Treasure

Escrito por Gabi Fernandes | Revisado por Pepper

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  Natal. Melhor época do ano, pelo menos pra mim. As ruas ficam bonitas, iluminadas, coloridas, até o ar que circula na cidade fica perfumado. O perfume do Natal.
  Bom, eu me chamo , tenho 25 anos, não sou a pessoa mais linda do mundo, nem a mais feia. Sou naturalmente ruiva, e adoro meus cabelos alaranjados e meio cacheados. Meus amigos me apelidaram de Valente, por causa dos meus cabelos, pelo meu gênio nem um pouco fácil de lidar e por que até hoje não tive um príncipe, digamos assim. Fui concebida, nascida e criada em Londres, amo morar aqui, pra mim Londres sempre foi uma cidade romântica, até mais que Paris. Tenho meus motivos para pensar dessa maneira.
  24 de Dezembro é muito mais que o Natal pra mim, é uma data que eu nunca vou esquecer.
  Sempre costumei passar os dias de Natal sozinha, porque não sou muito chegada na minha família e porque depois que minha mãe morreu, meu pai virou um galinha. Têm várias namoradas que na verdade todas têm a minha idade, e são interessadas no dinheiro dele. Sim, meu pai é um empresário riquíssimo, dono de empresas e várias outras coisas, mas o foco não é meu pai, por favor!
  Vesti uma blusa de mangas compridas branca, um short jeans com algumas tachas nos bolsos, fiz uma maquiagem leve, deixei meus cabelos soltos e fui pra cozinha preparar meu chocolate quente. Enquanto não ficava pronto fui até a sala e liguei a TV, coloquei em um canal de séries, e passava uma maratona de Friends, minha série favorita. Voltei pra cozinha, peguei a caneca de chocolate quente, e deixei em cima da bancada. Peguei chantilly na geladeira, e espumei o chocolate. Peguei sorvete de creme, coloquei numa taça e fui pra sala novamente com os dois.
  Sentei-me no sofá reclinável e altamente confortável, e dei o primeiro gole no chocolate.
  - O seu criador merece um Nobel, ele realmente não sabe o bem que você me faz caro Chocolate. - falei encarando a caneca, como se eu estivesse falando com o chocolate. É isso que dá morar sozinha, não tem ninguém pra conversar, então converse com a comida!
  Ding dong.
  Olhei pra porta e quase pude ver um ponto de interrogação enorme e vermelho brotar da minha cabeça. Será que era alguém da minha família ou até mesmo a Rach, minha prima e melhor amiga, voltando da Índia com o marido?
  Levantei-me, e caminhei até a porta. Fiquei na ponta dos pés pra olhar no olho mágico e fiquei estática. Abri a porta e me era ele mesmo. Liam Payne.
  - Liam?!
  - ! - ele disse sorridente. Me abraçou forte, me tirando do chão. - Cara, não acredito que pela primeira vez na vida acertei um endereço! - ele disse rindo.
  - O que diabos você está fazendo aqui?! Como você soube que eu moro aqui?! Você não estava em Berlim? - perguntei tudo de uma vez e ele riu novamente, espremendo os olhos, coisa que eu odeio quando ele faz, porque é extremamente fofo. E isso não é bom.
  - Onde está a educação que te dei? Não vai me convidar pra entrar?
  - Oh, claro, entra! - dei passagem e ele adentrou em minha casa. Pendurou a jaqueta de couro no cabide e tranquei a porta novamente. - Responde logo essas perguntas, homem! - falei me sentando no sofá e ele sentou no mesmo, de frente pra mim.
  - Bom, eu vim te ver, e a Rachel que me deu seu endereço. - rolei os olhos rindo logo em seguida. - Sim eu estava em Berlim, mas voltei pra cá. - assenti. - Você está...
  - Diferente? - ri.
  - Linda. - concluiu. - Mas está mais diferente, há cinco anos que não nos vemos. - assenti meio sem graça.
  Ele é o motivo pra eu adorar os natais. Há cinco anos, no dia de Natal, estávamos numa festa com uns amigos em Bournemouth, na verdade foi um luau, com fogueira, violão, muita bebida alcoólica e tal. Ainda lembro o que o Liam disse pra mim. "Você é meu tesouro, é isso o que você é.".
  Foi naquela noite em que eu me senti amada por alguém, pelo menos naquela noite. Não me sinto triste por ter tido só uma noite com ele, nem me sinto amargurada, o que importa é que aconteceu, e eu me lembro de cada detalhe.
  Liam sempre foi lindo, o tempo sempre é generoso com ele. Há cinco anos ele tinha o cabelo curto, um sorriso fofo e um físico bonito, nem muito malhado nem muito magrelo, na medida certa. Hoje, pelo o que estou vendo, ele é um homem... Nossa senhora! Sexy é apelido, ele está... Maravilhoso.
  Alto, pele alva, olhos castanhos num tom puxado pro chocolate, bem intenso, lábios rosados, cabelos castanhos claro, e atualmente usava um topete, sobrancelhas grossas, voz rouca e grossa, lábios rosados e um físico perfeito.
  Vestia uma calça jeans de lavagem escura, uma camisa preta lisa e seus músculos estavam bem delineados naquela camisa. Seu perfume, desde o momento em que me abraçou me deixou profundamente embriagada.
  - Quer dizer então que desde aquele dia, é assim que você passa seus Natais? - perguntou me olhando nos olhos. Apenas abaixei o olhar e assenti.
  - É. - voltei a encará-lo. - Não é porque estou na pior, é por opção mesmo. Aprecio mais a minha própria companhia do que a da minha família. - rimos um pouco.
  - Eu também.
  - Passa o Natal sozinho?
  - Não, aprecio a sua companhia. - dei um sorrisinho de lado. - Senti sua falta todos esses anos.
  - Tem coisa que não sai como a gente quer...
  - É... - suspirou.
  - Quer chocolate quente?
  - Sim, por favor. - me levantei e fui para a cozinha, acompanhada por ele. Peguei mais uma caneca, coloquei o chocolate quente que estava na garrafa.
  - Chantilly?
  - Por favor. - peguei o chantilly e espumei sua caneca e entreguei pra ele. - Obrigado. - sorri e voltamos pra sala. - Está muito bom, sério.
  - Claro que está, eu que fiz! - ele gargalhou, e eu ri. Sentamos-nos no sofá novamente e o silêncio se instalou entre nós.
  - Eu penso em você desde aquele dia. - ele disse num tom sério me fazendo tremer. - Não teve um dia ou um natal que eu não desejasse repetir aquilo ou estar perto de você. - continuei em silêncio. - E foi por sua causa que eu deixei Berlim.
  - Minha causa?
  - É. Berlim é legal, meu trabalho era bom, minha casa, minha vida era a que eu sempre quis, mas do que adianta ter a vida que sempre quis se não tem a pessoa que sempre quis? Tive algumas namoradas, mas nenhuma delas era você, e eu sempre soube disso. Eu até tentei várias vezes colocar na minha cabeça que a minha realidade era outra completamente diferente, mas, não entrava. Então quando dei por mim já estava aqui na sua casa.
  - Quando você veio?
  - Hoje.
  - Você decidiu isso hoje?
  - Não, faz algum tempo, só tive coragem hoje.
  - Então você se demitiu do trabalho que tinha em Berlim, saiu de casa, e desistiu da sua vida lá pra vir pra cá, falar que sente a minha falta...
  - É. Eu tinha que cometer uma loucura na vida, não é?
  - Liam, isso é um absurdo. - falei olhando pra ele, que riu nasalmente da frase que eu acabara de dizer.
  - Eu sei. Não é recíproco, eu sei disso, mas me deu vontade de fazer isso. - porque diabos ele tem que me deixar tão nervosa? - E tenho vontade de fazer isso também. - num movimento rápido, ele se aproximou de mim e me beijou, puxando-me pela nuca.
  No início foi só um choque de lábios, depois ele iniciou um beijo lento e talvez apaixonado. Sorri e correspondi ao beijo. Senti-o sorrir e então aprofundei o beijo. Era intenso, molhado, e quente.
  - Quero ter aquela noite de novo. - disse quebrando o beijo. - Quero sentir você de novo e eu sei que você também quer. - ele dizia distribuindo beijos pelo meu pescoço. Eu já não estava em meu juízo perfeito com aquilo.
  - Quero sim... - sussurrei e ele sorriu.
  Entrelacei minhas pernas em seu corpo e ele atacou minha boca com uma certa violência. Ele tirou minha camisa e jogou no chão da sala. Desligou a TV e me puxou mais pra perto de si. Passei a mão pelo seu abdome por baixo da sua camisa, arranhando toda sua extensão, e tirando aquela peça de roupa.
  Nos levantamos e fomos às cegas e aos beijos para meu quarto.
  Ele era selvagem, erótico, louco. Ele me deixava louca, completamente louca. E era isso o que eu mais gostava.

  [...]

  Senti a luz do sol bater no meu rosto através da janela. Abri meus olhos devagar e tateei a cama, mas estava vazia. Meu quarto estava destruído. Bagunçado, com algumas coisas quebradas. As roupas dele, pelo menos a sua calça estava. Olhei a hora no relógio que ficava na mesa de cabeceira e eram dez da manhã ainda. Como estava sem sono, me levantei, vesti minha roupa íntima e fiz minha higiene matinal.
  Saí do quarto e fui na cozinha, só de boxer, terminando de organizar a mesa. Tinha suco, pão, torrada, queijo e presunto, frutas e chá. Suas costas estavam cheias de marcas das minhas unhas e meu pescoço estava muito marcado.
  - Homem prendado, nossa! - falei e ele riu.
  - E homem que tem celular e dinheiro pra encomendar o café da manhã. - ele disse se virando pra mim, e eu ri. - Bom dia, Valente. Dormiu bem? - depositou um beijo em minha testa me fazendo sorrir.
  - Sim, dormi. - respondi e ele me deu um selinho.
  - E está com fome?
  - Sempre. - rimos. Nos sentamos na mesa e começamos a comer as coisas que haviam ali. Enquanto eu tomava o chá, ele comia um sanduíche de queijo e presunto. - O que você vai fazer agora? Vai pra Berlim de novo?
  - O que eu vou fazer lá?
  - Voltar pra casa, sei lá!
  - Quando eu disse que tinha largado tudo, é porque eu literalmente fiz isso.
  - Você foi um burro sabia? Ok, foi a coisa mais linda que alguém já fez por mim, mas você não usa o cérebro que tem, se é que você tem.
  - Não me ame tanto! - ri. - Fica tranquila, ainda tenho meu apartamento e quanto ao meu emprego, tem meu pai e eu já falei com ele.
  - Você realmente não tem do que reclamar da vida. - beberiquei meu chá e ele assentiu.
  - Não tenho mesmo. Eu só queria você, mas ganho minha vida de volta ainda de quebra, minha vida é invejável. - ele disse e eu ri. - Eu não vou embora como da outra vez, . - disse acariciando meu rosto. - Eu sei que não sou a pessoa mais inteligente do mundo, - ri. - mas não sou burro a ponto de ir embora novamente, com minha vida completa aqui.
  - Isso é um começo?
  - Pode ser um começo ou a continuação de alguma coisa que deixamos parada por um longo tempo. - sorri e ele me beijou carinhosamente sem nenhuma malícia.



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