Try again, please?

Escrito por Geovanna Egias | Revisado por Natashia Kitamura

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  Às vezes o necessário, ou no caso o que nós acabamos achando o necessário, seria esconder-nos do mundo num lugar seguro, onde nada nos machucasse, onde nós nunca nos machucássemos, onde nossos corações estivessem seguros. As notas do piano soavam como uma valsa, ela estava presente em todas as imaginações, aparentava estar radiante, mas, como sempre, não era quem demonstrava ser. Pense em todas as coisas improváveis, pense em vida em Marte, pense em um mundo repleto por amor. Acontece, que nem sempre amar é o necessário. Amor não muda o mundo, amor é uma das coisas mais dolorosas que poderiam existir, são uma das coisas que mais nos machuca. Você poderia me ver agora, ? Você me machucou, garota, eu estou quebrado e você não vale nada. Eu realmente me importaria com você se você não fosse tão inútil.

  Perdoe-me por esse discurso, você não deve estar a entender nada. Vou explicar. Sabe quando você se machuca, por culpa de alguém? Pessoas que não são bem dotadas de amor e o faz por diversão, o tipo de pessoa que beija por beijar, ilude por gostar de ver pessoas se rastejando aos seus pés. Essa garota seria . Ela não se importa com ninguém, a garota seria uma das pessoas das quais eu jamais aceitaria perder, ela sempre está radiante em seu posto de líder de torcida, mas não uma puta-líder-de-torcida-como-todas e sim aquela inalcansável, a dos sonhos de todos os jogadores de futebol; aquela que sempre está perdida em meio às equações de matemática nas cabeças dos nerds e aquela que me renderá muitas músicas, provavelmente não só a mim, mas a outras boybands do colégio. O uniforme azul de líder de torcida, curto e bem esculturado ao corpo da garota os vans azul marinho, os quais ela fazia todo dia alguém parar o que estava fazendo para amarrar seus sapatos; ela sempre está em pé sobre o luar, mas a quem lhe conhece ela é sombria. Havia uma festa do colegial e, como sempre, haveria vestidos longos, premiações para pessoas bonitas da qual ela ganharia pela milésima vez. Ela não era só mais uma loira de olhos verdes sedutores, ela não havia só um corpão, ela era legal, a uma simples conversa que ela trocasse com qualquer um, você passaria a almejá-la, passaria adorá-la, não se iluda. No final eu digo a você o por quê.

  A nossa banda iria tocar na merda de festa, faltava uma hora, eu teria que ir me arrumar, e quem seria meu par nesta noite? Sim, a . O banho já estaria tomado e o terno e gravata pareciam me dar um toque de elegância. O baixo ainda estava ali, como sempre, os meus cabelos loiros estavam bagunçados e quase caindo nos olhos como de costume, sapatos sociais eram obrigatórios. Saí de casa entrando no carro colocando o baixo no banco de trás, liguei o mesmo seguindo até a casa dos , bati na porta três vezes, quando foi aberta, a garota sorriu. Seu vestido era longo, comportado e azul, a cor que lhe caíra tão bem, desde os vans até a um laço azul na cabeça. Seu cabelo estava preso a uma traça como pouco se importasse; a maquiagem era simples, o que mais destacava era um rimel, mas seus olhos estavam delineados por brilho. Entramos no local da festa; ao entrarmos pela enorme porta, milhares de flashes nos atingiram e sorrisos foram distribuídos. Nós havíamos dançado uma valsa qualquer que um carinha tocava no piano, abrimos a pista de dança com a valsa, a noite era sombria e já estamos dopados.


  Amanheci numa cama, nu, sem me lembrar de muita coisa da noite passada, a garota já estava acordada, na sacada ela tragava um cigarro calmamente.
  - Vá embora daqui, . - ela disse fria sem me olhar nos olhos.
  - Está tudo bem, ? - perguntei preocupado.
  - Some da minha frente, você acha que eu sou o quê? Só mais uma que você pegou por aí? , eu não sou, agora sai daqui. - ela gritava descontroladamente.
  - O quê? Mas eu nunca disse nada, você... - ela me interrompeu, gritando.
  - Sai daqui, sai da minha casa seu filho da puta! - ela gritava alto e deixava escapar algumas lágrimas. Eu segurei seus pulsos tentando controlar a garota, ela me expulsou de casa. Mandou eu ir embora e não olhar mais pra ela. Ela não deixou eu pegar minhas roupas, me expulsou da casa dela apenas de calça jeans.
  Semanas haviam passado, ela ia para o colégio e não cumprimentava ninguém, não sorria, treinava com as garotas do time de torcida sem ânimo algum, vivia por viver, sem o fazer devidamente. Empurrando a vida com a barriga, com chutes e pontapés. Eu não assumiria nunca minha paixonite por aquela louca, acontece que ela sempre está lá, seduzindo a todos, sendo ela mesma, sorrindo e iluminando o mundo, sim. Ela sempre está lá em pé sobre o luar. Eu estava sentado num banco de um parque bem arborizado, um lugar onde crianças corriam e namorados se beijavam, mas o parque não deixava de ser solitário, era algo nublado que parecia cobrir tudo onde eu estaria, eu tragava um cigarro calmamente, sem me importar com a droga da nicotina que me matava aos poucos. Cheguei em casa justamente quando a chuva caía, caía forte, eu não me molhara muito devido ter vindo a tempo, ainda quando a chuva era fina, cristalina, assim como crianças sem saber o que a vida nos faz. A casa vazia no centro da droga de cidade. A chuva somente engrossava, dava alguns trovões, e o que era dia virou uma eterna escuridão, assim como a noite que sempre me trazia junto dela muita insônia. Dois toques na porta, e dava pra se ouvir o bater dos dentes devido o frio.
  - ... – estava encharcada na porta de casa, ela tinha corpo cansado e roupas pesadas e muito molhadas.
  - , o que faz aqui? – fiquei confuso, mas logo deixei a garota entrar devido o frio que fazia na parte de fora da porta.
  - E... Eu queria pedir desculpas, por... – eu a interrompi:
  - Não me importo, . – dei de ombros assistindo o futebol que passava, quando o quarterback do Boston’s atirou a bola pelo arco, marcando sua vitória. Eu berrei em mesmo instante esquecendo-me da garota ali.
  - PARA! VOCÊ PARA DE ME TRATAR ASSIM! – ela gritou.
  - Outch, assim como, ? – a frieza era visível na minha voz.
  - DE SER FRIO! – Ela retrucou, seus cabelos secavam calmamente.
  - Tenho motivos, certo? – ignorei-a.
  - NÃO, , VOCÊ NÃO SABE, VOCÊ NÃO COMPREENDE, EU... EU SEI QUE ERREI, MAS... - ela deixou uma lágrima escorrer. chorando, que cena única, eu ri me divertindo. - Você tem que me perdoar...
  - NÃO, PORRA, NÃO TENHO NÃO, QUEM FEZ AS MERDAS FOI VOCÊ, EU NÃO TENHO CULPA DE NADA, A CULPA É SUA, É TODA SUA ! – Eu gritei me estressando.
  - ÓTIMO, PEGUE SUA FRIEZA E SUA “NÃO-CULPA” E VÃO TODOS PARA O INFERNO, PORQUE EU CANSEI , VOCÊ É UM IDIOTA, FRIO E CALCULISTA, SÓ SE IMPORTA EM SABER QUANTAS GAROTAS TEM NA SUA LISTINHA, INÚTIL, PRA QUÊ? PRA DEPOIS CORRER E MOSTRAR PRO JARED. - Ela gritava descontroladamente, e conforme os gritos que dava a cada início de frase, derramava lágrimas. Ela não poderia colocar a culpa em mim.
  - É FACIL NÉ, TER CULPA DAS COISAS E JOGAR PRA CIMA DOS OUTROS, É FACIL ISSO? – eu ri irônico.
  - NÃO É FACIL , NADA É FACIL, A VIDA NÃO É, PORQUE TER QUE DESCUTIR COM VOCÊ SERIA? – Ela gritou com autoridade.
  - A VIDA , A VIDA É UMA PUTA IGUAL A VOCÊ! – eu gritei descontroladamente.
  - ADEUS ! EU CANSEI, OK? EU CANÇEI DE TENTAR CONCERTAR AS COISAS ANTES QUE SEJA TARDE. – ela disse com um receio e finalizou com a pequenina frase: - E já não há mais tempo pra tentar.
  - O quê?... – ela deu de ombros ainda chorando e bateu a porta da minha casa com tanta força que meus cabelos bagunçarem devido o vendo quando a porta batida com força, ela me largou falando sozinho, gritando ali no sofa. – HENTZ, PORRA HENTZ, COMO ASSIM?
  Haviam se passado três dia de seu desaparecimento, revirei meu quarto tentando achar algo que prendesse minha concentração. Achei uma caixa estampada com selos do mundo todo, fotos de alguns monumentos históricos e turístiscos, abri a mesma e não havia nada, minto. Tinha uma folha dobrada ao meio, algumas rasuras e meio amassada, provavelmente o autor que não era eu só de olhar pelo formato da letra, talvez a pessoa havia desistido milhares de vezes de entregar aquilo ao remetente, ou talvez aquilo nem era pra estar ali, quem sabe, estava por um incidente. Abri a mesma, tentando desamassar.

  Querido Doug, hm.
  Ou não, querido filho da puta do , sim assim é melhor.
  Algumas coisas não podem ser compreendidas, nunca. Às vezes as coisas têm de ir embora sem que as pessoas as compreendam sem que saibam seus piores segredos, Sabe entre todas paranoias minha ou coisas que eu não deixei de falar e acabei magoando muita gente, mas quer saber, não me importo. Bom, eu não sei que dia você está lendo isso, se está chovendo como o tal dia do qual eu devia te falar particularmente tudo que está escrito nessa droga de carta. Ou se está aquele solzão do qual você curte ir andar de skate, não sei se faz uma semana, uma menos ou alguns bons anos, talvez eu tenha esquecido essa caixa em casa no dia do acontecimento, e você nunca há verá, seja como for, se você estiver lendo isso seu idiota, preste atenção, caso contrário eu juro que “quando” eu morrer, eu vou puxar teu pé de noite. Doug, eu sempre quis te contar alguns acontecimentos, mas sempre brigávamos e eu nunca os fazia. Acontece que você sempre fora a pessoa que eu mais confiei pra contar as coisas, o que eu também nunca te contei, e nem a ninguém, é o fato de eu ter alguns problemas psicológicos. Sim, você me chamava tanto de louca, e não é que era mesmo? Eu era louca, psicologicamente, e qualquer coisa que termine com mente por você. É, eu gostava da forma que você era um idiota, da forma em que você andava de skate por ai... Ah! E da forma da quais nós brigávamos. Talvez tenham sido poucos, mas bom, foram bons beijos. Voltando... Eu já fui internada na ‘Rehab’ um tempo, não por causa de drogas ou coisa do tipo, eu tinha distúrbios psicológicos, algumas memórias do passado vinham puxar meu pé, assim como eu puxarei o seu se você não ler essa merda. Acontece que... Sabe, meus pais, sim, aqueles que nunca apareciam pra ver meu boletim ou responder às minhas advertências? Bom, a realidade é que eles não ligam, eles moram em New York e atuam em alguns filmes qualquer que vivem a passar na TV, acontece que eles não ligam, é como se tudo fosse muito fácil, eles tiveram uma filha e a mandaram pra Inglaterra com uma babá.
  Bom, há dois anos estou morando sozinha, acho que a mulher se suicidou ou sei lá. Enfim, em dez anos, eu perturbei tanto as mentes de quem cuida de mim, que por fim eu acabei perturbada. Tinha crises, gritava, e a automutilação me deixava mais calma repentinamente, com o tempo, a bebida, e ultimamente, o cigarro. Sabe, algumas coisas não são compreensíveis, como o motivo dos meus pais me manterem longe deles, me darem dinheiro como se isso bastasse. Mas sabe o que é não ter uma mãe? Sabe o que é ficar perturbada por não ter um miserável filho da puta pra olhar se tem monstros debaixo da sua cama? Não, você não sabe, você não sabe como é não ter uma mãe, não sabe como é ser só um objeto a mais pra mídia, pra aumentar a popularidade dos seus pais, não sabe como é se sentir um lixo, e sabe, entre tantas ferrugens e entulhos guardados dentro de mim, tinham um espaço pra você, sabe, até que tu cuidava bem dele. Talvez você continue me odiando e querendo me mandar por mais seis anos naquela droga de Rehab, mas não será preciso, eu já tomei conta disso, eu não me internei, fiz algo mais radical, algo que resolve, acaba com tudo, algo pacifico e sereno, algo dos quais você não gostaria de saber. Mas se lembra de quando eu lhe disse, que algumas coisas não são compreensíveis? Coisas que vão embora, morrem ou somem, sem serem compreendidas? Acho que eu sou uma delas. Eu não vou pedir que agradeça a ninguém, eu vivi sozinha todo esse tempo. Não, irei abrir uma exceção pra uma só pessoa. Sabe aquele garoto Loiro? É, aquele que anda de skate, não se importa com nada e senta na terceira fileira? Pense um pouco, aquele que vivia brigando comigo, do qual eu nunca lhe disse o nome quando eu dizia que amava uma única pessoa? Então, era ele, bom, o nome dele é , ele é bem bonito, certo? Pena que agora não dá mais tempo, eu lhe disse que o tempo já havia ido, mas bom, como de costume, ele não me ouviu. Agradeça a ele por ter me feito sorrir, por ter me feito adiar milhares de vezes esse acontecimento, diga a ele que eu o amo, e também o diga que eu o odeio, porque eu odeio amá-lo e amo odiá-lo. Não faz sentido, mas as melhores coisas da vida não fazem sentido, assim como nosso beijo em meio de brigas, assim como eu o xingava e no fim ele me aconselhava a fazer coisas certas, é esse mesmo. Aquele que tem uma banda. Sem mais adiamentos que eu o fiz anteriormente por ele me fazer viver, por ele me mostrar que às vezes uma só pessoa, quando não se tem ninguém é o suficiente, que quando tudo está perdido ele está lá, quando não se dá pra curar e nem mais pra adiar, acontece coisas como essa que você viu, verás ou vê agora no noticiário. Bom, meu querido filho da puta , eu amo você, obrigado por manter-me viva enquanto pôde, obrigado por me mostrar como se ama alguém, quando odeia a mesma.

xx.
goodbye, love u ♥


  Em segundos, um documentário urgente tomou conta do HBO, que estava passando a Vida e a Morte de Charlie, do qual eu havia perdido totalmente a atenção no filme pra ver a carta, era tudo tão confuso, ainda mais a parte que tinha sentimentos, era a cobertura de um prédio e alguma louca andava na borda, seguranças, policias e bombeiros estavam em volta, quando me dei conta que os cabelos eram loiros e vestia as mesmas roupas da noite passada. Corri pro prédio que por sorte eram só duas quadras, ela sorria maniacamente como se prometesse que depois daquilo tudo ficaria bem, corri pra dentro do prédio subindo na cobertura olhando a fazer graça a ponto de cair.
  - , ainda há algum tempinho? – eu disse observando as costas da garota de longe, quando ela se virou pra ver quem era com uma expressão duvidosa.
  - Pra você, hm não. – ela disse fria. - Acabou o tempo, babe.
  - Um beijo? – eu disse me aproximando mais.
  - Nem um abraço. – ela me ignorava.
  - , eu te perdoo por tudo, eu preciso que você volte. – ela se virou pra ele, dando pequenos passos e sua direção. - Seja minha, , a minha namorada problemática? – ela sorriu fraco devido estar ali a muito tempo.
  - Ah, como eu sou idiota! – ela gritou, dando um de seus pitis. - Eu iria pular de um prédio, não pros seus braços! Por que, , você estraga tudo? Estraga todos meus planos de suicídio, de mudanças, planos de ir embora! Por que você sempre entra no meio das minhas escolhas? - ela aparentava estar brava, mas ela me beijou em momento que eu teria todas as coisas pra duvidar, ela me deu certezas por quem continuar, e seria por ela.

  : Algumas coisas acabam nos fazendo de rumo, eu achava ser o certo pular daquele lugar. Seria legal, bom, mais legal do que arrumar um namorado idiota como o , de tantos adiamentos que ele me causou, agora eu vou o fazer o que todos os não adiamentos dele, me faziam fazer. Num lugar, num coração onde não se havia amor, não havia pai, mãe e filha, havia só uma louca da qual não sabia amar nem a si própria, numa cidade histórica como Londres, aconteceu mais uma história por mais idiota que ela fosse. Porque deu certo, e não é que ao invés de sair correndo e pular do prédio, eu pulei nos braços dele? Entre tantas loucuras e entre tantos erros, eu achei alguém, a pessoa da qual me manteve viva até o tal dia, e me manterá viva até o dia em que tiver que ser, até onde der certo, porque loucuras sempre são certas, ainda mais pra você descobrir como vai ser dali pra frente. Num mundo, numa mente, numa pessoa sem esperanças ele me trouxe tudo isso, e me trouxe oque eu mais havia medo, me trouxe amor. Trouxe minhas esperanças de volta. Com ele, trouxe meu “não há mais tempo” só que modificado, agora seria “ainda há tempo, sempre há tempo pra tentar.”



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