Esta história pertence ao Projeto Adote Uma Ideia
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Ideia #006

Doada por Stelah Segatelli

// A Ideia

Você se apaixona por um paciente do seu consultório, mas ele é um dos seus clientes mais problemáticos. Você é uma psicóloga. O que fazer quando você sabe que está lidando com o perigo?


// Sugestões

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// Notas

Se você aderir a minha ideia, por favor, me avise, porque eu fico muito curiosa. Quero ser a primeira a ler! u.u




Tóxico

Escrito por LBR

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Capítulo Único

  Minha pele já estava vermelha de tanto esfregar, por mais que o sangue e a terra já tivessem escorrido pelo ralo junto com a água do chuveiro, mas a sensação de estar suja ainda estava lá. Respirei fundo. Como psicóloga sei que não posso deixar essa sensação me dominar, então decido desliga o chuveiro e sair do boxe.
  Enquanto me seco vejo as roupas que usamos mais cedo no chão, vou ter que queimá-las, pelo menos o consultório está limpo.
  Após vestir meu pijama, fui para o quarto secando meu cabelo quando a vi deitada na minha cama da forma mais desleixada possível como se ela fosse a dona.  Sinceramente isso me irrita.
  Quando a família de Beth a levou ao consultório em que trabalhava não imaginava que nossa relação chegaria nesse nível, era para ela ser apenas mais uma paciente com transtorno dissociativo de personalidade, mas depois da segunda sessão ela sempre invadia minha casa quando a personalidade de Alice estava no comando, e conversando com o pai dela foi decidido que era melhor ela estar aqui cuidada e segura do que vagando pela rua. Às vezes me pergunto se eu soubesse tudo o que aconteceu nestes últimos 2 anos ainda a deixaria ficar.
  Ela tem o costume de se desligar da realidade, por isso demorou a perceber que eu tinha entrado no quarto, mas assim que percebeu minha presença esticou os braços em minha direção em um pedido mudo para que eu me aconchegasse no seu abraço, se a situação fosse outra eu me jogaria nos braços dela sem pensar duas vezes, mas agora…
  - Não.
  Voltei a secar meu cabelo esperando qual seria sua reação, se explodiria e viria para cima de mim me asfixiando (atitudes típicas de Alice) ou se voltaria ainda mais para o mundo das ideias (sinal que Mouse estava no comando).
  - Olha, ela fala! - Alice, com certeza, era ela no comando. - Você está calada desde que enterramos o Jonathan naquele terreno baldio.
  Sei que Alice odeia o silêncio, principalmente por todo o trauma do passado, mas prefiro me manter calada, ainda não processei tudo.
  Com um movimento rápido ela estava na minha frente segurando meu queixo com a mão direita fazendo com que eu a olhasse nos olhos.
  - Dá pra dividir o que está passando em sua cabeça! - Agora ela estava irritada.
  Coloquei minhas mãos em seus ombros e a empurrei sabendo que ela cairia na cama. Resignada resolvi jogar tudo para fora.
  - Você devia ter se afastado dele ou ter me chamado, se vocês não fossem tão impulsivos minha sala no consultório não seria uma cena de crime.
  - Acha que não sei disso?! - percebi seus ombros pesarem como se estivesse cansada, decidi remediar.
  - Jonathan Crane, apesar de ser meu colega de trabalho, era um sem noção que se achava no direito de assustar os pacientes, apontar o dedo e dizer o que estava certo, eu também não devia ter te deixado sozinha com ele, mesmo que fosse para ir no banheiro - parei quando percebi que a personalidade de Beth tinha assumido o comando.
  - Crane não é o motivo de estarmos em perigo de novo, eu sou, mesmo sabendo o que Alice queria fazer eu deixei ela sair, eu o queria morto e sabia que se ela saísse o pescoço dele seria cortado. Quer saber por quê? - Ela gritou. - Porque aquele desgraçado tocou no meu ponto fraco, só de pensar que qualquer um é melhor para você, me deixa louca. Eu queria que ele parasse de dizer que eu e Alice não éramos o suficiente então deixei que ela tomasse o controle… Esse é o controle que você tem sobre mim!
  Das 3 personalidades que habitava o corpo de Elizabeth Kane, Mouse é a personalidade mais carente, como uma criança pequena; Alice era a mais impulsiva com fortes tendências a psicopatia, já Beth, a personalidade primária é assustada, indefesa e a única que eu julgava que nunca faria mal a ninguém, acho que mais uma vez estava enganada, mas eu tinha que acalmá-la.
  - E eu ainda estou aqui! Esse é o poder que você tem sobre mim!
  - Escuta a gente, isso é tóxico! Eu mato seu amigo e você coloca a culpa em todos menos em mim! - Disse gritando.
  - Você quer que eu te culpe? Tudo bem, vocês fizeram bobagem, outra vez! - disse com raiva.
  - Finalmente!
  - Você e todas as personalidades me colocaram em uma posição onde tenho que distorcer meus princípios outra vez! Onde a divisão entre o certo e o errado não existe e eu vou contra tudo que eu acredito, outra vez! Porque eu amo vocês apesar de todos os defeitos.
  - Então pare de nos amar!
  - Não dá. - Sim, essa é minha verdade.
  - Não tem uma personalidade minha que não seja fudida da cabeça! - Dava pra sentir a tristeza na voz dela.
  - Eu sei.
  Sim, eu sabia que viver com August Cartwrigh (seu sequestrador) tinha quebrado Elizabeth Kane de formas inimagináveis e para se defender das atrocidades do monstro, surgiram duas personalidades que tomavam o controle para protegê-la, mas apesar da proteção a personalidade primária também foi afetada e muito.
  Um dos pontos que falhei além do relacionamento médico-paciente foi não conseguir fazer Beth entender que precisava de ajuda. Na sua cabeça confusa se o tratamento funcionasse, Alice e Mouse sumiriam e ela ficaria sozinha. Tentei mostrar que esse pensamento não era verdadeiro, afinal, ela tinha 2 irmãs, um pai, um primo com vários filhos e a mim, mas nenhum argumento adiantou, talvez porque quem devia inspirar confiança estava dividida, afinal, eu amava cada uma das personalidades dela.
  Ela se remexeu na cama, mas não levantou, na verdade abaixou a cabeça e disse em voz baixa:
  - Então concordamos, isso tem que acabar. - Sua voz estava trêmula como se estivesse prestes a chora.
  Mesmo com o nó na garganta e com o coração sangrando respondi o que nos salvaria de uma vida de insanidade:
  - Sim. Acabou...
  Mas antes que eu pudesse terminar de responder ela estava me beijando e me puxando sobre ela em direção à nossa cama. Com certeza não seria hoje que nosso relacionamento chegaria ao fim.

FIM...?