso amarelo.
Após chegar o elevador, ele colocou minhas malas e eu entrei, fomos até o oitavo andar em silêncio. Assim que chegamos, fui até o apartamento 83 e procurei a chave em minha bolsa, como o prédio tinha apenas 8 andares, os apartamentos do oitavo andar eram a cobertura, fazendo com que tivesse dois andares. Eu abri a porta e deixei meu vizinho entrar primeiro com as malas, entrei depois e analisei o apartamento, não era tão grande, mas por ter dois andares, dava um ar de grandeza.
- Está entregue - ele deixou minhas malas perto da mobília e me olhou
- Obrigada - sorri
- Como é o seu nome e de onde veio?
- Magic, sou do Brasil. E você?
- Que nome diferente para ser de lá. Eu morei lá por um tempo, mas nasci em Orlando. Meu nome é John
- Meu pai era americano, então eles colocaram esse nome. Mas nasci no Brasil mesmo.
- Bom Magic, nos vemos por aí - ele me deu um beijo na bochecha que me assustou um pouco e saiu pela porta.
Dei risada e peguei minhas malas, subi as escadas e encontrei meu quarto, como já estava todo mobiliado, só desfiz minha mala e guardei no armário, separei um pijama e fui tomar um banho.
[...]
Estou na sala, assistindo um programa de música qualquer e com meu livro no colo, eu começaria meu trabalho apenas daqui duas semanas, então tinha uma folga e pretendia conhecer um pouco de Los Angeles, estava lendo quando ouço a campainha tocar, atendi de pijama mesmo. Ah, meu vizinho
- E aí Magic - ele entrou no apartamento. Revirei os olhos
- Oi John - cruzei os braços e deixei a porta ainda aberta
- Vamos fazer alguma coisa vai, você acabou de se mudar, não deve conhecer ninguém, tem um pub aqui perto, topa?
Olhei pro meu pijama, olhei pra ele
- Então John, não vai rolar... - sorri de canto - Estou cansada da viagem, mas quem sabe amanhã? Tô pensando em sair pra conhecer a cidade.
- Fechou! Eu topo ser seu guia turístico - ele sorriu e de novo deu o mesmo beijo na minha bochecha, saindo rapidamente.
Ele nunca vai deixar eu dizer tchau?
[...]
Acordei cedo no dia seguinte, coloquei um vestido florido e peguei minha câmera, fotografia sempre foi meu hobbie. Desci e fui na cozinha, eu precisava fazer compras urgente ou ia gastar todo meu dinheiro comendo fora. Assim que ia abrir a porta, a campainha tocou
- Como eu sei que você ainda não fez compras, te trouxe um café - John sorriu e me entregou um copo do Starbucks, junto com um donut. Sai do apartamento e fechei a porta
- Muito obrigada, salvou minha vida - sorri e fomos para o elevador.
O dia foi incrível, passeamos por inúmeros pontos turísticos e eu tirei muitas fotos, algumas com John de penetra. Fomos almoçar e depois fomos em algumas lojas, não ia perder a oportunidade de fazer compras. John era uma pessoa extremamente extrovertida e sempre fazendo piadas, até arriscou algumas palavras em português e eu me senti muito em casa. Ele me fez prometer que ainda ia num pub com ele, para podermos beber juntos. Era estranho estar com um cara sim, fazia tempo que não saía com ninguém e nem pensava nisso... Ah droga.
Voltamos para o prédio e ele me deixou na porta do meu apartamento, me deu um beijo na testa e foi para o seu. Eu entrei e me sentia muito bem, mas ao mesmo tempo bem confusa. Meu telefone tocou, minha melhor amiga do Brasil
- Oi Magicccc - ela gritou
- Oi Mari - ri e subi para o meu quarto
- Olha, tive que te ligar praticamente de madrugada por causa desse fuso horário, me conta como está aí! - ela falou animada
Contei tudo o que havia acontecido.
- Não vai me dizer que está apaixonada! - ela riu
- Claro que não, Mariana. Ele só é muito legal e eu gostei de passar o dia com ele. - disse após tirar meu vestido e me preparar para tomar banho. Esperei a banheira encher e entrei, ainda com o celular na orelha.
- Olha lá hein, esses americanos não são coisa boa - ela riu e disse que tinha que desligar. Me despedi e relaxei na banheira.
[...]
1 semana depois.
Depois de uma semana saindo com o John, de irmos a pubs, jantar na casa dele, jantar na minha... E após ele saber de todos meus bloqueios de gostar de alguém, eu sabia que estava nutrindo um sentimento por ele e ele estava fazendo o mesmo. Rolou um beijo após bebermos muita tequila e acabamos transando no chão da sala do meu apartamento, mas prometemos que não ia mais rolar e sermos apenas amigos... Até eu descobrir que estava apaixonada por ele. Hoje ele me convidou para um jantar, disse que era especial. Me arrumei e então toquei a campainha da casa dele, assim que ele abriu a porta, vi pétalas de rosas no chão, travei ali.
- Não tenha medo - ele pegou na minha mão - vem comigo e me ouça.
Assenti e entrei. Assim que chegamos perto da mesa de jantar, vi velas e uma garrafa de vinho e a comida já estava posta, era comida japonesa, sorri ao ver que ele tinha pedido do meu restaurante preferido. Sentamos e ele serviu o vinho, nós comemos em silêncio, exceto por algumas piadas da parte dele. Quando acabamos, ele pegou na minha mão por cima da mesa e eu senti tudo gelar.
- Eu sei de todo seu bloqueio, eu sei de todos seus traumas... Mas você me fascina Mag, seu jeito, seu sotaque, sua risada, seu beijo, seu corpo, tudo em você me deixa louco e eu não sei ficar mais um dia sem te tocar, sem poder sentir teu gosto de novo. Nunca imaginei que ia me apaixonar pela minha vizinha que eu esbarrei na porta do prédio... Você aceita Magic? Aceita viver essa magia comigo? - nós dois rimos com o trocadilho e ele secou uma lágrima minha.
- Eu aceito. A única coisa que tenho que te falar é que admiro o guerreiro que você é... Por me fazer me apaixonar por você e ainda fazer eu superar todos esses traumas.
Ele veio para o meu lado e nos beijamos.
Eu vim para L.A para trabalhar com cinema e acabei vivendo meu próprio filme... Quem diria, me apaixonar logo pelo meu vizinho? Meu conselho é: quando você menos espera, um novo amor acontece.