The Worst Night Ever

Escrito por Jessie | Revisado por Mariana

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  Tudo aconteceu em uma só noite. Eu só... queria tomar um ar. Aliás, sou . Originalmente brasileira, estou agora em um chalé passando o verão, em uma área afastada de Connecticut, uma casa cercada das árvores da People State Forest. Um lago não muito longe, uma estrada de terra, formada pelos animais. Sento-me na cadeira de linho recostada no canto da varanda, quando vejo algo se movendo entre a relva. Eu realmente não deveria adentrar em uma floresta escura enquanto está de noite, mas eu - curiosa como sou - fui dar uma olhada. Talvez fosse só um cervo.
  Quem dera fosse só isso.
  Alcançada a tal criatura, era nada menos que um homem; armado. Parecia forte, mesmo com a roupa não tão colada, então lutar já era algo descartado. Não podia ver seu rosto por completo, apenas os olhos penetrantes e verdes - como um daqueles gatos assustadores de filmes.
  - Mãos pra cima! - ele aponta a arma para mim, e eu faço o que pede, e o guio até o chalé que estou não faz dois meses.
  Quando entramos - eu já em estado de desespero, com meu pavor de ser assaltada - ele me mantém dentro do armário que fica no quarto principal. Ele... é menor do que eu imaginava. Se já não bastasse o medo do roubo, agora lugares apertados não me deixam só desconfortável, como sempre penso que serei puxada ou violada de qualquer forma, quem sabe até esmagada. Sinto gotas de suor escorrendo junto com lágrimas quando começo a pensar em possibilidades excruciantes e aterrorizantes.
  E quando você acha que não pode piorar, fica dez vezes mais assustador.
  Não escuto mais o homem que provavelmente estaria pegando as coisas da casa, e consigo 'relaxar' um pouco, mesmo dentro daquele armário minúsculo na minha visão claustrofóbica. Quanto tento abrir (o que não é muito difícil) vejo uma, duas, dez aranhas saindo de lugar nenhum. Realmente, parece que todos os meus medos aparecem na hora mais inoportuna. Novamente desesperada, sacudo a porta do armário até conseguir abrir e sair correndo de lá.
  Saio da casa; não me encontro com o tal homem, e assim que saio, aranhas dominam o lugar. Sinto meu estômago embrulhar, e tenho vontade de vomitar. Só então começo a raciocinar um pouco. De uma forma muito estranha, meus medos aparecem, um seguido do outro. Começo a numerá-los, e percebo que são muitos medos que eu tenho, e, então, que isso demoraria para terminar.
  - Parabéns, , você é uma tremenda medrosa! - grito, tentando me acalmar.
  Corra é no que consigo pensar, por mais arriscado que seja, sinto que devo correr para o mais longe possível, e é aí que aparece o quarto medo. Sinto um frio na espinha quando não só tenho a impressão, mas também tenho certeza que estou sendo perseguida.
  - Quem está aí? - grito para trás, mesmo sabendo que não terei resposta. Isso ajudou um pouco, só um pouco. O mesmo homem armado e com olhos verdes quase hipnotizantes reaparece das árvores e eu continuo correndo.
  E então, aparece o quinto medo: Altura. Consigo parar quando vou quase caindo de um penhasco. De onde surgiu esse penhasco?! Pelo que eu saiba, não existem montanhas aqui. Mas que seja, tenho coisas mais importantes para me preocupar. Não sei por que, mas olho para baixo, e meu estômago só piora, a vontade de vomitar aumenta, e sinto náuseas. Retomo o controle e me afasto, caso contrário, vou cair dessa altura toda. Decido então correr pelo lado oposto, e caio exatamente no sexto medo.
  Existe um lago, não muito longe do chalé que estava, só seguir pela direita uns... dois quilômetros, quem sabe menos. Eu sei nadar, mas minhas forças se esgotaram com a adrenalina dos medos e da corrida. Estou me afogando, e sempre temi isso. Nunca quis isso para mim.
  Se já foram assalto, lugares apertados, aranhas, perseguição, altura e afogamento, significa que só falta mais um medo. O pior de todos eles. O medo de morrer. Sempre pensei em como morreria, e sempre temi isso também, até tentei não pensar, mas sabia que viria mais cedo ou mais tarde.
  Morrer afogada deve ser o pior tipo de morte que possa existir. Você sente suas energias saindo de seu corpo, o oxigênio faltando, o desespero por mais, e a desistência de lutar. Depois da minha consciência ir embora, só sinto algo macio de baixo de meu corpo.
  Sento-me na cama com um pulo. Estou suando, suando nada, parece que tomei um banho. Minha respiração é pesada e parece que ainda sinto toda aquela água envolta do meu corpo. Tusso um pouco também. Foi tudo muito real. Real... demais. Estou no Brasil, na verdade nunca fui para Connecticut, e não estou de férias, estou em pleno Setembro, meio do ano letivo do Ensino Médio.
  - Ai, meu Deus. - deito de novo e respiro o máximo que posso. - Não desejo isso para ninguém.
  Assim que levanto, tomo um banho de verdade e troco de roupa, e desço até a cozinha, um assalto começa. Reparo que no homem encapuzado, vejo os mesmos olhos verdes penetrantes e assustadores. Olho para o lado, o mesmo armário do sonho, nele aparecem sempre aranhas, olhando para a janela, moramos em cima de um morro no Sul do país, temos uma piscina do lado de fora da casa. Meu estômago embrulha de novo e agora sei que isso É real.

FIM



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