This isn't a love story

Escrito por Alice | Revisado por Beezus

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  Fazia alguns meses, poucos se assim poder ser mais exata. Talvez três. Mas em minha cabeça parecem três anos que ele se foi. Lembro-me com riqueza de detalhes cada palavra, cada olhar, cada música que ele cantou para mim em seu violão. De todos os lugares que ele me levou, de tudo o que ele me fez sentir... Mas também me lembro de cada discussão, de todas as outras que ele não fazia questão de me esconder, às vezes em que ele fez com que eu sentisse a culpada da história e de como ele me largou, me colocando para baixo.
  Eu soube que ele era problema quando apareceu.

  Flashback On

  - , vamos! Tu esta estudando direto há duas semanas, merece um descanso. Sair, ver gente, socializar... – Minha melhor amiga, , falava sobre o tal show que uma banda da cidade vizinha iria realizar em algum clube aqui de San Francisco.
  - , eu estou estudando a duas semanas e continuarei assim! Passar na faculdade é algo de extrema importância, você sabe. – Falei pela milésima vez e mesmo assim não se convencia.
  - , os caras são bons, mas não tem tanto sucesso assim! Vai ter bastante gente, claro. Mas não é tão longe... Vai ser mais um show em um clube. Entende?
  - Sim, bom divertimento para ti. – Falei – Porque eu não vou.
  - ! Acho que a está certa, minha filha. Você tem dezessete anos e mal se diverte, só estuda... Deveria relaxar um pouco. – Minha mãe falou enquanto invadia meu quarto.
  - Isto é conspiração contra mim agora, é? – Elas riram fraco me fazendo revirar os olhos.
  - , ela irá. – Minha mãe disse. Logo bateu palminhas animadas.
  Coloquei uma blusa qualquer com meus jeans favoritos e minha jaqueta de couro. Calcei meu all-star preto e falei a que eu estava pronta. Pude notar a diferença em nossas vestes, uma vez em que minha amiga usava uma saia justa e seus saltos preferidos.
  Assim que chegamos ao local, senti um forte cheiro de álcool misturado com cigarro, alguma banda qualquer tocava e muitas pessoas pulavam animadamente. Ouvi alguém dizer que aquela ainda não era a maior atração que se apresentaria ali naquela noite. Vi alguns rostos conhecidos, talvez nesse clube só estivesse em sua maioria pessoas que moram por essa zona de San Francisco. Vi que havia se encontrado com um garoto que presumi ser o Jonathan. Jonathan era o novo brinquedinho da . Ou ela o dele.
  Logo vi que eu estava mais uma vez sozinha, então resolvi me aproximar do palco. Nunca fui de julgar sem conhecer, então por mais que eu não queria estar aqui a tal banda pode ser realmente boa.
  Vá que a minha noite me surpreenda?
  Assim que me aproximei do palco, fiquei lá apenas observando as pessoas ao meu redor. Muitos bêbados, drogados, ou até mesmo com um cheiro tão forte de cigarro que te obriga a manter distancia de tal pessoa. Mas havia uma pessoa ali dentro daquele clube, e essa tal pessoa estava sóbria o suficiente para manter seu penetrante olhar fixo em mim. E essa pessoa não estava na plateia, o cara se encontrava no palco.
  Ele junto com seus colegas de banda arrumavam seus instrumentos, e, até mesmo enquanto ele caminhava até o microfone seu olhar continuava fixo em mim.
  Logo todas as luzes se apagaram, e no instante seguinte uma voz que soava extremamente bem aos meus ouvidos disse:
  - Boa noite a todos, espero que curtam o nosso som e aproveitem a noite. – Então se acendeu algumas luzes no palco e a tal banda que o nome não me recordo começou a tocar. O tal cara que não tirava os olhos de mim, mantinha seu olhar entre a plateia e sua guitarra. Enquanto ele cantava, tinha um sorriso quase cafajeste em sua face.
  Logo o show acabou. O clube deu uma significante esvaziada, mas eu ainda tinha a missão de procurar por . Confesso que gostei bastante das músicas, do modo como eles tocam e principalmente da voz rouca e extremamente sexy do vocalista. Até que a noite não foi tão ruim assim, tirando o fato de que eu fiquei sozinha o show inteiro.
  Sentei no bar que havia lá dentro, já cansada de procurar por . De repente eu pegava um táxi mesmo. O barman me ofereceu alguma bebida, logo tratei de recusar. Ficar bêbada era a única coisa que não poderia me acontecer agora.
  - Sabe... eu me interessei por você. – Escutei alguém falar próximo ao meu ouvido, próximo até demais, e senti um arrepio estranho, porém bom. Virei-me para encarar o dono dessa tal voz, só confirmando minhas suspeitas.
  Era o vocalista que ficou me encarando antes do show.
  - Eu percebi. Você não tirou os olhos de mim nem por um instante. – Falei, ainda sem saber de onde havia tirado coragem para entrar nas provocações dele. O mesmo sorriu daquele jeito de antes, um sorriso cafajeste.
  - É que você é realmente diferente das outras mulheres que estão aqui. – Ele disse, e eu franzi a testa. – Olhe ao redor, elas todas parecem tão...
  - Fáceis? – Arrisquei, o mesmo riu concordando.
  - Olha pra você, veio para cá com um all-star e jeans, e nem se preocupou em encher a cara de maquiagem. – Eu ri sem humor.
  - Eu vim pra cá praticamente arrastada. – Falei, e ele pareceu não entender. – Minha amiga praticamente me arrastou para cá com ela, e além de me deixar sozinha sumiu com um cara.
  - Então você está sem carona? – Ele perguntou, e pude ver seu olhar cheio de segundas intenções.
  - Exato. – Falei e ele não conteve o sorriso – Mas vou pegar um táxi. – Falei me levantando para poder ir embora de lá.
  - Ei, ei. – Ele disse segurando meu braço e me impedindo de sair. – Eu faço questão de ser o taxista.
  - Me dê um bom motivo para aceitar a sua carona. – Falei, concentrando o meu olhar no dele.
  - Eu posso fazer a sua noite valer a pena. – Ele disse, e eu cai feito uma tola.

  Flashback Off

  Imagino que agora, ele vá apresentar seus showzinhos naquele mesmo clube, e “pega” uma garota qualquer lá e a faz se sentir especial, assim como fez comigo. Para depois larga-la e fingir que não sabe o porquê ela está se afundando em tristezas.
  Lembro-me de tudo o que ele me fez sentir, eu estava apaixonada por ele. Eu me rendia a tudo o que ele falava, e ele fazia tudo ser maravilhoso. Ele me transformou em outra , fez com que eu me interessasse por ele mesmo sem saber seu nome.
  .
  Sentia uma dor no peito, uma angustia misturada com saudade. Mas também raiva. E tudo isso, só de pronunciar seu nome em meus pensamentos. Ele havia me feito crescer e vivenciar coisas novas, mas agora estou vivendo um lado sombrio de tudo isso. O sofrimento.
  Recebi uma ligação de , mas recusei. Não estava a fim de sair com ela naquele momento, desde que eu e discutimos e ele me largou eu já havia saído com algumas vezes. Mas eu estava em um momento ruim para mim. Sei que minha amiga queria me animar, mas esse realmente não era o momento.
  Mais tarde, escutei vozes no corredor que deduzi ser e minha mãe conversando. Logo abriu a porta do quarto, com um sorriso de canto. Tentei sorrir para ela também.
  - ... Você não pode ficar assim pra sempre, poxa. – Ela disse sentando na minha cama, ao meu lado. – Eu sei que deve ser uma barra o que você tá passando, esse lance de primeira decepção amorosa... Mas olha, eu me sinto até meio culpada por isso. E não te ajudar, me deixa... Nervosa.
  - Culpada? Porque você sente culpa?
  - Porque eu te levei no clube aquele dia, e te deixei sozinha. – Ela falou – Mas olha, Jonathan e eu passamos por lá esses dias, e achei que isso iria te animar. – Ela concluiu me entregando um folheto.
  No folheto, estava escrito que outras bandas ou cantores solos poderiam se apresentar com uma música sua e quem sabe, ganhar até um contrato se vencer o concurso.
  - . Agradeço a ajuda, mas por que isso iria me animar? – Perguntei
  - A banda do irá competir. – Ela começou – E bom, o Jonathan é baterista em uma banda que está procurando um, ou uma, vocalista. – Franzi a testa em sinal de que ainda não havia entendido aonde ela queria chegar. – E bom, ele pediu para mim te convidar para ser a vocalista deles. Eu disse para eles que você cantava bem.
  - Eu não vou! Não quero olhar para o nunca mais, e nem ir neste lugar.
  - ... – começou.
  - ! Dê-me um tempo para pensar, ok? Só isso. – Falei, a mesma concordou se retirando.
  Assim que a porta foi fechada, corri até o banheiro. Dei de cara com meu reflexo nele, não entendia como ele tinha sido capaz de fazer isso comigo.

  Flashback On

   havia me levado para fazer uma de suas muitas tatuagens. Enquanto o tatuador fazia, eu ficava ao lado, apenas olhando fascinada. quase me convenceu a fazer uma. Quase. Assim que o mesmo terminou a tatuagem, me levou até seu apartamento. O mesmo ficava em uma zona de San Francisco desconhecida por mim.
  Assim que entrei no seu apartamento, me mostrou seu violão. Falou para mim que tocava e que queria que eu escutasse uma de suas músicas. Assenti.
  Enquanto dedilhava canções em seu violão e deitado em sua cama, eu pulava e dançava animadamente na mesma.
  Escutar o som da gargalhada de era vicioso.

  - Então, . – Ele sussurrou perto de meu ouvido, estávamos os dois deitados em sua cama. – Qual o seu maior sonho?
  - Acredito que seja passar na faculdade, e o seu? – Perguntei sorrindo.
  - Fazer sucesso. Ter uma grande banda, ser um grande vocalista e guitarrista e ter milhares de fãs aos meus pés! – Ele falou animadamente e eu não contive o riso.
  - É um bom sonho. – Falei.

  Flashback Off

  Quando dei por mim, eu estava em meio a lágrimas. Aquele dia havia sido um dos melhores da minha vida... Aquele ali era diferente. Existiam duas pessoas naquele ser humano. Estava tudo tão confuso, tudo isso havia já se passado há três meses, já deveria ter pegado no mínimo dez garotas diferentes e eu continuava aqui, chorando por ele. Eu não tinha certeza se deveria participar desta banda, mas eu até que tinha uma pequena vontade.
  Vontade de talvez dar a volta por cima. De mostrar a que ele não me afetou em nada, mesmo que tivesse afetado. Vontade de talvez superar todos os meus problemas, talvez eu pudesse até compor uma música. Compor uma música para ele. Eu iria poder sentir o prazer de ver a cara dele enquanto eu canto no palco.
  Sai do banheiro no mesmo instante, peguei meu celular e disquei o numero de .

  - Alô? ? Pensou na proposta?
  - Pensei . E eu aceito, com uma condição! – Falei.
  - Qual??
  - Eu componho a música.
  - Fechado!

  Na tarde seguinte, havia me telefonado avisando que Jonathan e o resto da banda tinham aceitado a ideia de eu ser a compositora. Então logo tratei de pegar um lápis e um caderno, sentei-me na varanda que havia na minha casa. Mas no momento em que comecei a colocar meus pensamentos em ordem, a única coisa que vinha em minha mente eram nossos bons momentos. E eu não iria conseguir escrever o tipo de música que eu quero com esses tais momentos em minha mente. Forcei minha mente a lembrar de tudo que ele me fez sofrer, mas havia um momento em especial que minha mente cismava em deixar acesso na minha memória.

  Flashback On

  Fazia duas semanas que o conheci. e eu estávamos rumo a um restaurante, o mesmo disse que eu com certeza não o conhecia, mas me garantiu que eu iria adorar. Enquanto íamos até o tal restaurante no carro de , ele ligou o som no máximo e começou a tocar uma música que ele disse ser a sua favorita, enquanto cantava e eu me limitava em dar boas gargalhadas, o mesmo levantou-se do banco e abriu os braços. Parei de rir no mesmo instante.
  - !! Desce dai, tá maluco? – Falei.
  - Para , vem também. É bom!
  - Você está dirigindo, . – Ele me encarou com seu sorriso que o fazia parecer um anjo, então apenas sorri. Mais uma vez cedendo a seus encantos.
  Chegamos ao restaurante ainda rindo das inflações de no transito. Logo fizemos nosso pedido e sentamos em uma mesa que era grudada na janela. Observei a paisagem e pude notar um trilho de trem logo a frente do restaurante. Encarei , o mesmo me encarava. Igual pela primeira vez.
  - O que foi? – Perguntei rindo.
  - Você tá linda. – Ele falou se aproximando, então sorri.
me deu um selinho, logo pedindo passagem e eu rapidamente cedi. Ficamos aos beijos até ele ser quebrado pela garçonete que havia chegado com nossos pedidos. Agradecemos e comemos.
  Enquanto me encontrava entretida com o lanche, me atirou uma batata frita. Sorri atirando uma nele de volta. Logo começamos uma guerra, as pessoas das outras mesas nos encaravam. Mas a gente não ligava. Em meio a risos, se levantou me puxando pela mão e saindo as pressas do restaurante. Demorei a perceber que ele tinha saído sem pagar.
  Próximos a onde havia estacionado, ele notou meu interesse pelos trilhos de trem. Então novamente me puxou, mas em direção aos trilhos. E nós ficamos lá, brincando de se empurrar e de equilíbrio nos trilhos.
  Naquela tarde eu havia assumido a mim mesma que estava apaixonada por ele.

  Flashback Off

  Após essa lembrança, lembro-me de como a partir disso começou a mudar comigo. Foi por uma briga em um bar qualquer que todo meu conto de fadas se transformou na mais fria realidade. E de como passou de príncipe, para sapo.
  Sei que é clichê dizer isso, mas quem não é clichê quando se fala em uma paixão? Mesmo que seja uma paixão que não tenha dado certo.
  Um protótipo de relacionamento que ia bem apenas às primeiras semanas, e que depois se foi desmoronando.

  Flashback On

   havia me mandado uma mensagem, falou que iriamos a um bar. Eu estava meio incerta sobre o convite, mas decidi ir ao instante em que ele sorriu para mim. Coloquei a mesma blusa do dia em que nos conhecemos, porém com uma saia colada e meus coturnos.
  Quando avistei seu carro parado na frente de minha casa, desci as escadas de fininho para minha mãe não desconfiar de nada. Assim que entrei no veiculo, sorriu para mim e me beijou. E nossos beijos ficavam cada vez melhores. Assim que chegamos ao tal bar, estacionou na frente de um lugar suspeito o bastante até mesmo para ele. Olhando pelas janelas do carro, pude ver uma viatura da policia estacionada. Presumi que notou minha desconfiança, uma vez que o mesmo forçou-me a olhar para ele e me beijou, para que eu não pudesse lhe fazer perguntas.
  - Vamos ?
  - Vamos.
  Entramos no bar de mãos dadas. Na entrada, havia algumas mesas onde alguns casais conversavam. E em uma parte um pouco mais atrás do bar, onde estava me levando, tinha alguns caras jogando sinuca. Eles eram uns ogros, brutamontes. Altos, gordos e realmente musculosos, um deles dava dez do .
  Mas mesmo assim implicou com eles.
  Passando pela mesa de sinuca, onde um dos caras acabara de fazer uma jogada, mexeu as bolas. Imediatamente, o cara gritou:
  - TU VIU O QUE TU FEZ CARA? – Chamando a atenção dos outros jogadores, mas apenas deu risada.
  Sem que eu pudesse perceber, outro cara pegou pela camisa e bateu com força contra a parede. Já continuava com seu sorriso debochado.
  - Ei, solta ele! – Falei agarrando o braço do homem. Porém o que havia gritado com me segurou.
  De repente, o homem que segurava deu um murro em sua cara. , que tinha os braços presos, cuspiu na cara dele. Então o homem atirou no chão, que foi parar aos pés da mesa de jogos. Eu consegui me desvencilhar do homem, então corri até tentando o ajudar. Porém fui pega novamente.
   conseguiu se levantar, pegando uma das bolas e jogando na cara de um dos homens que estavam tentando bater nele. Mas logo os caras fizeram uma rodinha e começaram a jogar um para o outro, a fim de deixa-lo tonto. Quando caiu no chão, os homens o socaram a cara dele e distribuíram chutes. Mas eu não consegui em momento algum chegar perto de .
  Quando os caras foram embora, me atirei no chão ao lado de e comecei a chorar. No entanto, gemia de dor.
  Fomos levados para o apartamento de pela viatura da policia que eu havia avistado antes de entrar ao bar. Assim que abri a porta do apartamento, com em meu enlaço, o mesmo sentou-se na guarda da cama com a mão nas têmporas. Parecia bravo.
  Peguei um algodão para tratar dos ferimentos dele, mas quando cheguei perto ele se tornou um agressivo.
  Levantou e bateu em minha mão, fazendo o algodão cair.
  - , porque fez isso? Só quero te ajudar.
  - Não preciso da sua ajuda, ok? Não preciso nem de você. – Ele disse bravo, e aquilo foi como se eu tivesse levado um soco no estomago.
  - o que...
  - Nada! Só estou cansado. – Ele disse me encarando, seu olhar fervia a ódio – Estou cansado de você, de sair com você, da sua voz, das suas manias, da sua risada e principalmente de respirar o mesmo ar que você. Estou cansado de tudo. – disse, e minha vista começou a embaraçar, meus olhos estavam marejados.
  Sentei em uma poltrona que havia, e fiquei ali absorvendo suas palavras. Quando ergui meu olhar, o encontrei sentado novamente na guarda da cama.
  - , eu... – Tentei falar, mas as palavras custavam a sair.
  - nada, eu não quero conversar agora! Sai , por favor. – Ele disse caminhando em direção à porta, e abrindo a mesma. O encarei por um milésimo de segundos, e assenti.
  - Adeus, .

  Flashback Off

  Lembrei-me da cena, e por um milagre não chorei. Apenas senti um enorme sentimento de raiva crescendo em mim. E uma enorme sede de vingança. De repente, as palavras começaram a sair para o papel e quando dei por mim, tinha a minha música pronta.
  Liguei para Jonathan, e o mesmo disse que iriamos começar os ensaios amanhã mesmo.
  Eu estava com um receio de minha música não estar boa, levando o fato de que eu a compus em apenas um dia. Mas Jonathan garantiu que, ele e os amigos dele iriam ser cem por cento sinceros e que caso a música precise de algumas modificações a gente se resolveria. Então apenas concordei.
  No dia seguinte, passou na minha casa cedo da tarde para começarmos os ensaios. Fui apresentada aos garotos, e eram todos muito simpáticos. Quando mostrei a eles minha música, eles a leram e ficaram tão impressionados com meu talento que até bateram palmas e disseram que estava perfeita. Eles criaram um instrumental pra música enquanto eu e conversávamos sobre o assunto que é sempre alvo de minhas conversas: .
  - Se sente confortável sabendo que vai cantar isso na frente dele? – Duda perguntou, e, apesar de eu estar receosa sobre isso, tinha um sentimento de raiva misturado com tristeza me apoderando.
  - Essa música é pra ele. Ele tem que escutar, e se possível, eu quero vê-lo escutando a minha música. – Falei.
  - Estou feliz que a minha amiga está de volta. – Duda disse sorrindo, e eu apenas sorri fraco.
  - Ainda estou muito magoada. Mas ele me ensinou a experimentar coisas novas, vou colocar isso em prática. – Falei.

  Ensaiávamos praticamente todos os dias. Quando começamos os ensaios, faltavam dois meses para o concurso. Agora, falta apenas uma semana. Os meninos estão mais confiantes do que nunca, e é em relação a tudo. Seja a música, a minha voz ou ao talento deles com os instrumentos. A não consegue controlar sua animação, a única coisa que ela sabe fazer é falar do quão orgulhosa esta e que não aguenta mais esperar para “o grande dia”. E eu, bom... Eu estou animada, quero cantar a minha música e saber o que os outros acham dela. Mas quando o assunto é , não sei descrever o que sinto ao saber que ele estará me assistindo. Às vezes ainda me pego pensando nele, mas logo passa ao lembrar tudo que sofri por culpa dele. E eu me sinto uma idiota por não ter o deixado assim que discutimos pela primeira vez. Talvez tivesse poupado um pouco de dor.

  Flashback on

  Fazia dois dias que eu e havíamos discutido, desde então, eu não procurei por ele. Nem ele por mim. Eu não contei da sua briga no bar e nem de nossa discussão em seu apartamento para a , uma vez que nem eu mesma entendia o que havia acontecido lá. Nesses dois dias, eu andei perdida em pensamentos, e meus pensamentos eram voltados a e a suas palavras para mim aquele dia.
  Mas naquela noite, recebi um telefonema. E o seu nome brilhava na tela do meu celular. Atendi.

  - O que você quer ?
  - As suas desculpas. – Pensei por um instante em suas palavras, mas decidi aceitar logo. Eu sempre cedia as coisas para ele mesmo.
  - Eu desculpo.
  - Ótimo. Estou com saudades. Vamos sair hoje? Conheço uma balada ótima, garanto que você vai amar. – Suspirei, e seus convites de ultima hora.
  - Ok, me pega aqui em meia hora.
  - Ok!

  Coloquei um vestido, que na verdade eu nunca havia usado. Um presente da . E meu salto preto. Estava mais que ótimo, fiz uma maquiagem de leve, pois não gostava dessas coisas e desci para frente de casa, esperando o mesmo. Eu estava me sentindo desconfortável vestida assim, não era o meu jeito. Mas por outro lado, sabia que me levaria em algum lugar em que as pessoas vão vestidas desse jeito.
  Logo seu carro parou na frente da minha casa, abri a porta e o mesmo sorriu e me beijou. Ele arrancou o carro em uma velocidade não considerada legal e me levou a uma boate.
  A música era alta, as pessoas dançavam animadamente na pista de dança. Achei estranho o local, fazia mais o estilo de quem te leva em um show em um lugar aberto. Mas aqui a música era eletrônica e era realmente uma boate.
  - Não sabia que você frequentava esses lugares, . – Falei, olhando ao redor.
  - Não frequento. – Ele sorriu – Mas isso não nos impede de se divertir! – Dito isso, ele me puxou para a pista de dança.
  Ficamos dançando juntos, bebendo e se beijando. Às vezes dançávamos mais juntinhos e outras vezes eu me soltava mais. A música estava alta, eu não conseguia identificar quem a cantava. Eu e estávamos dançando, mas eu parecia estar me divertindo um pouco mais que ele.
  Até certa hora.
  Enquanto dançava, senti que estava sem a presença de . Parei com a dança imediatamente e comecei a procura-lo em meio aos rostos da boate, caminhei um pouco mais para o final da pista de dança e foi quando eu o vi.
  E ele não estava sozinho.
   estava se agarrando com uma garota. Ela usava um vestido digno daqueles que tu olha e diz: “faltou pano”. Uma bunduda, peituda e com o maior jeito de vadia. Senti como se o meu mundo estivesse desmoronando, de repente fiquei tonta. Passei pelos dois, e, levando em conta a música alta e as pessoas dançando que ficam te empurrando, acabei por trombar com a vadia, eles partiram o beijo deles que mais parecia um sexo em publico. E então me viu.
  Diferente do que eu imaginava que seria, me encarou e sorriu. Mas não era o seu sorriso angelical de costume, era um sorriso de deboche. Senti meus joelhos fraquejarem e minhas pernas não aguentavam o peso de meu corpo, caminhei sem direção até o fim da pista de dança e cai por lá.
  Eu continuava sentindo o peso do olhar dele.

  Flashback off

  Lembro-me de como ele me largou lá, como se eu não fosse nada. Foi embora para sei lá onde, e eu só fui acordada por um barman que disse que eu teria de ir embora. Eu fiquei lá, atirada no chão daquela boate enquanto as pessoas passavam por mim se perguntando o que tinha acontecido, mas não ofereciam ajuda. E enquanto ele se divertia com sua nova vitima.
  Talvez eu realmente nunca tenha sido nada para ele.

  O dia do concurso chegou rápido. Vesti uma calça jeans preferida, uma blusa e minha jaqueta de couro por cima dela. Sem esquecer o meu all-star preto. Exatamente a mesma roupa do dia em que nos conhecemos. E isso era uma provocação da minha parte.
  , Jonathan e o resto da banda passaram aqui na minha casa para irmos ao concurso.
  A banda de seria a terceira a se apresentar, e nós seriamos a ultima.
  No total, eram cinco bandas diferentes.
  Eu sentia o nervosismo tomando conta de mim, e pude escutar pronunciar as palavras “, acalme-se” um milhão de vezes.
  Nós não poderíamos assistir nenhuma apresentação, teríamos que ficar na área reservada as bandas junto de nossos instrumentos até sermos chamados.
  Resumindo, os últimos.
  Colocamos os nossos instrumentos em uma área o mais longe o possível do lugar onde e sua banda tinham colocado. Eu ainda não tinha o visto. Acredito que ele também não me viu.
  - , eu vi o . – disse apressadamente – Ele está assistindo o primeiro show, e tem uma garota com ele.
  - Eu não me importo, alias, tenho pena desta garota. Vai ser só o novo brinquedinho dele... – Falei, mas queria convencer mais a mim do que a de minhas palavras.
  Quando chegou a vez da banda de , foi difícil para eu escutar a voz dele. Não posso negar, é linda.
  A outra banda que veio em seguida era um desastre, com certeza não ganharia.
  Quando chegou a nossa vez, os garotos foram até o palco e começaram a arrumar seus instrumentos enquanto me acalmava. Jonathan vez um sinal para mim, então eu fui. Assim que olhei para a plateia, dei de cara com . O mesmo me olhou espantado. E parecia que os papéis tinham se invertido.

  - Boa noite, essa música se chama I knew you were trouble e eu espero que vocês curtam!

  Once upon a time, a few mistakes ago (Era uma vez, alguns erros atrás)
  I was in your sights, you got me alone (Eu estava na sua mira, você me pegou sozinha)
  You found me, you found me, you found me (Você me encontrou, você me encontrou, você me encontrou)
  I guess you didn't care and I guess I liked that (Acho que você não se importou e acho que gostei disso)
  And when I fell hard you took a step back (E, quando eu me apaixonei intensamente, deu um passo atrás)
  Without me, without me, without me (sem mim, sem mim, sem mim)

  And he's long gone when he's next to me (E ele há tempos está longe quando está ao meu lado)
  And I realize the blame is on me (E percebo que a culpa é minha)

  Cause I knew you were trouble when you walked in (Porque eu soube que você era problema quando você apareceu)
  So shame on me now (vergonha para mim agora)
  Flew me to places I'd never been (Voou comigo a lugares a que eu nunca tinha ido)
  'Til you put me down (Até me pôr no chão)

  Enquanto eu cantava, podia sentir o olhar de sobre mim. Ele sabia que era pra ele. Então comecei a me soltar mais no palco, tirei o microfone do apoio e fui mais perto da plateia.

  No apologies, he'll never see you cry (Nada de desculpas, ele nunca verá você chorar)
  Pretends he doesn't know that he's the reason why (Fingindo que não sabe que ele é o motivo por que)
  You're drowning, you're drowning, you're drowning (Você está se afogando, você está se afogando, está se afogando)

  And I heard you moved on from whispers on the street (E ouvi em sussurros na rua que você seguiu adiante)
  A new notch in your belt is all I'll ever be (Um novo furo em seu cinto é tudo o que eu sempre serei)
  And now I see, now I see, now I see (E agora vejo, agora vejo, agora vejo)

  He was long gone when he met me (Ele estava distante quando me conheceu)
  And I realize the joke is on me (E percebo que a piada é sobre mim)

  I knew you were trouble when you walked in (Eu soube que você era problema quando você apareceu)
  So shame on me now (vergonha para mim agora)
  Flew me to places I'd never been (Voou comigo a lugares a que eu nunca tinha ido)
  'Til you put me down (Até me pôr no chão)

  I knew you were trouble when you walked in (Eu soube que você era problema quando você apareceu)
  So shame on me now (vergonha para mim agora)
  Flew me to places I'd never been (Voou comigo a lugares a que eu nunca tinha ido)
  Now I'm lying on the cold hard ground (Agora estou deitada no chão duro e frio)

  Oh, oh, trouble, trouble, trouble (Oh, oh, problema, problema, problema)
  Oh, oh, trouble trouble trouble (Oh, oh, problema, problema, problema)

  Fui para frente de , ela mantinha seu olhar em mim. Mas desta vez, seu olhar não estava cheio de confiança. E sim de vergonha. Então cantei olhando em seus olhos:

  And the saddest fear comes creepin' in (E o medo mais triste chega causando arrepios)
  That you never loved me or her or anyone or anything, yeah (De que você nunca amou a mim ou a ela ou a ninguém, sim)

  I knew you were trouble when you walked in (Eu soube que você era problema quando você apareceu)
  So shame on me now (vergonha para mim agora)
  Flew me to places I'd never been (Voou comigo a lugares a que eu nunca tinha ido)
  'Til you put me down (Até me pôr no chão)

  I knew you were trouble when you walked in (Eu soube que você era problema quando você apareceu)
  Trouble, trouble, trouble (problema, problema, problema)
  I knew you were trouble when you walked in (Eu soube que você era problema quando você apareceu)
  Trouble, trouble, trouble (problema, problema, problema)

  Acabei a música e muitos aplausos vieram. Menos de uma pessoa dentro daquele clube. . Ele tinha um olhar vago, um olhar pousado em mim. Um olhar que desta vez já não era mais tão penetrante assim, um olhar que não transbordava confiança. Mas sim vergonha. E esse era o melhor prêmio que eu poderia ter.
  - E a música da banda vencedora é... – Jorge, o apresentador do concurso falou em clima de suspense. – I knew you were trouble!
  Então subimos para pegar o prêmio, vendo uma saltitante na plateia.
  - Orgulhosos de ter essa música como vencedora? – Jorge perguntou – Essa história de amor lhe deu pelo menos uma bela música.
  - Na verdade Jorge, isso nunca foi uma história de amor. – Falei, olhando fixamente para .

FIM!



Comentários da autora


  Bom gente, tá aqui a songfic de ikywt! Quando eu a recebi fiquei tão feliz, pensei “finalmente tive sorte com uma música”, porque foi à única que eu consegui escrever a história facilmente. Com as outras, eu ia fazer a songfic praticamente na véspera por causa da minha falta de ideias! Mas essa foi realmente muito rápida. Eu estou até meio que com medo de não ter ficado tão boa assim, levando em conta que eu escrevi ela em dois dias!
  Enfim, eu espero que vocês gostem! Principalmente a autora que mandou essa música (e, por favor, apareça. Comente o que achou!). Eu espero que vocês gostem de lê-la tanto quanto eu gostei de escrevê-la!
  Beijos, Ali.