Vermelho

Escrito por Sara | Revisado por Paulinha

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  Solitária. Ele havia me deixado. Me sentia fraca, mas sabia que tudo o que havíamos passado foi o suficiente para minha felicidade. Tudo acontecera tão rápido que eu tinha a sensação de que ele nunca esteve em minha vida, mas ele esteve. As brigas apenas serviam como uma descontração para logo depois estarmos juntos novamente, nos amando, nos tornando vermelho. Apesar de tudo o que passamos juntos, de todo o amor que tínhamos um pelo outro, havia acabado, não era mais vermelho. Por que terminamos se eu me sentia tão bem perto dele? Tantos momentos bons esquecidos em um milésimo de segundo. Para onde foi o amor prometido por nós dois? Evaporou? Não era o que parecia no começo, era tudo tão bom, tão amoroso e feliz. Era tudo tão verdadeiro...

  Flashback On

  Sua mão grande e quente envolvia a minha, enquanto eu podia ouvir o som da batida sincronizada de nossos corações. Estava amando? Não, eu não ousaria. Caminhávamos despreocupadamente pelo parque que havia inaugurado na cidade.
  - O que acha da montanha russa, ? - me perguntava enquanto encarava o brinquedo, com um sorriso animado naqueles lábios desenhados perfeitamente. Fiquei hipnotizada por alguns segundos, mas logo voltei à realidade.
  - Oh, não. Perigosa demais... - Comentei insegura e vi o rastro de um sorriso surgir novamente naquela boca beijável.
  - Ah, come on, ! Só uma vez! - Ele insistia arrastando-me para mais perto daquele brinquedo enorme. Eu tinha medo de altura, e aquele negócio era realmente alto.
  - Não, não, não. - Dizia e voltava para trás, mas ele finalmente me prendeu em seus braços e me puxou para a montanha russa. Ele ama me provocar, tenho essa leve impressão.
  - Só uma vez e não aceito não como resposta. - Exigiu em um tom sério, mas com um ar brincalhão que só ele tinha. Aceitei e apertei sua mão fortemente, compreendendo meu nervosismo, beijou minha mão e entramos naquele carrinho que tanto temia. Tudo o que precisávamos para estarmos seguros foi devidamente arrumado e logo já era possível sentir um friozinho na barriga. Eu tinha certeza apenas de uma coisa: iria pagar mico. Dito e feito. Lá estava eu aos berros e o maldito gargalhando da minha cara. E o pior era que parecia que nunca iria terminar, mas isso aconteceu mais cedo do que esperava. Praticamente pulei para fora daquele carrinho, e ele continuava rindo, foi impossível conter um sorriso. Eu realmente era uma otária... ou simplesmente mais uma apaixonada.
  - Está surdo por conta de meus gritos? - Tentei fazer graça e senti seus braços envolvendo meu corpo num abraço caloroso. Ele riu abafadamente em meu ouvido e logo depois deixou um pequeno e suave beijo em meus lábios. Encarou-me por minutos intermináveis e quando finalmente parou, riu mais uma vez. Eu ainda o matava.
  - Que tal um replay? Ahhhhhh! - tentava me imitar e eu apenas deixei-me levar na brincadeira e ri. Puxei-o pelo braço para longe dali e logo que sua boca estava colada na minha novamente eu tive certeza do que sentia pelo aquele homem: amor.
  - Te amo. - Sussurrei entre o beijo e abaixei minha cabeça. Rapidamente senti sua mão levantar meu queixo, obrigando-me a olhar naqueles olhos incrivelmente brilhosos e intensos.
  - Amar não é motivo de vergonha para você estar de cabeça abaixada, . - Ele me repreendeu e eu assenti, com medo da autoridade em sua voz, mas logo em seguida seu olhar mudou do autoritário ao sentimental. - Ah, e só para constar, eu também te amo.

  Flashback Off

  Aos poucos, fomos nos afastando. Eu o sentia longe de mim, fora do meu alcance. Mas não fiz nada para impedir, até que ele se foi. E sem ao menos perceber, eu estava sozinha, estava de volta à estaca zero, estava no azul. E como já previa, sentir sua falta e me lembrar de nossos momentos juntos foi ainda pior. Quando achava que a tortura havia acabado, lá vinha a vida para me mostrar que o fundo do poço era mais embaixo. E do azul fui ao cinza escuro. Mas eu não queria chegar mais fundo, eu temia pelo preto. Eu queria voltar ao vermelho novamente, eu queria nós dois juntos novamente, eu queria o amor florescendo em nossas vidas de novo. Porque tudo tinha que ser assim? Eu não podia simplesmente amar e ser amada, como todo ser humano deseja? Qual o meu problema, afinal? Mas o pior não era lembrar, rever as cenas na minha cabeça, o pior era que eu não sentia tanta falta como achei que sentiria. Estaria eu feliz por ter acabado? Eu realmente queria um final? De certo modo, sim, pois eu contribuía nas brigas, nas milhares de discussões que tivemos. E que consumiam-me agora.

  Flashback On

  Onde estava? Com quem ele estava? Ele havia me dito que logo voltaria, e isso foi há três horas! Onde estaria aquele homem, meu Deus? Ah, mas ele irá escutar quando chegar! Passava os canais com a raiva subindo-me a cabeça. Com certeza iríamos brigar, mas dessa vez a culpa era dele. Aposto que chegará bêbado, como sempre chega. O ruído forte de uma pancada contra a porta me fez pular do sofá, mas era ele. Bêbado, como previ segundos atrás. Estava rindo, como um abestado, e cambaleava para mais perto de mim. Logo ele me puxava violentamente para o sofá e tentava beijar-me, enquanto eu lutava para fugir dele. Eu sabia que ele bêbado não era uma pessoa legal.
  - O que é ? Venha aqui, vamos aproveitar esta noite. - Dizia em um tom totalmente malicioso, riu logo em seguida, com certeza tinha notado minha expressão de medo.
  - Saia daqui, ! Você está bêbado e fedendo a tabaco, vá tomar um banho. - Resmungava e ia me afastando cada vez mais dele. Sua expressão havia mudado. De maliciosa a raivosa. ia arrecadando um tom cada vez mais vermelho e o suor em sua testa já era visível.
  - Eu estou mandando, . Ande logo e não reclame! - Rosnava ele entre os dentes. Olhei ao meu redor, procurando algo para me proteger de qualquer reação futura sua. Uma faca. Ele não se atreveria a encostar um dedo em mim se visse o objeto. Peguei-a e apontei para ele, seus olhos arregalaram imediatamente, mas ele não desistiria com tanta facilidade.
  - Você não manda em mim, . Vá se acalmar e depois fale comigo. Você está bêbado, não poderemos conversar com você nesse estado. - Aconselhei, mas ele parecia não ter escutado uma palavra que saíra de minha boca.
  - Você nunca me machucaria, . - E um sorriso surgiu em seus belos lábios. Ele tinha razão, eu não machucaria ele. Mas, se fosse necessário, eu não hesitaria.
  - Eu não quero discutir com você. Ou você para com essa baboseira e se acalma ou vai embora.
  - Eu sou mais forte, rápido e habilidoso do que você. Quem você acha que vai perder aqui? - Sínico, perigoso e... bêbado. - Agora, me obedeça e largue essa faca, tudo bem? - Fiz o que ele mandou, mas eu não iria chegar perto dele, se era isso que achava. Corri o mais rápido que pude em direção á porta, mas como havia dito: ele era mais rápido que eu. Lá estava eu, em seus braços.
  - Me largue, ! - Exigi enquanto tentava me soltar de seus braços. Sua gargalhada ecoou pelo cômodo. Depois de muitos arranhões e chutes, consegui sair de seus braços. Ofegante, suada e com raiva. - Nunca mais olhe na minha cara, desgra...
  - Não ouse terminar essa frase, querida. Cansei de tanta falsidade. - Ele suspirou pesadamente, mas eu não havia entendido sua frase. O que ele quis dizer com ''falsidade''?
  - Como?
  - Exatamente o que você escutou. Ou você acha mesmo que eu estava com você porque eu queria? Sejamos sinceros, , você não é para mim. - Ele dizia e a cada palavra ia me despedaçando. Não vou chorar, não vou chorar.
  - Você é um vagabundo! - Gritei e vi um sorriso moldar seus lábios novamente. Não, ele estava bêbado demais. Não podia ser, ele nunca faria isso comigo, faria?
  - Xingue-me a vontade, querida. - Minha raiva aumentava cada vez que eu olhava em seus olhos. Eu poderia sair quebrando tudo que estava ao meu alcance, mas não o fiz. Apesar de tudo, eu ainda sentia algo por ele. Claro, além de raiva, nojo e outros sentimentos ruins, eu ainda gostava dele. Mas a raiva me consumia naquele momento, porém, eu não daria o gostinho da vitória a . Não mesmo.
  Levantei minha cabeça e enxuguei uma lágrima que caía de meu olho. Olhei pela última vez para aqueles olhos intensos, para aquela boca incrivelmente beijável e apreciei seu corpo vestido em um jeans largo e uma camiseta preta, que ressaltava seus músculos. Por que ele parecia tão perfeito? Tão perfeito para mim? Com dificuldade, caminhei em direção à porta, eu iria sair dali. Sair de perto dele, sair da vida dele. Não me preocupei com roupas ou coisa parecida. Desci pelas escadas, degrau por degrau, pensando se essa era coisa certa a ser feita? Eu não gostava dele? Bom, naquele momento ninguém gostaria, mas, digo, ele estava bêbado, não podia estar falando loucuras? Não, eu sou muito idiota por pensar isso. Por que eu não conseguia apenas aceitar que ele não me queria mais? Ou melhor, será que ele já me quis? Oh, isso é tão confuso! Escorreguei pela parede em lágrimas. Eu não queria chorar, eu não queria me sentir faca novamente. Mas, eu não o queria de volta. Meus sentimentos estavam me matando por dentro. Alívio, raiva, nojo, paixão, era uma mistura de tudo o que eu já havia suportado. Ali estava eu, perdida e chorando por quem não merecia minhas lágrimas. Eu queria apenas saber por que comigo? Por que não foi mais fácil comigo? Eu queria mandar a vida ir se foder naquele momento, mas do que iria adiantar!? Eu havia sido derrotada por ele.

  Flashback Off

  Eu tentava ao máximo esquecer aquela cena, mas era impossível não lembrar. E o que eu tanto temia havia acontecido: eu estava no preto. Escuro, frio e insensível preto. Mas, de certo modo, o preto não era tão ruim, ele havia me acolhido e me mostrado o outro lado da vida, o lado real. Que a vida também é feita de problemas, confusões e tristezas, que a vida é feita de outras cores, além do meu querido vermelho. Estranho, mas real. Agora eu havia compreendido que nem tudo é só vermelho, que nem tudo é somente bom ou somente ruim. Tudo tem consequências, e eu havia me esquecido delas. Mas, no final de tudo, sempre tem o aprendizado, com , por exemplo, eu havia aprendido a não namorar mais bêbados. Brincadeira! Olha só, meu humor voltando novamente. Há muito tempo eu não sorria, mas com a ajuda de muitos eu fui, aos poucos, voltando ao normal. Mas a culpa não era minha, nem de , a culpa era do vermelho, da vida, do amor. Nós somos apenas vítimas. Ok, nós contribuímos um pouco para chegar até onde chegamos, mas foi o melhor para nós dois, no final. Agora, eu acho graça de tudo o que passei. Acho que tudo é assim, vivemos em desespero, mas, depois, rimos de nossas lembranças. No final, tudo o que sobra são as lembranças, sejam boas ou ruins. Eu podia pelo menos ter certeza de uma coisa, eu não era mais preto, nem vermelho e nem cinza escuro. Eu era uma mistura de tudo, eu, finalmente, estava feliz sendo diferente.

Loving him is like driving a new Maserati down a dead end street
(Amá-lo é como dirigir um Maserati novo por uma rua sem saída)
Faster than the wind, passionate as sin
(Mais rápido que o vento, apaixonante como o pecado)
Ending so suddenly
(Terminando tão de repente)
Loving him is like trying to change your mind
(Amá-lo é como tentar mudar de ideia)
Once you're already flying through the free fall
(Uma vez que você já está voando em queda livre)
Like the colors in autumn, so bright, just before they lose it all
(Como as cores no outono, tão brilhantes, antes de perdê-las)
Losing him was blue, like I'd never known
(Perdê-lo foi azul como eu nunca soube)
Missing him was dark gray, all alone
(Sentir a falta dele foi cinza escuro, totalmente só)
Forgetting him was like trying to know somebody
(Esquecê-lo foi como tentar conhecer alguém)
You never met (Que você nunca encontrou)
But loving him was red
(Mas amá-lo foi vermelho)
Loving him was red
(Amá-lo foi vermelho)
Touching him was like realizing all you ever wanted
(Tocá-lo era como entender que tudo que você queria)
Was right there in front of you
(Tocá-lo era como entender que tudo que você queria)
Memorizing him was as easy as knowing all the words
(Memorizá-lo foi tão fácil como saber todas as palavras)
To your old favorite song
(Da sua velha música favorita)
Fighting with him was like trying to solve a crossword
(Brigar com ele foi como tentar resolver uma palavra cruzada)
And realizing there's no right answer
(E perceber que não há resposta certa)
Regretting him was like wishing
(Me arrepender dele foi como desejar)
You'd never found out
(Que você nunca tivesse descoberto)
That love could be that strong
(Que o amor poderia ser forte desse jeito)
Losing him was blue, like I'd never known
(Perdê-lo foi azul como eu nunca soube)
Missing him was dark gray, all alone
(Sentir a falta dele foi cinza escuro, totalmente só)
Forgetting him was like trying to know somebody
(Esquecê-lo foi como tentar conhecer alguém)
You never met
(Que você nunca encontrou)
But loving him was red
(Mas amá-lo foi vermelho)
Loving him was red
(Amá-lo foi vermelho)
Oh, red
(Oh, vermelho)
Burning red
(Vermelho ardente)
Remembering him comes in flashbacks and echoes
(As lembranças dele vêm em flashbacks e ecos)
Tell myself it's time now, gotta let go
(Digo a mim mesma que agora é a hora, preciso esquecer)
But moving on from him is impossible
(Mas me distanciar dele é impossível)
When I still see it all in my head
(Quando ainda vejo tudo em minha cabeça)
In burning red
(Vermelho ardente)
Burning, it was red
(Ardendo, era vermelho)
Oh, losing him was blue, like I'd never known
(Perdê-lo foi azul como eu nunca soube)
Missing him was dark gray, all alone
(Sentir a falta dele foi cinza escuro, totalmente só)
Forgetting him was like trying to know somebody
(Esquecê-lo foi como tentar conhecer alguém)
You never met
(Que você nunca encontrou)
'Cause loving him was red
(Porquê amá-lo era vermelho)
Yeah, yeah red
(Yeah, yeah, vermelho)
Burning red
(Vermelho ardente)
And that's why he's spinning round in my head
(And that's why he's spinning round in my head)
Comes back to me burning red
(Comes back to me burning red)
Yeah, yeah
(Yeah, yeah)
Loving him was like driving a new Maserati down a dead end street
(O amor dele foi como dirigir um Maserati novo por uma rua sem saída)

  E todos aplaudiram minha apresentação, aquela música era nossa, e eu só estava ali cantando porque eu havia o amado, porque um dia nós já havíamos sido vermelho.

Fim!



Comentários da autora


Hey, como vão? Espero que a pessoa que enviou a música goste da SongFic, pois eu realmente me esforcei para fazê-la. E eu confesso que A-DO-RO essa música da Tay! É isso, então, até mais! :)