Um Amor Que Não Morreu

Escrito por Asioleh | Revisado por Natashia Kitamura

Tamanho da fonte: |


Parte do Projeto Songfics - 17ª Temporada // Música: Lendas e mistérios, por Fred e Gustavo

  Tudo era mais difícil naquela época. Amar, especificamente. Fazer as vontades da corte e da população nobre do ano de 1680 não era tarefa fácil. Tornava-se ainda mais dificultosa quando uma bela menina da nobreza resolve apaixonar-se por um simples ferreiro. Um simples garoto sem posses, sem dinheiro e sem titulo algum. Apenas um garoto que era perdidamente apaixonado por aquela menina.

  Diz a lenda que muitos e muitos anos atrás
  Um casal que se amava contra a vontade dos pais
  Se encontravam escondidos na escuridão
  Eram guiados pela força da sua paixão
  Era o amor vencendo o medo,
  Eles guardavam o segredo a sete chaves em seu coração

  Ela já tinha provas suficientes que ele não estaria gostando dela apenas por mero interesse em suas posses e títulos. Além de tudo, ela era uma princesa. Há alguns anos ela iria governar tudo que está em sua volta.
  Eles eram jovens. Ela tinha dezessete anos. Ele, dezoito. Para uma menina dessa idade e da nobreza, já tinha muitas tarefas a cumprir. Suas fugidas constantes no final da tarde ou no começo da manhã para encontrá-lo, foram cessadas. Seus deveres tinham que vir em primeiro lugar, e o único momento que restavam juntos eram no meio da noite, quando todos estavam dormindo.

  Deus ouvindo as preces daquele jovem casal
  Resolveu, lá do céu, lhe mandar o mais lindo sinal
  E nesse instante uma luz iluminou o céu
  E ele prometeu olhando em seus olhos de mel
  O mundo inteiro vai saber que foi o nosso amor que fez nascer
  A lua cheia no céu

  Mesmo com as inúmeras dificuldades, nunca desistiriam. Eles se amavam loucamente e insanamente, e não imaginavam suas vidas separadas. Não queriam considerar a possibilidade que teria que se casar com outro algum dia. Infelizmente, foi isso que aconteceu. Na última noite dos dois amantes juntos, deitados numa pequena cama aos fundos de uma pequena e simples casa, que a bela menina deu a notícia para o seu amado.
  - Nós não podemos mais ficar juntos, . – A menina falou de repente, acolhida nos braços do rapaz.
  - Como assim, ? – olhou para a moça com uma expressão confusa no rosto. – Não vai me dizer que não me ama mais porque senã... – Interrompeu-o.
  - Não é nada disso. – inclinou-se no braço para olhar . – Eu vou me casar.
  - O quê? – O rapaz levantou-se rapidamente e sentou-se na cama. – Como assim, ? Quando? – olhando para a expressão da garota, ele não precisaria saber muito. Eles sabiam que esse dia iria chegar, e que não demoraria muito tempo. era perfeitamente linda e simpática, com uma família da realeza e importante. Que chances ele teria? Se pedisse ao rei para casar-se com sua querida filha, seria condenado à forca.
  - Eu não tenho escolha, você sabe disso. Não é da minha vontade. – Assim que proferiu essas palavras, uma lágrima escorreu seu rosto.
  Ele sabia que isso aconteceria de um jeito ou de outro. Ele não poderia impedir, isso era fato. Ele resolveu aceitar o destino da amada, pois sabia que não poderia fazer nada a respeito disso.
  - Quando? – Perguntou depois de longos e silenciosos minutos.
  - Daqui uma semana. – Respondeu com a voz carregada pelo choro.
  O rapaz apenas abraçou-a. Sentir o seu amor chorando e com tanta tristeza no coração, era o fim para ele. Sentia o seu mundo indo mais longe conforme o tempo. Sentia-se impotente por não poder fazer nada.

  Pra iluminar quem quiser amar
  Uma vez por mês a lua cheia vai brilhar
  Lendas e mistérios de um amor eterno
  Que nem mesmo o tempo foi capaz de apagar

  [...]

  Chegara o dia do tão esperado casamento. ainda não conhecera seu noivo, mas já o odiava pelo simples fato de ter que tornar sua mulher. Tentou argumentar com o seu pai inúmeras vezes para não casar-se, mas todas as tentativas eram falhas. No momento, estava em seu quarto com sua mãe, sua irmã, , e algumas criadas.
  - Você está deslumbrante, minha filha! – Mãe de , Rainha Elizabeth, falou.
  - Obrigada, mamãe. – respondeu-a sem entusiasmo algum. – Pode me deixar sozinha com ? Preciso conversar com ela. – Olhou também para as criadas e a moça que arrumava seu vestido. – A sós.
  - Tudo bem querida. Terás 20 minutos. Depois desse tempo mandarei alguém chamá-la, pois não poderá se atrasar. – Elizabeth olhou para a filha e saiu do quarto. apenas bufou e virou-se para a irmã.
  - Tem algo errado, .
  - O que houve, ? – A irmã logo perguntou, pois vira a cara assustada e espantada de .
  - Acho que estou grávida – A menina disparou em falar. – Estou enjoada e vomitando. Minha regra está atrasada há um mês. Tenho desejos de comidas não tão comuns assim. – olhou para a irmã, apreensiva. – Não poderás contar a ninguém, senão meu pai caçará até no inferno.
  - Você sabe que pode contar comigo pra tudo – lhe deu um sorrido acolhedor e abraçou a irmã. – Boa sorte. Estarei sempre ao seu lado, custe o que custar.
  Alguns minutos depois, uma criada veio chamar . Estava na hora.

  [...]

   estava ao lado de seu marido na festa de casamento. Ele não era uma pessoa ruim, como achava. Tinha quatro anos a mais que a garota, era alto e com cabelos castanhos que iam até os ombros. Olhos verdes e um com um físico um tanto atlético. Era lindo. Apenas a beleza despertou interesse em , pois seu coração vagava para longe, pensando onde o amor estaria.

  Foi assim que aconteceu
  Um amor que não morreu

  Ele não apareceu no dia do casamento. Nem ao menos procurou a amada alguns dias antes de seu casamento. Simplesmente partiu. As últimas notícias que a princesa tinha do rapaz era que ele tinha deixado a cidade. Tinha ido procurar algum cargo como guerreiro ou arqueiro, não sabia ao certo. Apenas sabia que essas posições especiais conseguiam-se com muita dedicação e esforço, algo que admirava em seu amor.
  Ficara extremamente triste em saber que partira sem dar a mínima satisfação para a moça, para onde iria, o que faria de sua vida. Ele simplesmente optou pelo jeito mais fácil: fugir de seus problemas. Repentinamente passou uma onda de raiva pela princesa, por conta de tal pensamento. Não conseguia imaginar o porquê de ter feito o que fez. Logo esse sentimento passou, pois o amor que ela sentia pelo rapaz supria toda a sua raiva pelo amado.
  - Parece-me meio distante, . – Jon, seu recente marido, perguntou delicadamente à moça.
  - Só estou pensando um pouco, majestade. – olhou para o verde dos olhos do rapaz.
  - Não precisa me chamar assim, querida – O rapaz deu um sorriso de lado. – Você agora é minha esposa, me chame apenas de Jon.
  - Certo, Jon. – sorriu para o rapaz.

  [...]

   tinha sorte pelo marido que seu pai escolhera. Tinha passado três meses desde seu casamento, e percebera que Jon era um amor de pessoa. Respeitava-a e não era um marido nada autoritário. Ela não era nem um pouco apaixonada por ele. Nem ele por ela, pois já tinha percebido. Pegava o marido distante, aparentando pensar em alguém, mas nunca perguntava. Lançava às vezes um olhar diferente para sua irmã, , mas achava que era apenas coisa de sua cabeça, que estava vendo coisas.
  Estava no jardim de sua casa, sentada em um dos bancos. Ela achava que já estava com mais ou menos quatro meses de gravidez. Como era bem magra, sua barriga era imperceptível aos olhos dos outros. Estava distraída quando ouviu a voz de uma das suas criadas, que tinha a mesma idade dela e que era sua amiga de confiança, igual .
  - Senhorita, precisa de algo? – A menina de cabelos loiros perguntou.
  - Não preciso de nada, querida. – falou para a menina. – Sente aqui, me conte as fofocas do dia.
  - Apenas sei que hoje apareceu um nobre arqueiro pela vila. – A menina começou a contar. – Sabe que arqueiros tem uma posição muito boa e bem respeitada pela população – assentiu para que a criada continuasse. – Ele está causando maior alvoroço pela cidade. Não param de falar sobre o tal moço misterioso.
  - Nossa. – falou surpreendida. Era difícil aparecer alguém desse porte assim pela cidade. Arqueiros eram realmente muito misteriosos. Todos achavam que eles mexiam com magia negra ou algo do tipo, pois quando você olhava para eles, estavam lá. Desviavam o olhar por um segundo, e desapareciam. não acreditava em nada disso, pra ela, passava-se apenas de um truque muito bem elaborado. - Diga-me, o que sabem sobre ele?
  - Quase nada, senhorita. Apenas seu nome.
  - E qual seria? – olhou-a com curiosidade.
  - . O nome dele é .

   [...]

  Deus ouvindo as preces daquele jovem casal
  Resolveu, lá do céu, lhe mandar o mais lindo sinal
  E nesse instante uma luz iluminou o céu
  E ele prometeu olhando em seus olhos de mel
  O mundo inteiro vai saber que foi o nosso amor que fez nascer
  A lua cheia no céu

   ficou atordoada com a notícia. Aquele não poderia ser o seu . Ela estava com medo. Medo do que poderia acontecer. Naquela noite, Jon foi conversar com sua esposa.
  - Querida, haverá um jantar hoje à noite, de última hora. – Falou para a moça enquanto sentava-se na cama. – Um arqueiro foi enviado para a cidade hoje, pelo Corpo de Arqueiros. Como deve saber, há um arqueiro para cada cidade, para ajudar a protegê-la.
  - Sim, eu sei. – A moça respondeu escondendo sua preocupação.
  - Esteja pronta as sete, tudo bem? – Jon perguntou e depois depositou um beijo em sua testa. – Preciso resolver algumas coisas.
  - Tudo bem. – A moça respondeu e depois desabou na cama.

  [...]

  Dormiu e nem percebeu. Acordou assustada e percebeu que o sol estava escondendo-se para dar lugar à lua. Tinha que se arrumar depressa, pois perdeu a hora.
  Arrumou-se com a ajuda de algumas criadas, como sempre. Não demorou muito, e Jon apareceu na porta para pegar sua mulher.
  - Vamos descer? – Estendeu o braço para .
  - Vamos. – Entrelaçou seu braço com o do marido.
  Saíram do cômodo e rumaram para a gigante escadaria. Quando chegaram ao topo dela, todos os convidados pararam o que estavam fazendo e olharam para aquele local que se encontrava o casal. estava com frio na barriga. Rodou os olhos pelo salão inteiro, procurando uma pessoa em especial. Encontrou-o olhando fixamente para ela, num canto mais reservado do local. Um sorriso mínimo do rapaz apareceu em seus lábios.
  O casal desceu as escadas sob o olhar de todos os presentes no local. Cumprimentaram a grande maioria, quando chegou a vez de dar boas-vindas ao novo-não-tão-novo integrante da cidade.
  - Boa noite, . – Jon cumprimentou o rapaz que respondeu o mesmo. – Essa é minha mulher, Rainha .
  - Muito prazer, . – O rapaz pegou a mão da moça e a beijou. Passou uma corrente pelo corpo de que quase desmaiou ali mesmo.
  - Prazer é meu, . – Eles se encararam mais que o necessário.
  O jantar foi relativamente calmo, sem contar as partes dos olhares entre e . Ele não parava de olhar para a moça. Era evidente a paixão pela moça estampada em sua testa. Ele amava aquela garota a todo custo. Quando recebeu a notícia que deveria voltar para sua cidade de nascença, não poderia ter ficado mais feliz.
  O jantar se estendeu até parte da madrugada. Todos os convidados foram embora e não teve oportunidade para conversar com .
  - Quero conversar com você amanhã cedo. – Jon disse para a esposa.
  - Como quiser. – Os dois deitaram-se na cama para dormir. Aquela noite não seria tão fácil pegar no sono assim.

   [...]

  Pra iluminar quem quiser amar
  Uma vez por mês a lua cheia vai brilhar
  Lendas e mistérios de um amor eterno
  Que nem mesmo o tempo foi capaz de apagar

  No dia seguinte, depois do almoço, Jon estava conversando com sua mulher.
  - , preciso falar algo importante que percebi – O rapaz olhou profundamente para a menina. – Os seus olhares para aquele novo arqueiro. Diga-me, querida, o que há com vocês?
  A garota ficou atônita. Não acreditava que o marido tinha percebido. Procurava as melhores palavras para usar naquele momento.
  - Jon, eu... – A menina começou a gaguejar. – E-eu e e-ele..
  - Eu não vou ficar bravo, . – Jon deu um sorriso acolhedor para a garota. – Somos muito sinceros um com o outro. Até porq...
  - Até porque você é apaixonado pela minha irmã. É, eu sei. – A menina disparou a falar e Jon ficou surpreso com o segredo descoberto.
  - C-como s-sabe...
  - Não sou boba, meu amor – sentou-se mais perto do marido. – Nós dois sabemos que esse casamento não foi construído com base no amor. Eu sempre percebi os seus olhares para , e os dela para você. Com todo respeito, querido – A menina tomou fôlego. – Já vi vocês dois se beijando.
  - Você não ficou brava com isso?
  - Claro que não. Meu coração pertence a outro, e acho que sabe disso. – falou simplesmente. – Eu e ficamos juntos já faz três anos, até ele partir por conta de nosso casamento. Encontrávamos-nos escondidos todos os dias. Eu o amo, ele me ama.
  - Então você acha tudo bem terminarmos nosso casamento...
  - Não sei se meu pai deixaria. – falou.
  - Ele não tem que querer. Eu sou o Rei, decido tudo. Mesmo se for contra a vontade dele ou não. – Jon segurou as mãos da garota. – É isso o que quer? Ir para os braços dele? Viver com ele e me deixar viver com ?
  - Eu estou grávida dele, Jon. – No mesmo instante o rapaz olhou para a barriga da moça, notando uma leve diferença ali. – Quatro meses. Antes de nos casarmos. Eu não queria que ninguém soubesse de nada. Apenas sabe.
  - Por Deus! – Jon falou. – Vou conversar com seu pai ainda hoje. Agora, aliás.
  - Não sei se papai deixará eu me casar com . Ele não é nobre. – Disse a menina.
  - Claro que é. A partir do momento que ele entra para o Corpo de Arqueiros, ele se torna um. Será fácil convencer seu pai.

   [...]

  Pra iluminar...
  Uma vez por mês a lua cheia vai brilhar
  Lendas e mistérios de um amor eterno
  Que nem mesmo o tempo foi capaz de apagar

  Conversaram horas com o pai e mãe de . Explicaram toda a situação. contou sobre seus sentimentos e sua gravidez. Os pais ficaram espantados.
  - É o que você quer, ? – O pai olhou para a menina à sua frente.
  - É o que eu sempre quis, papai. Eu o amo.
  - Tudo bem então. Fazer o que, não é? – Pai de olhou para os dois. – Duas filhas rainhas. Que orgulho!
  - Não serei mais rainha, papai. – olhou para o pai e o mesmo deu de ombros.
  - Mas foi.
  - Obrigada, pai. Eu te amo. – A menina correu e abraçou o pai.

  [...]

  - Você abriu mão do seu posto de rainha para deixar-me viver o meu amor. – falava para a irmã. – Eu te amo tanto!
  - Não sei preocupe com isso. Tenho certeza que vocês serão muito felizes aqui.
  As duas conversaram no jardim. Estavam distraídas, quando ouviu a presença de mais alguém. estava andando na direção das duas.
  - Vou deixar vocês a sós. – falou e saiu do recinto.
  - Eu já fiquei sabendo de tudo. – começou a falar. – Eu fiquei tão feliz. – O rapaz tinha lágrimas nos olhos enquanto falava. – É verdade? Verdade que carrega um filho meu?
  - Filho ou filha. Eu não sei. – A menina abriu o maior e mais sincero sorriso do mundo.
  - Nós agora ficaremos juntos, não é? – O rapaz perguntou a menina. – Não será como um palácio, pois sou um arqueiro. Mas garanto que terá um lugar confortável para viver ao meu lado.
  - É isso o que importa. Estar ao seu lado – A menina pulou e enlaçou suas pernas em volta do quadril do rapaz. – Contanto que esteja ao meu lado, eu estarei inteiramente completa. Vamos nos casar, ter nosso filho e ser a família mais feliz desse mundo. Tivemos algumas barreiras para o nosso amor, mas não desistimos. Isso prova o quanto nosso sentimento é forte, um pelo outro. Eu te amo.
  - Eu também amo você . Sempre e para todo o sempre.

  Foi assim que aconteceu
  Um amor que não morreu.



Comentários da autora