Turn On The Lights

Escrito por Julia Kind | Revisado por Natashia Kitamura

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  - Vamos ! - me chamou. - Vai começar já!
  Estava sentada do lado de fora, e por alguma razão, me deixei ser levada por ela. A última coisa que eu precisava naquele momento era ir pra gravação de uma banda. Daquela banda em especial.
  Não que eu tivesse escolha, é claro. Meus pais eram produtores musicais, não havia muito que eu pudesse fazer. Principalmente quando minha melhor amiga era uma fanática por bandas.
  E foi assim que tudo começou.

  Flashback (três semanas atrás)

  - Vaaaamos, ! - reclamava. - Vai passar quantas camadas de gloss? Quero usar meu crachá para suas devidas finalidades.
  Crachás que te dão acesso a qualquer festa vip. São bem úteis.
  - Deixa de reclamar, lesa. - Ela revirou os olhos. - Por que eu escolhi trazer você comigo mesmo?
  - Porque eu sou demais e você me ama. Muito. - Ela deu a língua, sorrindo. E agarrou meu braço. - Não quero me atrasar.
  Começamos a andar em direção a after party do All Time Low. Entramos, não tinha muita gente. Nos separamos, indo em direção a pista de dança e eu me dirigindo até o bar. Não estava muito no animo pra festas, mas não as recusava, de jeito nenhum.
  - Essa festa é privada, e eu não lembro de dizer aos seguranças que penetras podem entrar. - Me virei e vi um homem atrás de mim, mas ele sorria.
  Mostrei meu crachá.
  - Hm, uma garota sortuda por aqui. - Ele estendeu a mão. - .
  - Eu sei. - Tomei mais um gole.
  - Essa é a hora que você se apresenta.
  - . . - Ele arregalou os olhos um pouquinho.
  - ? Das empresas ? - Concordei. Já havia passado por aquilo antes. - Hm, temos uma pessoa famosa por aqui. O que você acha de dançar?
  - Com você- - Engasguei. Não era um ofensa, estava mais pra uma indignação, uma surpresa. Eu nunca sou chamada assim pra dançar com um cara bem no começo da festa. E geralmente não sóbria.
  Dançamos, conversamos, rimos e saímos no dia seguinte. E no outro.

  Flashback off

  Gravações de DVDs são boas, principalmente quando você não precisa ficar junto com todo mundo. Sempre existe aquela área vip que é mais vip que as demais.
  Então a imensidão de gritos começou, e eu vi eles entrarem.
   foi o primeiro, e eu fiquei paralisada, mas encarei-o mesmo assim. Se ele me viu ali, não deu nenhum sinal. Ele parecia... Mais magro do que da última vez que nos vimos. entrou depois, seguido de Rian e , esse mandou uma piscadela na direção de , que mandou um beijo de volta. Olhei pra ela:
  - Você com o ? - Perguntei, com uma sobrancelha levantada.
  - Hm, ahã. - Ela sorriu. - Não faça essa cara! Ele é fofo.
  Mandei um olhar sarcástico.
  - Desde quando?
  - Desde... Sabe. Aquele dia. - Sim, eu sabia. Um dia que eu queria evitar lembrar. - Você demorou pra chegar, o me ligou, e sabe...
  - Tudo bem. Você combinam. Ou não, é estranho. - Ri. Ela me acompanhou. Paramos quando a primeira música começou.

  Flashback (uma semana atrás)

  - , você está bem- Parece mais ansioso do que o normal. - Perguntei, sorrindo.
  - Está tudo bem. - Ele sorriu de volta, olhando o cardápio. - Então, o que vai querer?
  - Tanto faz, pode escolher.
  - Acho que não. - Quando eu estava prestes a perguntar o porquê, ele complementou. - Me deram o cardápio errado, eu não sei ler italiano.
  Tentei não rir escandalosamente, coisa que eu costumeiramente faço. riu comigo e se engasgou, o que me fez rir ainda mais. Mas fomos interrompidos pelo seu telefone.
  - É o Matt, eu tenho que atender. - Ele se desculpou. - Cara, eu to almoçando, será que dá pra... Como NÃO? - Ele se exaltou. - Você disse que fechava isso até hoje. Só um pouquinho. - Ele afastou o telefone da orelha. - ?
  - Sim. - Respondi.
  - Liga pro seu pai. Agora.
  - Não dá pra esperar até o fim do almoço- - Resmunguei.
  - O Matt não conseguiu convencê-lo a mudar de ideia sobre nosso contrato, preciso que você o faça. - Ele parecia realmente preocupado.
  - , não vai dar. Eu te disse que não me meto nos assuntos dos meus pais. E se o Matt não conseguiu, não vejo porquê eu conseguiria.
  - Mas você é filha dele! Eu... Calma Matt, eu já disse que estou tentando... - afastou o telefone mais uma vez. - , eu to dizendo, isso é muito importante. Você precisa fazer isso por mim.
  - Eu já disse que não, . - Respondi no mesmo tom de voz, enquanto tomava um gole do meu refrigerante.
  - Porra, será que dá pra você pensar em mim uma vez?Liga. Agora. - Ele estava começando a ficar irritado, mas eu não liguei. Eu já havia dito várias vezes que não me metia nos assuntos dos meus pais.
  - Não, . Eu não vou... - Algo me veio a mente. - Espera, me diga que não é por isso que você está saindo comigo. Só pela empresa da minha família.
  Ele permaneceu em silêncio, com o telefone ainda na ligação.
  - Era o que eu precisava saber. Boa sorte pra tentar conseguir um contrato, qualquer que seja, duvido que você consiga, depois que eu acabar com você. - Peguei minha bolsa e me levantei, ignorando os chamados de .
  Andei por um tempo e olhei pra trás. Ele não tinha vindo atrás de mim.
  Lágrimas caíam dos meus olhos, mas isso não importava. Não mais.

  Flashback off

  - , você não parece muito bem. Você vai vomitar, ou algo assim?
  - Estou bem. Eu acho. - Forcei um sorriso. - Precisamos mesmo ficar aqui?
  - É a gravação do DVD do All Time Low. Eu sei que não é muito agradável pra você, mas podia fazer isso por mim- E pelo - - Ela pediu com um enorme sorriso no rosto.
  - Como eu vou dizer não quando você faz uma cara dessa? - Não aguentei e ri. O que você não faz pelas melhores amigas. E porque era , se fosse qualquer outra eu era capaz de dar um soco. (:
  Com o termino da música que se passava, começou a falar:
  - Pois é, acho que vocês notaram que tem câmeras por todos os lados. Estamos gravando esse show e vocês são os sortudos que vão aparecer! - A multidão delirou. - Não era nossa ideia no princípio, mas até que deu certo. - Ele olhou vagamente para minha direção. - Sabe, essa música não deveria vir agora, mas não vai matar ninguém adiantar o processo, ela ia ser tocada de qualquer jeito, não é mesmo?
  - ? - falou no outro microfone. - O que você está fazendo?
   havia voltado ao palco, com um violão ao invés da guitarra, e um cara atrás dele com um banco.
  - , o que deu em você? - Vez do falar. Ele não fala com muita freqüência, então a multidão estava louca. Confusa, mas ainda gritando loucamente.
   me olhou profundamente. Aqueles olhos penetravam em mim. Como ele podia me olhar assim sem nem ao menos ter tentado tomar alguma atitude a semana inteira?
  - Olha, eu não brinquei quando eu disse que pedia desculpas, tá legal? - Ele não olhava pra nenhum ponto em especial, mas eu sabia que ele estava falando comigo. e o encaravam confusos. Até Rian havia saído de trás da bateria e estava com uma clara expressão que dizia: wtf are you doing man?
  As luzes se apagaram e o foco era apenas no .
  - O bom é que isso está sendo gravado, então nem eu nem você esqueceremos isso tão facilmente. E eu sei que essa é uma das suas favoritas. - Ele começou a tocar, e não há nada que me faça esquecer a introdução de Remembering Sunday, de tantas vezes que eu já ouvi essa bendita música.
   me olhava, e eu me esforçava pra não chorar. não estava com o olhar fitado em mim, mas olhava pra cá na maioria das músicas, o que provavelmente significava que uma das câmeras estava direcionada pra mim, nesse exato momento.
  - Forgive me I'm trying to find... My calling I'm calling at night? - Já era a segunda vez que ele cantava o refrão. Eu não aguentaria por muito mais tempo. Disse pra ficar e aproveitar o resto do show. Ela queria ir comigo, mas eu precisava ficar sozinha.
  O lugar era imenso. Simplesmente andei até estar num corredor vazio e entrar numa porta qualquer. Não importa, tudo o que eu queria era que ninguém me achasse ali.
  Não sei quanto tempo fiquei sentada no escuro. Uma hora, talvez mais. Não me dei nem ao trabalho de acender o interruptor.
  Até que a porta se abriu e eu vi exatamente a última pessoa que eu queria encontrar no momento.
  - Saia. - Falei, sem olhar pra ele. - Quero ficar sozinha.
   me ignorou e se sentou do meu lado.
  - Me deixa falar. - Não interrompi, então ele continuou. - Desculpa por aquele dia no restaurante. Eu estava nervoso. Não quis dizer aquelas coisas. - Fiz menção de falar, mas ele me cortou com o olhar. - Mas eu não acredito que você pensou isso de mim. Eu gosto de você, mesmo. Mas a banda também é importante pra mim, e às vezes a pressão escapa do meu controle. Tem alguma chance de você me perdoar?
  Consegui fazer um leve esboço de um sorriso.
  - Acho que você já se arrependeu o suficiente. - Ele também sorriu, e acendeu a luz. Tinha uma câmera em mãos.
  - E se eu disser que isso faz parte do show e estava sendo gravado? - Perguntou, com um sorriso brincalhão nos lábios.
  - Eu digo que ótimo, porque tenho certeza de que é um dia que eu não estou nem um pouco a fim de esquecer. - Puxei-o pelo pescoço e o beijei.

FIM



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