Trying Again Not To Love You

Escrito por Danielle Louise | Revisado por Mariana

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  "- Vamos, sorria! Não me deixe dormir esta noite sem o seu sorriso! - ele dizia tentando a todo custo me fazer sorrir com diversas caretas.
  - Não, ! - eu disse lutando ao máximo para manter minha cara fechada.
  - Ah! Por favor... - ele dizia com voz manhosa, fazendo biquinho.
  - Não. - eu disse virando a cara.
  - Ei. - ele disse , mas eu continuei com o rosto virado.
  - Eeei. - ele me chamou de novo. Me virei, e ele sorriu. Ele sabia que eu estava ligada a ele. Aqueles sorrisos me davam uma vontade imensa de sorrir. E quando ele sorri pra valer, mostrando aquela covinha, que parecia ter sido desenhada cuidadosamente para combinar com o seu sorriso, eu poderia realizar qualquer um de seus desejos. Foi mais forte que eu, e acabei por sorrir.
  - Seu sorriso é tão lindo. - ele disse tocando meu rosto delicadamente, como se eu fosse de vidro, e pudesse quebrar com um movimento muito brusco.
  - Você sabe que não pode dizer estas coisas para mim. - eu disse me sentindo derretida por dentro. Seus olhos seguravam firmemente uma linha que parecia ir direto aos meus. Ele foi se aproximando, bem devagar. E esse momento, que sempre acontecia antes dos nossos beijos, era como uma dança entre o silêncio, e o incessante barulho de nossos corações. Era o momento em que parávamos o mundo ao nossos redor, e apenas apreciávamos o pequeno universo que tínhamos criado. Onde viviam apenas nós dois. Sorri de lado timidamente, enquanto ele brincava com a minha sanidade naquela dança que parecia durar por tempo demais até que seus lábios se encostassem nos meus. E quando esse momento finalmente chegava, o chão desaparecia e eu passava a flutuar. Ele realmente era a única pessoa no mundo inteiro que poderia fazer aquilo. Eu pertencia a ele.E saber que ele foi feito especialmente para mim, era gratificante. Saber que ele era só meu, e que para sempre iríamos ficar juntos.”

  É difícil lidar com a dor de perder você em todo lugar que eu vou
  Mas eu estou fazendo isso
  É difícil forçar o sorriso quando eu vejo nossos velhos amigos e estou sozinho
  Ainda mais difícil, me levantar, trocar de roupa, viver com esse arrependimento

  Hoje fazem quatro meses. Exatos quatro meses. Eu não me lembro de onde tirei tanta força para dizer adeus a tudo o que me prendia a ele. Eu não sei de onde consegui tirar força para deixá-lo. Mas eu o fiz. E eu me arrependia todas as manhãs quando acordava e sentava na cama, me dando conta de que seria mais um longo dia sem ele. Sorrir tentando enganar meu próprio coração já havia se tornado rotina. É. Nós tínhamos tudo para dar certo. Mas o destino quis o contrário. A distância foi só um pequeno detalhe. Um detalhe para que ele se desprendesse daqui, eu me quebrasse dali, e lágrimas fossem derramadas de lá.
  Depois de um bom tempo, a todo o momento livre pegando aviões, e voos para passar nem metade do que eu passei em um avião com ele. E vice e versa. Acabamos nos perdendo. Gosto de pensar que fomos nós que nos perdemos. Não o nosso amor. A relação se desgastou, e tudo o que acontecia era motivo para uma discussão. É, foi melhor assim. Mas eu não sabia...
  - Senhorita, aqui está sua bagagem.
  - Obrigada. - sorri.
  Não sabia se estava preparada para voltar aqui. Eu estava de volta a Londres. E eu iria passar três dias na casa de . É. é meu primo, e digamos que eu precisava MESMO voltar a Londres. Eu tinha uma faculdade trancada aqui. Parei minha vida por . Fingi ser outra pessoa para mim mesma. Mas, não podia ficar assim para sempre. Precisava transferir minha matricula para o meu país.
  - ! - , como sempre escandaloso, gritou, pulando em cima de mim, em um daqueles abraços típicos dele.
  - ! - eu disse o abraçando. - Senti saudades, seu palhaço! - eu disse me separando dele que sorriu.
  - Esses meses serviram para te deixar mais gata, hein? - disse me olhando de cima a baixo. - Se você não fosse minha prima, eu te pegava aqui e agora. - disse mordendo o lábio inferior. Dei um tapa em seu braço.
  - ! - eu disse colocando as duas mãos sobre o rosto enquanto ele ria.
  - Venha logo, vamos para casa! - ele dizia me puxando. Assim que chegamos no apartamento, eu me lembrei dos motivos por eu ter esquecido de viver por algum tempo. Ele. De repente todas as memórias voltavam à tona.

  Mas eu sei que se pudesse fazer isso novamente
  Eu trocaria, daria todas as palavras que eu salvei em meu coração, que eu deixei não ditas

  - . - disse assim que eu entrei. Eu sabia que não era novidade para ele que eu iria voltar hoje. Para mim também não era novidade que eu iria vê-lo. Mas como se nada disso realmente existisse, ali estava eu. Tão perplexa quanto ele.
  - … - eu disse forçando um sorriso. Por uma fração de segundo eu podia jurar ver o brilho que eu costumava ver a um tempo atrás em seus olhos. Ele sorriu. Aquilo não era bom. Ele havia sorrido. Meu mundo havia desabado. Ótimo. Parabéns, babaca . Destruiu a fortaleza que eu havia demorado meses para construir.
  - Vamos subir com essas malas? - perguntou quebrando o clima que havia se criado entre mim e .
  - Vamos! Eu te ajudo! - que antes assistia tudo calado com uma expressão assustada, disse, subindo bem rápido. Acho que ele não queria ficar ali. Bom, nem eu queria. Mas havia restado apenas eu e ele naquela sala, enquanto e estavam no andar de cima. Eu sabia que eles dariam um jeito de demorar bastante lá em cima, e eu queria matá-los por isso.
   me encarava. Eu encarava qualquer ponto daquela sala, menos ele.
  - Eu... - eu disse finalmente olhando em seus olhos e me desconcertando um pouco. - Vou tomar um copo de água. - disse dando um meio sorriso e indo até o cômodo do lado.
  Assim que cheguei à cozinha, respirei fundo tentando ficar calma. Droga! Por que ele tinha que me desestabilizar tanto? Argh! Minhas mãos suavam frio, e eu sentia um formigamento nos pés. Tomei o copo de água, e comecei a observar o céu pela janela da cozinha. Não me lembro por quanto tempo fiquei encarando o céu, mas aquilo me acalmou. As estrelas, a Lua. Pareciam se completar e formar o mais bonito dos quadros.
  - Acho uma tremenda injustiça o céu ser tão bonito, e estar tão longe - disse. Demorei um pouco para raciocinar. Mas ele estava atrás de mim. Com seus braços me cercando sobre a pia. Não me permiti virar para trás. Aquilo seria perigoso demais.
  - Sim… - foi a única coisa que consegui sibilar.
  - O que aconteceu com a gente? - disse passando seu nariz pelo meu pescoço. Não, não, não...
  - Não demos certo. - eu disse tentando não desmoronar.

  O que mais dói, foi estar tão perto
  E ter tanto pra dizer
  Ver você indo embora
  E nunca saber, o que poderia ter sido

  - Somos feitos um para o outro. Isso não é possível. - dizia descendo sua mão pelo meu braço.
  - Isso foi possível, . - eu disse sentindo meus pêlos se eriçarem.
  - Nós podemos tentar de novo, , o nosso amor é mais forte. Você se lembra? Se lembra de tudo o que vivemos? - continuava agora com suas mãos em minha cintura.

  E não ver que amar você
  É o que eu estava tentando fazer

  - Para, . - eu disse ainda não sabendo como conseguia me manter de pé.
  - Por favor.. - sua voz era suplicante. E o tom que ela adquirira um tom rouco, mas grosso, dava indícios de que ele estava prestes a chorar.
  - ... - eu disse finalmente me virando para olhar em seus olhos. - Eu vou embora em menos de uma semana. Todo aquele pesadelo vai voltar, e… - A essa altura as lágrimas já corriam livremente por minhas bochechas.
  - Shhhh, não fala nada. - disse me envolvendo em seus braços.. - Vai ficar tudo bem... - ele dizia me tranquilizando.
  - Eu queria esquecer, pelo menos por um segundo, que eu te amo tanto. - eu disse ainda embalada pelo choro.
  - Você sabe que não queria. - ele disse se afastando um pouco para olhar em meus olhos.
  - Não vamos tornar isso mais difícil. - eu disse enxugando as lágrimas que molhavam minhas bochechas. - Vamos esquecer isso. Vamos esquecer essa conversa… - Não pude terminar. Ele havia selado seus lábios aos meus, logo aprofundando o beijo. Um beijo que eu senti muita falta. Repleto de desejo, amor, carinho, e saudades.

  Ah saudade, o combustível do amor. Eu não sei como, mas já estávamos em um quarto. Eu estava rezando para que e ainda estivessem lá em cima. Mas, a única coisa que realmente importou, foi poder sentir como meu novamente.
  ****
  Senti uma luz clara em meus olhos, e abri os mesmos com dificuldade. Olhei ao meu redor percebi que trajava apenas um lençol. Foi aí que as memórias da noite passada vieram com tudo em minha cabeça. Imediatamente me virei pro lado, e ele não estava lá. Resolvi me levantar e tomar um banho. Eu gastaria a tarde toda arrumando tudo da faculdade...
  ****
  Cheguei exausta na casa de .
  - Cheguei! - disse em alto e bom som para qualquer pessoa que estivesse na casa ouvisse. Liguei a TV e me sentei, estava tentando aproveitar meu penúltimo dia naquela casa. Aproveitei tanto, que acabei caindo no sono.
  *******
  Acordei novamente em uma cama. O que não seria estranho, se eu me lembrasse de como eu havia parado ali.
  - Preparada? - perguntou entrando no quarto.
  - Pra quê? - perguntei coçando os olhos.
  - Para o nosso piquenique! - ele disse sorrindo. Eu ainda não sabia o que havia acontecendo comigo e nos últimos dias, mas estávamos como antes. O que era um erro.
  - Não sabia que teríamos um. - eu disse me sentando na cama.
  - Bom, agora sabe. Vá tomar um banho e ficar bem linda, porque o seu garoto te espera lá embaixo. - ele disse saindo do quarto com um sorriso sapeca. Seria tão difícil dizer adeus novamente.
  ****
  - ! Pra onde você está me levando? - eu perguntava rindo enquanto ele tapava meus olhos com uma venda.
  - Aqui. - ele disse finalmente tirando a minha venda. Estávamos em um parque, mas era tudo verde, e estávamos em um lado isolado. Estávamos só eu e ele. E era lindo. Uma das mais belas vistas que eu já havia visto.
  - Uau, , é lindo! - eu disse sorrindo, e ele sorriu satisfeito.
  - Sabia que você ia gostar. - ele disse acariciando meu rosto.
  Estendemos uma toalha sobre a grama, e nos sentamos, comendo o que tinha na cesta, conversando, e rindo de coisas aleatórias.
  - Eu amo morangos. - eu disse pegando um coberto de calda de chocolate.
  - Somos dois. - disse roubando o meu morango.
  - Ei! - eu disse tentando pegar o morango de volta.
  - Vem pegar! - ele dizia rindo e correndo até uma árvore.
  - , eu quero o meu morango! - eu disse rindo. Ele então segurou o morango em sua boca, e se inclinou para frente. Eu ri com o propósito do que ele estava fazendo. Me aproximei, e mordi o morango, assim fazendo nossos lábios se tocarem. Depois de pegar o pedaço do meu morango, me afastei, enquanto ele me olhava indignado.
  - O que foi? - perguntei rindo.
  - Não acredito que você não quer um beijo de . - ele disse convencido.
  - Não acredito que um dia eu tive coragem para beijar ! Ew! - eu disse fazendo uma careta de nojo.
  - Ah, é mesmo? - ele disse arqueando uma sobrancelha.
  - É mesmo. - eu disse aceitando seu desafio. Ele então começou a correr atrás de mim, tentando me roubar um beijo. Quando eu já estava cansada demais, caí deitada sobre a grama e ele caiu logo ao meu lado.
  - Diz que se rende. - ele disse olhando para o céu.
  - Eu me rendo. - eu disse virando meu rosto, sorrindo para ele. Ele virou o seu, e se aproximou depositando um beijo em meus lábios.
  - Eu te amo, mais do que é compreensível para alguém. - ele disse com os ainda fechados quando partimos o beijo.
  - Eu te amo. - eu disse guardando cada detalhe daquela carinha de anjo. Sim, eu não podia viver sem ele.
  ****
  Chegamos em casa por volta das 18h. Sim, ficamos praticamente o dia inteiro fora de casa. Mas agora eu precisava ir para o aeroporto. Benditas 2 horas de antecedência! Mas agora eu precisava deixar esses três dias apenas em boas lembranças.
  ***
  - Você vai voltar. - disse me abraçando.
  - Eu não posso. - eu disse já sentindo meus olhos ficarem molhados.
  - Eu não estava perguntando. Eu estava afirmando. - disse fitando meus olhos e se separando do abraço. - Você é minha. Eu sou seu. Eu te amo, , e nós vamos tentar de novo. - dizia com uma certeza inabalável.
  - Não precisamos de duas chances, . Não precisamos nos machucar de novo. - eu disse.
colou nossas testas e segurou minhas mãos.
  - Não podemos acabar aqui. Temos uma história traçada para nós dois. - ele disse com seus olhos grudados nos meus.
  - Última chamada para o vôo 136.
  - Não há mais tempo para nós dois, . - eu disse sentindo cada palavra se tornando como facadas em meu coração. Cada uma delas era uma mentira, que eu estava tentando acreditar.
  - Por favor, não. - ele disse apertando seus olhos, como se fosse muito para suportar.
  - , feche os olhos. - eu disse. Era agora. Assim como eu pedi ele o fez.
  - Pense em cada um dos momentos felizes que tivemos. - eu disse em uma dura batalha interna entre razão e emoção.
  - Fique com eles. Eles irão ficar entre nós dois, junto com o meu coração que vai ficar aqui com você. Esse será um pequeno pedaço de mim. - a essa altura eu já podia sentir algumas lágrimas. - E quando você sentir minha falta… - Agora derramava algumas lágrimas. - Agarre os. Com todo o resquício de esperança entre nós dois que eu sei que você tem. Abra os olhos, . - eu disse. Ele novamente obedeceu. - Eu te amo. - eu disse selando nossos lábios no último beijo. Dor, saudades, amor, medo, paixão. Tudo isso. Em um único beijo de despedida.
  - Eu te amo. - sussurrei para ele enquanto ia em direção a sala de embarque.
  - ! ! – ouvia sua voz me chamando, mas não me atrevi a olhar para trás.

  Se o amor era um sentimento tão bonito, então eu gostaria de passar uma borracha em toda a parte ruim que vem em seu pacote. Gostaria de voltar correndo para os braços de e fingir que nada nunca nos separou. Mas eu não precisava viver tudo novamente. Eu não precisava chorar tudo de novo e eu não ia, porque aprender a ama-lo pode ter sido fácil, mas mesmo que enterrar esse amor seja tarefa mais difícil que eu faça em toda a minha. Eu irei fazê-la.

  E não ver que amar você
  É o que eu estava tentando fazer

FIM



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