Unfaithful
Escrito por Miu! | Revisada por Any
01. Hurricane
Empire State Building, Manhattan, New York - 9:30 AM
O homem andava a passos determinados por entre as pessoas que pareciam correr por ali. O dia havia acabado de começar e todos já pareciam estar lutando pela vida e pela morte o mais rápido que podiam, caracteristica única de Nova Iorque.
Seus cabelos estavam perfeitamente penteados para o lado direito, seu terno de tom grafite estava em uma linda sintonia com a camisa social branca e a gravata azul marinho, seus sapatos envernizados italianos tinham um brilho íncrivel e fechavam com chave de ouro o look de .
O sorriso que estampava-lhe o rosto deixava clara sua felicidade para todos, por mais que estivesse em meio ao ritmo frenético do Hall de entrada do Empire State ele parecia calmo e extremamente feliz. Era uma coisa incomum de se ver alí, onde vários empresários como ele passavam com a cara fechada e raiva nos olhos.
Mas os olhos de exibiam um brilho explêndidamente feliz. O rapaz acabara de receber a noticia de que conseguira fechar um acordo bilionário com um dos maiores empresários do mundo. Isso o colocava na mesma lista que ele, a diferença é que ele sequer havia completado os 30 anos de idade.
Entrou em um dos elevadores e foi até o 35º andar, saindo do elevador e entrando em outro, indo para o 87º andar dessa vez.Assim que saiu do cúbiculo ele foi para a porta de seu escritório, sendo recebido por um Josh, seu amigo de infância e sócio, animado.
- Hey ! - Ele disse dando um "meio abraço meio aperto de mão" no amigo. - Por que ta tão feliz ?
- Eu fechei o negócio com o Thompsom. - disse feliz, fazendo Josh arregalar os olhos e quase pular nas costas do amigo.
- Cara, não acredito nisso! Você é incrivel ! Esse acordo vai nos levar ao topo, vamos ficar entre as maiores e melhores empresas do ramo imobiliário do mundo. Eu já te disse que você é o melhor? - Josh - um asiático, de baixa estatura e que tinha os cabelos curtos - disse divertido enquanto passavam entre as mesas brancas dos seus funcionários.
- Já, mas pode continuar falando. Eu realmente não me importo. - O rapaz disse sorrindo.
Eles entraram na sala de , o lugar fora decorado de forma que remetesse aos antigos escritórios dos anos 30. No teto havia um enorme lustre de cristal que ficava pendurado a uma altura de pouco mais de 3 metros. A parede atrás da enorme mesa de pindirriga era ocupada por uma enorme janela, abaixo dela havia um rack onde colocava fotografias e estátuas. A parede a esquerda era ocupada por uma enorme estante cheia de livros, e a direita havia outra estante só que de aparelhos eletrônicos. Dos dois lados da porta haviam quadros. A poltrona da mesa era de couro em um tom amadeirado, e a frente da mesa haviam outras duas poltronas menores e no mesmo tom.
sentou-se em sua poltrona enquanto Josh se jogava em uma das poltronas a frente da mesa, os dois riam e pareciam felizes com a novidade.
- Nem acredito nisso . Sério, é incrivel. - Josh disse olhando para baixo.
- Eu também não. É inacreditável. - disse mexendo em alguns papéis.
- Cara, para de trabalhar. Pelo menos por enquanto. Vamos beber alguma coisa. - Josh disse levantando-se e indo até o rack atrás da mesa. Ele pegou dois copos e uma garrafa de whisky.
- Tá bom. Mas tem certeza que quer beber whisky de manhã? - disse indo em direção ao aparelho de som.
- Absoluta. - Josh respondeu preenchendo os copos com a bebida.
voltou para a mesa e sentou-se nela, ao lado de Josh. Eles brindaram silenciosamente, e logo a introdução de 'Sweet Child O'Mine' do Guns N' Roses invadiu o local. Os dois cantavam a música e riam das tentativas frustradas de imitar a voz de Axl e Josh os movimentos de Slash com a guitarra.
- Cara, falando em criança e coisas românticas. - Josh começou a dizer. - Como andam as coisas com a ?
- Na mesma de sempre. Ela se mantém distante, eu trabalho demais. Nada diferente. - disse com indiferença.
- Por que vocês ainda estão casados ein? Vocês não se amam mais, isso não faz sentido. - Josh disse bebendo seu whisky.
- Se nós nos separármos agora será um escândalo, eu não quero nenhuma polêmica agora. - Respondeu sem dar muita importância para o casamento dele.
- E ela, o que pensa disso? - Josh perguntou mais uma vez, sempre fora sua amiga e ele se preocupava com ela.
- Ela marcou um jantar pra essa noite lá em casa. Só nós dois, tentativa de reconciliação. - disse soltando uma risada debochada em seguida.
- Tenta melhorar a situação com ela oras. É melhor do que ficar desse jeito. - Josh disse já ficando com raiva do jeito do amigo tratar .
- Vou ver o que faço. - Michel falou tentando evitar uma briga com o amigo.
Whitty Lane, Brooklyn, New York - 9:30 PM
usava um vestido de algodão azul escuro, um discreto cinto fino em tom dourado marcava sua cintura, e nos pés vinham os Scarpins vermelho verniz. Seus lábios estavam extremamente sedutores em um tom vermelho sangue e seus cabelos estavam perfeitamente penteados e jogados sobre seu ombro direito. Ela estava sentada no sofá de couro preto ao lado de .
estava com os cabelos bagunçados, seus musculos estavam perfeita e dolorosamente cobertos por uma camisa de malha branca, a calça Jean Levi's surrada e o tênis Converse All Star preto lhe davam um ar mais jovem e largado. Seus olhos extremamente tinham um brilho animado e perverso ao mesmo tempo enquanto falava de seus planos com o homem.
- Olha, a vai mandar a empregada ir embora as 6:00 PM, com a desculpa de que ela quer ficar sozinha com o marido e que ela mesma fará o jantar. Exatamente 7:00 PM o vai estar chegando em casa, depois que o carro dele entrar completamente demora uns 30 segundos para o portão fechar, é nesse tempo que nós vamos entrar. Os seguranças estarão distraidos demais com umas amiguinhas minhas. Ele vai chegar em casa e a irá mandá-lo ir tomar banho antes de comerem. E é nesse tempo que ela irá abrir as portas dos fundos para nós, que vamos ficar escondidos na biblioteca que há do lado da sala de jantar. Depois que o descer se sentará na cabeceira esquerda da mesa, onde sempre se senta, eles irão jantar e após isso vai mandar ele ficar lá enquanto ela vai buscar a sobremesa. E é ai que nós entramos.
O sorriso no rosto de enquanto contava a Marshall os planos que ele e haviam traçado há alguns meses era perversamente sádico. Marshall era um assassino que havia fugido da prisão há alguns anos. Seu rosto e corpo eram cheios de cicatrizes, algumas ficavam escondidas pelas inúmeras tatuagens. Seu corpo era musculoso e ele era careca. Um tipo assassino do Brooklyn.
- Eu vou enforcá-lo com um fio de arame, e depois você vai dar algumas facadas nele. Nós iremos sair correndo e vamos pular o portão, já que os seguranças estarão ocupados. E depois disso é com a . - finalizou.
- Ok, e o pagamento? - Marshall perguntou e a resposta veio de .
- US$10.000,00 agora e o mesmo valor depois do serviço feito. - Ela disse mostrando uma mala preta cheia de dinheiro.
A sala não tinha pintura alguma, tanto as paredes quanto o chão eram apenas concreto (já que o local onde morava era uma contrução relativamente antiga).A sala só parecia uma sala por causa dos dois sofás de couro preto, o resto era tomado por quadros pintados por . A maioria tinha o rosto ou o corpo de .
- Posso fazer uma pergunta? - O rapaz indagou.
- Manda. - respondeu.
- Por que vocês querem fazer isso? - O rapaz perguntou com os braços apoiados no joelhos.
- Além do fato de nós podermos ficar livres, a conta bancária dele é algo incrivel. - respondeu.
- É , você é ambicioso, a mulher do cara é mais sua que dele e você ainda quer a conta bancária. - O rapaz disse rindo.
- Sou eu quem quer. - disse atraindo a atenção do rapaz. - Eu cansei de ser ignorada, de ter que pedir tudo pra ele. Ninguém sabe o quão avarento ele é. Ele ganancioso demais, sistemático demais. As pessoas não sabem metade do que eu vivo. Boa parte de todo o dinheiro que ele tem é meu, que eu herdei quando meu pai morreu. Eu quero o que é meu por direito. - A mulher disse com raiva na voz.
- Então o "Casalsinho New York" não era tão feliz quanto parecia? - Marshall disse soltando uma risada nasalada.
- Nada é o que parece, nunca. disse levantando-se e indo para a parte de trás da sala.
- Então, tá certo. As 5:00 PM você vem pra cá, Marshall. - disse pegando a mala e entregando ao rapaz.
- Ta bom.Desculpa qualquer coisa. - O rapaz disse antes de ir embora.
fechou a porta e foi em direção a . Ele a abraçou pelas costas e depositou um beijo em seu pescoço. Ela virou na direção dele, que segurou-a a seu corpo pela cintura. Ela sorriu para ele e o beiou.
Havia amor e cumplicidade naquele beijo, uma dança de sentimentos sem fim e sem tamanho.As mãos dela bagunçavam os cabelos da nuca dele, enquanto ele acariciava a lateral de seu rosto com o polegar. O ritmo era calmo e foi ficando mais lento, até virarem selinhos e depois puxar o labio inferior dela entre seus dentes.
- Vai dar tudo certo, meu amor. Eu tenho certeza, nós vamos conseguir. - Ele disse puxando-a para seu abraço.
- Eu sei que vai. Eu sei. - disse segurando suas lágrimas.
- Eu te amo, mais do que já amei qualquer outra mulher. Você sabe não sabe? - perguntou segurando o rosto dela entre suas mãos, ele olhava dentro dos olhos dela.
- Eu sei, eu também te amo. Te amo muito. - Ela disse beinjando-o.
- Você sabe que isso é necessário não sabe? Ele nunca iria aceitar um divórcio, e se descobrir que você já o traiu ele te mata. - Ele disse quase chorando.
- Eu entendo, . Eu não to triste. Eu te quero, eu quero poder ficar com você. - Ela disse beinjando-o outra vez e sorrindo.
'Do you really want me dead?
Or alive to torture for my sins?
Do you really want me dead?
Or alive to live a lie?
02. The Kill
Upper East Side, Manhattan, New York - 7:00 PM
O rapaz acabava de chegar em casa quando sentiu o cheiro de peru assado. Se queria uma reconciliação começou da melhor maneira, fazendo o prato preferido do homem e só ela sabia fazê-lo da maneira que ele gostava.
dirigiu-se a cozinha, onde encontrou em um vestido azul florido que ia até o meio de suas coxas e tinha alguns babados do quadril para baixo, seu cabelo estava preso em um coque mal feito e nos pés um Oxford nude.
estava terminando de colocar a calda de laranja em cima do peru quando chegou atrás de si e a abraçou, o que não era comum. Ele depositou alguns beijos em seu pescoço e apoiou o quixo no ombro dela. respirou fundo para manter a calma e revirou os olhos discretamente.
- Parece estar ótimo. - O rapaz disse referindo-se ao peru. - Aliás, ninguém faz esse prato mehor que você.
- Obrigada. - Ela disse virando-se de frente pro rapaz e encostando-se na mesa.- Resolvi fazer seu prato preferido, melhor recomeçármos com o pé direito não é mesmo?
- Sim. Eu sei que eu tenho errado muito, mas você tem que admmitir que tem estado muito distante. - O rapaz disse acariciando o rosto delicado da mulher.
- Darling, you say you wanted more. So, what are you waiting for? I'm not running from you. - Ela disse olhando para seus pés entrelaçados.
- Eu vou tentar mudar, eu prometo. Só me dê uma chance. - Ele disse quase como uma súplica.
- Eu tenho certeza disso. Vai dar tudo certo. - A mulher sorriu e foi em direção a geladeira.
colocou as mãos nos bolsos das calças e olhou para os próprios pés, não entendia , ela queria uma reconciliação, mas parecia se sentir mal perto dele. Era complicado demais.
- , você não acha melhor tomar banho antes de comermos? - sugeriu ainda mexendo em algo na geladeira.
- To indo la. - Ele disse pegando a pasta da cadeira e indo em direção ao Hall onde ficavam as escadas.
respirou fundo e fechou a geladeira. Foi até a escada, quando ouviu o barulho da agua sendo ligada foi correndo até os fundos do enorme apartamento. Quando abriu a porta viu os dois homens de preto. arrancou o capús e puxou-a para si, beijando-a em seguida.
- , não faz isso! Eles podem encontrar suas digitais em mim. - o repreendeu.
- Cara, eles não vão fazer perícia em você. - disse como se fosse óbvio, e era.
- Mas eles podem resolver fazer exame de corpo de delito ou algo assim. - Ela disse.
- Eles, com certeza, vão se preocupar com isso quando foi brutalmente assassinado em sua própria casa. - disse ironicamente.
- E sua esposa, , o encontrou enforcado e esfaqueado brutalmente na sala de jantar quando tentava resolver uma crise passageira que todos os casais tem. - disse com um enorme sorriso no rosto.
- Eu tenho medo de você. - disse fingindo pavor dela e logo em seguida riram.
- Vai lá. Você sabe onde fica a biblioteca não sabe? - disse o abraçando.
- Sei sim. - Ele respondeu depositando um beijo em sua testa.
- Boa sorte. Eu te amo. - disse tentando encorajá-lo.
- Eu também te amo, meu amor. Vai dar tudo certo. - disse e em seguida ele e Marshall sumiram em um dos vários corredores da casa.
respirou fundo e voltou para cozinha. Pegou toda a louça de cristal na mesa junto com a comida. Com certa dificuldade levou tudo para a sala de jantar. Primeiro os pratos, copos e talheres e depois as comidas. Ela arrumou a mesa e acendeu algumas velas.
Assim como o resto da casa a sala foi decorada ao estilo dos anos 30. Um enorme lustre de cristal pendia no teto acima da mesa de madeira pindirriga. As paredes eram dividas, a metade de baixo era de madeira e a parte de cima tinha um papel de parede em tom creme. A mesa ficava entre duas enormes portas, uma dava para a cozinha e a outra para a biblioteca. Na parede do lado direito havia uma especie de bancada que servia para quando faziam jantares ou almoços a americana. A outra parede era de vidro, com uma vista para toda a Manhattan, mas esta passava a maior parte do tempo coberta por uma cortina de veludo vermelha, como estava no momento.
terminava de por a mesa quando chegou e sentou-se em seu costumeiro lugar.Após serví-lo respirou fundo e foi para o outro lado da enorme mesa de 10 lugares. Um silêncio funebre tomou conta do lugar, o único som que poderia ser ouvido era o de seus talheres batendo nos pratos.
vestia um suéter azul por cima de uma camisa social azul clara, a calça jeans tinha uma lavagem clara que contrastava com a de seu sapato envernizado preto. Seus cabelos estavam, como sempre, penteados para o lado. Formal demais, chato demais pensava .
- Posso fazer uma pergunta? - resolvera quebrar o silêncio.
- Faça. - respondeu sem sequer a olhar.Aquilo deixou tão nervosa que ela desistiu de perguntar o que ele poderia querer antes de morrer.
Ele não merece o chão que pisa. Não precisa do direito de ter um último pedido. pensava.
- Como foi o trabalho hoje? - Ela disse utilizando sua experiência como atriz da Broadway.
- Relativamente normal. - Ele disse simplesmente.
- Relativamente por quê? - perguntou mais uma vez.
- Nós assinamos um acordo com a Thompsom's, Josh e eu bebemos um drink antes do trabalho. Só isso de diferente. - Ele disse com indiferença.
- O acordo com a Thompsom's é incrivel! - Ela disse sorrindo.
- Sim, é um acordo bilionário. - Ele disse tentando cortar o assunto e conseguindo.
Mais uma vez o silêncio tomou conta do ambiente. A mente de vagava para o bilhões que agora residiam na conta bancária de e que futuramente iriam para a sua. Uma felicidade a atingiu e ela não soube se devia sentir medo de si mesma ou vergonha pela sua ganância.
Os dois terminaram de jantar em silêncio, levantou-se e pegou os pratos. Ela pediu a que a esperasse pois ela tinha feito Torta de Maça, sua preferida.
Quando chegou a cozinha pegou a torta de maça e colocou-a na mesa. Sentou-se na cadeira e sorriu enquanto pegava com a ponta dos dedos o chantily das laterais. Assim como seu sorriso o olhar também era sádico, esperava ansiosa pelo momento de entrar naquela sala e poder gritar como nunca antes o fez, afinal seu marido havia sido assassinado.
O loiro esperava impacientemente que a mulher viesse com a sobremesa para que pudessem comer e irem para o quarto, afinal de contas ela queria uma reconciliação certo? Certo, e ele conhecia ótimas maneiras de conseguir aquilo. Um sorriso pervertido formou-se em seu rosto ao pensar na noite que poderia ter junto com ela.
Estava distraido quando sentiu algo puxar-lhe pelo pescoço, começando logo a lhe sufocar. Havia um homem alto, completamente vestido de preto a sua frente. era Marshall. riu e olhou para Marshall, que entendeu o sinal. Ele deu dois passos nadireção de e logo cravou a faca em seu peito. tentou gritar, mas foi impedido por um aperto ainda mais forte em seu pescoço.
Ele debatia-se e tentava gritar, mas não conseguia. Uma dor sem tamanho apoderava-se de seu peito e o homem a sua frente continuava a atacar-lhe. Em poucos minutos sentiu o sangue saindo por sua boca e suas forças sairem de si. Estava morto.
e sairam correndo pela casa, indo em direção aos fundo como fora planejado. levantou-se e foi para a sala de jantar com a torta na mão. Ao chegar no local não conseguiu não sorrir, mas logo lembrou-se do que uma boa mulher faria.
Ela deixou a torta cair no chão e gritou. Gritou como nunca o havia feito antes. Ela fingia gritar por tristeza pela morte do marido, mas tudo o que sentia era um alívio por saber que na mão daquele homem ela não iria mais sofrer.
Look in my eyes, you killing me.