Toma Meu Coração é Para Você

Escrito por Bekah Malta | Revisado por Isabelle Castro

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  Eu havia acabado de sair da faculdade quando recebi uma ligação do , pedindo para que eu o encontrasse em uma cafeteria ali por perto, eu aceitei prontamente eu estava querendo vê-lo e contar a novidade que me fez muito feliz, eu precisava dividir aquilo com ele urgentemente a “novidade”.
  Eu passava noites e mais noites em claro, me dedicando nos projetos e nas maquetes, dava meu sangue naqueles trabalhos executados, para no final meu professor chegar em mim e após avaliar falar um simples ‘Ok’ sendo que ele elogiava outros alunos que parecia nem terem ficado a metade a madrugada acordados como eu ficava, tudo bem que poderiam ter ficado melhores que o meu, mas de qualquer forma magoava.
  Até que naquele dia, o dia que meu professor me surpreendeu quando entreguei meus desenhos de apartamento moderno em um terreno de tamanho médio. Assim que todos saíram da sala ele me chamou e falou.

  “Mia, sempre percebo que você fica meio chateada quando falo um simples ‘ok’ quando vejo seus trabalhos, mas você sabe o porquê que faço isso? Pois vejo em você um grande potencial, todos os meus alunos são talentosos sim, mas assim como os outros eu te vejo como uma grande arquiteta, e esses ‘ok’ são para te fazer dar ainda mais o seu melhor nos projetos, para me agradar, para no futuro, a cada dia querer mais agradar aos seus clientes. Eu tenho visto os seus trabalhos e os adorado.
  Agora que você sabe o verdadeiro motivo não se acomode nisso, quero você melhor ainda, . Continuarei com os meus ‘ok’s, mas você está de parabéns, quero fazer de você uma grande arquiteta.”

  Chorei e muito, eu era especial para o professor carranca, você deve saber como eu estava me sentindo, saber que seus esforços não eram em vão, que sempre tinha, tem alguém orgulhoso de você.


  Assim que cheguei na cafeteria, avistei na mesa mais ao fundo mexendo no celular, como sempre viciado. Me sentei em sua frente apressada o assustando um pouco.
  - Você não vai acreditar no que me aconteceu. – sorri largamente.
  - Faça mais isso não, mulher. Desse jeito meu pobre coração frágil não aguenta. – ele colocou a mão no peito com drama pelo pequeno susto, revirei os olhos e ele sorriu em seguida. – Mas bem, para você estar tão animada assim deve ser uma coisa muito boa mesmo, como por exemplo um passarinho verde ter te visitado na calada da noite passada. – me olhou com o olhar malicioso, fiz cara de nojo e bati de leve em seu braço.
  - Credo, , não.
  - O que houve então?
  - Sabe, aquele meu professor chato?
  - Sim, sei.
  - Assim que todos saíram da sala ele me chamou...
  - Aí, não, credo, . Ele é velho demais, isso é pedofilia. – ele fez cara de nojo.
- O que? Não, não foi nada disso . Deus é mais, eu hein.
  - Tá, então ele te chamou e...?
  - Ele falou coisas sobre meus projetos que eu nem acreditei, foram só elogios, ele falou que quer me fazer uma grande arquiteta. Porra ele se orgulha de mim.
  - Uau, esse é o poder . – fiz cara de interrogação e ele chacoalhou a cabeça em negação sorrindo.
  - Tá, esse foi meu último projeto o que eu entreguei hoje para ele ver.
  Com muita animação e orgulho peguei os desenhos de minha bolsa e coloquei em cima da mesa, ele as pegou e as analisou por uns instantes e sorriu em seguida.
  - Isso é incrível, , meus parabéns, você é ótima.
  - Obrigada.
  Em mais uma de minhas milhares de viagens à lua, em que eu estava quase chegando lá, quando a viajem foi interrompida por uma minhoca de peruca loira, nomeada de Melissa, namorada de , meu melhor amigo, e minha paixão secreta desde sempre, digamos assim, mas infelizmente Melissa é um ser humano, seria bom se ela fosse mesmo uma minhoquinha, porque daí eu já podia pegar colocar o dedo indicador sobre o dedo polegar e mandar aquela coisinha escrota para o quinto dos infernos.
  Já deixei claro que eu não gosto da Melissa. Deixando claro, que eu, , não tenho nada contra as loiras, apenas com essa loira em especial que traia meu amigo, eu queria contar tudo a ele, mas seria minha palavra contra a dela, a garota perfeita que jamais faria uma coisa horrível daquelas, a menina pura. Pura a bunda de quem fala, ela era mais rodada que pratinho de micro-ondas.
  Mas se eu acabasse me metendo naquilo, ela começaria a me acusar de ser apaixonada por ele, e querer acabar com aquela relação só para que eu ficasse com ele, daí eu iria partir para cima dela para matá-la por ter falado uma mentira tão verdade, aí iria dar merda como um possível afastamento entre mim e , por isso aguentei tanta coisa calada.
  - Oi, amor, como fiquei com saudades de você, meu amor. – ela o agarrou e o beijou, mas o correto dela dizer seria: "oi, seu corno, eu acabei de transar com um cara na nossa cama, então não se iluda, porque você não fez a mínima falta seu babaca." Magoaria o coração dele? Sim. Mas bem que dizem que a verdade dói.
  Ao pensar isso acabei não aguentando e dei uma risadinha, com cuidado para não engasgar com o café, foi quando ela me viu.
  - Ah, oi, . – se dirigiu a minha pessoa com desprezo, eu queria tanto jogar café quente com a jarra de vidro e tudo na cara dela, mas seria desperdício, eles não mereciam aquele contato tão cruel com o lixo.
  Ah, ela também não ia com minha cara, deu para perceber né?! Ela tinha a paranoia que eu ia roubar o dela, olha como essa bicha tem razão, e ela até que era bem inteligente.
  - Oh, são seus projetos? – ela perguntou.
  Sempre que ela ia começar uma frase ela falava um ‘ah’ ou ‘oh’ e a minha vontade era de enforcar ele bem nessa hora, fazer ela morrer engasgada com o ‘oh’, ‘ah’ dela.
  - Aham. – com ela eu usava poucas palavras, eu não tinha paciência para aquela jumenta. Serio ela é burra como uma porta.
  - Está razoável, parabéns. – menininha medíocre, idiota e muito vagabunda, como eu queria arrancar os olhos dela com uma colher, se isso não é possível eu faria se tornar. Deixando claque que eu não sou agressiva!
  - Valeu.
  O celular de começou a tocar, ele pediu licença e se retirou da mesa restando eu a minhoca loira desidratada.
  - Então, , você e o andam se encontrando demais, não acha?
  - Não, não acho, mas o que é que tem? – viu só como ela idiota? Se ela quisesse que nós não nos encontrássemos mais, ela teria que usar argumentos mais fortes e plausíveis, porque nem ciúmes aquilo era.
  - Não acha que você deveria desgrudar dele?!
  - Não, não acho nem um pouco. – cadê a colher? – Somos amigos, não vou estragar nossa amizade de anos por sua causa.
  - É, você quem sabe , eu não queria fazer isso, mas é uma pena mesmo.
  De proposito aquela filha de uma mãe bateu a mão no copo de chá de cor nojenta que ela carregava para ficar mais seca do que já era, e praticamente todo o chá derramou em cima dos meus desenhos.
  - Ops. – fingiu fazendo aquela cara de ‘desculpe foi um acidente’, mas ela deu um sorrisinho, o que cairia bem naquela hora era minha mão na cara dela, e não seria um acidente, seria bem proposital.
  - Vadia, olha o que você fez!? – falei pegando rapidamente meus desenhos. Sem olhar para trás sai daquela cafeteria antes que eu pegasse aquele projeto mal feito de Barbie e tacasse a cabeça dela várias e várias vezes na parede.
  Como um furação sai daquela cafeteria eu não aguentava mais um minuto que fosse daquela tortura, de toda aquela falsidade.
  Ao chegar na rua, senti as gotas de água gelada de encontro as partes expostas de meu corpo, chovia com toda a intensidade, era como se o céu sentisse toda a frustração, dor e peso que eu sentia, mas aquela chuva não me impediu de continuar andando/correndo, quando atravessei a rua acabei parando ao escutar me chamando. Eu estava decidida não adiaria mais aquilo, seria naquela hora e naquele momento, que poderia não ser apropriado, mas mesmo assim eu falaria tudo o que estava entalado em minha garganta a meses.
  - , espera, o que aconteceu? Por que saiu assim?
  - Sabe porque, ? Porque eu estou cansada disso. – ele abriu a boca para falar, mas não deixei. – Estou cansada de aguentar muitas coisas caladas, de ter que ver muita coisa que parte meu coração, mas eu tenho que fingir que está tudo bem, fingir que não escutava, que não importava, que não machucava... Estou cansada de ouvir Melissa jogar coisas na minha cara, me julgando incapaz ou não ser alto o suficiente, mas sabe por que eu aguentei tanto? Porque eu te amo, não te contei das traições dela por amor a você, para não te ver sofrer por alguém que não te merece... Mas eu só podia estar louca ao pensar que algum dia eu pudesse ser correspondida! – sorri debochada, com as mãos para o alto e logo as abaixei.
  - Devo estar parecendo uma boba, nessa chuva, chorando, com a maquiagem toda borrada, toda acabada. – ri sem humor algum. – Mas eu precisava fazer isso, por amor a mim própria. Quando eu amo, eu amo de verdade.
  Dei as costas e comecei a caminhas, mas parei quando ele começou a falar.
  - Mas mesmo na chuva, chorando, com a maquiagem toda borrada, toda acabada, você continua sendo a mulher mais linda que eu conheço do mundo... Mas já pensou que talvez você pode estar sendo correspondida, sim?! Você vai me achar o maior cretino se eu te disser que amo você? Mas pode achar eu não me importo, porque eu também amo você, ! Amo seu sorriso, a forma como você leva a vida, que é de um jeito que você faz parecer a coisa mais fácil do mundo, como se não fosse qualquer coisinha que te derruba, e nada te derruba. E tão difícil achar mulheres com esse senso de humor incrível que você tem. Eu amo te acordar pela manhã porque é legal ver você toda brabinha. E eu todos os dias procurava o pouco de suas qualidades na Melissa, mas eu nunca encontrei uma que fosse. Sabe por quê? Porque você é única , você para mim é perfeita. – Tentei segurar um sorriso, mas não deu.
  - Eu poderia ficar aqui contando todas as coisas que eu amo em você, cada mania sua que faz eu me apaixonar ainda mais por você, você podia pensar que eu não notava, mas eu sempre notava cada detalhe, mas eu ficaria aqui dias e dias, mas eu não me importaria também porque estou com você, mas é como dizem, ações são melhores que palavras.
  Àquela altura ele já estava perto o bastante, arrancando o resto de oxigênio que restava em meus pulmões.
  Sua mão esquerda foi para a minha bochecha enquanto sua outra mão foi para a minha cintura e finalmente sem ensaios e rodeios ele me beijou, parecia que tinham me chacoalhado de tantas coisas boas que eu sentia por dentro, eu não pensava em nada mais que não fosse memorizar aquele beijo, que sonhei e esperei a tanto tempo e que era ainda melhor que nos meus sonhos. Mas aquele poderia ser o primeiro e último.
  Eu estava com o coração acelerado, pernas bambas e toda arrepiada.
  O beijo foi quebrado e nossas testas coladas.
  - Mas enquanto a Melissa? Por mais que ela seja daquela forma , ela não merece isso.
  - Sinto muito. – certo o encantou foi quebrado e eu fui trazida à força a realidade. – Mas eu não a amo, eu amo você. Vai por mim, ela ficara bem.
  Ele piscou para mim, sorrimos, e eu o beijei com toda a paixão dentro de mim. É aquele não seria o primeiro e último beijo, mas sim o primeiro entre muitos que virão.



  Você se apaixona por uma pessoa pelos detalhes.
  Pela sai gentileza. Seus olhos. O sorriso. O fato
  Dele conseguir arrancar o mais sincero sorriso
  Quando você mais precisa, sem nenhum esforço.

  - Desconhecido

FIM



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