Tudo É Amor

Escrito por Effy Stanfield | Revisado por Mariana

Tamanho da fonte: |


  O sinal foi tocado e mais um dia Letivo no Colégio Santos Dumont se iniciou.
  Beatriz, distraída como era, acabou por esquecer mais uma vez de ligar o despertador do celular e acordou atrasada, pôs seu uniforme e partiu para a escola, disparando como o Flash. Correr nunca fora um problema para Bia, sempre adorou praticar esportes, era apaixonada por futebol e atualmente joga no time de handebol do colégio, no entanto as pessoas sempre riam quando ela lhes dizia esse fato. Beatriz desde muito nova sempre fora acima do peso e, ao contrário do que muitos acreditam, não era por questões alimentação ou sedentarismo e sim devido a um distúrbio hormonal. No entanto a garota nunca deixou que os comentários negativos a abalassem, se sentia feliz da maneira que era e não queria mudar isso.
  Beatriz finalmente alcançou a porta da sala, deu batidas nela e pediu permissão à professora de Ensino Religioso para entrar. A mais velha a repreendeu pelo atraso e ordenou que ela se sentasse em seu lugar, Bia se desculpou e seguiu para sua carteira ao lado direito, sorrindo para Júlia, a menina quieta de cabelos loiros que estava sempre sentada na carteira de trás.
  Júlia sentiu suas bochechas corarem e praguejou mentalmente. Isso sempre acontecia quando Bia a cumprimentava e a menina tentava convencer a si mesma de que a razão era sua timidez, contudo sabia nas profundezas de sua mente que esse não era o único motivo. Há aproximadamente dois meses, ela começou a reparar na colega de classe de uma maneira que nunca havia antes. Sua voz a encantava, seu sorriso a hipnotizava e o movimento de seus lábios lhe tirava o fôlego. Lia não entendia porque naquele exato momento estava observando tão atentamente Beatriz unir suas mechas ruivas e cacheadas em um rabo de cavalo e engoliu em seco ao visualizar o pescoço descoberto dela.
  Júlia sabia que era errado se sentir daquela forma. Sua mãe sempre lhe dizia que de acordo com as leis de Deus a mulher foi feita para o homem e vice-versa, e assim deveria ser, todavia ela também sabia o quanto já havia orado e pedido para que aqueles sentimentos desaparecessem. A menina suspirou e voltou sua atenção ao quadro, terminando de copiar a matéria em seu caderno.
  Ao outro lado dá sala, Malai desenhava distraidamente um Tigre de Bengala em seu caderno. Seu maior sonho poder voltar à Tailândia e finalmente tatuar seu Suea Hiaw Liang. Nascida em Bangkok, a menina se mudou para o Brasil com seus pais quando ainda tinha poucos meses. Malai não se lembra de como foi sua vida lá, porém tinha uma enorme paixão pelo seu país e sua cultura e devido a isso ela sempre estava entediada em suas aulas. Estava exausta de ter que ouvir todos os dias sobre a cultura ocidental, exausta de ser chamada de "Japa" e ouvir piadas sobre problemas de dicção que ela não tinha, exausta de ver um continente inteiro ser representado apenas por um país.
  Não que ela não gostasse da cultura japonesa ou de qualquer outro país asiático, adorava tanto a culinária japonesa quanto chinesa, K-pop, animes e mangás. filmes de Bollywood e Hallywood e fez Karatê por muitos anos, ela somente não achava justo que sua terra natal fosse resumida a filmes de luta e não via a hora de finalmente atingir a maioridade e retornar ao lugar de onde nunca deveria ter partido.
  Na entrada do Colégio, Eduarda deixava o automóvel luxuoso de sua família, trajando seu uniforme customizado por ela, o fichário pressionado ao peito e a mochila Chanel nas costas. A família Ribeiro era uma das mais ricas da cidade e por ser filha do Diretor, portanto a menina se vê no direito de fazer seu próprio horário, afinal, só Deus sabia o quão trabalhoso era deixar seus cachos lindos e volumosos. A maioria dos alunos a consideravam fútil, no entanto o que poucos sabiam era que dentro da menina de cabelos encaracolados existia um forte espírito revolucionário. Desde o dia que sofrera uma acusação de roubo em uma loja da Gucci devido a cor de sua pele, a menina começou a se envolver em causas de empoderamento negro, já se considerava feminista antes porque sempre acreditou que mulheres deveriam ser livres para fazer o que quiserem, porém ao conhecer o feminismo negro percebeu que havia encontrado seu lugar.
  À duas quadras dali, Verônica caminhava vagarosamente em direção ao colégio, estava tentando evitar de todas as maneiras possíveis chegar antes do final da aula. Ela odiava aquela aula e era a favor de que Estado e Igreja deveriam ser separados. Por ter se assumido lésbica aos quinze anos, Verônica passou a ser alvo de comentários maldosos, principalmente da parte cristã de sua família. Por obra desse fato a menina decidiu se tornar atéia, se o Deus que eles diziam amar a todos não aprovava a forma dela de amar, então ela preferia não acreditar nele. Nica raramente comparecia às aulas de Ensino Religioso e quando acontecia se recusava a fazer trabalhos e apenas garantia sua presença. Havia perdido a conta das vezes que sua mãe precisou comparecer à escola, no entanto a menina continuou se recusando a participar.
  Verônica adentrou os portões do colégio alguns segundos antes do sinal de encerramento da aula tocar e agradeceu mentalmente. Dentro da sala todos os alunos começavam a recolher seus pertences, todavia, antes que deixassem a sala para a próxima aula, a professora disse:
  — As alunas Beatriz Velez, Júlia Mohn e Malai Lansang, por favor, permaneçam na sala!
  Júlia sentiu seu corpo inteiro tremer, sabia exatamente sobre o que aquilo se tratava. No mês anterior a menina precisou apresentar um seminário, estudou a fundo o tema dado pela professora, fez a parte e apresentação de slides impecáveis, no entanto quando deveria verbalizar seu trabalho, a menina não conseguiu. Suas mãos tremiam e suavam, seu rosto ficou tão vermelho quanto um tomate e todo o nervosismo fez com que a menina gaguejasse e esquecesse suas falas, então ela acabou ficando com nota abaixo da média.
  A mulher mais velha saiu da sala e chamou por Eduarda, que conversava com uma colega de classe, e fez sinal com a mão para Verônica, que havia acabado de retirar seus fones de ouvido. A menina pragueja, porém segue a menor para dentro da sala de aula, percebendo que havia mais três garotas nela.
  — Agora que estão todas presentes, irei explicar o porquê de tê-las reunido aqui — a professora inicia. — Todas vocês estão com problemas em minha aula: Beatriz sempre chega atrasada ou precisa faltar aula para treinar. Júlia é uma ótima aluna, porém não consegue apresentar seminário. Malai está sempre desenhando e raramente presta atenção. Eduarda aparece horário que quer e nem irei comentar sobre você, Verônica! — A morena bufa ao ouvir as palavras da mais velha. — Então por isso decidi que vocês cinco irão vencer essas dificuldades e produzir uma apresentação juntas, com temas que eu sorteei, para semana que vem!
  — Uma semana?! — Beatriz questiona com indignação. — É pouco tempo!
  — Eu não vou fazer isso! — Verônica protesta.
  — Bem, esse trabalho valerá metade da nota de vocês, então se não fizerem terão de passar as férias aqui, fazendo outros trabalhos menores.
  Todas as meninas na sala emitem murmuro de descontentamento.
  — Isso não é justo! — Eduarda reclama.
  — Não é justo vocês desrespeitarem meu trabalho! — a mulher rebate. — E já conversei com seu pai, Eduarda, ele me autorizou fazer o que eu quiser, então se não fizerem o trabalho ficarão sem férias! Vocês falarão sobre cinco religiões: Beatriz ficará com Budismo, Júlia com Candomblé, Eduarda com Islamismo, Malai com Judaísmo e Verônica com Cristianismo. Quero que me tragam informações verídicas, então nada de Wikipédia! Além do conteúdo, quero que digam a opinião de vocês para discutirmos em sala! No mais, espero que façam um bom trabalho e recuperem suas notas. Vocês podem ir.
  As cinco meninas deixam a sala, ainda se sentindo desnorteadas sobre o que deveriam fazer, contudo Eduarda foi a primeira a se pronunciar:
  — Bem... Acho que podemos fazer o trabalho em minha casa depois da aula. O que acham?
  — Eu não vou fazer essa merda! — Verônica gritou.
  — Pare de ser egoísta, Verônica! — Beatriz replicou. — Isso afeta todas nós, então pare de fazer cena e tenha um pouco de empatia!
  — Cena?! Quem você pensa que é pra falar isso de mim, sua...
  — Chega! — Júlia berrou, fazendo todas a olharem surpresas. — Todas aqui estamos no mesmo barco e queremos ter nossas férias, então sugiro que você se decida logo, Verônica, porque faremos esse trabalho com ou sem você!
  Ainda um pouco surpresa, Verônica acaba cedendo e balançando a cabeça positivamente.
  — Tudo bem. Vou fazer apenas porque não quero prejudicar ninguém!
  — Ótimo, então assim que as aulas acabarem me encontrem no portão da escola! — Duda enunciou e todas manearam cabeça em concordância.
  O grupo se dispersou e cada uma seguiu para o seu grupo de amigos — ou para o seu canto isolado, como foram os casos de Júlia e Malai.
  Às meio-dia e meia, todas as meninas se reencontraram no portão da escola e ficaram estupefatas com o interior do veículo da família de Eduarda, todavia não imaginavam que a casa dela seria ainda maior e luxuosa. A mansão da família Ribeiro tinha um enorme jardim recheado de flores e plantas exóticas, além de um aquário na entrada acoplado ao chão, guiando o caminho até a porta.
  Eduarda as conduziu até a cozinha e elas almoçaram lasanha, preparada por Maria, a empregada da família. Em seguida, elas foram para o quarto de Duda, que era tão imenso e deslumbrante quanto o resto da casa.
  — Uau! Seu quarto é maior que minha casa inteira! — Malai comenta, admirada, e Eduarda ri.
  — Está dizendo isso porque ainda não viu a suíte dos meus pais e a sala de estar!
  Elas deixaram suas mochilas em algum canto do quarto e caminharam até a cama king-size redonda completamente rosa, sentando-se nela.
  — Uau! É cama é d'agua! — Beatriz apontou, pulando sobre o colchão enquanto Verônica rolava.
  — Ei, cuidado! Esses lençóis são de algodão egípcio! — Eduarda vocifera, exasperada. A menina pega seu macbook e outros aparelhos eletrônicos e se junta às colegas. — Não sei por onde começar!
  — Acho que deveríamos primeiro procurar as origens de cada religião, se alguém aqui fizer parte ou conhecer alguma pode ser muito útil — Malai mencionou.
  — Eu sou católica não praticante! — Bia declarou.
  — Não existe isso de não praticante, ou você é ou não, não existe meio termo! — Nica replicou.
  — Por que você tem que ser sempre tão grosseira, Verônica? — Lia questionou.
  — Awn, que fofo a nerdzinha defendendo a namorada! — A morena debochou e Júlia sentia seu rosto esquentar enquanto Beatriz a encarava surpresa. — Qual é! Vai dizer que não sabia que a menina dos cabelos de ouro é a fim de você? Ela te olha do mesmo jeito que eu olho para um BigMac!
  Júlia sentiu seu corpo inteiro se encher de desespero e uma vontade descomunal de chorar a atingiu. Isso não poderia estar acontecendo, não agora.
  A loira se levantou e correu aceleradamente para fora do quarto em busca do ar que lhe faltava nos pulmões, as lágrimas escorriam por seu rosto enquanto ela tentava encontrar a porta de saída da casa.
  — Por que você fez isso, Verônica? Que droga! — Beatriz reprovou a colega e saiu porta a fora atrás de Júlia.
  A menina ruiva encontrou a outra no meio do jardim, abraçando seu corpo e chorando desoladamente.
  — Júlia...
  — Me desculpa! Eu sei que é errado! — Lia disse entre lágrimas. Beatriz se aproximou da menina e segurou sua mão entre a dela.
  — Ei, está tudo bem! — a ruiva respondeu e sorriu. — Você realmente gosta de mim, Júlia? — A loira hesita por alguns segundos e em seguida balança a cabeça afirmativamente. — Não tem nada de errado nisso!
  — Não? — Lia questiona, confusa, e Bia nega com um aceno. — Mas minha mãe diz que é errado gostar de outra menina!
  — Eu também gosto de meninas. De meninos e meninas, na verdade. Sua mãe não entende que isso não é algo que possa ser evitado. O amor não é uma escolha! — Beatriz entrelaça seus dedos aos de Júlia. — Não tem problema se você gosta de mim, eu também gosto um pouquinho de você, acho que deveríamos sair juntas depois que essa coisa toda de seminário passar, o que você acha? — A loira maneou a cabeça. — Que ótimo! Então agora vamos voltar lá para dentro continuar o trabalho!
  Beatriz conduziu a garota de volta ao quarto de Eduarda. Ninguém falou disse uma palavra sobre o ocorrido, cada uma se concentrou em sua própria pesquisa e por vezes faziam perguntas umas às outras.
  Beatriz, Júlia, Eduarda, Malai e Verônica continuaram se encontrando ao longo da semana na casa de Eduarda para finalizar o trabalho, e até acabaram por se conhecerem melhor e se tornaram mais íntimas, principalmente Beatriz e Júlia, que agora tinham até piadas internas.
  Finalmente o dia da apresentação chegou e elas aguardavam na sala ao lado o chamado da professora. Estavam confiantes de que fizeram um bom trabalho e tudo iria dar certo, menos Júlia que estava aflita, andando de um lado ao outro e balançando as mãos em nervosismo. Ela havia decorado palavra por palavra e ensaiado o dia todo com as amigas — sim, amigas, agora ela sabia que tinha amigas —, estava preparada, porém sua ansiedade não a permitia ficar parada.
  Agoniada com a situação de Lia, Beatriz caminhou até a mais baixa, segurou seu rosto entre as mãos e, sem pensar duas vezes, colou seus lábios aos dela. A loira ficou estática por alguns instantes, não acreditando que aquilo havia acontecido. Ela não sabia o que fazer, nunca havia beijado antes e o máximo que conhecia sobre beijar foi o que vira em séries de TV e leu em livros, mas dentro de seu peito o coração batia feliz. Seu primeiro beijo foi dado por Beatriz.
  — Eu estava aqui lendo a Bíblia e até que Jesus foi um cara maneiro, sabia? Deu comida aos pobres, curou os feridos... O que estraga mesmo é o fandom! — Verônica comentou ao adentrar a sala, fazendo com que elas se separassem. A morena sorri ao ver as expressões assustadas de ambas. — Atrapalhei alguma coisa?
  — Claro que não! Nós estávamos só... — Beatriz iniciou.
  — Repassando conteúdo! — Júlia completa
  — Repassando conteúdo através das bocas, entendi! — Nica riu. — A professora já vai chamar, acho bom retocar logo esse batom, Bia! — Ela provocou, fazendo a ruiva e lhe lançar um olhar impetuoso.
  Poucos minutos depois elas já estavam com toda a apresentação montada e posicionadas frente à turma. Beatriz foi a primeira a falar:
  — Bom dia, meu nome é Beatriz Velez e eu vou falar sobre o Budismo. O Budismo é uma religião e corrente filosófica criada por Sidarta Gautama, no Nepal. Buda significa o Iluminado ou o desperto, e ao contrário do que muitos acreditam, ele não é um Deus e sim um guia espiritual. Suas lições principais são: Não praticar o mal, cultivar o bem e a própria mente, através de atitudes compaixão e da generosidade, desapego de bens materias e destruição do carma ou energia negativa, atingindo assim o Nirvana, que é o estado mais profundo de paz e iluminação da alma. Os países que com maiores números de praticantes da religião são: China, Tailândia e Japão, além de outros países do continente asiático.
  Bia encerrou seu discurso e o slide foi passado para a próxima religião, O Camdomblé, representado por Júlia. A menina loira engoliu em seco e direcionou o olhar aos alunos.
  — B-bom dia, meu n-nome é J-júlia e...
  Lia para de falar, ela não conseguiria falar e tiraria nota mais uma vez. Seus olhos estavam começando a encher de lágrimas e seu coração palpitava rapidamente, porém, subitamente ela sentiu uma textura quente e acolhedora por entre seus dedos. Levou o olhar para baixo e percebeu que Beatriz havia entrelaçado sua mão à dela, logo após olhou para o rosto da ruiva, que sorriu largamente em encorajamento. A menina fechou os olhos e respirou fundo antes dizer firmemente:
  — Bom dia, meu nome é Júlia Mohn e eu irei falar sobre o Candomblé. O Candomblé é uma religião afro-brasileira trazida ao Brasil no período da escravidão. Em seus rituais são cultuados os Orixás, eles são deuses que possuem personalidade e habilidades distintas, e também preferências de rituais e a eles são oferecidas oferendas. O primeiro dos Orixá é o Exu e dentro da religião ele é visto como o mensageiro.
  — Isso é macumba! — um garoto do fundo gritou, fazendo os alunos rirem.
  — Na verdade, macumba é um termo errôneo e preconceituoso, pois se trata de um instrumento musical e não uma religião! — a menina rebate, calando o rapaz. — E outra coisa que eu gostaria de pontuar é que há diferenças entre Umbanda e Candomblé, não se deve confundir as duas e se você não gosta, pelo menos respeite!
  A menina concluiu sua parte sentindo o rosto queimar, porém dessa vez não era vergonha e sim irritação. Ela olhou para as amigas e todas a encaravam com sorriso no rosto, orgulhosas de seu feito. A menina sorriu de volta, sentindo feliz, e passou a vez para a tailandesa:
  — Bom dia, eu sou Malai Lansang e irei falar sobre o Judaísmo. O Judaísmo se originou quando Deus mandou Abraão procurar a Terra Prometida e se desenvolveu junto com a civilização hebraica. Os judeus acreditam que Jeová seja o criador do universo, o seu livro se chama Torá, os cultos são realizados em templos denominados sinagogas e os homens usam uma pequena touca, denominada kippa, como forma de respeito para com Deus. Os principais rituais são a circuncisão, realizada em meninos com 8 dias de vida, representando a marca da aliança entre Deus e Abraão e seus descendentes; e o Bar Mitzvah para meninos e a Bat Mitzvah para meninas, que representam o início da vida adulta.
  Malai termina e sorri para Duda, indicando que ela poderia iniciar sua parte:
  — Bom dia, me chamo Eduarda Ribeiro e falarei sobre o Islamismo. Fundada pelo Profeta Maomé, o Islamismo é a religião que acredita e obedece a Allah, termo em Árabe que significa Deus. Seus praticantes são denominados muçulmanos e seu livro Sagrado é o Alcorão. A Lei Sagrada do Islamismo é chamada de “Sharia” e nela há deverem chamados de "Os Cinco Pilares" e eles são: Profissão da Fé — acreditar em Alá e Maomé como seu profeta, Preces Rituais — realizar cinco orações por dia, Doações — uma vez por ano fazer doação aos necessitados, Jejum — durante o Ramadã fazer jejum desde antes do nascer do Sol até ele se por e Peregrinação.
  — E aquela roupa esquisita que as mulheres usam? Burca, né? — uma garota questionou.
  — Existem variações dos véus dependendo da escolha da mulher e da região em que ela vive, o mais comum é o hijab, que deixa o rosto, pés e mãos descobertos. A Burca é usada somente no Afeganistão! — Duda replicou.
  — E os homens-bomba? — outro rapaz perguntou.
  — Eles são grupos extremistas que usam a religião como pretexto para machucar as pessoas. Não representam todos os muçulmanos.
  Quando percebeu que não haveriam mais perguntas, a menina deu sua parte por encerrada e Verônica assumiu seu lugar.
  — Bom dia, me chamo Verônica Oliveira e irei falar sobre o Cristianismo. O Cristianismo, segundo a Bíblia, foi criado por Jesus Cristo, o Messias, que foi enviado ao mundo para ser o salvador da humanidade e foi crucificado. Jesus tinha doze discípulo, que escreveram O Novo Testamento para que todos os cristãos pudesse seguir as leis de Deus e adorá-lo, conquistando assim seu lugar de vida eterna no Paraíso. O Cristianismo se divide em três ramos: Protestantismo, Catolicismo e Ortodoxa, sendo a maior religião existente no mundo.
  Verônica parou de falar e encarou as amigas por alguns segundos e suspirou.
  — Antes de fazer esse trabalho, eu não acreditava em nada do que acabamos dizer, não acreditava em Jesus ou qualquer um dos deuses citados aqui. Sou lésbica assumida e por isso já sofri muito preconceito, já fui agredida, chamada de aberração e mandada para o inferno, mas nunca dei muito importância a isso. Agora, estando aqui na frente com quatro das melhores pessoas que eu já conheci, sei que uma força maior me trouxe aqui, pode ter sido Deus, o destino, a força do universo, que seja, mas algo reuniu todos nós aqui. E sabem o que todas essas religiões tem em comum? Além dos cultos, da adoração e da união? Amor. Tudo é amor. — A menina segura na de Eduarda e todas dão as mãos, formando uma corrente. — Todas dizem que devemos amar o outro, então eu peço para que não sejam egoístas, respeitem cada pessoa independente de cor, sexualidade, nacionalidade ou raça. Faça pelo outro o que gostariam que fizessem por vocês e amem acima de tudo.
  Verônica olhou novamente para as amigas, que sorriram radiante para ela e logo em seguida elas se juntaram em um único abraço enquanto os aplausos da turma era ouvidos. Agora elas sabiam que não eram mais cinco garotas completamente diferentes e sim cinco amigas que dali por diante seriam inseparáveis, porque bem ali no meio daquele abraço florescia o amor.



Comentários da autora