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Escrito por Brubs Mota | Revisado por Beezus

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  Era uma singela e aconchegante manhã de outono quando um despertador nem um pouco discreto ecoou pelos cômodos da casa dos Devine. Ainda cambaleante, se levantou, jogando um dos braços sobre o criado mudo para desligar o aparelho que praticamente gritava um dos hits da adorável Lilly Allen. Ao desligar o aparelho, percebeu que não era a única coisa sobre o pequeno móvel - quando deveria ser.
  Finalmente, abriu os olhos, de deparando com um envelope de tom lavanda com seu nome na frente. A caligrafia pertencia ao seu marido.
   bufou, seguindo em direção ao banheiro para fazer sua higiene pessoal sem demora. Há dois dias estava brigada com Josh. Briga besta, por conta de um jogo que ele estava assistindo quando queria assistir Desperate Housewives, mas os dois eram muito orgulhosos para ceder assim, fácil. A exemplo das brigas anteriores, essa também perduraria por mais alguns dias - mais três dias, para ser exata. -, até que um dos dois demonstrasse sinais de fraqueza.
  Assim que se encontrou pronta, cumprimentou Willy, seu filhote labrador, num sussurro antes de sair de casa, rumo ao trabalho, torcendo para não cruzar com Josh no caminho.

  – , tem uma entrega pra você. - a garota franziu o cenho à declaração de Amber. Não tinha pedido nada, consequentemente, não estava esperando nada.
  – Tem certeza? - perguntou e a amiga simplesmente assentiu, avisando, logo em seguida, que a entrega estava na recepção.
  – Vai. Eu te cubro. - Lizzie sorriu, encorajando a amiga que a olhou desconfiada.
  Ao chegar ao local indicado, quase teve um ataque ao ver, sobre a mesa da recepção, um enorme e delicado buquê de rosas num tom levemente azulado. Não precisava de um cartão para saber quem a enviara. Somente uma pessoa no mundo sabia do desejo infantil da garota de receber suas flores prediletas na sua cor predileta.
  – Josh. - sussurrou ao chegar perto das flores.
  – Seu marido te deixou isso também. - Tasha, a recepcionista, entregou uma caixa de chocolate belga, quebrando os pensamentos de . - Ele parecia estar nervoso.
  – Ele sempre está. - tratou de colocar um sorriso nos lábios antes de responder. - Obrigada, Tasha.
   seguiu de volta ao escritório com o cenho franzido. Não conseguia entender o porquê de Josh ter feito isso. Quer dizer, ele não cedia fácil. Sob nenhuma circunstância. E ela até gostava desse lado dele, pra ser sincera. Ainda ficariam três dias brigados como sempre, então por qual motivo ele lhe levaria flores e chocolate?

  – Hey, darling! - sorriu com a recepção calorosa de Willy, no instante em que a mesma pisou em casa - ainda portando o buquê e o que sobrara do chocolate. Era o início da tarde e, por não ter muito o que fazer realmente no trabalho, sua chefe concordou em dispensá-la mais cedo. - Mamãe chegou cedo hoje, então o que acha de um passeio no parque? - Palavras mágicas, pensou ela, rindo quando o cachorro começou a pular animadamente. - Tudo bem. Vou me arrumar e então vamos, ok?
  Após fazer um cafuné no animal, subiu com um sorriso no rosto. Adorava passear com Willy, isso a acalmava e, no presente momento, ela sabia que a ajudaria a raciocinar as últimas ações de Josh. Raciocínio esse que foi interrompido assim que entrou no quarto, se deparando com uma enorme pelúcia do Scooby Doo sobre a cama. Scooby Doo era o que chamava de desenho perfeito e, sempre que podia, assistia àquele programa com Josh.
  Josh. Mais uma vez surpreendendo a esposa e a deixando sem palavras. Ainda tinham dias de discussão pela frente. Por que ele estava dando sinais de trégua agora?

  – Willy! - estranhou quando, no parque, o filhote saiu correndo em direção a um estranho, que vinha correndo na direção contrária dos dois. Não demorou muito pra que o cachorro o alcançasse e, facilmente, o derrubasse no chão. - Ai, meu Deus! - a garota se apressou para ajudar o rapaz a se levantar. - Desculpa, moço. Ele não costuma lamber a cara de estranhos assim.
  – Deveria estar pedindo desculpas por me chamar de estranho. - o rapaz riu ao se levantar e o analisou. Era Liam.
  – Ai, meu Deus, que susto! - levou as mãos à boca e Liam riu mais ainda. - Por um momento eu pensei que fosse... Outra pessoa.
  – Tá devendo, ? - ele riu novamente e rolou os olhos.
  – Claro que não, Liam. Eu só... - sentiu seu rosto queimar. O que diria?
  – Já sei. Vocês brigaram. - engoliu seco, encarando o amigo. - Vem. Isso não é lugar pra se falar disso. - Liam entrelaçou seu braço com o da garota e seguiu com ela e Willy até uma Starbucks próxima.
  – O que estamos fazendo aqui? - parou na frente do estabelecimento.
  – Você derrubou seu cachorro em mim. É sua obrigação me pagar, no mínimo, um frappucino! - riram juntos. Liam consegue fazer um drama bem furreca quando quer, pensou. - Hoje é um dia especial e, como seu amigo, é minha obrigação te dar um presente. - piscou e algo se destravou na memória de .

  Flashback

  – Você promete? - a garota perguntou receosa e Josh se levantou o suficiente para olhar nos olhos da namorada. - Você sabe o quanto a gente consegue teimar com isso.
  – E você sabe o quanto eu te amo pra não deixar isso acontecer. - depositou um doce beijo na testa de .
  – Então, você promete? - Josh rolou os olhos e sorriu.
  – Eu prometo que mesmo que a gente tenha brigado, você me odeie, queira arrancar minhas tripas, me deixe dormindo no sofá e mesmo que isso me deixe um pouquinho irritado, eu não vou deixar que isso atrapalhe o nosso dia.
  – Porque... - deixou vago para que ele continuasse.
  – Porque foi o dia em que eu te conheci e um ano depois eu te pedi em namoro e, sem dúvida alguma, vai ser o dia em que você vai se tornar, oficialmente, minha. - Josh, cuidadosamente, deitou sobre a namorada, apoiando suas mãos de cada lado do corpo dela para equilibrar seu peso.
  – E se eu esquecer?
  – Eu te lembro.
  – E se eu não quiser te ver? - perguntou num sussurro, colocando os braços envoltos no pescoço de Josh.
  – Não vai precisar me ver. Só vai precisar saber que eu não vou deixar esse dia em branco. Porque você se lembrando dessa dia, eu já fico satisfeito.

  Flashback Off

  Você não existe, Josh!, foi exatamente o que ela disse antes de selar seus lábios com os do, na época, namorado. Tinha uma razão, então, pra que Josh tivesse se esforçado tanto para que não o visse - o que a estressaria mais - e, ainda assim, soubesse de tudo o que ele havia feito naquele dia.
  Como eu pude esquecer?, a garota se perguntava repetidamente após sair correndo do estabelecimento, gritando um "Obrigada, Liam!". Willy, que corria junto à dona, estava se divertindo demasiadamente. Tanto que, assim que os dois chegaram em casa, ele soltou um murmúrio, como se estivesse pedindo para fazer aquilo de novo.
  – Agora não, Willy. A mamãe tem que resolver umas coisas. - declarou, entrando no quarto afobadamente e sorriu no momento em que avistou a carta ainda repousando delicadamente sobre o criado mudo. Sem fazer cortesia alguma, a garota pegou a carta.

  Dear ,

  Eu sei que no momento você não quer me ver nem coberto de ouro, mas há algum tempo atrás eu prometi a um certo alguém que amo muito que eu não deixaria esse dia passar em branco. Antes de tudo, eu quero te pedir desculpas por ser um idiota. Eu sei que sou e você também sabe. Mas eu também gostaria de agradecer por você ter me deixado ser o seu idiota por esses quatro incríveis anos. Obrigado também por ter me dado o melhor presente do mundo há exatos dois anos, quando você aceitou se chamar Mrs Devine perante Deus e o mundo. Uma vez você me perguntou o motivo de eu sempre estar feliz. Você é o motivo, . É por sua causa que eu acordo todos os dias com uma vontade imensa de agradecer a vida. É por saber que você é minha que nunca reclamo da vida. É você quem coloca esse sorriso infantil no meu rosto todos os dias. É em você que eu penso a cada instante do dia. É por você que eu tento ser uma pessoa melhor. E é com você que eu quero passar o resto da minha vida, se você me permitir é claro. Tecnicamente, é isso. Não que seja novidade, mas eu te amo. E te amo mais a cada amanhecer.
  Beijos de chocolate do cara mais sortudo do mundo, aka seu marido :)
  PS: Espero que tenha gostado dos presentes.
  Josh

  Com lágrimas nos olhos e um sorriso embasbacado, terminou de ler a carta. Mas não teve muito tempo para raciocinar já que Josh entrara no quarto acompanhado por um Willy saltitante.
  – Calma aí, campeão! Vai com calma! - ele ria, brincando com o filhote. - Te deram energético hoje, foi? Eu deveria... - parou no mesmo instante em que percebeu a presença da mulher, desviando rapidamente o olhar para evitar uma briga. - Desculpa, eu não - pigarreou. - sabia que você tava em casa. Eu... Eu volto outra hora.
  – Josh, espera. - o rapaz, que ia saindo do quarto, parou no mesmo instante em que ouviu a esposa chamar com voz fraca. Willy percebeu que não brincariam agora e, desistindo dos 'pais', seguiu o caminho até a sala, se entretendo com uma almofada velha que não mordia há tempos.
  – , tá tudo bem? - perguntou preocupado após ouvir o tom de voz da garota, mas ainda estava de costas pra ela. Não sabia se olhá-la seria uma boa coisa.
  – Sim, estou ótima na verdade. - riu fraco, tentando reunir toda coragem que havia em si. Josh havia feito coisas lindas para ela naquele dia, mesmo eles estando brigados. Ela precisava retribuir de alguma forma. - Josh, eu... - a garota fechou os olhos, respirando fundo. Ela precisava dizer aquilo. - Me desculpa. - no mesmo instante, os olhos de Josh se arregalaram. Estou sonhando?, pensou. - Eu fui uma idiota por brigar com você por causa de um controle. - ela riu fraco e Josh ainda a olhava incrédulo. – Me perdoa? - nesse momento, ela finalmente o encarou. Por pouco tempo já que no instante seguinte ele a tinha em seus braços, caindo, não tão delicadamente assim, sobre a cama do casal.
  – Quem é você e o que fez com a minha mulher? - perguntou com certo desespero e a garota riu, ainda sendo abraçada pelo marido. - É sério! Eu quero a minha de volta! - se levantou um pouco, olhando nos olhos do rapaz.
  – Não se importa que eu seja uma chata de galocha que faz drama por qualquer coisa?
  – Não ligo nem se você for diagnosticada com a doença da vaca louca e queira matar meus patrões, eu vou continuar te achando perfeita. - deu de ombros, ainda assim sendo honesto em cada sílaba.
  – Do jeito que eu sou?
  – Com cada defeito e qualidade. - Josh se guiava vagarosamente em direção à esposa, que ficava cada vez mais familiarizada com a proximidade.
  – Bom saber que posso matar os meninos. Assim você não precisa ir trabalhar amanhã. - levou suas mãos à nuca do marido, cuja respiração já batia um tanto alterada no pescoço da garota.
  – Estarei ocupado? - perguntou, trilhando por meio de beijos a distância entre o pescoço e os lábios de .
  – Muito ocupado. - Josh sorriu, finalmente selando seus lábios no que chamaria mais tarde de melhor beijo da sua vida.

FIM



Comentários da autora

  Awwwn, curtinha, né? Desculpe por isso, mas adorei essa fic do começo ao fim. Ela é dedicada especialmente à minha linda, diva e querida Lauanna Souza à quem amo muito e peço milhões de desculpas pela demora, mas escrevi de todo coração, espero que tenha gostado. Assim como espero que cada uma das que chegou até aqui tenha gostado também. Vida longa e próspera e que a Força esteja com vocês :D
  Brubs, xx