Too Beautiful

Escrito por Virginia Oliveira | Revisado por Virginia

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   , 29 anos, americano, empresário.
   , 26 anos, americana e esposa de .
  - Já vou para empresa, meu anjo! – Disse para sua mulher.
  - Tudo bem, disse e beijou sua testa.
  - Não se esqueça que amanhã a Louise estará de folga.
  - Eu sei. Você quer strogonoff de frango, purê de batata, arroz a grega, salada e um pouco de macarrão “ninho de passarinho”.
  - Isso mesmo. Tchau.
  - Tchau – disse por fim e ele saiu. soltou um ar pesado que estava em seus pulmões.
  Foi para cozinha. Louise estava lavando louças.
  - Vai querer almoçar agora, mrs. ? – Perguntou Louise para com sua patroa.
  - Louise, eu já disse. Me chame de ou . – reclamou rindo – E sim. Eu quero. Estava só esperando que saísse. comentou que você fez um frango grelhado com purê de batata maravilhoso.
  - Obrigada... – E as duas riram.
  Rir era algo raro na vida da bela . Por quê? , seu marido, era um homem muito ciumento e sua mulher não podia fazer nada, nem que fosse o mínimo errado que ele a agredia.
  No pensamento de , ele a amava, mas esse amor, se é que poderia chamar de amor, era doentio. Ele a ameaçava, esse é o motivo para ela não ter saído ainda daquele apartamento, daquela terrível vida. Ele a ameaçava. E ela não queria isso nem para ela, nem para ninguém.
  - Estava divino como sempre, Louise.
  - Obrigada.
   foi para sala esperar seu amor, quer dizer, seu amigo.
  A campainha tocou.
  - Deixa que eu atendo, Louise! – gritou e foi atender a porta – ! – o abraçou.
  Mesmo que os dois morassem no mesmo prédio, era muito raro eles se verem, já que ela tinha medo que descobrisse e tentasse fazer algo contra .

   , 28 anos, americano, produtor musical e apaixonado pela melhor amiga.
  - , tô tão feliz que você veio! – disse e viu uma marca roxa perto do pulso de .
  - Aquele monstro bateu em você novamente? – Perguntou respirando fundo.
  - Não foi nada, odiava brigar com ele.
  - Não foi nada, ? Como não foi nada? – perguntou incrédulo – E isso aqui? – Perguntou estendendo o braço dela, onde tinha um hematoma – E isso? E isso aqui também?
  - Tá bom, ! Ele me bateu ontem? Tá satisfeito agora?
  - Claro que não, . Qual foi o “motivo” dessa vez?
  - Eu fiquei com enxaqueca e ele queria que eu fosse com ele a não sei onde. Aí ele foi. Quando chegou...
  - Argh! , sai dessa casa! – disse – Você o ama?
  - Não, . Você sabe muito bem que não!
  - Então, foge comigo! Eu te amo, !
  - Eu também te amo!
  E então, a beijou. Há tempos não sentia o beijo dela.
  - É melhor você ir, . Se o chegar e te ver aqui...
  - Tchau, pequena.
  - Tchau, príncipe. Te amo!
  - Também te amo!

  Minutos após a saída de , foi ao seu quarto. Despiu-se. Ela tinha hematomas em todo o corpo. No pescoço, nos braços, nas pernas, em um dos pulsos... E uma marca de cinco dedos em sua cintura fina. Ela já não era mais viva. Ela está sentindo tudo isso agora, mas ela não chora. Ela não chora.

  - Você tá linda, meu anjo! – Disse .
  - Obrigada, . – Agradeceu .
  - Vem cá. Me dá um beijo! – Ele disse e sentou-se à cama. Ele a beijou, mas não do jeito que eles se beijavam quando namoravam. Era um jeito cruel.
  Fazia mais ou menos seis meses que os dois tinham se casado, mas já namoravam há três anos e meio. No namoro, só amores e o amava muito. Com o tempo, todo o amor foi se transformando em pó e agora, nem pó resta mais.
  - Tchau, – Disse e saiu.
   iria visitar sua mãe, que mora em um bairro um pouco mais afastado, na periferia de New York.
  Fazia tempos que não visitava a mãe, não queria. Ela achou até estranho ele ter deixado. Ele nunca era legal com ela, mas ela não poderia perder a chance.

  Horas depois, já no apartamento...
   passou uma ótima tarde com a mãe e ela estava feliz de ter visto os pais.
  A casa estava muito silenciosa, ela pensou que estava no trabalho e foi par o quarto.
   foi em direção ao quarto, tomar um banho e depois comer algo. Abriu a porta do quarto e em seguida, acendeu a luz, se deparado com uma cena horrível. e Rachel, secretária de , na cama. Sim, naquele exato momento.
  - O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO AQUI, ? – Perguntou .
  - Ora, cheguei, baby. – sorriu cínica.
  - Rachel, vista-se e vá para sua casa. – falou para Rachel que vestiu-se e saiu imediato. pegou pelo braço e desceu as escadas.
  - O que foi que eu fiz? – Perguntou .
  - Você sempre faz coisas erradas! – Ele disse e a jogou no sofá. Isso foi a gota d’agua para . Ela não suportava mais e agora, ele dizendo que ela fez algo de errado, sendo que foi ele. Ela não aguentou.
  - Eu? Tem certeza, ? Não era eu que estava em uma cama com uma vagabunda qualquer! Era você e eu que sou culpada?
  - Sim. Quem mandou você chegar agora?
  - Você não sabe o que eu passo e o que eu passei aqui! Quer dizer, você sabe sim!
  - E você não sabe o que eu fiz por você!
  - Sei sim. Me deu muitas pancadas sem motivo!
  - É o que você vai levar agora!
   deu um tapa na cara de . E começou a espancá-la.
  - Isso aqui, vadia, foi para você me respeitar e não levantar mais a voz para mim.
  Ele saiu e não fechou a porta.
   chorou. Há meses ela não chorava mais. Ela chorou de ódio, de raiva e pelo desprezo que sentia em relação à .

   estava em sua casa assistindo, quando sentiu um aperto no peito. Quando ele sentia esse tipo de coisa, só podia significar uma única coisa: Era . Estava acontecendo algo.
  Desligou a televisão, vestiu uma blusa e saiu em direção ao apartamento de .
  - Droga! Esse elevador ainda está no térreo! – disse sozinho e subiu pela escada de emergência, já que o apartamento de ficava só um andar acima do seu.
  Subiu e quando chegou, viu a porta do apartamento dela aberto e entrou. Logo que entrou, viu no chão, chorando. O nariz dela estava sangrando. Ele a pegou no colo.
  - Shhh! Sou eu, meu amor. Eu estou aqui.
  - , eu não aguento mais! – disse.
  - Eu mato ele! – disse com ódio.
  - Não, . Só... Só me tira daqui, por favor. – o beijou. Era sempre ele que iniciava o beijo.
  Ele a levantou, ela cruzou as pernas a redor da sua cintura e ele foi em direção ao quarto dela.
  - Não, . No quarto de hóspedes – não tinha dito que minutos antes seu marido estava com outra naquela cama.
  Deitou ela na cama e começou a beijá-la. Ela tirou a blusa dele e ele tirou o vestido dela.
  Ela puxava seus cabelos levemente e ele acariciava o rosto dela.
  Por fim, tiraram o resto das roupas e fizeram amor.
  Era a primeira vez que os dois faziam amor. Sexo, s dois já tinham feito com outra pessoa várias vezes, mas nunca amor.
  Com , nunca foi assim. Nunca foi carinhoso, nunca deu-lhe amor.
  - Você é tão linda! – disse abraçando-a.
  - Eu te amo, .
  - Também te amo, . Minha . – a beijou – , vamos fugir?
  - Como?
  - Vamos fugir? Só você e eu.
  - Sim. Com você eu vou a qualquer lugar.

   chegou em casa, dois dias depois do ocorrido com .
  Foi procurá-la para pedir perdão, como sempre fazia. Foi até o quarto e não encontrou ninguém. Começou o desespero. Foi até o closet dela e nenhuma roupa tinha, a não ser uma caixa. A caixa de joias dela. Abriu a mesma. Tinha duas cartas. Uma com o nome de e outra sem remetente.

  “ Oi, . Você já deve ter percebido que eu não estou aí, né?
  , estou escrevendo esta carta para dizer que eu cansei. Cansei de todas as pancadas e depois você vim, me pedir perdão e me chamar de anjo. Cansei de ser tratada como um objeto. Como algo sem valor.
  Desculpe-me se eu não fui a esposa perfeita, que aguentava tudo. Só te digo uma coisa: Eu te amei e não foi pouco. Meu amor era tão grande, que chegava a doer, mas esse amor foi acabando a cada dia que passei aí, a cada vez que você levantava a mão e me batia e a cada hematoma que você deixava no meu corpo.
  Fui embora, atrás da minha felicidade. Espero que você encontre alguém que ame de verdade e que você trate ela como ela merece.
  Daqui uns dias chegará os papéis do divórcio.
  Adeus,
  .”

  Ele nem acreditava no que lia. Ela não teria coragem para isso e voltaria correndo, pedindo perdão.
  Abriu a outra carta.

  ”Olá, idiota. Sim, é isso que você é por ter deixado alguém tão maravilhosa e especial como a , escapar de suas mão imundas.
  Você não sabe o quanto ela sofreu. O quanto ela chorou, sabe por quê? Por que você não estava nem aí, só queria uma mulher-objeto.
  Que tipo de homem bate na mulher que ele diz que ama e a chama de anjo? E não mostra remorso quando o faz?
  Você cobria o corpo dela de hematomas e cicatrizes, e não sabe o quão bonita ela é.
  Espero que você, agora, fique com todo seu ódio para si mesmo.
  Até nunca mais,
  .”

  - Ela tinha fugido com aquele produtor de meia tigela? Ela me deixou por ele? Ela quer se separar? Pois de mim, nada ela levará – disse com ódio nas palavras.

  Em um lugar distante...
  - , para! – gritava.
  - Não paro até você dizer que eu sou lindo e que me ama!
  - Você... É lindo... E eu te... Te amo! – disse entre risadas.
  - Pronto! – Ele disse e a beijou. – Te amo.
  - Te amo mais e vou te amar até depois que meu coração parar de bater! – disse.
  - Pra todo sempre.

Fim...



Comentários da autora


  Amei ter escrito “Too Beautiful” e tô muito feliz por vocês estarem lendo.
  Obrigada!