Up In Flames

Escrito por autumn night | Revisado por Mariana

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(Creem Magazine, 1978)
Renegade, a banda de Heavy Metal de sucesso meteórico, está programada para realizar 04 apresentações especiais no Whiskey A Go Go como aquecimento para a turnê mundial do seu extremamente bem-sucedido terceiro álbum, Up In Flames.

   saiu do palco e caminhou diretamente para o camarim, estava exausto. Suas mãos doíam. Precisava de uma bebida e um cigarro, e talvez uma carreira de pó antes de finalmente encerrar a noite. Ele abriu a porta e adentrou a sala. E, mesmo antes de vê-la, pôde sentir sua presença o observando. Resistiu em olhar para ela, porque era exatamente o que ela queria e, uma coisa que aprendeu desde que ficou famoso, foi esperar que venham até ele. Mas aquela mulher gostava de jogar. causava-lhe sensações estranhas, coisas que nem mesmo o mais poderoso ácido o havia proporcionado e as quais ele tentava ignorar.
  Era a quarta ou quinta vez que ela ia ao camarim da Renegade depois do show desde que a turnê foi anunciada. Ela não perdia nem mesmo os ensaios. é a jornalista de uma famosa revista e a Renegade era a mais nova banda em ascensão trilhando o caminho para o sucesso. Obviamente todos queriam entrevistá-los. Principalmente , que aos 25 anos e com apenas 03 anos de carreira, já era considerado o melhor guitarrista da geração. Uma verdadeira estrela do rock. Ele cresceu órfão em uma cidade pequena, aprendeu a tocar guitarra sozinho e fugiu para Los Angeles aos 15 anos em busca do sonho de se tornar o maior artista vivo. Era a história perfeita que eles não cansam de colocar em letras grandes em todas as suas entrevistas.
   não era a única jornalista a frequentar o camarim da Renegade. conseguia reconhecer mais dois ou três que estavam sempre nos bastidores tentando se enturmar com a banda, usavam as mesmas coisas que eles e no dia seguinte escreviam que Rock era a música do demônio.
  Ele tirou a jaqueta de couro devagar, jogando-a numa cadeira por ali, atravessou o cômodo em direção à mesa do bufê e apanhou uma garrafa d’água. Onde estava toda aquela confiança que ele mostrava no palco? Ele podia sentir o olhar de seguindo cada movimento dele e com isso, começava a ficar nervoso. Havia mais pessoas no camarim, como o manager da banda, roadies, groupies que ele já conhecia, mas a única presença que ele sentia era a de .
  Ele precisava muito de um cigarro.
  A porta se abriu novamente e mais pessoas entraram fazendo barulho. A noite estava só começando. Kit estava entre eles, e, pela demora, já havia usado alguma coisa, ele caminhou até com um sorriso malicioso.
  — Excelente show, nós arrasamos — ele deu um passo à frente se aproximando e baixou o tom da voz — Então, você já a chamou para sair?
  Rapidamente olhou para todos os lados, conferindo se ninguém havia escutado nada. Ele sabia de quem Kit estava falando, o amigo, e baterista da banda, vinha o provocando há semanas, insistindo para que ele se aproximasse de e acabasse com tal agonia.
   era o solteiro oficial da banda. Teddy, o vocalista, era casado desde antes da banda estrear, Elle, a baixista e Kit estavam sempre trocando de parceiros. era o mais novo do quarteto e o único que nunca havia assumido um relacionamento.
  — Cala a boca, Kit. Quem disse que quero sair com ela? — bufou franzindo a testa.
  — Por qual outro motivo você fica tão nervoso todas às vezes que ela vem aqui? Qual é , você nunca teve esse problema antes. As revistas te chamam de o destruidor de corações. Você nunca ficou assim.
  Isso ele não podia negar, virava uma bagunça sempre que aparecia no camarim, seu coração batia desesperado por aquela mulher… o rosto angelical, os lábios carnudos e... por Deus, só de pensar naqueles lábios, ele já ficava excitado. era o pecado em carne e osso. E de pecado entendia.
  Não sabia explicar o que acontecia consigo. Ele já havia transado com muita gente ali mesmo, naquele camarim, e nunca teve problemas em conseguir o que queria, mas o deixava nervoso e ele não entendia o motivo.
  Ele deu um gole na água e respirou fundo, podia vê-la pela sua visão periférica enquanto conversava com outras pessoas. Mesmo que a mulher estivesse do outro lado da sala, ele sentia a sua voz vibrar pelos seus ossos, era uma voz doce e melódica. tinha certeza de que ela poderia seguir a carreira de cantora se quisesse.
  — Você precisa pelo menos aprender a disfarçar melhor, já que não vai ser homem o bastante para...
  — Kit…
  — Ok, ok, eu vou até lá — arregalou os olhos — Relaxa, eu não vou falar de você. Mas já que você não vai fazer nada, eu vou tentar a minha sorte.
  Kit piscou um olho para ele e se afastou. Se descuidou por um segundo e seu olhar cruzou com o de , péssima ideia, ele pensou, pois, agora ela olhava fixamente para ele. desviou o olhar, mas conseguiu escutar uma risadinha e ele ainda podia sentir o olhar alheio perfurando sua pele.
  Ignorou e passou a procurar seu cigarro e isqueiro dentro da sua mochila. Queria ir para o hotel, evitar as perguntas de e a maneira como ela o olhava sempre que estava tentando não gaguejar na frente dela. Seu belo rosto se contorcia como se segurasse uma risada e para piorar a situação, achava fofo. sabia exatamente o efeito que causava no músico.
  Quando achou seu cigarro, tratou de sair depressa dali, olhou na direção dela antes de cruzar a porta e pôde ver Kit jogar todo o seu charme para , que parecia se divertir com a situação. O calor do seu olhar o acompanhou até ele chegar às escadas que levavam a um beco atrás do clube. Antes que pudesse atravessar a porta que dava para a rua, virou-se e fez sinal para o segurança que o seguia para que lhe desse um minuto sozinho.
  Ele acendeu um cigarro e se recostou na parede fria, inspirou fundo e levantou o olhar para o céu procurando a lua. Que ridículo fugir desse jeito! A nicotina teria que acalmar seus nervos. Se não funcionasse, sabia que alguém lá dentro tinha alguma coisa mais forte. Ele ainda não passou pelo pior, a entrevista. tinha certeza de que nem mesmo sedativos cirúrgicos iam ajudá-lo.
  Terminou o cigarro e caminhou de volta para a entrada, mas antes que chegasse à maçaneta a porta se abriu e o motivo de todas aquelas sensações estranhas que o assombravam estava lá, olhando para ele. O jeans escuro modelava seu corpo de uma forma que nunca havia visto em ninguém antes e, de fato, ele acreditava nunca ter visto uma mulher tão bonita. Não, bonita não parecia suficiente, muita gente por aí é bonita. passou pela cama de muitas modelos nos últimos anos. era mais que isso, ela era atraente de um jeito totalmente único.
  — Oi! — Ela o cumprimentou de um jeito inocente como se não tivesse passado os últimos minutos encarando de um jeito obsceno na frente de toda a banda.
  — Oi! … Hum! Eu já estava voltando para responder suas perguntas.
  Ela se aproximou fechando a porta atrás dele e o cheiro da sua colônia fez ficar tenso, era hipnotizante. Não era um perfume adocicado, como o usado pela maioria das mulheres, era uma fragrância fresca e sensual, combinava perfeitamente com ela. enfiou as mãos nos bolsos do jeans, uma brisa leve passou por aquele beco soprando o lenço que ela usava amarrado no cabelo — Posso fazer as perguntas aqui mesmo, não há tanta coisa que eu queria saber, nós já fizemos isso tantas vezes.
  Sim, já tinham feito isso tantas vezes e já havia sentido aquele perfume tantas vezes e, mesmo assim, seu corpo o traia reagindo das maneiras mais estranhas possíveis.
  — Na verdade, eu não vim aqui hoje a trabalho, vim para te ver.
   engoliu seco.
  — Me ver?
   o observou demoradamente, avaliando e olhando o seu corpo de cima a baixo e não fazia nenhuma tentativa de esconder o que estava fazendo. sentia seu corpo cada vez mais quente. Por fim, ela abriu um sorriso totalmente malicioso.
  — Eu continuei vindo e vindo, na esperança de você me chamar para sair.
  Puta merda! não sabia o que dizer. Sua mente estava girando só com a ideia de que estava mesmo interessada nele.
  Quando ele não deu sinais de que pretendia responder, ficou séria.
  — Será que entendi errado? Você não está interessado?
   entrou em pânico imediatamente.
  — Não! Sim! Estou interessado, eu só… Eu só… — respirou fundo tentando se acalmar — Você me pegou de surpresa. Eu não saio com ninguém desde a escola. Não é isso que faço, . Não é isso que as mulheres querem de mim.
   estava envergonhado e excitado pela ideia de sair com . Mas precisava ser honesto, ninguém podia acusá-lo de enganar suas parceiras sexuais. Todas elas sabiam exatamente o que queriam, e o que ele queria.
  Durante muito tempo a rotina de era subir no palco com a Renegade, fazer três horas de show, ir para o camarim, beber e usar drogas, escolher alguma groupie que lhe agradasse, foder ela contra alguma parede, ou no seu quarto de hotel, se ela tivesse sorte, usar mais drogas e dormir por 12 horas seguidas.
  Mas alguma coisa mudou dentro dele recentemente. não era mais o mesmo.
   inclinou-se e se aproximou dele até que ele pôde sentir a respiração da jornalista em seu pescoço.
  — Sabe, no começo era divertido ver você entrar em pânico toda vez que eu estava por perto, você não age assim com as outras.
   estremeceu com a voz no seu ouvido, ele se inclinou para frente, o suficiente para o seu corpo encostar no dela.
  — Você me deixa confuso. O que uma mulher como você quer com um degenerado como eu?
  Estava tonto pelo desejo, queria beijá-la e assim o fez.
  Ele pressionou os seus lábios firmemente nos dela e a sensação que vinha ameaçando o seu corpo durante toda a noite, explodiu em plena potência. Explosão. Calor. Desejo. Porra, os lábios dela eram mais gostosos do que pareciam. perdeu todo o controle. Ele envolveu seus braços em volta da cintura de , seus corpos pressionados firmemente, um contra o outro. Nenhum deles era capaz de se aproximar o suficiente. passou os braços em volta do seu pescoço e o apertou com força. Quando finalmente interromperam o beijo, os dois estavam ofegantes.
   agarrou pelos ombros e o empurrou para trás, até suas costas encostarem na parede gelada de pedra. O beco estava vazio e era iluminado apenas pela luz de um poste ao longe. se recuperou rapidamente da surpresa de ser empurrado e segurou pelos quadris, fazendo-a suspirar baixinho.
  — Era isso que eu queria desde o primeiro dia. Suas mãos me tocando.
     sorriu olhando nos olhos dela.
  — Você é tão bonita… — murmurou, sentindo o rosto de tão próximo ao seu, exalando aquele perfume embriagante.
  E dessa vez, foi quem colou os lábios aos dele.
  Deus, estava no céu. A maciez daqueles lábios era inacreditável. Passou os braços novamente pela cintura dela e sentiu os dedos compridos se enterrarem entre os cabelos da sua nuca. Suspirou quando sentiu novamente a língua macia e quente de lamber seu lábio inferior, fazendo-o entre abrir a boca e sugá-la para dentro, entrelaçando suas línguas em um beijo desesperado.
   soltou um baixo gemido, que deixou maluco, ele queria arrancar mais daqueles sons dela. Deslizou sua mão esquerda, suavemente, rumo aos quadris de , apertando sua bunda firme e deliciosa. Era tudo que ele imaginava nos seus sonhos nas raras vezes em que dormia sóbrio. era perfeita, se encaixava perfeitamente nos seus braços.
  Os lábios dele se desgrudaram ofegantes dos dela, descendo pela mandíbula e o pescoço, com beijos molhados e pequenas sucções que fizeram puxar os cabelos dele com mais força, arranhando a pele da sua nuca. mordiscou sua jugular quando ela o puxou de volta, juntando suas bocas novamente.
  Trocando de posição, ele a prendeu na parede, alinhou os quadris ao dela e pressionou sua ereção contra ela. Os dois gemeram com a sensação, ele sentiu o corpo de tremer, enquanto afastava os joelhos dela, para deixar que se aproximasse um pouco mais.
   foi rápida e começou a mover o quadril, esfregando-se novamente na ereção, soltou um gemido alto interrompendo o beijo.
  — … — disse enquanto beijava a mandíbula do músico.
  — Sim?
  — Quer me levar para casa?
  — O quê? — arregalou os olhos.
  — Não é o que você está pensando, já passa das 4 da manhã e eu preciso trabalhar às oito, então… — Ela beijou de leve os lábios dele. — Vamos ter que terminar isso outro dia. Me desculpe por isso.
  — Não, tudo bem — Ele subiu umas das suas mãos pelas costas de fazendo carinho.
  — Acho que isso já foi bastante por um dia, eu ainda tô meio tonto com tudo isso, podemos ir devagar, eu não quero apressar nada.
   riu.
  — Quero isso desde a primeira vez que te ouvi tocar naquele palco. Fiquei curiosa para saber o que mais essas mãos podem fazer. Você vai escapar hoje, mas da próxima, você é meu.
   engoliu seco, sentindo sua ereção ainda bem viva no seu jeans. Ele beijou mais uma vez nos lábios.
  — Ok, eu levo você.
    Quando finalmente levou para casa, o dia já estava amanhecendo. Ele estacionou o carro na frente do prédio e correu para abrir a porta para ela, foi mais rápida, mas fez questão de ajudá-la a descer e sem soltar a sua mão, a acompanhou até a entrada do prédio.
  — Quer sair com uma estrela do rock, ?
  — Sim.
  Ela sorriu e seus olhos brilharam na luz do sol que já nascia. Deus, estava ferrado.
  E ele então a beijou novamente, sem pressa dessa vez, sem desespero. Apenas sentindo a textura tão suave e pura.
   estava confuso e excitado, totalmente embriagado pelo cheiro e o sorriso daquela mulher que o virava de ponta a cabeça. Ele observou entrar no prédio e ficou ali por alguns minutos. Era como se até hoje ele só tivesse beijado e tocado as pessoas erradas, ele mal podia esperar para ter novamente nos seus braços.
  Mas por hoje foi o suficiente. Eles teriam tempo para isso, para muito mais que isso.

FIM



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