Visgo

Escrito por Gab. | Revisada por Lelen

Tamanho da fonte: |


Prólogo.

  O velho esperava pacientemente a mais jovem até que a avistou descendo as escadas com um sorriso no rosto, sorriso esse que desapareceu assim que viu quem estava ao pé da escada lhe esperando. Breves olhares foram trocados entre os dois até a mais jovem se pronunciar chamando o velho timidamente com um gesto até outro cômodo da pequena casa tipicamente londrina, a neve podia ser vista de fora da casa por uma das janelas com as cortinas abertas de dentro do escritório.
  - O que veio fazer por aqui? - a mais jovem perguntou.
  - Preciso de sua ajuda...
  - Eu não me importo - ela completou - já não me importo há algum tempo...
  - Sei que foi difícil tudo aquilo que você passou, mas eu realmente preciso de sua ajuda, minha cara - o velho tossiu - Temo que meu tempo esteja acabando e ainda tenho assuntos inacabados.

  Naquela noite, Draco Malfoy caminhava tranquilamente pela Travessa do Tranco com sua mãe, Narcisa Malfoy, sendo seguido pelos olhos atentos de uma garota de mais ou menos sua idade e cabelos loiros.

Um.

  Eu não estava nem um pouco feliz em ter que voltar para aquela maldita escola, depois de seis anos aturando as mesmas pessoas de sangue-ruim e de quebra o Potter. Eu estava especialmente entediado enquanto Zabini falava alguma coisa relacionada a não querer ouvir o discurso de Dumbledore esse ano.
  Saí do vagão com esperança de achar Pansy por aí para que ela me distraísse do jeito que só as garotas sabem fazer, se é que me entende.
  Andei distraidamente pelo corredor enorme do trem enquanto olhava para as cabines tentando achá-la com o resto das hienas que ela andava, mas fui bruscamente atrapalhado por algum que me deu um encontrão.
  - Me descu... - a pessoa começou a falar.
  - Você não olha pra onde anda? - perguntei antes de olhá-la.
  Ela tinha um rosto gracioso, que eu nunca havia visto antes, mas o olhar era charmoso demais para alguém que parecesse tão angelical assim. Seus cabelos escuros iam até a altura do ombro e davam a aparência de ter mais ou menos minha idade.
  - Como eu ia dizendo, me desculpe. Não estou acostumada com trens. - ela disse, ignorando minha grosseria e continuando seu caminho.
  Mal pude ficar em transe, encarando seu andar, balançando levemente seus quadris como em alguma dança do ventre hipnotizante, e Pansy chegou pulando no meu pescoço.
  - Vamos para o vagão das malas, Draco. - ela disse, sorrindo maliciosa.
  Não preciso explicar o que eu e Pansy fizemos depois, é claro.
  Eu definitivamente esperava que a chegada naquela maldita escola fosse diferente esse ano, mas ao voltar para minha cabine para retirar minhas malas de mão, eu sabia que não estava sozinho ali.
  Dessa vez o Potter não iria me escapar.

Dois.

  Com certeza a Weasley Fêmea ia adorar o Potter agora com seu novo visual de nariz quebrado. Fui para meu lugar na mesa da Sonserina com um sorriso no rosto esperando a hora que Potter chegasse para poder ver a reação dos amiguinhos ridículos dele.
  Eu só não poderia esperar ver a garota que eu havia esbarrado no Expresso Hogwarts correr em direção a ele com um pequeno lenço, tentando limpar o sangue que escorria do nariz dele sem muito sucesso.
  Afinal de contas, quem era a nova amiguinha do Potter? E por que ela estava me intrigando tanto?
  Ele tentou lançar um sorriso para ela, que timidamente segurava a mão dele até a mesa da Grifinória, pude notar também o ódio no olhar da Weasley Fêmea quando Potter chegou com a garota nova.

  Depois do jantar de boas vindas, fomos todos para nossos dormitórios e eu não pude deixar de pensar na novata.
  Eu sabia duas coisas sobre ela: 1- Ela tinha alguma coisa podre com o Potter e 2- Ela é da Grifinória.
  Nenhumas das duas coisas fariam com que ela entrasse no meu conceito, mas eu não conseguia tirá-la da minha cabeça.

  Desci para o Salão Comunal por falta de sono e por algum milagre a lareira ainda estava ligada, e tinha alguém lendo alguma coisa perto do fogo.
  Caminhei silenciosamente até a poltrona onde uma garota loira se encontrava sentada com um pergaminho aberto.
  - O que você está fazendo aqui? - perguntei, sem nem ao menos conhecê-la.
  - Você não tá vendo? - ela respondeu e me surpreendeu com sua petulância.
  - Oras como ousa falar assim comigo? Sua sujeitinha...
  - Quem é você, que ousa falar assim comigo? - ela falou se levantando – Onde já se viu, garoto estúpido!
  Meu sangue ferveu quando ela terminou de falar aquilo.
  - Eu sou Draco Malfoy e você quem é, que eu nunca ouvi falar. - falei.
  - Eu sou . - ela respondeu.
  Encaramo-nos durante algum tempo e ela riu.
  - Que situação ridícula, como eu nunca te vi por Hogwarts antes? - ela perguntou e dessa vez eu que tive que rir.
  - Você só pode estar de brincadeira!
  Nós dois rimos e quando eu percebi o que estava acontecendo, logo fechei a cara.
  - Bom, tanto faz. - respondi e ela concordou.
  - Tanto faz mesmo, só fique fora do meu caminho, Malfoy. - ela disse, indo para seu dormitório e me deixando ali com cara de babaca.

Três.

  O fato de ter duas garotas diferentes perturbando meus pensamentos me parecia bem ruim no momento, já que eu teria de planejar a morte do diretor de Hogwarts e não poderia me preocupar com isso no momento.
  Na primeira aula do ano, Transfiguração, perguntei a Zabini quem era a novata com Potter ontem.
  - Novata Draco? Ela sempre estudou aqui. - ele respondeu e eu fiquei realmente confuso – Standford.
  - Você disse ? - perguntei.
  - É Draco.
  Além de ter duas garotas diferentes me incomodando, as duas tinham quase o mesmo nome.
  Procurei pela minha mais nova colega Sonserina, a encontrando deitada sobre seu livro, encarando Zeller Jones, que parecia ser a única garota que gostava de , tentar fazer crescer bigodes coloridos em seu livro.
  Assim que o sinal bateu, vi consultar mais uma vez o pergaminho da noite passada e virar um corredor. Logo depois, vi Standford saindo da Sala de McGonagall.
  - Como eu não a vi na aula? - perguntei a mim mesmo, mas Crabbe ouviu e respondeu.
  - Ela estava lá o tempo todo, sentada do lado da Granger.
  Draco OFF.

  Standford saiu rindo de alguma coisa que Weasley havia dito e Draco decidiu ir atrás de , de algum jeito ele sabia que aquela garota estava escondendo alguma coisa.
  Ele saiu correndo atrás dela e só se deu conta de para onde ela estava indo, quando chegou ao quarto andar. 'Banheiro dos monitores' pensou ele.
  Draco falou a senha esperando encontrá-la fazendo alguma coisa mais grave, mas tudo que ele teve a oportunidade de ver foi um pedaço do bumbum dela, quando ela estava acabando de entrar na água.
  Ele tentou se esconder atrás de uma grossa pilastra, mas foi surpreendido pela voz doce de ecoando pelo banheiro vazio.
  - Sabe, eu não ligo se você quiser tomar um banho também. - ela terminou de dizer com uma risada meio rouca e Draco saiu de trás da pilastra.
  Ela o encarou com o tronco submerso na água, mostrando apenas metade de seu colo um pouco branco e seu sorriso ridiculamente sexy no rosto. Por um momento ele teve certeza de que ela achou que ele fosse dar para trás e sair dali, mas logo ele estava tirando sua camisa social do uniforme e ela pareceu suspirar o que o fez rir.
  Ele já ia entrando na banheira quando ela riu, dizendo:
  - Sério mesmo que comigo nua dentro de uma banheira, você vai entrar de cueca?
  E ele olhou sua cueca azul clara e depois encarou um pouco mais vermelho que seu normal o rosto da garota, logo depois tirando a cueca e ficando completamente nu.
  Ela sorriu de lado com a visão que tinha e ele entrou na banheira, nadando em direção a ela.
  - Isso é loucura. - ela riu quando ele falou aquilo – E se nos pegarem?
  - Duvido muito. - ela respondeu calma.
  - Como você sabe que ninguém vai nos achar aqui? - ele perguntou.
  Ela apenas riu mais uma vez pegando as mãos de Draco, o que fez com que ele estranhasse o ato, e colocá-las na cintura nua dela. Ela levantou o olhar até encarar os olhos acinzentados dele e ele abriu um sorrisinho meio de lado, que faria qualquer garota pirar.
  Draco deixou sua mão escorregar para a nádega direita dela, fazendo com que ela desse um leve tapinha no ombro dele e tirando a mão dele dali.
  Ela então o abraçou pelo pescoço e colou os lábios nos dele, o que foi uma surpresa até para ela. Foi apenas um selinho e então ela se soltou dele, saindo da banheira.
  - Aonde você vai? - ele perguntou.
  - Nós temos aula, se esqueceu? - ela sorriu – Anda, se veste logo e vamos.
  Ele olhou se vestindo durante algum tempo e depois se vestiu, ainda pensando em como nunca havia feito aquilo antes. Quer dizer, nunca ter ficado tão próximo a uma garota nua daquele jeito.

Quatro.

  Meu cérebro estava uma loucura e o fato de que eu havia acabado de tomar banho com uma garota linda, e ela estava completamente nua e ainda se vestiu na minha frente.
  Eu não faço à mínima ideia do porquê dela ter feito aquilo, já que havia me tratado tão mal no outro dia.
  Não tive muito tempo para pensar naquilo, já que Standford veio se sentar ao meu lado.
  - Oi, lembra-se de mim? - ela perguntou com um sorriso no rosto – Daquele dia no trem?
  - Lembro. - respondi seco.
  - Vou ser sua dupla de Poções, o Slughorn pediu. - ela falou.
  - Tanto faz.
  - Então tá. - e começou a fazer a poção.
  Não pude evitar ver que Potter apesar de estar muito concentrado em sua poção, olhava sempre para a garota ao meu lado.
  Resolvi que se talvez eu fosse gentil com ela e ela gostasse de mim, Potter iria odiar.
  - Será que... Será que eu poderia te ajudar com isso? - perguntei e ela sorriu afirmando.
  Meia hora cozinhando aquela poção e conversando com ela e eu estava encantado. era muito diferente do que eu imaginava e muito mais bonita de perto.
  Depois que a aula acabou me ofereci para ir com ela ao Corujal e Potter pareceu muito puto com isso, o que me fez rir por dentro.
  Peguei-me olhando para ela, enquanto ela botava a carta enrolada na cestinha da coruja das igrejas que ela chamava de Leitosa.   Fui até ela e a encarei bem de pertinho, percebendo que ela corou ao ver que eu a olhava. Ajeitei uma mecha do seu cabelo atrás da orelha e ela ficou ainda mais vermelha, sorrindo de nervosismo.
  Finalmente encostei meus lábios nos dela, sentindo-a abrir a boca devagar e deixar que minha língua se encontrasse a dela.
  Draco OFF.

  Assim que suas línguas se tocaram, Draco a segurou pela cintura com uma mão e com a troca tocou seu queixo, dando mais firmeza para o beijo. Sua língua fazia um carinho contra a da garota, fazendo com que ela sorrisse durante o beijo. Ela arranhou levemente a nuca de Draco, fazendo um carinho gostoso ali e ele apertou sua cintura retribuindo.
  Eles só se soltaram quando uma coruja começou a ficar agitada em seu poleiro, por acaso era a coruja de Harry Potter.

Cinco.

  O armário estava quase pronto e meu plano também, quase como eu queria. Estava praticamente tudo dando certo e eu esperava me encontrar com para irmos até Hogsmeade no primeiro passeio até lá, nós estávamos nos dando muito bem desde o dia no Corujal e Potter ficava louco com aquilo.
  Cobri o armário novamente com o pano e deixei uma pena em uma mesinha próxima para quando eu voltasse ali novamente, eu já ia saindo da Sala Precisa quando ouvi um barulho.
  Uma caixa havia caído no chão e eu pude ver tentando coloca-la no lugar.
  - O que você está fazendo aqui? - perguntei.
  - Você faz essa pergunta sempre? - ela falou sorrindo, mas claramente sem humor nenhum. - Eu sei do seu planinho ridículo de matar o Dumbledore.
  Ela falou na lata e eu me surpreendi com aquilo.
  - Como você sabe? - perguntei e ela puxou a manga da blusa, me mostrando a Marca Negra.
  - Eu precisava ter certeza de que era você que o Lorde mandou para o serviço, por isso o banho no banheiro dos monitores, eu pude ver sua marca. - ela foi falando e eu nem ao menos tinha me dado conta. - Mas você não viu a minha isso serve de aviso para você não ser descuidado.
  - Você não é de Hogwarts, não é mesmo? - ela assentiu – Por isso nunca te vi por aqui, aquilo de me beijar no banheiro foi tudo um planinho seu.
  - Pode ter sido um planinho Draco, apesar de eu realmente não esperar ter gostado – ela sorriu mais uma vez, ainda sem emoção.
  - Aquilo foi realmente bom. - falei e ela levantou o olhar para mim.
  - Que bom, porque não vai se repetir. - ela terminou de dizer com desdém – Não enquanto você continua vendo aquela mesquinha.
  Oh, então era isso.
  - Eu sei das coisas Draco, não gosto de ser feita de boba. - ela disse.
  - Ah pelo amor de Deus, não é como se eu tivesse te prometido casamento depois de ter te visto nua. - resmunguei – Você só está com ciúmes.
  Então ela gargalhou.
  - Não me faça rir Draco. - ela disse – Apenas siga com o plano e o Lorde vai continuar feliz, caso o contrário você sabe o que vai acontecer. Ela só está atrapalhando, deixe ela pra trás.
  E então ela saiu batendo a porta e deixando sozinho com os meus pensamentos.

  Hogsmeade estava mais fria do que o normal nessa época do ano e se esquentava em um casaco de pele muito bonito, o que me fez pensar que quando tudo isso terminasse minha mãe adoraria conhecê-la.
  Fomos ao Três Vassouras onde eu a deixei sozinha por alguns minutos para por parte do meu plano em prática. Assim que entreguei o colar para Katie Bell e estava no meu caminho de volta para dentro do Três Vassouras, pude ver duas pessoas conversando.
  Era Fred Weasley e , o que me intrigou mais ainda e me fez ficar quieto, apenas ouvindo a conversa.
  - Eu pensei que talvez você quisesse, sei lá, sair comigo. - Weasley perguntou e sorriu meigamente para ele.
  - Isso é muito diferente da sua parte, Fred. Afinal, nós somos de casas diferentes. - ela falou e ele concordou com a cabeça.
  Só pelo fato de ela ter o chamado de Fred e não de Weasley fez o meu sangue ferver, os cabelos loiros quase platinados dela brilhavam contra a luz.
  - Acho que seus amigos não vão gostar muito disso. - ela falou e os dois riram.
  - Por incrível que pareça, o Rony disse que você é uma parceira de poções engraçada e o Jorge até gosta um pouco de você. - ele respondeu e eu pude ouvir um 'Por mim tudo bem', enquanto eles saiam conversando para outro lugar.

  Voltei para o Três Vassouras muito puto da vida e parecia incrivelmente entretida conversando com uma bruxa velha.
  - Você demorou. - ela falou.
  - É, aconteceu um imprevisto e eu fiquei procurando o Zabini a vida toda. - falei, tentando mudar de assunto – E você, o que ficou fazendo?
  Ela me contou toda a história da bruxa com quem estava conversando e em como ela não conseguiu ser uma excelente jogadora de Quadribol por muito pouco.
  Pansy nos olhava da outra mesa com um olhar de puro desgosto, como se cheirasse mal ou algo de tipo. Talvez fosse só porque ela é da Grifinória, mas isso me fez pensar no por que de eu estar ali e eu não tinha realmente uma resposta.

  Depois que nós chegamos de Hogsmeade, me despedi de com um beijo rápido e não subi para o dormitório, mas fiquei sentado na Sala Comunal esperando que aparecesse.
  Algum tempo depois ela chegou parecendo maravilhada e largou o cachecol em uma poltrona perto de mim parecendo não me ver, começando a subir as escadas até eu chamá-la.
  - O que você estava fazendo com o Weasley hoje? - perguntei logo de cara.   Ela não pareceu se abalar, mas respondeu o que eu quis.
  - Não que seja do seu interesse, mas você não é o único que tem missões, Draco. E eu encontrei a brecha perfeita. - ela riu, balançando a cabeça como se me agradecesse – Até que está sendo bem proveitoso.
  E desabotoou alguns botões de seu casaco, revelando uma blusa preta bem justa.
  - Isso é ridículo, você só está fazendo isso porque está com ciúmes de mim. - falei.
  - Se enxerga Malfoy. Como eu disse, tenho minha missão. - então mascou mais uma vez seu chiclete azul, antes de jogá-lo na lareira e me dar um beijo na bochecha. - Boa Noite!

Seis.

  Nos dias seguintes eu nunca conseguia falar com , ela estava sempre andando de um lado para o outro com aquele idiota do Fred Weasley e sempre que eu finalmente conseguia chegar perto dela, ela inventava alguma desculpa. Era mais do que óbvio que ela estava me evitando e eu já estava mais que puto com isso.
  - Draco, nós precisamos conversar. - ouvi a voz de me chamar.
  - Fala. O que você quer? - falei.
  - Quero entender o porquê de você estar me tratando tão friamente. - ela disse sem rodeios.
  Olhei para que parecia que ia chorar a qualquer momento, mas não deixei de responder o porquê.
  - Não quero mais nada com você. - falei, sem rodeios também.
  Ela abriu a boca um ou duas vezes, mas tudo que fez foi sair correndo enquanto chorava.
  Melhor que ela fosse embora agora que eu tinha certeza de que só queria me divertir e não depois que minha vida virasse de pernas para o alto.
  Draco OFF.

  Ao virar o corredor, as lágrimas do rosto de sumiram quase que instantaneamente. Ela andou calma até o Salão Comunal da Grifinória e se sentou próxima de onde se encontravam os Weasleys, Hermione Granger e Harry Potter.
  - Está tudo certo. - ela falou sorrindo – Mas acho que ele está apaixonado pela outra.
  - Isso vai ser um problema? - Fred perguntou.
  - Não se você souber o que fazer. - respondeu – O importante é que nós sigamos o plano. Ah, e Harry, Gina ainda não pode saber, me desculpe.
   achou que ele fosse ficar indignado a princípio, mas Harry apenas concordou com a cabeça.
  - Tenho que sumir por algum tempo, fazer algumas coisas, Dumbledore me deu a desculpa de estar doente e sem visitas na Ala da Enfermaria. - ela falou e todos assentiram.
  Quando os alunos começaram a chegar ao Salão Comunal, eles logo trataram de mudar o assunto. Afinal, era um plano super secreto.

Sete.

  Estava chegando o dia de por meu plano em prática, provar para o meu pai que eu mereço ter essa marca no meu braço.
  Procurei com o olhar, mas vi seu lugar ao lado do Potter vazio, logo McGonagall perguntou o porquê dela não estar ali e o Potter foi logo respondendo que ela estava com uma virose terrível e estava na Enfermaria.

  Meus pensamentos foram interrompidos pela porta da sala sendo aberta por aos risos com Fred Weasley e pedindo desculpa pelo atraso, vi ela se despedir dele e entrar na sala, se sentando como sempre ao lado de Zeller Jones.
  - 5 pontos a menos para a Sonserina. - todos os sonserinos protestaram naquela hora – E da próxima vez, serão 15 pontos!
   encarava seu livro, lendo alguma coisa sobre a capa dele, que eu pude perceber ser um pedacinho surrado de pergaminho.
  E então ela deu um sorriso sem nem ao menos perceber, desviei meu olhar quando ela percebeu que eu a encarava e fechou a cara.

  No final da aula tentei falar com ela.
  - Preciso falar agora com você.
  - Não vai dar, tenho uma coisa pra fazer. - ela respondeu segurando seu livro contra o peito.
  - Ultimamente você anda cheia de coisas pra fazer. - falei, puxando-a pelo braço.
  - É porque eu cuido dos meus assuntos e acho que você deveria pensar num plano melhor de matar o diretor! - ela disse em um sussurro, me fazendo soltá-la – Colares estúpidos não vão fazer isso por você!
  E saiu andando a passos largos, sem ver que havia deixado cair o pedacinho de pergaminho.
  Dei uma olhada na letra fina e meio inclinada do recado, agora eu sabia que ela sempre soube do colar que eu entreguei para Katie Bell e agora ela iria se encontrar com o tal do Weasley mais uma vez na Torre de Astronomia à meia-noite.
  Levantei-me da cama sem fazer barulho e vesti meu sobre-tudo, tentando desviar do Filch e daquela gata cheia de pulgas dele. Quando cheguei à Torre de Astronomia, e Fred Weasley já estavam sentados no chão com uma toalha forrada embaixo deles e uma cesta de piquenique.
  Tentei não me mexer para ouvir o que eles falavam.
  - Tem sido ótimo passar esse tempo com você – ela sorriu para ele, enquanto dizia aquilo.
  Senti minhas mãos fecharem em punho, porque eu sabia que aquilo que ela dizia não era fingimento, eu sabia quando ela dizia a verdade.
  - Que bom que você tem gostado. - ele sorriu de volta para ela, pegando em seu queixo e puxando-a para um beijo.
  Minha vontade era de sair do meu esconderijo e socar a cara dele até que ninguém o reconhecesse, mas eu me controlei e continuei parado.
  - Tá ficando tarde. - falou, olhando para a lua.
  Seus cabelos platinados e longos brilhavam em um tom meio azulado, refletindo a luz do luar.
  - Quer ir embora? - o traidor do sangue perguntou.
  - Por mim não, mas tá tarde e o Filch pode aparecer. - ela falou se levantando e ajudando ele a levantar.
  Saí dali antes que eles pudessem me ver e voltei para o Salão Comunal, esperando que ela chegasse.
  - Draco, tá acordado há essa hora? - ela perguntou ao me ver.
  - É, parece que sim. - respondi – Uma advertência pra você por andar pela escola depois do horário.
  Ela abriu a boca em indignação, mas seu rosto acabou se contorcendo em uma gargalhada deliciosa de se ouvir.
  - Você é tão engraçado, Draco.
  Fui até ela e segurei seu braço firme, enquanto aproximei nossos rostos até quase beijá-la.
  Senti seus olhos se fechando e os meus começaram a ficar pesados também, mas em vez de fechá-los eu apenas puxei o ar com força e disse bem próximo a sua boca: - Cheiro de traidor do sangue.
  Ela abriu os olhos imediatamente e puxou o braço, se soltando de mim.
  - Seu idiota! - ela falou me dando um tapa em cheio no rosto e saindo dali antes que eu fizesse mais alguma coisa.
  Esse jogo que ela está jogando, eu também sei jogar e em um tabuleiro, que eu saiba, dois jogam.

Oito.

  Levei muito tempo, mas finalmente o armário estava pronto. Na sexta-feira eu finalmente poderia por o plano em prática, todos que eu precisaria já estavam avisados.
  Eu não havia falado com desde a nossa discussão e estava incrivelmente confuso com relação ao que havia acontecido, afinal, eu estava morto de ciúmes dela com aquele furreca do Weasley e não podia suportar isso.
  Fechei o armário e saí da Sala Precisa, indo em direção à festa do Slughorn onde estava. Nós últimos dias eu a via pelos cantos com os olhos inchados e bem longe do Weasley, o que deveria ser porque ouvi rumores de que eles haviam terminado. Ou melhor, ele havia terminado.
  Observei com seu vestido branco cravejado com alguns cristais nas pontas, ostentando o dinheiro que provavelmente a família dela tinha. Ela estava em um conversa não muito animada com Slughorn que falava alguma coisa sobre chifre de unicórnio em poções.
  Infelizmente não pude continuar vendo o que ela estava fazendo porque o estúpido do Filch me descobriu e é claro que o Snape ficou do meu lado, me tirando dali, mas não antes de me dar uma bronca.
  Fui até o banheiro que ficava próximo aquele andar e lavei meu rosto, sem perceber que Potter estava a minha espreita, logo sendo atingido por algum tipo de feitiço.
  - Expelliarmus. - Potter tentou lançar contra mim, mas em vão.
  - Estupefaça! - lancei o feitiço, mas ele se moveu, pegando em uma pilastra.
  Foi tudo muito rápido depois, o banheiro estava todo destruído, quando Potter gritou 'Sectumsempra!' e eu pude ouvir um 'Não, Harry!' de uma voz feminina e então tudo apagou.
  Draco OFF.

   estava ferida no braço, afinal, o feitiço de Harry Potter havia passado pelo seu braço esquerdo e atingido Draco Malfoy em cheio.
  - Mas que merda você tá fazendo? - ela perguntou, segurando o braço que sangrava muito, deixando seu vestido branco em vermelho vivo – Quer por tudo a perder?
  A última frase ela falou baixinho para que só ele ouvisse.
  - Sai daqui! - ela gritou para ele – Vai!
  Harry ficou sem ação por algum tempo, mas logo se moveu, saindo dali antes que Snape viesse para socorrer Draco.
  - O que houve aqui? - Snape perguntou.
  - Eu... Eu não sei. - ela disse, lançando um olhar significativo para Snape.
  Ele murmurou um anti-feitiço que fez com que os cortes imensos no corpo de Draco se fechassem e os do braço de também.
  - Agora vá. - ele ordenou – Eu resolvo tudo aqui.
  E sem perguntar mais nada, ela se foi.

Nove.

  Eu estava bem, mas ainda assim confuso. Podia jurar que havia ouvido uma voz de mulher quando aquele maldito do Potter me atacou.
  Snape me explicou que conseguiu me encontrar a tempo, antes que eu perdesse mais sangue e que eu estava sozinho no banheiro.
   estava comendo alguma coisa que eu identifiquei sendo um sapo de chocolate quando eu me sentei ao seu lado no Salão Comunal.
  - É hoje. - falei e ela me olhou, entendendo sobre o que eu estava falando.
  - Tem certeza? - ela perguntou, jogando a figurinha de Alvo Dumbledore na lareira com um certo desprezo.
  - Tenho.
  - Você acha que consegue? - esse assunto já estava me irritando, mas a calma com que ela estava não deixava que eu me zangasse.
  - Tenho que conseguir, senão meus pais estão mortos – respondi, pela primeira vez contando o motivo de eu ter aceitado a missão.
  Ela fez um 'Hm' com a boca e se levantou, pegando o precioso pergaminho que ela nunca soltava.
  - O que é isso? - perguntei.
  - Um pergaminho velho, não tá vendo? - ela disse impaciente – Herança do meu pai, nada de mais.
  Ficamos calados por um tempo, quando eu finalmente resolvi por meu plano em prática.
  Fui até a Sala Precisa, deixando uma maçã dentro do armário e observando ela voltar mordida. Minha tia e Greyback logo vieram pelo armário, indo distrair o resto de Hogwarts para que eu fizesse o meu trabalho.
  Fui até Dumbledore, mas antes de subir até a Torre ouvi alguém me chamando.
  - Não quero que você faça isso. - falou, saindo detrás de uma pilastra.
  - O quê? - falei – Por quê?
  - Se você vier comigo e deixar tudo isso pra trás eu te conto. - ela disse.
  - Você está louca?
  - Não Draco, mas você não pode matar o Dumbledore. - ela pegou minha mão – Confie em mim. Eu estive aqui para te ajudar a encontrar outro meio.
  Ela falava docemente de um jeito que não era seu normal.
  - Eu deveria te impedir, mas estou te pedindo pra não fazer isso. - ela olhou nos meus olhos – Porque eu me apaixonei por você.
  - Mentirosa! Traidora! - cuspi as palavras – Eu nem ao menos sei quem é você!
  Ao ouvir aquela ladainha, todos os pelos do meu corpo se arrepiaram e meu maxilar travou.
  - Isso é ridículo!
  - Draco, por favor, me escuta. - ela pedia – Você sabe que matar o Dumbledore não é uma escolha.
  - Por isso mesmo, não é minha escolha. - me virei e ia subindo a escada da Torre, quando ela me puxou e colou nossas bocas.
  O beijo era urgente e cheio de mágoas, mas ainda sim delicioso. Nossas línguas se tocavam vagamente, vez ou outra, numa dança sensual e incrivelmente doce. Pena que do mesmo jeito rápido que o beijo começou, ele acabou.
  Ela se soltou de mim dizendo: - Você já escolheu seu caminho.
  Subi aquela Torre, vendo Dumbledore olhar os terrenos de Hogwarts e o desarmei.
  - Draco, por favor, não faça isso, eu te imploro – ele disse – Você tem outra escolha.
  Engraçado o uso de palavras dele, até porque antes que eu visse estava sentindo lágrimas caindo pelas minhas bochechas.
  - Mas eu tenho que fazer, ele vai me matar. - respondi, sentindo minha voz fraquejar. - Talvez... Ele a ache, ele pode achar .
  Mais lágrimas caíram do meu rosto ao pensar que o Lorde poderia matar .
  - Está tudo bem Draco, ela sabe se cuidar. - uma pausa – Ela não vai ser capturada.
  Snape apareceu atrás de mim com a minha tia, que ria da situação, empunhando a varinha.
  - Severo, por favor. - Dumbledore dizia em tom de súplica, que mais soava como um pedido.
  Um lampejo verde passou muito próximo a mim e antes que eu visse, Dumbledore estava caindo torre abaixo.
  - Vamos sair daqui – Snape disse e meus pés obedeceram, sem eu nem perceber.
  O que viesse a seguir seria difícil, muito difícil.

Epílogo.

  Caminhei pelos corredores escuros à passos largos e sem tentar disfarçar a aflição em meu rosto, mesma aflição que habitava todos os que passavam por mim indo ver quem havia caído da torre e agora jazia estirado no pátio.
  Apesar disso, não me comovi e continuei caminhando/correndo em direção totalmente contrária, onde ninguém iria no momento: a sala do diretor. Esbarrei em alguém, mas não me preocupei em me desculpar, apenas segui em frente.
  Disse a senha para a gárgula de pedra e assim que subi as escadas, lá estava eu correndo em direção ao prato brilhante em cima da mesa do diretor. Desacelerei meus passos enquanto olhava para os lados certificando-me de que não havia mais ninguém por ali e tirando um pequeno frasco do bolso de dentro do meu sobretudo.
  O pequeno frasquinho que eu havia guardado com a minha vida nos últimos dias continha um líquido perolado, quase que transparente, que logo foi despejado por mim na penseira na qual eu mergulhei meu rosto, caindo na imensidão da memória ali contida.
  O que eu vi depois de cair não me impressionou, era aquela mesma sala apenas com a diferença de Alvo Dumbledore estar parado na frente de um espelho enorme, que eu reconheci como sendo o espelho de Ojesed. Me posicionei atrás dele e pude ver que o espelho não me refletia, apenas refletia o velho que estava ali parado.
  “” ele chamou meu nome, começando uma conversa consigo mesmo. “Se você está vendo essa memória, então creio que eu estou morto. Melhor que isso, creio que você cumpriu bem sua missão e eu estou descansando em paz.” ele sorriu e um brilho cúmplice surgiu em seu olhar. “Tudo o que está por vir agora é mérito das ações que você veio realizando nos últimos meses e é parte vital de um plano maior. Mas devo lhe alertar, sua habilidade metamorfomaga e capacidade natural de mentir te trouxeram até aqui, mas vai ser necessário muito mais que isso para que os objetivos sejam cumpridos de agora em diante.”
  Ele fez uma pausa, tocando a varinha que segurava com a mão quase podre.
  “Sei que já pedi mais do que você estava disposta a colaborar, mas quero lhe pedir essa última coisa...” ele disse, ficando de costas para o espelho e de frente para mim, fazendo com que eu visse meu reflexo pela primeira vez.
  Eu estava abaixada, um pouco mais velha, olhando nos olhos de um menininho que se parecia muito comigo... Eu tinha filhos lindos e o pai dele era...
  “Não! Não pode ser...” exclamei sem ser ouvida.
  “Esse é o futuro que deve acontecer e não o que foi previsto naquela profecia para você, sua família não deve ser extinguida... Espero que agora você entenda o porquê de ter que ser você a fazer isso, . E me desculpe pelos meus erros no passado, incluindo em como eu falhei com seu pai e anos mais tarde falhei com seu tio. Eu lamento.”
  Eu sabia que a memória não havia chegado ao fim, mas mesmo assim fui puxada para fora da penseira por aquela memória propositalmente quebrada. Dumbledore sabia que se eu quisesse saber o que realmente tinha acontecido, eu cumpriria minha parte no plano para ter acesso à memória restante. Assim como foi com Draco. Dessa vez, tempos realmente difíceis estavam por vir.



Comentários da autora
Como autora dessa fanfiction, me sinto honrada por vocês terem acompanhado durante esse tempo até o final. Por mais sem nexo ou confusa que eu possa parecer escrevendo, à vocês que continuaram fiéis a essa história, um muito obrigada. Esse é o final, reescrito no último momento para melhor se adequar à uma continuação.
Talvez venha por aí alguma coisa com uma história bem mais elaborada, como vocês viram aqui ainda existem muitas pontas soltas: Quem são seu tio e seu pai? Quem é o seu “maridinho”? O por que de você precisar de respostar, e por aí vai...
Então espero que quem leu ou vá ler esta fanfiction esteja tão ansiosa quanto eu.
Coffee’s For Closers | G is for Dangerous