Trouble
Escrito por Roby e Mah | Revisado por Pepper
(Nota das Autoras: coloque para carregar "I Knew You Were Trouble" da Taylor Swift e dê o play quando pedirmos (: )
Não pensem que essa é só mais uma história sobre uma garota boazinha e um garoto errado, porque ela não é. Eu costumava odiar esse tipo de garoto que só tem amor próprio, nunca realmente amou alguém na vida além de si mesmo. Nunca entendi o que se passa na cabeça deles. Será que não pensam em ninguém além da menina nova do colégio ou da gostosa da sala do lado? Eu não entendia e nem queria entender... Até conhecer ele.
Comecei a faculdade de medicina no começo do ano. Sonhava em ser médica, trabalhar em clínicas e essas coisas desde criança, e finalmente o meu primeiro dia na faculdade havia chegado. Entrei pelo portão da Universidade de Cambridge, onde meus pais e eu batalhamos muito para que eu conseguisse uma vaga, e uma imensidão tomou conta dos meus olhos; aquele campus estava habitado por inúmeras pessoas, adolescentes e adultos, todos estudando, lendo, escrevendo, fazendo contas e qualquer outra coisa que expressasse o desejo que cada um naquele lugar tinha de ser alguém na vida, assim como eu. Acho que meus pais não podiam estar mais orgulhosos de mim, eu estava prestes a cursar medicina em uma das mais antigas e melhores universidades de todo o Reino Unido. Na verdade acho que eu mesma não podia estar mais orgulhosa de mim. Valeu a pena todas as noites me matando de estudar, tudo estava valendo a pena. Eu não deixaria nada nem ninguém estragar meus planos.
Mas é claro que as coisas nunca saem como esperamos... No meu caso as lembranças daquele que fez com que minha vida desse uma completa reviravolta ainda estavam claras em minha mente, passando como um filme em cenas rápidas. Ainda me pergunto, e se desde o princípio eu jamais o tivesse conhecido? Eu ainda teria terminado assim? Mas de que adianta? Não se pode mudar o passado, não se pode voltar no tempo e refazer a história, mesmo que a história neste caso... Seja a nossa.
O salão era quase totalmente branco, as cadeiras organizadas em 15 em cada uma das 10 fileiras, eram por degraus por isso não importava o lugar no qual você se sentava, conseguiria enxergar a mesa principal. Não que eu tivesse algum problema com isso, eu me sentava bem na frente. Era meu primeiro dia na faculdade, eu estava ansiosa para que tudo começasse logo, estava sentada na segunda fileira logo ao lado de uma amiga minha, Kenna. Ela tinha o mesmo sonho que eu desde que éramos pequenas. No começo era divertido ter alguém com os mesmos objetivos que você na vida, mas depois – mais especificamente ano passado – as coisas foram ficando estranhas, afinal nós disputaríamos uma vaga aqui. Fiquei feliz em saber que as coisas funcionaram tanto para mim quanto para ela, que naquele instante estávamos aonde sempre sonhamos estar.
Era exatamente nove e quinze da manhã e a sala já estava lotada. Teríamos um discurso do supervisor da área de medicina, o senhor Grand, um homem de mais ou menos uns cinquenta anos de cabelos brancos e barba mal feita, mal-humorado e usando um óculos quadrado de definitivamente não ajudava nada em sua aparência.
- Primeiro, Segundo, Terceiro...
- Todos os anos estão aqui Kenna, pare de contar – pedi encarando o professor que lia calmamente em sua mesa.
- Só estou ansiosa, preciso fazer alguma coisa para passar o tempo, deixa de ser chata , obrigada – a ruiva disse observando a sala. – Ninguém interessante, ninguém interessante, nin... Opa... – ela parou de repente me fazendo parar de encarar o professor e me voltar a ela.
- Achou seu alvo? – perguntei.
- está olhando pra cá. – Ela comentou baixo, ainda encarando algum lugar atrás de nós.
- quem? – perguntei confusa, eu realmente não era uma das novatas mais inteiradas dali.
- O , famoso destruidor de corações, não deve existir uma menina dessa faculdade que ele já não tenha comido, e eu duvido que realmente haja alguma que não queira ser comida por ele porque, realmente, uau! – Ela comentava encarando o garoto. Eu simplesmente ri, tentando imaginar o que havia na cabeça daquelas garotas, querer alguém que já pertenceu a todas. Não é realmente algo muito sensato. – E ele está olhando pra cá, e não é pra mim, , ESTÁ OLHANDO PRA VOCÊ! – ela não deixou de encará-lo por nenhum segundo sequer, eu finalmente deixei minha caneta em cima da mesa e coloquei minha mão em seu ombro.
- Calma Kenna – pedi, levando meu olhar para ela, que finalmente olhou pra mim. – Para com isso, já vai começar.
- Desculpa, mas é inevitável, ele é lindo – ela voltou sua atenção à parte de trás da sala, e dessa vez meu olhar seguiu o dela, encontrando o tão famoso garoto, sentado algumas fileiras atrás de nós.
Ele era realmente lindo, seu cabelo, seus olhos, seu estilo propriamente dito era algo impressionante. Parte de mim, naquele momento, passou a entender o lado das garotas fanáticas por . A outra ainda achava idiotice.
Seus olhos profundos e brilhantes encaravam a mim. No momento em que eu me virei, olho no olho, um sorriso pareceu surgir nos lábios dele, enquanto seus braços se cruzavam e sua postura se tornava mais relaxada. Eu o observava sem medo, ele sabia que eu o olhava, eu sabia que ele me olhava. Simples. As pessoas falavam com ele, mas se mantinha alheio, com sua atenção totalmente voltada a mim.
– , me chame de louca, ou do que quiser, mas ele definitivamente está de olho em você... Literalmente, eu digo, em todos os sentidos.
- Kenna... – eu simplesmente disse, deixando o resto no ar, sabia que ela entenderia.
- Kenna, nada. Escuta; ninguém fica encarando uma pessoa por tanto tempo assim, se não tiver motivo por trás disso – ela defendia, insistente, sua opinião. – Ele quer você, é isso.
E foi nesse momento que eu me virei, deixando completamente de lado e encarando minha amiga.
- Mas eu não, e você sabe disso. Eu vim aqui pra estudar, Kenna. Eu quero passar, eu quero ser algo, e pra isso, eu não posso ter nada pra me atrapalhar, principalmente se esse alguém já for conhecido como problema.
* * *
A palestra em si não demorou mais de meia hora para acabar. Não havia muito a ser explicado, o mais complexo mesmo foi a troca de tutores. A faculdade havia adotado um sistema, pequeno ainda, para os alunos do primeiro ano. Nós seriamos supervisionados nas atividades por alunos do terceiro, que nos ajudariam em tudo que pudessem, de acordo com nosso querido mentor Jimmy Grand. Enfim, depois que ele terminou de falar nós fomos liberados, as aulas começariam em uma hora somente.
Eu e Kenna estávamos a caminho dos dormitórios femininos. Eu precisava achar qual era o nosso, que felizmente era o mesmo.
- 507, aqui – ela achou a porta, então usando a chave que tínhamos para abri-la, exibindo um quarto pequeno e praticamente vazio com somente um frigobar, uma escrivaninha e uma beliche. – Eu sou em cima, já sabe – ela comentou entrando no quarto, enquanto eu me abaixava para pegar duas cartas que estavam jogadas no chão, provavelmente passadas por baixo do vão da porta. A primeira tinha em seu envelope o símbolo da faculdade e os dizeres: "Bem-Vindos" em vermelho.
- A carta de apresentação, deve ter as regras e horários, pode abrir? – perguntei para a ruiva que veio até mim, rasgando a carta.
Abri a segunda puxando o papel em seu interior, era uma folha sulfite quase completamente em branco, se não fosse por uma única frase no meio: "Me encontre no laboratório 2, atenciosamente seu/sua tutor/tutora." Ri do suspense mantido, pra que tudo isso? Guardei a carta no bolso da calça jeans e disse para Kenna que estava saindo, mesmo tendo quase certeza de que ela não estava prestando atenção.
Achar o laboratório foi algo muito mais fácil do que eu esperava, era perto do meu dormitório. Entrei nele ainda encarando o papel com a frase digitada.
- Você chegou rápido – uma voz masculina se fez ouvir do fundo da sala, onde uma silhueta alta estava parada.
- Não foi muito difícil encontrar esse lugar – disse sincera mantendo distância.
- Bom, muito bom – ele disse, soltando uma risada baixa e então saindo da parte escura da sala, exibindo seu rosto, me fazendo arregalar um pouco os olhos. – , 20 anos, terceiro ano de medicina, seu tutor, é um prazer conhecê-la.
Eu não sabia o que fazer, ele seria meu tutor? "O , famoso quebrador de corações, não deve existir uma menina dessa faculdade que ele já não tenha comido" aquela frase fez meu corpo dar um passo para trás, no mesmo instante em que encostava meu corpo numa mesa.
- – me apresentei, engolindo em seco.
- Eu sei – ele comentou se aproximando. – Fiquei feliz quando soube que teria uma novata tão bonita pra ajudar, sinceramente achava esse novo sistema uma perda de tempo, mas ele me parece mais interessante agora.
- Hm – eu não sabia o que dizer, não sabia o que fazer, eu realmente não queria me envolver com , mas com ele sendo meu novo tutor, as coisas realmente ficavam complicadas.
- Estarei aqui pra te ajudar em tudo que precisar. Conteúdo, atividades, entre muitas outras coisas – ele dizia cada vez mais próximo. – Podemos formar uma ótima dupla juntos, o que me diz? – ele estava frente a frente comigo, sua mão direita veio em direção ao meu rosto, segurando-o delicadamente. Nossos olhares estavam perdidos um no outro. Meu coração batia forte. Foi quanto seus lábios se aproximaram dos meus, quase tocando-os, mas num movimento rápido eu o impedi, colocando a mão em frente à sua boca, empurrando seu rosto com cuidado para longe do meu.
- Me desculpe, mas não estou interessada – disse, mantendo uma expressão séria, ainda encarando-o, assim me desvencilhando da mesa e caminhando até a porta.
- Te vejo na aula, – ele disse quando já estava praticamente fora dali.
* * *
Eu sabia que ele não desistiria. Garotos como ele não desistem tão fácil de seus alvos. Ele viria e eu teria que ser forte para suportar suas provocações enquanto me ensinava. O problema é que eu realmente não podia dispensar a ajuda, eu realmente queria ir bem e o que ele poderia fazer por mim era realmente muito útil. Dei uma pesquisada em seu relatório no site da universidade assim que cheguei no dormitório e ele era realmente bom, pelo visto não gastava todo o seu tempo dando em cima das garotas mais novas. E eu não podia, logo no primeiro dia, dar uma de fraca para o reitor e pedir para trocarem meu tutor. Eu não podia mesmo. Mas eu poderia fazer isso, eu poderia aguentar as suas provocações, eu sempre mantive o foco no que eu queria e dessa vez não seria diferente... Eu estava certa disso.
Minha primeira semana passou rápido até demais e devo admitir que foi melhor do que eu imaginava, tirando a parte em que Kenna me irritava até o ultimo segundo da minha paciência para que eu contasse absolutamente tudo que havia ocorrido com toda vez que voltava das minhas aulinhas, apesar de todas as vezes minha resposta ser a mesma: nós estudamos, não aconteceu nada.
As pessoas eram ótimas e os professores eram incríveis, devo ter aprendido mais nessa única semana do que em toda a minha vida. Acho justo admitir também que me ajudou muito a pegar o ritmo das aulas, afinal, são muitas, e os trabalhos vem em montes e - para os meus primeiros dias - acho que não teria dado conta sozinha. Como eu havia previsto, ele continuou me provocando, tentando me convencer de que eu deveria me abrir mais às "oportunidades" (lê-se: ficar com ele) e me divertir. Ele até falou que eu estudava demais e blá blá blá. Mas não importava, eu sabia muito bem o que tinha ido fazer ali.
Era sexta-feira, ou seja, último dia da primeira semana de aulas. Soube que no fim de semana podíamos fazer coisas pela cidade ou apenas ficar na universidade estudando ou relaxando, e como ainda era a primeira semana, eu não tinha planos de estudar no sábado e domingo também. Mas a parte do lazer eu deixei para a Kenna decidir. Como estava dizendo, lá estava eu, na minha primeira sexta-feira em Cambridge, na mesma sala de estudos, sentada na mesa de costume, esperando o sempre atrasado bad boy , que por mais que eu tentasse, não conseguia pensar nele como meu "tutor" e sim como "o quebrador de corações que pode acabar com minhas chances aqui". Kenna me disse que eu deveria no mínimo tentar ser amiga dele, afinal, ele era o melhor aluno da turma e me ensinava coisas novas todos os dias, quem sabe ele me aceitaria como amiga e não como namorada ou ficante. Mas eu não queria saber, não seria uma boa nem ser amiga de um garoto com tanta má fama. Pessoas já me olhavam com cara de pena ou de que sabiam meu futuro quando eu passeava no campus, elas comentavam e algumas meninas desiludidas vinham até mim para fazer comentários como "ele não beija tão bem assim" ou "coitada, a próxima a ter um coração quebrado". Era óbvio que eu não ligava, não era isso que eu queria.
- Olá, moça. – fui interrompida do transe pela mesma voz com a mesma fala de todos os dias.
- Oi, . – disse e tirei meus livros da bolsa.
- Pensei em fazer algo diferente hoje.
- , eu já diss...
- Calma, eu tava falando tipo estudar lá fora ou coisa assim. Você deveria confiar mais em mim e me escutar antes de já ir atirando pedras, sabia?
- Não tem como confiar quando todos lá fora comentam o tempo todo sobre você.
- São todas meninas iludidas, que acham que me merecem. Ficam bravas porque terminei com elas e agora já tenho olhos para uma garota perfeita – ele disse, apoiando os braços cruzados na mesa em minha direção, com a maior cara de cínico que uma pessoa conseguiria ter.
- Você as usou e depois jogou fora. Acha mesmo que elas não te merecem?
- Tenho certeza, nenhuma era boa demais para mim, mas agora já achei uma.
- Mas ela tem outros propósitos nessa faculdade, que não envolvem ter um relacionamento que tem tudo pra dar errado.
- E quem disse que eu estava falando de você? – ele sorriu com apenas um dos cantos da boca e por um momento eu fui tirada do sério e estava a ponto de explodir inúmeras palavras em sua cara, quando ele deu uma pequena gargalhada e me olhou. – Brincadeira, é você mesma – ele se sentou na cadeira ao meu lado.
- Mas, como eu disse...
- Eu sei o que você disse, não precisa repetir. Eu não vou insistir, vou apenas te provar que fomos feitos um para o outro. Você é a melhor da sua turma, eu sou o melhor da minha turma. Todos ganham. A melhor com o melhor.
- Desculpa, mas eu realmente não estou interessada no seu melhor – peguei meus livros e puxei minha bolsa, eu sabia que aquela aula não levaria a nada. Me virei para para poder pegar o último livro, mas quando me virei tudo que pude sentir foi sua respiração realmente próxima do meu rosto. Tentei me afastar, mas colocou a mão em meu rosto e abriu o sorriso mais lindo que eu me lembrava de ter visto em toda a minha vida. Sua respiração estava cada vez mais próxima e a minha cada vez mais rápida. Não consegui pensar em mais nada, tudo que senti foram seus lábios tocando os meus. Meu pensamento estava lento quando finalmente voltei à realidade e separei nossos corpos. Ele deu mais um sorriso com a expressão mais óbvia de que havia conseguido o que queria. Como eu fui burra! Não podia acreditar que havia dado a ele a vitória com tanta facilidade! E o respeito próprio ? Onde fica? Por que ele teve que fazer isso? Por quê?
- VOCÊ TÁ LOUCO? – respondi sem poupar forças no grito.
- Eu disse que iria provar que fomos feitos um para o outro.
- Eu não acredito nisso. – disse indignada com o que acabara de acontecer. Me levantei e fui em direção à porta da sala. – Nós não fomos feitos um para o outro, . Você foi feito pra qualquer vagabunda por aí. E eu não sou nenhuma delas, por favor, entenda. – Saí da sala para o corredor completamente vazio.
- Te vejo por aí, . – foi tudo que consegui ouvir.
Um mês se passou desde o ocorrido. Devo ter aparecido em umas duas ou três aulas depois que ele me beijou, e quando eu ia, ele apenas me entregava alguns relatórios que me ajudariam e me perguntava se eu tinha alguma dúvida. Como eu queria que acabasse logo, por mais que eu tivesse dúvidas, deixava quieto e ia para meu dormitório ao encontro de Kenna. A propósito, não comentei nada sobre o beijo com ela. Eu sabia que, com o pensamento dela, ela já acharia que estávamos em um romance secreto.
Nessa semana eu e Kenna finalmente havíamos completado um mês em Cambridge e isso não poderia ser motivo maior de festa para ela. Como ela estava animada, entrei na onda com a ruivinha.
- A gente tem que conhecer mais a cidade! Eu pesquisei umas baladas locais e tem uma que parece muito boa e aparentemente muitos estudantes da universidade frequentam o local. Vamos? – Kenna disse, animada.
- Claro, que dia? – seu sorriso aumentou com minha resposta rápida.
- Eba! Esse sábado, depois de amanhã, eu já combinei de encontrar um pessoal da nossa sala também.
- Ok, então nós vamos. – Sorri animadamente para ela, que respondeu o sorriso enquanto entrava no banheiro para um banho.
* * *
O sábado chegou rápido, eram mais de nove horas quando Kenna e eu saímos da faculdade, devidamente arrumadas, ela usando uma saia curta e justa, uma blusa regata e um salto alto e um bolerinho, já eu estava mais casual, regata preta, calça jeans justa e uma jaqueta de couro preta também, um salto nos pés. Eu dirigia meu carro pelas ruas agitadas da cidade cantando alto as músicas do rádio junto da ruiva a meu lado.
- Hoje nada de estudos, ok, menina exemplo? – ela disse, me fazendo rir.
- Juro, sem estudos. – prometi, estacionando no local. Era uma casa noturna realmente grande. Entramos sem problemas com os convites que Kenna havia conseguido. Sentamo-nos no bar para começar a noite, ficamos uma meia hora ali bebendo e conversando, até um garoto da classe vir falar com Kenna e puxá-la pra longe de mim. Simplesmente estiquei meu copo a ela como um brinde quando estava indo com o misterioso de cabelos loiros, ela riu. Continuei ali por mais um bom tempo.
- Uma vodca por favor? – pedi ao barman já um pouco tonta.
- Por conta da casa – ele disse me entregando o copo de vidro e piscando pra mim. Tomei o conteúdo praticamente num gole só, assim balançando a cabeça em negação e caminhando até a pista. Comecei a dançar sem muita empolgação, somente para me livrar um pouco da bebida, até sentir duas mãos tocarem minha cintura.
- Olha quem veio. Não vai estudar hoje, não? – aquela voz tão familiar se fez ouvir, me fazendo andar pra frente, me desvencilhando de seus braços.
- , não imaginava que fosse vir – disse sincera, encarando-o.
- Isso é tão decepcionante assim? – ele perguntou, tentando se aproximar, enquanto eu continuava me afastando. – Vamos lá , hoje é sábado e estamos aqui de qualquer jeito, pelo menos uma dança. Só isso, vai? – e quando ele propôs isso, uma música conhecida começou a tocar, a agitação das pessoas foi automática, e a minha também.
(N/A: Play)
- Tudo bem... – respondi, recebendo um sorriso do garoto. – Mas só porque eu gosto da música! – comecei a dançar no ritmo das batidas, finalmente começando a me divertir.
me observava dançar com um sorriso divertido, e uma expressão completamente satisfeita.
- Não vale se só eu dançar. – disse, assim vendo o garoto rir e começar mexer o corpo no ritmo. Ele era bom até, melhor do que imaginava, posso dizer.
Eu melhorei meus movimentos, deixando-os mais animados, recebendo um olhar de aprovação do garoto.
- Quem diria, dança, e ainda dança bem – ele disse se aproximando, e pela primeira vez não sendo afastado por mim.
- Você não me conhece mesmo, não é? – perguntei, já sabendo a resposta, encarando seus olhos.
- Você não me deixa conhecer. – ele disse. Eu sabia, era verdade, eu não permitia que ele se aproximasse de mim por nada, mas isso era o certo a se fazer.
- Você não merece conhecer, merece? – perguntei, esperando uma resposta sincera.
- Se você se deixasse me conhecer, talvez você mesma descobrisse, não é verdade? – ele disse, se aproximando ainda mais, dessa vez sendo impedido por mim.
- Vale a pena te conhecer, ? – Perguntei, aumentando meus movimentos, tornando-os mais... Atrevidos por assim dizer, rebolando e mexendo no cabelo, até a musica chegar em seu ápice.
- Descubra sozinha – ele disse, segurando meu quadril com força, me puxando para si enquanto nossos lábios se procuravam urgentes um pelo outro. Eu não sabia o que poderia acontecer depois, mas naquele momento eu estava entretida demais pra pensar.
* * *
Depois daquela noite as coisas entre mim e começaram a ficar do jeito que ele queria. Fazia mais ou menos uns cinco meses que tudo havia começado, era meio de junho, e agora eu já estava completamente entregue a ele, como nunca pensei que faria realmente.
- Me diga que não vou me arrepender – pedi, mantendo minha cabeça encostada em seu peito. mexia em meus cabelos parcialmente molhados pelo suor.
- Não posso dizer isso.
- ...
- Não estraga, por favor – ele pediu sem paciência.
- Não estraga? Não é você que pode terminar magoado no final. – disse, já irritada, sentindo as lágrimas nos meus olhos.
- Quem quis isso foi você – se alterou, sentando-se na cama.
- Não, , quem quis foi você!
- Mas você aceitou, não foi?
- Não sou uma das suas cadelinhas, . – disse, procurando minhas roupas.
- Ah, depois do que acabamos de fazer, parece que você é – ele disse, recebendo um tapa em resposta. Terminei de me vestir e então saí do quarto sem dizer mais nada.
Depois daquele incidente, ele logo veio se desculpar. Ele estava diferente, mais grosso; eu não me importava, eu o amava! Havia me tornado igual às garotas que antes eu julgava, e eu não podia fazer nada pra mudar isso.
Nós havíamos brigado novamente. Resolvi fazer uma pequena surpresa a ele, eu tinha preparado um presente, algo que ele me disse que queria há um bom tempo. Eram exatamente onze horas quando cheguei em frente à porta de seu quarto.
- Amor, eu queria te dar uma... – minha voz falhou por conta da cena diante de mim, uma lágrima escorreu e tudo que consegui fazer foi ficar lá, parada, acho que para ter certeza do que havia visto. – ...
- ? Er, essa... Essa é Mary, da sua sala, a minha nova "garota perfeita". – Ele disse como se nada estivesse acontecendo.
- Como você tem coragem? – disse aumentando meu tom de voz.
- Você sabia que eu não ia mudar. Não achei que realmente fosse acreditar em mim – suas palavras vieram como um milhão de tiros em mim, como eu fui burra! Senti o presente que segurava cair no chão, então me virei e saí, tentando secar as lágrimas. Segui em direção ao meu carro, eu precisava sair dali o mais rápido possível. O carro ligou e, junto com ele, o rádio. Aquela maldita música estava tocando. Mas que merda! DESLIGA! DESLIGA LOGO! Demorei a acertar o botão devido à tremedeira, mas logo o silêncio dominou e eu já me via na estrada, indo para longe de tudo.
Minha visão estava turva por causa das lágrimas. Estúpida, idiota, ele era um idiota, e eu mais ainda.
Meu celular tocava, era ele. Segurei as lágrimas, tentando parecer não tão miserável.
- O que você quer? – perguntei com raiva, finalmente voltando a encarar a rua à minha frente, sentindo meu coração parar ao mesmo tempo em que uma luz forte cegava meus olhos e algo me atingia com força.
E agora eu estou aqui, sinto meu peito completamente esmagado pelo volante, o sangue manchando o estofado, meus olhos meio abertos... Eu estou morta. Mas, antes que tudo se tornasse preto, ainda pude ouvir aquela voz tão familiar me chamando, dizendo coisas naquela ligação que agora jamais poderei responder.
- ? ? Ah... É o ... Er... Eu queria dizer... É, eu vi seu presente! Não pensei que você ainda se lembraria disso, er, obrigado. eu... Me desculpa, eu nunca deveria ter te tratado assim, você é e sempre foi especial, . Desde o primeiro dia, não estava mentindo, mas... Acho que fui muito estúpido pra ter percebido isso só agora, sobre a Mary, é, eu estava nervoso, nervoso por causa da briga, acabei ficando com ela sem pensar e, dizendo as coisas pra você porque ainda estava bravo... Mas, , eu não deveria, eu sinto muito mesmo. Quando ouvir esse recado, por favor me responda! Eu quero tentar, , quero começar de novo, do seu lado... Acho que ainda podemos ter uma última chance! Bom, me liga... Eu realmente... Eu realmente sinto muito.
Tarde demais, ... Tarde demais.