Think I Know Where You Belong
Escrito por Carol S. | Revisado por Mariana
Terça-feira
Depois da aula, fui até o estacionamento do colégio para ver se minha mãe havia chegado, sem querer, o escutei discutindo com alguém.
- Amor, desculpa. Eu sei que eu prometi te levar ao shopping hoje, só que surgiram uns problemas na minha família. Não, não posso te levar para casa. Pede carona para suas amigas. Mais tarde eu ligo, pode ser? Te amo.
- Problemas com a sua família, Logan? – Perguntei preocupada chegando perto dele, que estava recostado no carro. – Ou apenas uma desculpa para se livrar da ?
- Um pouco dos dois. – Ele riu. - Meu pai caiu enquanto tentava concertar a antena da TV, mas minha mãe disse que ele está bem. E que não preciso me preocupar.
- Mas você está preocupado. – Falei enquanto pegava meu celular, que vibrava, no bolso de trás da minha calça.
- É o meu pai, oras. E ele não tem idade para ficar fazendo coisas assim.
- Entendo. – Me distraí por um momento para ler a mensagem que havia recebido.
- Quer uma carona para casa? – Perguntou, sentando atrás do volante.
- É, vou aceitar. – Joguei minha mochila no banco de trás e sentei ao seu lado. – Minha mãe acabou de mandar uma mensagem dizendo que ela e meu pai estão indo para a sua casa.
- Então você vai para minha casa comigo. O que foi? – Ele perguntou quando me abaixei.
- Eu só estava amarrando meu tênis. – Respondi um tempo depois. A verdade é que eu me abaixei para não ser vista com ele. Ou melhor, não queria que os outros o vissem comigo.
Eu e Logan somos amigos desde pequenos. Mas no Ensino Médio ele virou a estrela do time de futebol da escola e popular. E eu virei a esquisita que vai bem em todas as matérias. O típico clichê adolescente. A gente meio que se distanciou no colégio, mas nos encontros entre nossos pais sempre passávamos horas conversando, e esse tipo de amizade nunca nos atrapalhou. Só não paramos no corredor para conversar porque ele sempre está com a namorada, e ela não é exatamente a minha melhor amiga.
- Às vezes a me irrita. – Ele falou de repente.
- Às vezes? Ela me irrita sempre. – Ele riu, mas fez uma expressão de culpado por pensar daquele jeito. – Cara, adoro essa música. – Aumentei o volume do rádio.
- Eu também. 'Cause we all just wanna be big rockstars and live in hilltop houses driving fifteen cars!
Ficamos cantando Nickelback o caminho inteiro.
Mais tarde naquele dia, eu estava no meu quarto escutando Nickelback. Quando começou a tocar Rockstar, me lembrei de Logan e eu cantando essa música no carro dele. Divertimo-nos tanto... Realmente não entendo como ele está com ela. Eles não combinam. Ele escuta Beatles e Nickelback, e ela Pussycat Dolls e Nicki Minaj. Ele joga futebol e ela é líder de torcida do time da escola.
Se bem que em todas as histórias o zagueiro do time namora com a líder de torcida. É o destino.
Sexta-feira
- Obrigada pela carona, Logan.
- De nada, . É o mínimo que eu posso fazer por seus pais estarem ajudando os meus.
Escutei alguém tossindo atrás de mim. Virei-me e dei de cara com a .
Salto alto, saia curta, blusa apertada esmagando os peitos dela, cabelo loiro e liso, mas tão liso que parecia que foi lambido por uma vaca... Essa é a , bem diferente de mim: all star, jeans skinny e camiseta larga, não vou nem mencionar o estado que meu cabelo se encontrava.
- Precisamos conversar, Logan. – Ela disse olhando para mim. Entendi o recado (não dito) de que eu não era bem vinda ali.
- Tchau, Logan.
Longe o suficiente deles, resolvi olhar para trás. Estavam brigando.
- É melhor sair daí antes que a perceba que você está olhando os dois. – , amigo de Logan me alertou.
- Certo. – Dei um meio sorriso e entrei no colégio.
- ! – Logan veio ao meu encontro na saída do colégio, muitas pessoas nos olharam.
- Hey, tudo bom? – Perguntei ignorando os olhares curiosos.
- Tudo sim. E com você?
- Tudo ótimo. – Ele estranhou minha empolgação então eu completei: - Hoje é sexta.
- É mesmo. Vai querer carona para casa hoje?
- A não vai ao shopping?
- Vai com as amigas. – Ele deu de ombros, então eu aceitei a carona. – Mas eu não estou a fim de ir de carro.
- Como assim?
- Vamos a pé? Hoje eu quero caminhar. – Fiz cara de quem não acreditava na proposta. – Podemos deixar os materiais no carro, mais tarde eu venho buscá-los e deixo na sua casa.
- Hm... Por mim tudo bem.
Fomos caminhando, como ele sugeriu. Nossa conversa estava tão boa que nem percebi as pessoas nos encarando. Afinal, não é todo dia que se vê uma nerd andando e conversando ao lado de um popular. Minha casa não era muito longe, a de Logan ficava três quadras depois.
- Consigo ver sua casa daqui. – Ele disse apertando os olhos contra o sol.
- Consigo ver um carrinho de sorvete daqui. – Apontei para o parque.
- E você quer um? – Assenti, tentando imitar o gatinho do Shrek.
Logan e eu apostamos corrida até o carrinho. Eu perdi, é claro.
- Que droga! – exclamei triste, colocando a mão em todos os bolsos da minha calça.
- O que foi, ?
- Nada de sorvete por hoje! Deixei minha carteira dentro da mochila. – Eu estava quase devolvendo o sorvete quando Logan segurou o meu braço.
- Deixa que eu pago.
- Não, Logan... – Mas ele já tirava o dinheiro da carteira.
- Sabe, eu nunca comprei nada para você.
- Sempre tem uma primeira vez. – O dono do carrinho de sorvete se meteu na nossa conversa. Logan o pagou e saímos rapidinho.
- Cara estranho. – Falei, já a uma distância segura.
Sentamos no banco do parque para terminarmos nosso sorvete e ficamos imaginando em quantas e quais conversas o cara do carrinho de sorvete já se meteu.
Eu tinha me esquecido de como isso é fácil. Sabe, conversar com ele sem nenhum sentimento de amor no meio. Como quando éramos crianças.
- Está ficando tarde. É melhor irmos para casa. – Logan tinha razão, o céu estava ficando mais escuro.
- Nossa, nem vi as horas passando.
- Quando estamos nos divertindo, as horas passam voando. O que não acontece no colégio. – Ele sorriu, mas foi um sorriso triste.
- Aconteceu alguma coisa? – perguntei quando chegamos na porta da minha casa. – Você parece meio abatido.
- É? Não aconteceu nada, não. É só... – Logan escolhia as palavras. – O jogo de amanhã. É a final. O nosso colégio não ganha há dez anos.
- Muita pressão? – Ele assentiu e me deu um beijo na bochecha.
- Tenho que ir descansar. Você vai amanhã, não é? – Logan me olhou suplicante.
- Claro. Irei lá torcer por você. Vocês. – Corrigi depressa.
- Se ganharmos, vai ter uma festa na casa do , para comemorar. E se perdemos, vai ter festa do mesmo jeito. Sabe, para não ficarmos desanimados. – Ele riu fraco. – Se quiser ir...
- Vou pensar. Mas você sabe que eu não gosto de festas. Ainda mais essas do pessoal popular. – Revirei os olhos.
- Essa vai ser legal. Eu prometo. – Ele me deu outro beijo na bochecha e foi em direção à própria casa.
- Vou pensar. – Gritei para ele. Em resposta ele apenas riu.
Isso me fez lembrar... O Logan tem um sorriso lindo. A energia que aquele sorriso transmite quando Logan está alegre, poderia iluminar uma cidade inteira. Mas eu não senti essa energia hoje. Nós rimos muito, é claro. Só que sempre que eu olhava em seus olhos eu não via toda a alegria. Tive a impressão de que havia mais além do jogo o preocupando...
Sábado
Levantei cedo por ser um sábado: Dez e meia da matina. Normalmente eu acordo perto do meio-dia. Até minha mãe estranhou:
- Já está de pé, querida? – Ela perguntou enquanto eu me servia de café.
- Pois é. Também estou achando estranho. – Bebi meia xícara de café de uma vez só.
- Nossa, o que está acontecendo? – É, ela também estranhou o fato de eu beber o café tão rápido.
- Nada, eu acho. Estou meio elétrica hoje. – Ouvi a campainha tocar. – Eu atendo.
Fui até a porta levando a xícara de café quase vazia comigo. Quase cuspi todo o café que estava na minha boca quando vi que era Logan.
- Oi, . – Percebi que ele segurava o riso. – Vim trazer seus livros.
Você deve estar se perguntando o porquê de eu quase ter cuspido o café. Simples: Logan estava usando o uniforme de futebol, e ele fica extremamente sexy vestido daquele jeito.
Peguei os livros e os coloquei em cima da bancada. Dei uma rápida olhada no espelho que havia ali e percebi o motivo do riso do Logan. Meu cabelo estava parecendo um ninho de rato, não que eu já tenha visto algum. Nota mental: me olhar no espelho logo depois que eu levantar da cama. Olhei para baixo, apenas para me certificar que eu não havia dormido só de sutiã e calcinha. Para a minha felicidade eu estava de camisola.
- Acabei de levantar. – Falei em tom de desculpas, me referindo ao estado em que meu cabelo se encontrava. – Indo para o treino?
- Sem problemas. Na verdade estou voltando dele. – Sua respiração estava falha, ele sempre ficava assim depois dos treinos. – Só vim trazer seu material mesmo. Tenho que ir para casa, não comi nada ainda.
- Então por que não entra e toma café aqui? – Minha mãe apareceu na sala se metendo na conversa. Como as pessoas adoram se meter quando estou conversando com o Logan. – , vá colocar uma roupa decente e arrumar esse cabelo.
- Estou indo, mãe. – Subi as escadas escutando a risada de Logan na cozinha. Desgraça alheia é sempre engraçada.
Voltei para a cozinha alguns minutos depois, encontrei Logan tomando café e minha mãe mostrando para ele um álbum de fotografias. Por que as mães sempre fazem isso?
- Aqui vocês tinham 10 anos, no aniversário da . – Ela apontou para uma foto onde eu estava vestida de princesa e o Logan de príncipe. – Vocês eram muito fofos juntos.
- Mããe. – A repreendi. – Ninguém merece você ficar mostrando isso. É constrangedor.
- E aqui – ela apontou para outra foto, me ignorando totalmente. – você está contando um segredo para a . Foi uma foto tirada de surpresa. Vocês nem tinham visto.
- Ah sim! Eu me lembro desse dia. – Logan disse entusiasmado, em seguida olhando para mim. – Foi quando eu te contei que Papai Noel não existia.
- Então foi você? – Minha mãe olhou brava para ele. – Você não sabe o sufoco que eu passei para ter que explicar para ela sobre isso.
Logan se limitou a dar um sorriso sapeca, virando a página.
Parecia que minha mãe tinha reunido todas as fotos constrangedoras de quando eu era pequena num só álbum.
- Caramba, é quase meio-dia. – Ele disse assustado, se levantando. – Obrigado pelo café.
- Não quer ficar para o almoço?
- Não, obrigado, tia. Tenho algumas coisas para fazer em casa, e de tarde eu tenho treino.
- De novo? – Perguntei, indo com ele até a porta.
- É, o treinador quer mesmo ganhar esse jogo. Tchau, tia. – Ele deu um beijo e um abraço em minha mãe. – Você vai hoje, né? No jogo. – Logan olhou fundo nos meus olhos antes de se inclinar pra me dar um beijo.
- Ah, claro. – Ele devia ser proibido de me olhar daquele jeito. E de sorrir do jeito que sorriu quando abriu o portão e se virou para acenar uma última vez.
- Você devia namorá-lo. – Minha mãe comentou.
- Fala sério. Ele é como um irmão para mim, e além do mais tem namorada.
- E daí? Tenho certeza que você é muito melhor que a namorada dele.
- MÃE! – Gritei, acho que até o Logan escutou. – Não acredito que estamos conversando sobre isso.
Subi para o meu quarto batendo os pés e rindo. Minha mãe deve ter pensado que eu estava brava com ela, pois quando desci para almoçar tinha na mesa o meu prato favorito: a lasanha que só minha mãe sabe fazer. E ela sabe que eu amo aquela lasanha.
O jogo começava às 19h30min, então quando deu 18h eu resolvi ir me arrumar. Não que eu estivesse ansiosa pelo jogo, mas é que eu demoro para ficar pronta. E a ia passar aqui às 19h para irmos juntas.
“Por que eu estava indo mesmo àquele jogo?” perguntei para mim mesma enquanto esperava a minha amiga.
Por causa do Logan, é claro.
ficou feliz de eu ter sido convidada para a festa pós-jogo. Ela estava louca para ir. Fala sério. É só uma festa, mas acho que ela quer ir porque o vai estar lá. E ela simplesmente ama ele. Ok, o é bonito, mas sabe como é... Ele não é o Logan.
Cala. A. Boca. . Ele tem namorada. Apesar de ela ser uma vadia e... Escuto buzinas. Deve ser a .
- O fica tão lindo naquele uniforme. – suspirou quando ele fez um gol.
Não pude deixar de começar a reparar no Logan. E ele também fica lindo de uniforme. Bom, eu tinha visto ele mais cedo com aquela roupa, mas ele ali jogando é outra coisa.
Foi bom ter levado a , ela ficou o tempo inteiro falando no , o que sempre me fazia olhar para o Logan e ver se ele era melhor. Quando menos esperávamos o jogo havia terminado {ganhamos de 3x0}, e eu só percebi isso quando a se levantou, os braços para cima em sinal de comemoração e gritou:
- FEEESTAA! E será mais animada ainda agora que a nossa escola ganhou a final.
- Vamos procurar o Logan? Eu ainda não disse a ele que vamos à festa.
- Ele te convidou, certo? – Ela perguntou desconfiada. Com certeza pensou que eu havia mentido. – Ou não?
- Sim, ele me convidou. Mas eu disse que não gosto de festas, ainda mais essas de pessoas populares…
Encolhi os ombros. Se não estivéssemos no meio de tantas pessoas, e se eu não tivesse visto o Logan naquele exato momento tenho certeza que ela teria gritado comigo.
- Vamos lá falar com ele então. – me puxou pelo braço. – Mas essa conversa ainda não acabou.
Confesso que fiquei com medo do olhar que ela me deu.
- Logan. – gritei, mas acho que ele não me ouviu. – Logan.
- Logan! – Dessa vez foi quem gritou, pelo menos ele ouviu. E eu acho que fiquei surda.
- , você veio. – Quase derreti com o sorriso que ele abriu. – Oi, . E então… vão na festa?
- Vamos. – Eu disse revirando os olhos. – Eu te chamei para avisar isso, e que eu vou levar a , tem problema?
- Claro que não. A festa é para todos os alunos, já que ganhamos.
- É mesmo. Parabéns. – Eu não sabia o que dizer. – Então... Er... A gente se vê lá.
- Claro. – O sorriso aumentou.
Eu me limitei a retribuir o sorriso e dar meia volta, indo ao estacionamento. não falou comigo o caminho inteiro, e nós caminhamos bem devagar. Para que chegar cedo na festa, não é?
Assim que entramos no carro, me fuzilou com os olhos. Ainda bem que ela não é mutante, aquilo, com certeza, teria me matado. Eu sabia o que me esperava.
- Como assim você disse para ele que não gosta de festa? Ainda mais de pessoas populares COMO ELE? – Eu disse que ela ia brigar comigo.
- Ele SABE que eu não gosto de festas. – Gritei em resposta. – E ele também sabe o que eu acho dos amigos populares dele.
- Imagino como ficou a cara dele quando te convidou para ir à festa com ele e você simplesmente disse “não gosto de festa”.
- O Logan não me convidou para ir com ele. – Protestei. – E ele tem namorada.
- Mas ele poderia ter convidado. E que se dane a namorada dele. Com certeza eles não ficarão juntos até a formatura.
- O que quer dizer com isso? – Sério, eu não entendi.
- Há rumores que ela está traindo o Logan com o .
- É mesmo? – Da onde ela tirou aquilo?
- O que você andou fazendo essa semana? Estava todo mundo comentando isso.
- Me desculpe se eu penso mais nas minhas notas do que nas fofocas do colégio. – Ironizei.
- Eu também penso nas minhas notas. – Ela se defendeu. – E nas horas livres eu penso nas fofocas.
- Tapada. – Dei um tapa no braço dela.
Ficamos nos “xingando” e rindo até chegarmos na casa do , que estava muito cheia. Olhei para lá pensando se tinha como voltar atrás.
- Eu conheço esse olhar, . – falou. – Não está pensando em ir para casa agora, não é?
- Er... não.
- É bom mesmo. Você sabe o quanto eu esperei para ser convidada para uma festa dos populares. Se quiser ir embora, vá sozinha.
estacionou o carro e bateu a porta com força ao sair. Naquela hora olhei para o segundo andar da casa e vi a agarrada a um cara.
- , acho que não vai dar. – Apontei para a janela.
- Pensei que não gostasse dele. Além do mais você vê eles se agarrando todos os dias. – Odeio quando ela está certa.
- Eu sei. Mas no colégio há muitas pessoas em volta.
- Aqui também.
- Mas eles estão sozinhos no quarto. – Sussurrei, pois já estávamos na porta. – Você sabe o que acontece quando duas pessoas ficam se agarrando no quarto.
- Olha. Guarda na sua bolsa. – Ela colocou as chaves do carro na minha mão. – E quando quiser vai para casa.
- Mas e você?
- Não vou precisar. – Ela olhava maliciosamente para um canto. – Tenho outros planos para hoje, amiga.
Olhei para o tal canto e vi o . Numa mão ele tinha uma garrafa de vodka e na outra... tá, eu não vi onde estava a outra mão.
- Me liga se precisar de algo. – Gritei enquanto ela ia até o seu “alvo”.
Não é a toa que eu nunca gostei de festa. É a maior chatice. Fiquei uma hora no bar da casa tomando cerveja. Vez ou outra eu via algum cara bonitinho, que quando reparava em mim me olhava de um jeito estranho e logo saía de perto. Será que sou assim tão estranha?
- Droga. Hey, sabe onde fica o banheiro? – Perguntei para o cara do bar.
- Lá em cima.
Agradeci e subi as escadas. Tinha muitas portas, e eu estava meio tonta. Beber álcool dá nisso. Resolvi então testar porta por porta, começando pela que estava mais perto: um quarto vazio. Se pelo tivesse um banheiro ali... Da segunda porta vinham barulhos estranhos, achei que fosse a TV e fui logo entrando.
O que vi me fez acordar como se tivesse tomado um banho de água fria. Não vou entrar em detalhes porque aquilo foi repugnante. Mas posso falar três coisas: , cama e Logan. Eu é que não ia ficar ali e ver tudo. Ninguém gostaria disso.
Tudo o que fiz foi encostar a porta e tratar de sair rápido dali. No caminho, vi agarrada ao . Pelo menos alguém saiu feliz. Chegando na porta esbarrei no , amigo de Logan, que estava logo atrás dele, sorrindo.
Espera.
Se o Logan está na porta sorrindo para mim, quem é que está com a ?
- Logan?
- Hey, . Que cara é essa? – Ele perguntou confuso.
- Cara de quem está indo embora. Desculpa, mas eu não vou conseguir ficar aqui por mais tempo.
Sem olhar nem uma vez para trás fui em direção ao carro da , mas sentia o olhar do Logan em mim. Eu pensava rápido no caminho para casa...
Então as fofocas que a contou eram verdade. estava mesmo traindo o Logan com o .
Por um lado eu me senti melhor. Não foi o Logan que eu vi lá na cama com a . Mas por outro eu me senti péssima. Eu vi o Logan, e nem falei para ele o que estava acontecendo no segundo andar. Mas será que eu iria conseguir contar? Ele ficaria arrasado se soubesse.
“Eles terminariam e quem sabe você pode ter uma chance”, ecoou uma voz na minha cabeça.
“Mas ele ficaria triste. E tudo o que quero é vê-lo feliz”. Respondi para a voz.
”Que coisa mais clichê”. A voz falou e depois ficou calada.
Pensei em parar de pensar no Logan. Não deu certo, cheguei em casa pensando nele, me arrumei para ir dormir pensando nele, estava quase pegando no sono (pensando nele) quando o telefone tocou. Aí eu parei de pensar nele porque comecei a conversar com ele.
- ? – Sua voz estava estranha. – Te acordei? - Olhei para o relógio, era quase meia-noite. Como o tempo passa rápido quando a gente se distrai. – , é você? Aqui é o Logan.
- O-oi. – Gaguejei. – Sim, sou eu. E não, eu não estava dormindo, acabei de deitar na cama. Aconteceu algo? – Não sei por que perguntei, eu meio que já sabia a resposta.
- Aconteceu. E será que eu posso falar com você?
- Claro, Logan. Pode falar.
- Certo, daqui a três minutos estou chegando aí. – E aí ele desligou o telefone.
Como assim ele está vindo para cá? Será que não podia falar por telefone que encontrou a namorada na cama com outro?
Quando eu menos esperava os três minutos haviam passado, Logan estacionou o carro na frente da minha casa e já escalava a minha janela. E eu estava de pijama. Legal, o Logan vai me ver de pijama. De novo. No mesmo dia.
- Cheguei! – Ah, jura? Nem tinha percebido que um garoto lindo estava sentado no parapeito da minha janela. – Gostei do pijama. – Ele zombou.
- Ah! Valeu. Você que me deu ele. – Sorri envergonhada.
- Na verdade foi a minha mãe. Quero dizer, ela que comprou e mandou eu te entregar. Mas achei que você nunca iria usar.
- E por que eu não iria usar? Eu amo o Bob Esponja. – Antes que ele comentasse qualquer outra coisa sobre o meu pijama resolvi mudar de assunto. – O que aconteceu?
- Ah! – Seu sorriso desapareceu, e no lugar dele surgiu uma expressão triste. Seus olhos azuis fitaram o chão. – Eu até tinha me esquecido o motivo de eu ter vindo aqui.
- Desculpa. Eu fiquei curiosa. – Mentira. Mas eu queria ouvir aquilo da boca dele. – Senta aqui. – Indiquei o lugar do lado de onde eu estava na minha cama, e ele sentou (lê-se: se jogou em cima dela como se tivesse voltado de uma corrida de 10 km).
- Nunca pensei que seria traído dessa forma. Pela minha namorada e pelo meu amigo ao mesmo tempo.
- Não entendi. – Mentira de novo. Mas um dia eu conto a verdade.
- Bom, depois do jogo eu fui para casa tomar banho e me arrumar para a festa.
*Flashback*
{Versão Logan}
- Dude, ninguém merece. – Reclamei.
tinha recém ido à minha casa me pegar para irmos para a festa. Não deu duzentos metros, e o carro parou de funcionar.
- Bem que meu pai falou algo sobre o carro estar quase sem gasolina. – Ele falou em tom de desculpa.
- Idiota. E não tem nenhum posto no caminho para a casa do .
- Até tem. Mas teríamos que fazer um volta enorme. – Ele sugeriu.
- Vem. – Saí do carro e fui em direção à minha casa. – Eu peço para o meu pai levar a gente.
- Espera aí, cara. – trancou as portas e me seguiu. – Seu pai vai levar a gente para a festa? Não, né?
- Algum problema? – Olhei para ele e vi que tinha, sim, um problema. Tá certo que faz tempo que nossos pais não precisam levar a gente para as festas, só buscam quando estamos muito bêbados.
- Não, seu pai não vai levar a gente, vamos pagar mico se isso acontecer. – Eu ia interrompê-lo, mas ele não deixou. – E nem a sua mãe, porque aí seria um King Kong. – Ri da piada antiga que ele fez.
- Não era isso que eu ia falar. A gente vai até a minha casa...
- E pegamos o seu carro? Claro, como não pensei nisso antes?!
- Dá para parar de falar? Apenas escute. Meu pai leva a gente até um posto e pegamos a gasolina para o seu carro.
- Por que temos que ir no meu carro?
- Porque sim. Sabe que eu odeio ir dirigindo para as festas, daí não posso beber.
- Claro, porque assim sou EU que não pode beber.
- Exato, jovem.
Chegamos à minha casa e fiquei quase 10 minutos tocando a campainha até que o pediu se eu não tinha uma cópia da chave.
- Ah, é! – Bati a cabeça na porta. Como eu poderia ter me esquecido daquilo? – Lembrei que meus pais não estão. Eles disseram que iam sair, só não lembro pra onde.
Devem ter ido à casa da . É o único lugar que eles iriam a essa hora. Os pais da , assim como ela própria, eram o máximo. Sempre ajudando a nossa família, assim como nós os ajudamos quando precisam. Com certeza não iriam se opuser se eu e a resolvêssemos nos casar.
- Tá tudo bem, Logan? – SCRIPT>document.write(Liam) perguntou com uma cara estranha. Percebi que eu estava sorrindo.
- Ah, sim. Eu só me perdi em meus pensamentos.
- Tá né. Seus pais não estão. E agora?
- Argh, vamos no meu carro.
Fechei a casa, peguei meu carro e fomos para a casa do .
- Será que a já chegou? – Perguntei quando chegamos na festa.
- A ? – Droga, não era para o SCRIPT>document.write(Liam) ter escutado. – Você não quis dizer a ?
- Isso, a . Eu me confundi.
Ele me olhou estranho, sabia que tinha mentido. Quando alguém te conhece há muito tempo fica difícil esconder algumas coisas.
- Você estava muito estranho essa semana, o que aconteceu?
- É a . – Dessa vez eu não menti, não totalmente. – Ela está muito estranha comigo.
- Por acaso a tem alguma coisa a ver com isso?
- Não, por quê? – Entramos na casa, e o barulho da música me fez gritar para fazer com que me ouvisse.
- Olha ela ali.
Virei-me para o lugar onde ele apontou. A estava vindo na minha direção. Na verdade, ela parecia não saber para onde estava indo, pois deu um encontrão com . Sorri para ela.
- Logan? – Ela disse surpresa ao me ver.
- Hey, . Que cara é essa? – Perguntei confuso.
- Cara de quem está indo embora. Desculpa, mas eu não vou conseguir ficar aqui por mais tempo. – E então ela saiu.
Fui até a porta e a vi caminhando rápido até um carro, provavelmente era o carro da . não olhou nem uma vez para trás, fiquei me perguntando o que havia acontecido.
Quando voltei para dentro da casa vi o agarrado na . Pensei em ir lá e pedir para que procurassem um quarto. Mas resolvi deixá-los em paz assim que vi as amigas da .
- Oi, garotas. – As cumprimentei com beijos em suas bochechas. – Vocês viram a ?
- Eu vi ela indo lá para cima com... Ai! – Kendra estava me respondendo quando a Izzy bateu nela. Ou será que foi a Kendra que bateu na Izzy? Eu sempre esqueço quem é quem. E elas nem são parecidas!
- Não vimos a . – Uma delas falou com um olhar cheio de significado para a outra. – Tchau, Logan. – Elas se afastaram cochichando.
Com certeza seria difícil procurar a no andar de baixo, então fui para cima. Tinha muitas pessoas naquela casa, não foi nada fácil chegar até as escadas.
Na primeira porta que entrei tinha um quarto vazio. Do outro lado do corredor tinha um banheiro vazio. E do lado do banheiro, um quarto. Mas não estava vazio...
- ?! O que você está fazendo aqui? – Perguntei e vi um rosto conhecido - e apavorado - saindo de baixo dos cobertores. – ?
- Logan? – Os dois gritaram ao mesmo tempo.
- Eu sabia que algo estava acontecendo. Mas justo você, ? Eu confiei em você.
- Logan, não é o que você está pensando. – falou aquela clássica frase de novela.
- É claro que não. Meu amigo e minha namorada estão deitados na mesma cama porque estão preparando uma festa surpresa para mim, não é? – Ironizei. – É claro que vocês não estão fazendo o que eu estou pensando que estão fazendo.
- Logan... – Ela choramingou.
- . Poupe-me de suas lágrimas falsas. E desculpe ter atrapalhado, podem continuar. – Bati a porta do quarto com força e desci as escadas ouvindo me chamar.
- Amor, volta aqui. Bebê. Não faz isso comigo.
Quando estava na porta resolvi olhar para cima. E não fui o único a fazer isso. estava enrolada em um lençol, olhando diretamente para mim.
- Logan... AAAAAHH! – Ela tropeçou no lençol ao tentar descer a escada e rolou até o último degrau.
Aquilo parecia puro uma cena de novela ou de filme, como preferir. Todos olharam para a queda da e exclamando aqueles “OOOH!”. Depois, é claro, olharam para mim como se eu fosse o culpado por aquilo.
Bom, de certa forma eu era. Mas ninguém mandou ela se enrolar num lençol e tentar pedir perdão para seu ex-namorado. Isso aí, até parece que íamos continuar namorando depois do que ela fez.
- Logan... – Ela gemeu lá no chão. Estava fingindo. Quantas vezes ouvi aquele tom com seus pais, e até comigo.
- Vê se me esquece. E pode voltar lá para cima e terminar o que você estava fazendo com o . Só não faça com ele o mesmo que fez comigo. – Falei aborrecido e lhe dei as costas.
Na porta tinha duas pessoas olhando com pena para mim.
- Se cuida, cara. – disse, eu apenas assenti.
- Procura a . – Olhei confuso para . – Ela sabe fazer alguém se sentir melhor.
- Certo. – Assenti novamente e estranhei o fato de os dois estarem de mãos dadas, eles apenas riram e deram de ombros. Não estava preocupado com ninguém agora.
{Fim da Versão Logan}
*End Flashback*
- E então eu liguei para você, e o resto você já sabe.
- Mas e a ? – Perguntei curiosa. Não queria que ela morresse, isso eu não desejo a ninguém, mas não faria mal se ela quebrasse um braço.
- Deve estar bem. E me desculpe ter vindo para cá. Eu não tinha para onde ir, não sabia se meus pais já tinham chegado em casa...
- Tudo bem. – Sorri fraco, hora da verdade. – Sabe por que saí de lá daquele jeito?
- Por que você não gosta de festas?!
- Também. – Respirei fundo duas vezes e tomei coragem para contar. – Eu estava procurando o banheiro e acabei entrando no quarto que a estava.
- Então você sabia? Me viu quando estava saindo e não me contou?
- Achei que era você que estava lá com ela. – Me defendi. Será que Logan estava bravo comigo? – E daí eu fiquei confusa quando te vi lá embaixo.
- De qualquer jeito, poderia ter me falado.
- Não queria que você ficasse triste.
Ficamos um tempo em silêncio, encarando nossos sapatos, no meu caso, meias. Acho que ele não estava bravo comigo, se estivesse já teria ido embora. De repente me lembrei de uma coisa:
- Já que estamos falando a verdade...
- O que mais você fez? Ou deixou de fazer? – Logan perguntou grosso, acho que ele estava chateado.
- Lembra quando você me disse que seu sonho era ser o Papai Noel quando crescesse?
- Sim, mas o que isso tem a ver agora? – Ele já não estava mais grosso, e pude perceber um tom de curiosidade em suas palavras.
- E depois você me contou que ouviu seus pais falando que Papai Noel não existia. – Ignorei o que ele disse. – Lembra?
- Lembro. E repito: O que isso tem a ver?
- Eu chorei muito. Sabe por quê? – Quase me arrependi de ter tocado naquele assunto.
- Porque você descobriu que o Papai Noel nunca leu e nunca lerá as suas cartas?! – Ele repetiu o que eu contei para ele na época, e fez isso rindo.
- Não. Porque se o Papai Noel não existia e se você queria ser ele significava que você não iria existir também. – Senti minhas bochechas queimarem ao falar aquilo.
Ele demorou um tempo para responder. Provavelmente não tinha entendido direito o que eu falei. Não sei quanto tempo passou. Segundos, talvez minutos, mas quando me dei conta Logan estava muito próximo de mim, seu braço encostando no meu.
- Por que nunca me contou isso? – Havia um sentimento estranho em sua voz. Um que ele nunca tinha usado comigo.
- Pensei que você ia rir de mim. – Isso era verdade, eu tinha muito medo disso. – Éramos crianças.
Logan mal me deixou terminar a frase, ele me pegou pela cintura e me deitou na cama, ficando meio que por cima de mim. Lentamente, foi aproximando seu rosto do meu, até que nossos lábios se encostassem e nossas línguas se encontrassem. Ficamos nos beijando por um tempo, até ele separar nossas bocas (pude perceber que foi com certa relutância) e se deitar ao meu lado.
- Uau. – Ele disse com um sorriso, o sorriso que eu amava. – Por que nunca fizemos isso antes?
- Porque você tinha namorada. – O lembrei.
- É mesmo.
- Idiota. – Belisquei seu braço.
- Seu idiota.
- Meu? – Perguntei estranhando o que ele disse.
- Só seu. Sou sua propriedade agora.
- Então eu sou sua também?
- Exatamente. – Ele sorriu e aproximou nossas bocas novamente.
Beijamo-nos mais um pouco, até adormecermos abraçados em forma de conchinha.
E eu fiquei pensando que agora eu pertenço a ele, e ele pertence a mim...