Time After Time

Escrito por Mariana Sá | Revisado por Andressa

Tamanho da fonte: |


  E então eu acordei. Minha cabeça estava latejando e eu sentia uma dor muito grande acima dos meus olhos. Sangue. Da onde estava vindo aquele barulho de água? E porque eu estava sentindo um cheiro de mofo? Ok, vou levantar. Gemi de dor quando senti uma dor enorme tanto nas costas quanto na cabeça. Vi um espelho. Era como se eu estivesse em uma sala, mas no meio do... esgoto? Ok, essa parte não era usada porque estava interditada, mas o que diabos eu estava fazendo aqui? Eu tentava ver o outro lado, mas tudo que eu via era apenas meu reflexo. Eu tentei abrir a porta que ficava no final da pequena e misteriosa sala. Trancada. Tudo que eu consegui foi gritar.
  - TEM ALGUÉM AI? SOCORRO! EI!
  Barulhos. Eles pareciam vir do outro lado do espelho. Mas o que?
  - ME DEIXA SAIR DAQUI SEU MANÍACO TARADO! MOSTRA A CARA! EU SEI QUE VOCÊ TA AI DO OUTRO LADO!
  E, como se fosse mágica, o espelho ‘clareou’ me permitindo olhar quem estava do outro lado. Quando eu vi quem estava lá, eu desejava nunca ter acordado.
  - ? ? ? ? ? O que diabos vocês estão fazendo ai?!
  - Eu é que pergunto! O que a gente ta fazendo aqui sua louca? Deixa a gente sair agora! – dizia tão irritado que eu duvido que ele tenha percebido que eu estava tão machucada quanto ele, que tinha um corte enorme acima do olho. Foi ali que eu percebi duas coisas: a primeira que tinha alguém nos vigiando, partindo do princípio que além da janela ter ‘acendido’, eu também podia ouvi-los agora. E além disso, eu também percebi que eu estava ali presa com a minha banda favorita. Mas esse não era o jeito que eu esperava vê-los, não sabendo que tinha um louco nos olhando e que nós todos estávamos presos nas mãos dele.
  - , você não percebeu que ela também ta presa? – disse apontando pra mim e segurando ele pra que ele não tentando avançar em mim, mesmo tendo uma parede entre nós.
  - O que vocês estão fazendo ai? Pelo amor de Deus, vocês estão bem? – fez uma cara irônica por causa da minha última pergunta e logo eu corrigi. – Bem dentro das circunstâncias, claro?
  - Eu não faço a menor ideia do que a gente ta fazendo e nem como a gente veio parar aqui. E você? Já vi que você sabe quem a gente é, mas quem é você? – me perguntou tentando ver se, além de uma parte de sua cabeça, mais alguma coisa estava sangrando.
  - Meu nome é , eu sou só uma garota qualquer que é fã de vocês. – Afirmei apontando para a minha blusa, que tinha uma frase de uma música deles. – eu não sei o que eu to fazendo aqui, eu... eu to com medo. – comecei a sentir as paredes fechando em mim. Não que isso estivesse mesmo acontecendo mas...
  - Ai meu deus, você não é... ? – perguntou.
  - Claustrofóbica? Sim. – Disse me agarrando em mim mesma. – e não venham me zoar porque vocês todos estão juntos e eu to aqui sozinha com a minha fobia! – disse já irritada porque eu via que ia rir. Eu ouvi uma risada. Eu vi que eles ficaram tão nervosos quanto eu. Ok, se eu não ri e eles não riram? Quem fez isso?
  - ALO! QUEM ESTÁ AI? MOSTRA A CARA DESGRAÇA! – gritou visivelmente irritado.
  - DEIXA PELO MENOS A GAROTA VIR PRA CÁ COM A GENTE! SE É PRA DEIXAR A GENTE AQUI, PELO MENOS DEIXA ELA COM A GENTE! – gritou. Ok, me senti amada.
  - APARECE LOGO SEU VAGABUNDO! EU PRECISO IR PRA CASA SABIA? SABIA QUE DAQUI A POUCO COMEÇA A VENDER O INGRESSO DO SHOW DELES QUE PROVAVELMENTE VAI LOTAR EM 10 MINTOS? VAI SE FUDER CARALHO, ME DEIXA SAIR DAQUI COM ELES E EU JURO QUE NÃO DOU UM MURRO NA TUA CARA QUANDO VOCÊ DER AS CARAS. – disse gritando e gesticulando. Eu não sabia que horas eram, não sabia se ele me ouvia e eu não sabia porque diabos uma das portas (que eu só notei depois quando eu vi o espelho, pois ela estava do lado) abriu. Fui andando na esperança de que eu fosse ver uma luz e tudo que eu vi foram os cabelos do indo na minha cara, já que ele corria e eu também. Bacana, o máximo que esse filho da mãe fez foi me juntar com eles. Pelo menos agora eu não ficaria sozinha naquela sala escura. Todos eles passaram para o lado que eu estava e a porta se fechou. E como se tudo fosse extremamente programado, um homem grande, forte e de aparência jovem apareceu. É claro que ele não mostrava o rosto, mas ele estava claramente rindo da nossa cara.
  - SEU FILHO DA MÃE PORQUE VOCÊ NÃO MOSTRA QUE É HOMEM E VEM AQUI PRA EU ENFIAR A MÃO DENTRO DAS SUAS CALÇAS E TE CASTRAR COM A MÃO MESMO SEU DESGRAÇADO.- eu falava rápido e era segurada para não ir pra cima do vidro.
  - Querida, você sabe que não adianta nada, não é? Você nunca vai chegar aqui. – o idiota disse rindo. Que ódio. – eu vou deixar vocês ai até quando eu achar bom... ah, antes que eu me esqueça, ! Aproveite pra ver o que vale mais, esses caras que vocês dizem amar ou você mesmo. – e do nada ele sumiu.
  - Como é que é? – eu disse baixo, já caindo no chão. Isso não podia significar o que eu achava que significava.
  - Esse cara só pode ser doente. – sentou no canto da sala, com uma expressão meio chateada, meio preocupada. Todos eles se sentaram ao lado dele, menos .
  - Você ta bem?
  - Sinceramente? Ou você quer que eu minta? – eu disse rindo irônica.
  - Mente.
  - Não poderia estar melhor. – e forcei um sorriso. Mas riu. – Como você consegue rir numa situação dessas? Pelo amor de Deus. – eu sorri verdadeiramente. Como não sorrir com aquele sorriso tão lindo?
  - Eu só estou tentando passar o tempo, descontraindo.
  - Ou dando em cima de você. – disse e eu fiquei paralisada.
  - Para com isso cara, a garota vai achar que a gente tem problemas. – disse batendo na cabeça desse.
  - Me chamem de ! E eu já tinha certeza disso antes mesmo desse momento. – disse indo para o canto oposto do que o que eles estavam e tentando ignorar o fato de estar em um lugar onde provavelmente alguém morreria em algumas horas. Eles pareciam fazer o mesmo.
  - To com fome. – disse.
  - Todos estamos. – disse com cara de ódio.
  - Bem que um Burger King ia bem agora e... – tentou dizer, mas todos gritaram o nome dele e mandaram ele parar. – Desculpa, não falo mais sobre isso.
  - Eu queria pelo menos saber que horas são. – eu disse do outro lado da sala. me olhou confuso.
  - Pra que? Pra perceber que a gente ta aqui a tanto tempo que a vida ta passando lá fora e ninguém deve ta procurando a gente? – falou olhando diretamente pra mim. Eu odiava ver um cara que eu amava tanto com tanto ódio de mim, sendo que a culpa nunca foi minha.
  - Ei cara, por que você ta sendo tão grosso com ela? Ela te fez alguma coisa? Fica quieto na sua, se é pra ser assim. - falou indo sentar do meu lado. – Ficar irritado não vai mudar a nossa situação, a gente vai continuar aqui até que aquele babaca tire a gente daqui. Não tem outro jeito de sair, a gente já tentou. – eu fiquei calada. Eu senti como se eu fosse a intrusa ali e tudo aquilo fosse mesmo culpa minha. Talvez aquele homem quisesse fazer isso pra me ferir e eles tiveram que pagar. Eu queria muito chorar, mas eu não faria isso agora. Não até que fosse necessário fazer isso na frente deles e principalmente na frente do homem que queria acima de tudo ver a nossa fraqueza. Eu não sabia o que ele estava planejando, mas eu não me importava agora.
  O silêncio predominava. estava deitado no meu colo e eu comecei a fazer cafuné nele. parecia pensar e olhava para o nada. e pareciam se comunicar através de pensamento e apenas se olhavam em alguns momentos. Tudo quieto demais.
  Vi levantando e chutando a porta. Ele gritar coisas que eu não conseguia entender e isso me deixou muito nervosa. Ninguém tinha reação. Do nada, eu vi a porta abrir e ir para trás. Só então vi o mesmo cara que estava do outro lado da janela na porta parado. Ele tinha uma faca em uma mão e uma arma na outra.
  - Quem tentar fazer alguma gracinha vai ver e quem tentar fugir também. Fui claro? – todos fizeram que sim com a cabeça. – Por culpa das gracinhas do agora pouco, , você vem comigo. – todos melhoram e eu senti meu estômago revirar. Eu segurei forte a mão de . – E se tentarem segurar ela vai ser pior.
  - Não, por favor! Olha, a gente jura que vai ficar aqui esperando até você resolver o que vai fazer com a gente! Por favor, não faz isso comigo. – todo o choro que eu segurei saiu. Eu estava desesperada.
  - Anda. – ele foi na minha direção e eu olhei a cara de , que estava em choque e olhava para as mãos dele. Uma agulha. Socorro.
  - NÃO, ME SOLTA, SOCORRO, ALGUÉM ME TIRA DAQUI! – eu me debatia enquanto ele me levava pendurada nele. Todos eles queriam me ajudar, mas eles não podiam e eu não os culpava.
  - Isso aqui é pra você calar a boca só por algum tempo. – e então ele enfiou a agulha na minha perna. Logo depois, eu já não sentia mais nada e a ultima coisa que eu vi foi me implorando para desculpá-lo com os olhos.

  Novamente eu acordei sem saber onde eu estava e porque tudo em mim doía. Mas dessa vez, eu não estava no chão, eu estava sendo carregada de volta para o lugar que eu estava trancada com os meninos de novo. Eu só sabia disso porque reconheci a porta. Eu me sentia suja. Milhões de coisa se passaram na minha cabeça até que um homem, que não era aquele que nós tínhamos visto antes, falou comigo com uma voz que me deu vontade de vomitar só de ouvir.
  - Acordou princesa? Que bom, porque você vai querer ver a cara dos seus amigos quando te virem nesse estado. – eu entrei em pânico. Eu não conseguia me ver na posição que eu estava e muito menos tinha força pra tentar virar. Eu estava exausta. Eu não conseguia me mover sem que tudo doesse. Eu estava muito, muito fraca.
  Ouvi o barulho da porta se abrindo e fui lançada no chão pelo cara sem a menor piedade. Sem dizer mais uma palavra, ele fechou a porta com uma batida que doeu meus ouvidos e minha cabeça.
  - Me ajudem aqui, eu não consigo me mexer. – eu pedi lentamente e tossindo muito. Eu precisava sair dali e eu precisava de um médico.
  - Isso tudo é culpa minha, olha como você ta! O que eles fizeram com você? Meu Deus, por quê? – dizia rápido e ele tentava não olhar pra mim. Apenas quando e me ajudaram a sentar, eu percebi o estado que eu me encontrava.
  - Oh céus, o que aconteceu comigo? – eu olhava chorando muito pra mim. Eu estava cheia de cortes pelos braços e pernas, minhas roupas estavam totalmente rasgadas e eu estava suja, tanto internamente quanto externamente.
  - O que eles fizeram com você? – perguntou baixo.
  - Eu não sei, eu não me lembro. – Eu virei olhando para ele, depois para , que ainda estava andando de um lado para o outro falando que a culpa era dele, e depois para . Meu ... ele me olhava com tanta pena e tanta tristeza. – eu... , olha pra mim. – ele parou e olhou. – Não foi sua culpa. O que quer que tenha acontecido, a culpa não foi sua! Eu já falei que eu não te culpo por nada disso ok? Vem aqui. – eu disse tentando erguer o braço o máximo possível. Ele veio até mim, se abaixou e eu o abracei. Todos os meus músculos estavam doendo, mas eu realmente não ligava. – Eu to fraca demais pra ficar aqui, eu to doente, eu preciso pelo menos de água. – eu disse quando senti uma tontura.
  - Ele não vai liberar nada. – disse. – ele quer que a gente morra aqui.
  - Vamos esperar mais um pouco, quem sabe ele não se divertiu o suficiente e quer manter a gente mais tempo aqui? – falou.
  - Tem razão. – eu disse. – Vamos tentar nos distrair e não pensar nisso.

  Pelo menos 2 horas se passaram e nada. Eu estava morrendo e todos eles notaram. Eu estava muito doente, já que, quando eu sai, provavelmente eles me levaram para algum lugar com mudança de temperatura muito grande e eu estava muito fraca. Os meninos também estava fracos demais até mesmo para levantar. Ouvimos um barulho da porta abrindo e dois caras entraram. Os dois que eu já tinha visto até agora. Dessa vez, cada um tinha sua arma.
  - Então, se divertiram muito? – um deles, o que estava lá primeiro, falou rindo. – espero que tenham aproveitado! Agora a brincadeira acabou. 5 saem daqui vivos e um morre. Simples não? Mas quem decide isso é você, . E então, quem você mata? – eu não podia acreditar no que eu estava ouvindo. Então é isso? Um de nós morre e os outros seguem a vida?
  - Eu. Eu morro. Não me importa o que eles possam dizer, eu vou. – eu olhei para eles e eles pareciam não acreditar. – só me deixa dizer pra eles algumas coisas.
  - Você vai ter tempo de sobra pra fazer isso. – e ele atirou. Eu sentia uma bala perfurando o meu braço e outra o meu estômago. – Você vai poder morrer lentamente só pra ver o grande erro que você cometeu. Boa sorte, agora é a vez de vocês de ajudar ela, já que ela ajudou vocês. – eu consegui vê-los pegando um carro que estava logo ali e indo embora, deixando a porta aberta.
  - Aguenta , a ajuda ta vindo. Aguenta minha linda. – dizia segurando a minha mão, enquanto e iam buscar ajuda e e tentavam estancar o sangue. Eu me sentia zonza e não sabia mais o que fazer pra aguentar. Então aquele era o fim?
  - Sabe, eu sempre imaginei como seria esse dia. Tanto minha morte quanto conhecer vocês... eu nunca imaginei que as duas coisas aconteceriam juntas. – eu ri e tossi. Eu estava realmente indo. – Depois vocês podem repetir essas palavras para os meninos? Eu não quero perder o pouco tempo que eu tenho.
  - Vai dar tudo certo, para com isso! – falou alto.
  - Ok, mas deixa eu falar. Uma vez me perguntaram se eu morreria por vocês. Sabe, eu nunca soube responder porque eu faria isso, mas agora eu sei. Sabe, a sua vida toda você luta para tentar achar alguém que complete sua vida, que a faça valer a pena. Mas as pessoas esquecem de dizer que as famosas ‘almas gêmeas’ não são só pessoas com você você pode futuramente se casar. Almas gêmeas são pessoas que, independente do seu nível de contato, significam tudo pra você. E é isso que vocês significam para mim. Ninguém nunca entendeu porque eu era e sou tão apaixonada por vocês, e agora, nesse exato momento, eu posso dizer que vocês mudaram a minha vida de uma forma que eu sempre serei grata. Obrigada.
  - Dudes, vocês podem me dar um segundo? – nesse momento eu percebi que chorava. Os dois além de nós que estavam lá saíram para procurar ajuda, mas eu já ouvia vários barulhos do lado de fora. – por que eu não te conheci antes? Nós poderíamos ter sido felizes juntos.
  - Você demorou uma vida inteira pra dizer isso pra mim, o que eu posso fazer?! – eu disse rindo.
  - Assim que a gente sair daqui, nós vamos sair juntos, promete? – ele ficava mandando o pessoal correr.
  - Prometo. – e eu sorri uma última vez antes de apagar por completo.

Fim... ?!



Comentários da autora