Um Pequeno Recomeço

Escrito por Isabelle Castro | Revisado por Isabelle Castro

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  - Eaí, tá pronta? - Ele pergunta entrando no quarto.
  - Huhum, deixa só eu colocar meus saltos e...
  - Não, não. Que salto é o caralho, bota um tênis ou sapatilha, qualquer coisa menos esses trecos aê! - Ele me interrompe quando eu ia pegar o salto alto e sinto uma raiva imensa quando ele diz. Não podia usar aquilo, vestir isso. Eu já não suportava mais conviver daquele jeito com ele.
  Mudei meu percurso para as minhas sapatilhas cotidianas e as calço.
  - Satisfeito? - Olho para ele mostrando minha decepção pela escolha.
  - Vem logo.
  Sigo-o até o carro e como o cavaleiro que era nem abriu a porta para mim Sento no banco do carona e enquanto ele se ajeita para ligar o carro, ligo o rádio. Uma de minhas músicas preferidas estava tocando.
  - Tem como mudar de rádio, não quero ficar escutando essas músicas sem sentido que você curte.
  Sem eu falar nada, ele logo muda de estação.

  Demoramos um pouco para chegar até o restaurante onde íamos jantar para celebrarmos nosso 1° ano de namoro.
  Ele logo vai à frente e se senta em uma cadeira. Fico decepcionada pela falta de romantismo da parte dele. O garçom chega e fazemos nossos pedidos.
  - Você ta com molho no queixo. - Ele fala enquanto comíamos.
  - Sério? - Dou risada, e ao invés de limpar com um guardanapo como uma pessoa normal faria, tento alcançar o molho com a língua, assim, fazendo careta e sendo o mais desengonçada para tentar chamar a atenção do homem em minha frente.
  - Garota estúpida.
  A tristeza me contamina e acabo falando:
  - Chega. Já chega! Porque você continua comigo? Aliás, porque EU continuo com você? Você ao menos gosta de verdade de mim, aliás? Se não, porque não terminou comigo antes? Era pra ter só alguém pra tu transar? Pois eu sei que você sai com umas putas por aí achando que eu não sei. Poderia ter economizado o meu tempo e ter terminado comigo a muito tempo atrás, pois eu não aguento mais ficar te aturando e tu ficar ditando regras sobre o que eu posso ou não posso fazer. Acabou! Eu não aguento mais ficar perto de você e hoje já esgotou a minha paciência sobre você. Até pensei que hoje seria diferente, mas pelo o que escutei, é só mais um diazinho medíocre ao meu lado por você, né? Acabou a coisa que existia entre nós, se é que existia um eu e você em todo este tempo.

  Digo nem metade do que queria e saio do restaurante em que estava o mais depressa possível.
  Então todo este tempo nem foi amor, aliás. Então eu nem sabia o que era amor. Ele só quebrava, queimava e assim, acabava.
  Sento em um banco que havia próximo de onde havia parado. Choro por todo o tempo que havia o segurado, quase um ano de decepção. Nem sabia o porquê de ter acreditado ou ter continuado com esta relação. Foi tudo uma decepção que eu pensava que podia ter um tipo de solução. Percebo após um ano que éramos água e óleo, não éramos compatíveis e sim, muito diferentes um do outro.
  Agora não sabia no que acreditar, se antes foi o que eu pensava que era amor que me guiava, agora, eu já estava mais que perdida.

***

  8 meses depois

  Após aquele dia, tudo havia mudado. Sem seres para me impedir do que fazer, eu virei a minha verdadeira eu. Oito meses haviam se passado e aqui estava eu, de frente ao espelho em meu quarto. Respiro fundo e me olho. Mudada estava. Eu me sentia feliz. Sentia-me feliz pelo o que estava indo fazer. A indecisão do que vestir me contaminava que já havia experimentado um monte de roupas, mas no final trajava um vestido branco soltinho e um salto alto bege. Com os acessórios que usava, me sentia livre, leve e solta, e muito feliz. Saio do quarto após os últimos retoques e vou em direção à saída. Tranco a porta, coloco meus fones de ouvido e vou em direção ao café ouvindo a música da minha vida enquanto dirigia.

***

  Entro no café aonde tínhamos marcado de nos encontrar pensando que ele estivesse atrasado, mas quando levantei minha cabeça para dar uma olhada no local, lá estava ele. Estava olhando para mim e quando percebe que eu o olhava, abriu um sorriso e logo se levantou e acenou. Vou em sua direção com o coração batendo muito rápido. Nos comprimentamos e ele puxa a cadeira para eu sentar, sendo o mais gentil possível e eu amei isto, já que era uma coisa que aquele nunca tinha feito.

  Conversávamos sobre assuntos diversos, onde a conversa fluia sem nunca ficar silenciosa. Ele me lembrava uma criancinha quando ria, jogando a cabeça para trás, rindo de algo que eu nem sequer havia pensado. Como ele poderia me achar engraçada, sendo que aquele nunca havia achado?
  - Espera, o que você disse? - Ele havia parado de comer para me perguntar com os olhos arregalados.
  - Que tenho todos os CD's do James Taylor?
  - Não acredito! Você é única, Lea! Sério! Nunca conheci ninguém que tivesse TODOS os CD's dele. Nem eu tenho todos, mas você sim. Você é uma mulher incrivelmente maravilhosa.
  Apenas rio, corando, fazendo com que a timidez tome conta de mim.
  Ele conta um pouco da vida dele, eu conto um pouco da minha com ele fazendo comentários do quanto eu era maravilhosa pelas coisas que já havia experimentado e vivido. Tímida eu fico. Como aquele homem apareceu em minha vida? Como ele poderia ser tão maravilhoso daquele jeito? Como eu havia me apaixonado por ele?

***

  Após termos enrolado bastante no café, após milhares de muffins e croissants, saímos e ele me acompanha até meu carro no outro lado do quarteirão.
  - Então... Você já teve alguma decepção amorosa? - Ele pergunta.
  E é neste momento que eu me lembro daquele. E é neste momento que eu vejo que não quero que o tempo volte. É neste momento que quero que o tempo congele e permaneça nesta agradável companhia.
  - Já, mas faz muito tempo que nem me lembro direito o que houve.
  - Hm... O que você vai fazer no Natal já que está quase chegando?
  - Não sei... Geralmente viajo até minha cidade natal para passar o dia com minha família, mas este ano eu não sei. Por quê?
  - Você aguentaria ficar uma noite inteira assistindo filmes natalinos? Gostaria que você viesse passar o dia comigo, que tal?
  Paramos de andar para eu poder raciocinar um pouco o pedido. Havíamos nos conhecido uns dias atrás, no mesmo café em que estávamos um tempo atrás, eu tendo meu tempo de lazer desenhando um pouco e ele acompanhado de seus amigos. Era nosso primeiro encontro oficial e neste mesmo ele já me convidava para passar o Natal com ele. Quero muito. O que havia no passado, a decepção que eu havia passado, finalmente passou.
  - Sim, claro! Eu adoraria.
  O amor pode nos quebrar, nos queimar e literalmente nos acabar fisicamente e mentalmente, mas em uma quarta-feira, em um café, eu o vi recomeçar.

FIM



Comentários da autora

  Hey! Mais uma shortfic que escrevi. Esta foi um pouco mais curta do que eu queria, mas foi porque estou em um processo meio difícil de criação. Depois de muitas ideias e músicas, esta saiu inspirada na letra da música Begin Again da Taylor Swift. A proposta para esta shortfic foi de um projeto que criei com as autoras das histórias que beto para um "Amigo Secreto" e a autora que tirei foi a linda da Halls! Eu espero que você goste da short que saiu meio rapidinha e sem muito conteúdo, sendo que eu gosto de um 'enrolation'.
  Um beijão tanto para a Halls, tanto para você leitora que achou esta short no meio do site!
  Agradeço de montão por ter lido tudo até aqui!