Um Acampamento Gelado
Escrito por Nathália Tafner | Revisado por Natashia Kitamura
estava parado em frente ao ônibus da escola, a mochila surrada nas costas, e o allstar sujo de lama. e estavam ao seu lado discutindo sobre o acampamento.
- Por que logo Jacksonville? – dizia torcendo nariz. – Por que nos não podíamos simplesmente ir de carro até uma região florestal aqui de Sandford?
- Pare de reclamar , são só duas horas. E eu já estou cansado das mesmas ruas de Sandford, sempre a mesma coisa. – retrucou e ela bufou cruzando os braços e encostando no ônibus.
- Alguma noticia de ? – perguntou tentando aliviar o clima. ergueu os olhos para ele assim que ouviu o nome sair de sua boca e então abaixou a cabeça olhando para as mãos como se não se importasse.
- Hmm, não na verdade. – Ele responde parecendo desconfortável e arqueou a sobrancelha o observando. assentiu e voltou a fitar o cachorro no fim da rua, como se aquela fosse a melhor forma de não olhar para . Três dias antes, ele havia batido na casa de de madrugada com mais cinco garotos da banda da escola, cantando uma versão desafinada de With me do Sum 41. Aquilo havia acordado o pai da garota que os expulsou jogando um balde de água neles. havia discutido com ele no dia seguinte, e estava tentando evitar a menina desde então.
- Ei, não e a vindo ali? – disse apontando para uma garota vestida em um macacão jeans e all star vermelho que subia a rua. e viraram a cabeça na mesma hora e assentiram.
- Eu já disse o quanto odeio acordar cedo em pleno sábado? – disse os fazendo rir assim que chegou até eles. Algum tempo depois, o diretor Charles apareceu na porta do ônibus pedindo para os alunos entrarem. Eles entraram e se sentaram no fundo do ônibus. Passaram algum tempo conversando sobre o acampamento, mas só depois que o ônibus deu a partida é que eles se silenciaram. O resto da viagem fora assim: e conversavam sobre os garotos da outra escola enquanto fazia caretas e revirava os olhos fazendo rir e as meninas o xingarem.
- O quê? Nós vamos ter que dormir nisso? – reclamava, já fazia uma hora desde que eles haviam chegado e suas mão tremiam por causa do frio. Quer dizer, quem diria que o clima em Jacksonville estaria frio? Todos contavam com o sol queimando seus rostos e os fazendo suar, mas ao que parece, não era bem isso que iria acontecer.
- E um acampamento, imbecil. Aonde você esperava dormir? – respondeu revirando os olhos e e riram quando fez uma cara de desprezo e deu de ombros voltando a andar. Eles o seguiram, passando por cima de folhas secas caídas no chão e pulando os troncos de arvores caídos. Do outro lado da margem do rio, o diretor Charles e uma turma de professores do segundo ano explicavam as regras e esclareciam as duvidas dos alunos. Eles não se importavam, já conheciam o discurso de co e salteado para se preocuparem com o que quer que seja. Mas atravessaram o tronco caído que servia como ponte e se juntaram aos outros alunos do mesmo jeito.
- Então é isso. Espero que sigam as regras e tenham consciência do que fazem. E se lembrem: Nada de saírem de suas barracas depois que todos estiverem dormindo. – O diretor finalizou o discurso com um tom ameaçador no final e então desceu do caixote que usava para ficar mais alto e se juntou aos professores ao lado de uma cabana.
- Que chato. – disse suspirando. – eu honestamente esperava algo diferente esse ano. – assentiu e por um momento pensou que ela não estava mais brava com ele. Ele sorriu com aquilo e se sentou em uma pedra ao lado dela.
O acampamento gelado:
- SUMMER – corria para dentro da floresta gritando pela garota. e estavam logo atrás dele. O diretor Charles havia ordenado que os alunos entrassem em suas cabanas para dormir, mas não conseguia dormir. Ele ficou ali, deitado no colchão, fitando o tecido verde da barraca e escutando o barulho do vento lá fora, até que escutou um barulho de galhos sendo pisados e resolveu ver o que era. caminhava silenciosamente para dentro da floresta. iria atrás dela sozinho, mas assim que saiu da barraca prendeu o pé em uma raiz de árvore e caiu acordando que dormia na mesma barraca que ele.
- Cara, o que você esta fazendo ai fora deitado no meio das folhas? – disse bocejando e esfregando um dos olhos. explicou o que havia visto e arregalou os olhos.
- Que a sempre foi esquisita, disso eu sei. Mas participar de uma ceita doida de bruxaria, isso e demais. – Ele soltou fazendo uma cara de pavor.
- Não seja estúpido, cara. A e maluca, mas não e uma bruxa. – retrucou defendendo ela.
- E você não espera ir atrás dela a essa hora, espera? – perguntou, mas antes que pudesse responder uma voz apareceu atrás deles.
- É claro que ele planeja, inclusive, eu vou junto. – disse atrás deles, fazendo eles se assustarem e pular.
- Você quer me matar do coração ou o quê? – disse com as mãos no peito e então ficou paralisado assim que a olhou. ficou vermelha e deu um sorriso tímido, então se virou voltando a andar e apontou para a floresta para que eles a seguissem. lançou um olhar malicioso para e o garoto o socou no ombro. Eles iriam atrás de e o diretor nem repararia no sumiço dos garotos. Contudo, o que eles não esperavam e que uma nevasca iria atingir Jacksonville no meio da noite.
- , da para iluminar aqui? – disse impaciente, mas ninguém o respondeu. – Hmm, ? Eu disse que... – Ele parou de falar assim que se virou para trás e se deu conta que nem e nem estavam ali. Oh droga, ele resmungou socando uma árvore fazendo a neve que a cobria cair em cima dele. - ISSO SÓ PODE SER BRINCADEIRA. – Gritou mesmo sabendo que ninguém poderia o escutar. Então suspirou e tirou o celular do bolso, tentando iluminar o caminho. Ele mesmo acharia , depois trataria de achar os outros. Caminhou com dificuldade, a neve era pesada e escorregadia. E a escuridão não ajudava em nada. Então se lembrou de algo, ano passado quando o Miles sumiu do acampamento, fora que o achara preso em uma casa de madeira no centro da floresta. Ela havia entrado na floresta as escondidas para escrever em seu diário, dizia que a lua e a noite a inundavam de inspiração, e que se sentia mais confortável quando estava sozinha. Então ele correu, correu com todas as forças que tinha, pulando os troncos caídos, e desviando das pedras cobertas de neve. Sabia que havia uma chance de encontrá-la ali, e era isso que faria.
- , você e um idiota. – o xingava andando em círculos. – e agora, como vamos achar o e a se nem sabemos onde nos mesmos estamos? Arg, eu devia... – ela suspirou e a pegou pelos pulsos.
- Certo, eu sei que fui um idiota. Certo, a culpa e toda minha, e certo nos estamos totalmente perdidos e ferrados, mas olhe o lado bom...
- QUE lado bom, ? Nós estamos no meio do nada, sem água, sem comida, sem... OH MEU DEUS, sem comida. Não tem comida, não tem café, não tem nada. Nós vamos congelar na floresta e só vão nos achar daqui a alguns anos quando os historiados vierem até aqui. – Ela soltou desesperada, sabia ser o drama em pessoa quando precisava, mas não se irritava com aquilo, pelo contrario, ele achava graça.
- Tudo bem, não tem lado bom. Mas olhe só, nos podemos achar eles. – Ele respondeu tentando acalmar ela. Mas revirou os olhos e voltou a andar.
- Aonde você vai? – Ele perguntou.
- Voltar para o acampamento. Que por sinal era onde nos devíamos ter ficado desde o inicio. – Ela respondeu impaciente e saiu andando em passos largos.
- Mas a ideia foi su...
- EU SEI QUE A IDEIA FOI MINHA, EU SEI QUE ESTAVA ERRADA, NÃO PRECISA ME LEMBRAR, OK? – Ela gritou de repente fazendo arregalar os olhos e cambalear para trás.
- Mas eu não disse nada. – Ele respondeu confuso.
- Me desculpe. – ela disse se sentando ao lado dele na neve. – eu só estou preocupada com e .
- Está tudo bem, nos vamos achar eles. – Ele respondeu abrindo um sorriso aconchegante que fez algo em pegar fogo, ela olhou para o chão como se desejasse que a neve apagasse o que estava sentido. Mas então se levantou e começou a andar outra vez, pareceu entender o recado, e a seguiu. Algum tempo depois eles estavam parados em frente há um lago congelado.
- E agora? O que fazemos? – Ela perguntou ofegante e a encarou.
- Eu acho que vamos ter que ficar aqui até amanhã. Ei, não se preocupe, o diretor provavelmente vai se dar conta do nosso sumiço pela manhã e mandar uma tropa atrás da gente. Agora pare de se preocupar e venha até aqui, você está congelando. – Ele disse a puxando para perto dele e a envolvendo em seus braços. estava arrepiada, mas não por causa do frio.
- Ai meu Deus, . – disse a abraçando assim que a encontrou sentada em um banco rasgado dentro da velha cabana de madeira, a lareira estava acessa, e deu graças a Deus por isso. Pelo menos estariam aquecidos ali. – eu achei que você tivesse sumido. – ele voltou a dizer e ela saiu do abraço com um sorriso no rosto.
- Eu sabia que você viria. – Ela disse de repente, e levantou uma das sobrancelhas sem entender nada. Ela riu como se tivesse percebido e então voltou a falar:
- Eu sabia que você não estava dormindo, . Sai para a floresta para que você pudesse vir atrás de mim. Eu sabia que o faria. – Ela soltou.
- Por quê? – Ele perguntou sem entender nada e ela o olhou como se ele fosse o maior idiota do mundo.
- Eu queria me desculpar por aquele dia. – Ela mordeu os lábios e então olhou para o lado, buscando se acalmar. – eu sei que você estava bêbado, mas sabe... Meu pai me colocou de castigo por duas semanas, eu realmente havia ficado irritada. Mas então me dei conta de algo: Eu queria aquilo, eu queria aquela serenata. E claro que eu preferia que você a fizesse em uma condição mais... Normal. Mas ainda assim, eu havia gostado.
- Por que você iria querer que eu fizesse aquilo? – perguntou e ela riu.
- Sabe , às vezes você e muito lento para entender as coisas. – Ela disse e antes que ele pudesse se dar conta das palavras, os lábios dela já estavam colados nos seus, em um beijo avassalador. E então ele entendeu: o amava, e o melhor disso tudo, era que ele também a amava. O beijo se aprofundou, mas só quando já estavam sem ar e que parou o beijo mordendo o lábio dela. Então encostou sua testa na dela, e cantarolou baixinho.
I want you to know, with everthing I won’t let this go.
There words are my heart and soul.
I hold on to this moment you know.
Eu quero que você saiba, com tudo eu não vou deixar isso acabar.
Essas palavras são meu coração e minha alma.
Eu vou me segurar nesse momento você sabe.
Enquanto isso do outro lado da floresta, e travavam uma guerra de neve.
- EU VOU TE MATAR , VOLTE JÁ AQUI. – Ela gritou correndo atrás dele enquanto ele tacava bolas de neve nela. Eles gargalhavam e gritavam, corriam tanto que nem pareciam notar o chão escorregadio abaixo deles.
- Você não pode matar alguém. Isso vai contra as regras, e White nunca vai contra as regras. – Ele disse em debochadamente entre um sorriso cínico.
- Honestamente, você acha que se eu me importasse com as regras que eu estaria aqui? – Ela retrucou levantando a sobrancelha como se o testasse. O garoto engoliu em seco.
- Hm, e... Bem, isso e uma exceção. – Ele respondeu parando de correr e se virou para encará-la. Mas sua visão se perdeu assim que uma bola de neve o atingiu na cabeça.
- Você precisava esfriar a cabeça. – disse gargalhando e ele a fuzilou com os olhos a fazendo rir ainda mais.
- HÁ-HÁ-HÁ, olhe só como eu estou me divertindo. – Ele respondeu se abaixando enquanto ela ria. Então encheu a mão com neve e jogou nela. Ela parou de rir e começou a resmungar.
- Ai droga, eu achei que a guerra havia cessado. – Ela respondeu limpando a blusa, mas a sujou de novo. Ela ergueu o olhar para ele com uma expressão séria. – Então e assim? Ótimo, que a guerra comece. – Ela respondeu formando uma bola de neve com as mãos e a jogando nele. Então correu para trás de uma pedra gigante a usando como escudo. correu para trás de uma árvore, fazendo o mesmo.
- EU VOU ACABAR COM VOCÊ. – Ela gritou de trás da pedra e arremessou várias bolas de neve na direção dele.
- CORRIGINDO: EU E QUE VOU ACABAR COM VOCÊ. – Ele gritou de volta do outro lado e pegou um copo no chão o enchendo de neve e o arremessou na direção dela. O copo caiu e ele escutou resungando do outro lado. Então houve um silencio, e ela se calou.
- ? – Ele a chamou, mas ela não respondeu. – hmm, ? Você esta aí? Por favor, diga que está aí. – Ele respondeu a procurando. Olha, eu prometo parar de jogar bolas de neve se você aparecer, vamos lá, eu sei que você está. – Ele disse saindo de trás da árvore e andando até mais perto da pedra onde ela estava.
- COMBINADO! – Alguém gritou atrás dele e ele sentiu um peso sendo jogado contra seu corpo o jogando para trás. Ele abriu os olhos assim que se deu conta de que havia caído, mas não conseguiu dizer nada. estava em cima dele, com as mãos em seu peito e um sorriso estonteante no rosto. Ele sentia a respiração gelada dela contra seu rosto. Os olhos azuis que sempre o faziam se lembrar da neve o encaravam fixamente. Ele prendeu o ar.
- Eu peguei você. – Ela disse vitoriosa.
- Não – ele respondeu voltando ao normal. – Eu peguei você. – Ele disse, e então de repente a empurrou ficando por cima dela, e a pressionando contra o chão frio. Seus olhos se arregalaram e ele percebeu quando ela se arrepiou assim que se deu conta do toque dele em sua pele. E então sorriu como se desse conta de algo. - Eu acho que vou beijar você agora. – Ele disse em um sussurro e encarou esperando uma resposta. Não sabia de onde havia tirado coragem para fazer aquilo, mas sabia que precisava fazer. Uma força dentro dele, algo maior do que sua sanidade, o forçava a superar o medo, e ir além do que um dia já imaginara poder ir. Ela o encarou sem saber o que dizer, e assentiu com a cabeça. E então, tão rápido como um piscar de olhos, os lábios dele estavam colados aos dela, e não havia mais nada. O chão abaixo deles parecia derreter, e talvez seja exatamente isso que estivesse acontecendo dentro deles. Eles estavam derretendo. Embebedados pelos beijos, insaciáveis pelo desejo, e com o coração completamente derretido pela chama que se acendia dentro deles.