The Reason I Smile

Escrito por Julia Cunha e Isabelle Ottoni | Revisado por Maah

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  7 de Maio de 2011

  Flashback on

  - Cala a boca, ! Você é uma vadia que sai dando para todo mundo e depois usa a desculpa que estava bêbada.
  - E você é um filho da puta sem coração. Por que você não acredita em mim? - Ela dizia fazendo cara de cachorro sem dono, cínica e crente que ia conseguir me enganar.
  - Eu sei que não é a primeira vez que isso acontece. E você sabe melhor que eu que andava dando muito mole para um tal de Dougie Poynter, aquele menino novo da escola. Você acha mesmo que eu não ia ficar sabendo dos seus casinhos secretos? Eu sou um idiota de não ter terminado o nosso namoro antes, mas eu ainda tinha esperanças de que fosse mentira ou que você fosse mudar. Só que agora , game over. O jogo que você achava que eu era, acabou.

  Flashback off

  25 de Junho de 2011

  - Amor, quer vir a festa da faculdade comigo? - , minha atual e maravilhosa namorada disse e eu hesitei em aceitar, por que costumo ser tímido com pessoas que não conheço e tal, mas eu tinha conhecer os amigos dela algum dia né.
  - Claro. Hoje?
  - Aham.

  Horas depois.

  - Vem , você está atrasada... Como sempre!
  - Segura a onde , é tudo para você, seu mal agradecido.
  - Mas precisa demorar tanto, meu amor?
  - Pronto. Cheguei! - Ela desceu a escadas com os sapatos mal colocados e tentando acertar o furo da orelha para por o brinco.
  - Daqui a pouco ia crescer a minha barba e você ainda não tinha descido. Aleluia!
  - Não exagera, . - Ela deu um tapinha no meu ombro e entramos no carro em direção a festa, que por sinal seria a festa, segundo .
  Cheguei lá e aquela festa parecia realmente a festa, como havia dito, mas a última coisa que eu poderia esperar é que ela estaria lá. Certa figura que eu evitava há um pouco mais de um mês cruzou meu caminho ainda por cima na hora errada. Ta, para falar a verdade qualquer hora que ela cruzasse meu caminho seria a hora errada. Eu sabia que não poderia fugir dela para sempre, por que um dia a gente ia se esbarrar por causa dos amigos e comum e tudo mais, eu só não sabia que esse dia estava tão perto.
  - O que houve, ? - me olhou preocupada e intrigada com minha expressão.
  - Nada não. - Respondi enquanto via se agarrar com um loiro no canto, e aquele sem dúvidas era Dougie. Pois é, no final eu estava certo e fiz muito bem em terminar com ela. Vadiazinha.
  Aguentar aquilo sóbrio ia ser impossível. Arrastei até o bar, o mais longe possível de e o novo casinho dela. Tinha bastante gente por lá, como eu já imaginava. Se a festa estava lotada e animada daquele jeito, vazio o bar não podia estar. Havia dois barmen por ali, servindo todo o tipo de drinks. Fiquei lendo o nome das mais diferentes bebidas com a , e não fazia a menor idéia do que iria beber. Algo forte, provavelmente.
  - Quero esse aqui - apontou pro Truffle Martini, um martini especial, que ficava com trufas de chocolate mergulhadas nele quarenta e oito horas antes de estar pronto pra ser servido. Bom, porém fraco. Fiquei olhando para o que as pessoas pediam em volta, vendo se achava algo que me chamasse atenção. Desisti. Resolvi pedir um Magie Noir, me lembrava de ouvir o falando uma vez que depois de três desses, nem lembrava o nome dele. Fiquei esperando por mais uns minutos até um dos bartenders vir até nós, pra eu fazer nossos pedidos.
  - Um Truffle Martini e um Magie Noir - disse pro barman.
  - O mesmo pra mim - olhei pro lado, vendo a pessoa que eu já sabia que era dona daquela voz forte, mas doce ao mesmo tempo. Ela olhou pro lado também, e sorriu pra mim. Por alguns segundos, eu só conseguia lembrar. Não dizem que quando você morre, sua vida passa como num filme na sua frente? era como a morte do meu coração feliz. Gay, eu sei, mas eu costumava amar cada detalhe sobre aquela garota com todo o meu coração. Mas não, ela tinha que ser uma vadia. Porque a vida é assim: Nós nos divertimos com as erradas, nos casamos com as certas. E nos apaixonamos pela pior de todas. era minha morte, e eu só conseguia lembrar de todos os nossos momentos desde o instante que a vi sorrindo. O sorriso que costumava ser meu, ou pelo menos era isso que eu achava. Eu podia lembrar quando nos conhecemos, na 4° série. Eu costumava puxar seu cabelo, mas eu só queria atenção. Na 7° ela já tinha os olhares de todos os garotos, mas era pra mim que ela pedia cola de geometria. No 1° ano do High School, eu pensava que seria tudo um saco pelo resto da vida, porque ela não estaria mais comigo. E quando ela entrou na sala, atrasada, com os cabelos balançando e sem nenhum sorriso no rosto, já se sentindo entediada por mais um ano letivo, eu senti borboletas no estômago. Eu soube ali. Ela deve ter sentido que havia um maníaco olhando pra ela, então ela olhou pra mim. E sorriu. E veio se sentar do meu lado. Na semana seguinte, tivemos nosso primeiro encontro. Há mais ou menos um mês atrás, tivemos nosso último.
  - ... - eu quis me matar dolorosamente por ter gaguejado, e ainda mais depois que era riu. Meu pesadelo só aumentou quando Dougie apareceu, abraçando-a por trás. Ela virou o pescoço, dando um selinho nele. Ótimo então, eu estava com o coração batendo mais alto que turbinas de avião, e ela nem ligando, ou era isso que eu achava. A essa altura não sabia mais de nada.
  - ! Desculpa, mas vou ter que copiar seus drinks. Não quero perder muito tempo aqui, e você sempre teve bom gosto - ela sentiu que alguém a mirava muito, e era . Três, dois, um, destruição total. - Ou não... - Meu olhar mais sério foi totalmente direcionado pra ela, que parou de sorrir. Dougie pareceu não sentir o clima tenso, ou apenas não se importou. sabia bem quem era . Ela já ouvia algumas das minhas lamentações sobre como eu costumava namorar a maior vadia do mundo.
  - Então, você é...? - agradeci mentalmente por ter sido pelo menos um pouquinho grossa, porque ela não costumava. era a garota pra casar.
  - Ah, eu sou a , a ex. Você deve ser a atual, tô certa? - concordou, sorrindo. E eu pensando que elas iam começar a se bater ou se ofender, ou sabe-se lá o que. Não é isso que as garotas fazem? Provocam-se e acham que quem ganhou no final foi quem usou palavras mais bonitas pra dizer no final a mesma coisa de sempre: Sua puta.
  - Ah sim... já me falou sobre você. Bom, pelo que ele falava, achei que você era bem... Feia. Mas até que não. Enfim, cada um com a sua opinião. - oprimi uma risada, principalmente depois da cara que fez. Ela merecia, afinal. Só podia agradecer por ter tirado aquele veneno todo sabe-se lá de onde. É o que eu digo, garotas boazinhas tendem a ser sinceras demais. Demais.
  - Pois é né, cada um com seu gosto - dito isso, virou pra dar um selinho em Dougie, que estava alheio a toda a situação, só conversando com um cara, que deveria ser seu amigo, e estava ao dele e no balcão. Ele nem se abalou pelo selinho, apenas sorriu pra ela, e continuou conversando com o amigo. Não que isso importasse, o recado foi bem claro: Eu era um lixo, Dougie deveria se o luxo.
  - O melhor sobre o gosto é que ele pode mudar, e, o principal: melhorar - não aguentava mais ouvir aquele papo de garotas frustradas dela. Uma querendo dizer que era melhor que a outra. E o pior de tudo, elas nem pareciam irritadas. Elas estavam sorrindo. Mulheres...
  - A bebida de vocês - o barman disse, colocando as quatro taças sobre o balcão. pegou o seu, eu o meu, e eu vi que escolheu o mesmo que eu, dando o restante pra Dougie, que agradeceu sorrindo.
  - Dizem que essa bebida é muito boa - disse, e eu já previa que ela iria começar com alguma provocação - Tenho um amigo que disse que, depois de tomar três desse, não lembrava nem do nome. É seu amigo também, . Era o que dizia isso - ela sorriu pra mim, aquele sorriso sarcástico. O sorriso que dizia que lá vinha muito mais. Eu apenas concordei com a cabeça, não querida dar papo pra ela.
  - Vamos dançar? Eu adoro essa música! - me surpreendi pela atitude de , ela costumava ser na dela. Ela estava muito animada pra essa festa, então não pensei mais sobre isso. Ela virou toda sua taça de Martini, e eu dei uma risada sonora pra ela, que sorriu de volta. Ela não costumava fazer essas coisas.
  - Vamos dançar então! - disse, dizendo algo no ouvido de Dougie, e o deixando lá, mas não sem antes ficar se agarrando um pouco com ele. Seguimos os três pra pista, e eu ainda não acreditava que estava ali, dançando com a minha atual e a minha ex. Isso devia ser sonho erótico de dezoito, entre vinte caras. Os dois que não pensavam nisso não tinham uma ex, ou uma atual. Era excitante e estranho demais.

  Já estávamos dançando há quase uma hora. Engraçado, mas estava sendo divertido. Era como se todos fôssemos amigos há muito tempo, e saímos pra nos divertir. Dougie sumiu, e eu não achava que ele fosse aparecer de novo. Achava mesmo era que e iam acabar bêbadas, já estavam no terceiro sei-lá-o-que. Era bom que lembrasse que não era o namorado dela, e não era mais eu quem a levaria pra casa. Monster, da Dev, começou a tocar. Irônico.
  - There were no sparks, no, no. Just a gasoline fire burning through the dark and, no, no. He's doing his part, cause he's winning my heart, my heart. - era bem óbvio que tinha cantado pra mim. Sem ser prepotente nem nada, mas quando sua ex canta olhando bem pra sua cara, e, confesso, sendo quase sexy demais pra dar pra aguentar, era quase perturbador demais.
  - Is he human, does it matter, I know he's what I'm after. I can reel him, from disaster, I know, I know. - Então, havia percebido todo o clima tenso, porque era ela quem cantava agora. Mas não. Ela nem sequer olhava pra mim, ela só cantava. Eu pude ouvir a risada de , depois de perceber a aparente coincidência estranha. Estava tão perdido nos pensamentos sobre como eu sairia daquela confusão que tomei um susto quando me abraçou, mas ela não percebeu.
  - Vou no banheiro, me espera perto do bar, senão não vou te achar mais - eu concordei com a cabeça, e a vi sair andando em direção ao banheiro. Apontei pro bar pra , e ela me seguiu.
  - foi no banheiro, falou pra esperarmos ela aqui - ela concordou com a cabeça. Tudo que eu não estava era confortável por estar ali sozinho com ela.
  - O que você tem feito da vida? - tentou puxar um assunto comigo. Era óbvio que ela estava sendo inconveniente de propósito.
  - Te interessa?
  - Não sei se você percebeu, mas estamos em sociedade e eu tô tentando conversar civilizadamente. Se você não quer, acho que vou no banheiro conversar com sua namorada e aproveitar para falar umas coisinhas para ela.
  - Que coisas? - meu Deus, como alguém poderia me tirar do sério tão rápido quanto ela?
  - Te interessa? - ela levantou uma das sobrancelhas, em sinal de provocação. Ela era tudo sobre provocações.
  - Ah qual é , sem joguinhos né. - Os joguinhos dela eram sempre perigosos ou ameaçadores. Só que é diferente quando uma pessoa faz isso por brincadeira, e essa pessoa é sua namorada, do que quando ela faz depois que você a chuta e ela descobre que você fala mal dela.
  - Você continua o mesmo, . - Ela chegou mais perto e respirou próximo a mim, passando seus dedos suavemente pelos meus braços. - Irônico como uma garota como eu se apaixona por um garoto como você. - Ela me provocava cada vez mais, e eu me sentia um idiota por estar sentindo borboletas no estômago. O sentimento que eu reprimia dentro de mim há alguns meses estava prestes a explodir e ele dava um motivo para eu evitar tanto ela. É que eu nunca a havia esquecido, e isso me fazia mal por que eu era sempre o babaca que estava ali para perdoar qualquer merda que ela fizesse.
  - Chega disso, . - Eu disse fadado daquelas provocações chatas dela e com medo que saísse do banheiro.
  - O que foi, covarde? Ta com medo de querer mais? Você gosta.
  - Não. - Falei claramente e sem titubear. - Eu só não tô com disposição para aguentar esses seus joguinhos.
  - Se há um jogo em questão, e você não entrar nele, você vai perder.
  - Se eu não entrar nele, eu não vou jogar.
  - E eu continuarei vencendo, se você não jogar. Só há um jeito, deixe ser - ela disse aquilo com uma voz tão sexy que eu tive vontade de dizer "sim, sim, sim". Fechei os olhos com força, procurando a parte mais racional de mim de volta.
  - ... O que você quer que eu faça? Volte pra você como um cachorro como sempre? Não, chega. Você sabia o que eu sentia em relação a você, e não pensou duas vezes antes de me foder. Então me diz, o que você quer que eu faça? - eu estava cansado daquele jogo. Dela, nunca. Mas daqueles parênteses que ela abria sem nunca fechar. Ela me queria, eu a queria. Mas haviam tantas regras pra se jogar com ela, que era mais fácil desistir. Você nunca pode ganhar quando não se sabe todas as regras, quando não se adéqua a elas. E eu já havia perdido vezes demais.
  - Até mais, . A gente se fala.
  - Mas... - Ia terminar de falar, mas percebi que era inútil, já que ela ou iria me ignorar ou não ouviria. sempre havia sido misteriosa, mas isso agora estava me dando nos nervos.

  7 de Julho de 2011

  Dois meses. Sessenta dias. O calendário no meu quarto não me deixava esquecer, enquanto minha cabeça lutava para não lembrar. Tudo parecia fora de órbita, apesar de tudo estar como sempre. Chega a ser engraçada a maneira como desejamos não estar perto daquilo que nos fere, mas, quando realmente estamos afastados, é sempre como um vazio. Ao menos eu ainda tinha . Foi só pensar nela que escutei duas batidas fracas na porta do meu quarto. Já sabia que era ela.
  - Entra - falei, sabendo que ela não ia entrar se eu não falasse isso. Era engraçado essa extrema educação que ela tinha com todas as coisas. Diferente da .
  - Oi, amor! Pensei que você tivesse dormindo, você me disse que estava super cansado. - sorri pra ela, achando fofo o modo como ela sempre lembrava de tudo que eu comentava.
  - Ah, fiquei aqui deitado e já tô melhor - ela fez uma cara de quem não acreditava, abriu a bolsa e tirou uma sacola que eu não reconheci de dentro da bolsa. Andou até a cama e sentou ali, do meu lado.
  - Bem, eu fiquei preocupada. Comprei um analgésico na farmácia - ela tirou a caixinha do remédio de dentro da sacola, e eu reconheci o nome da farmácia que havia ali perto. Ela tirou um comprimido e me ofereceu - Quer que eu pegue água? - só neguei com a cabeça e engoli. Em seguida dei um selinho nela, que sorriu de volta.
  - Obrigado, amor. Você é mesmo um anjo - foi impossível não voltar a compará-la com . Ela sempre seria o Diabo vermelho que rondaria a minha vida. E era o azul, sempre tão boa e disposta. Era impossível não pensar como eu gostava de azul, mas era venerado por vermelho.
  - Ah, sabe quem eu encontrei na farmácia e foi muito simpática? A - fiquei sem saber o que dizer por alguns segundos. simpática?
  - Sério? E ela... Falou alguma coisa? - eu não sabia o que dizer, e perguntei a coisa mais idiota possível. Ao menos não foi tão ruim assim, seria bom saber o que ela andava fazendo por aí ao invés de andar por aí me traindo/quase me traindo.
  - Perguntou como eu tava, te mandou um oi... Ela disse que estava atrasada, ia pro cinema com o namorado... - e foi aí que o mundo parou. Parou, mesmo. A continuou falando alguma coisa que eu nunca vou poder dizer o que era, e nem conseguia me sentir culpado por não dar atenção a minha namorada e ficar pensando na minha ex. Que agora tinha um namorado! Como ela podia esquecer de nós juntos e começar um namoro tão rápido? Ela era mesmo uma...
  - Acho que ela começou um novo relacionamento muito rápido, ela nem deve conhecer o cara! - me arrependi do que falei assim que as palavras saíram da minha boca. poderia ser boazinha, mas não era burra. Só um surdo não detectaria o ciúme presente na minha voz.
  - Claro que não, ! Nós começamos a namorar duas semanas depois que vocês tinham terminado, e mal nos conhecíamos também. Algumas coisas são assim, muito intensas, acontecem muito rápido - ignorei totalmente o fato de achar que o relacionamento da com esse outro aí ser muito intenso, porque com certeza não era. Intensos éramos nós. Eu e . Eu e éramos... Um casal. Ta, agora eu vou me sentir culpado para sempre por isso! Por que eu não consigo dar valor a quem merece? Às vezes acho que é demais para mim, digo, eu sou um vagabundo que gosta de vagabundas e ela é simplesmente maravilhosa e faz de tudo por mim. O que será que ela viu em mim? Bom, seja lá o que tenha sido eu não posso desperdiçar assim, por que é a minha chance de reparar minha vida.
  - Você tem razão. - Disse, mas era óbvio que eu não concordava. Era só para disfarçar todo o ciúme mortal que eu tinha. Eu estava travando uma guerra dentro de mim, pois era bem claro que eu ainda era apaixonado por , mas não podia ficar com ela por ela ser uma vadia, agora era pior por que eu sabia que e eram da mesma faculdade, e a achava simpática. Ela podia ser a mulher da minha vida, mas não era nem um pouco simpática. Ela apenas sabia fingir muito bem. Atuar sempre havia sido um dos seus maiores dons. Eu lembro que no primário a gente encenou Peter Pan, ela era Wendy e eu era o Capitão Gancho, por que o cargo de Peter estava com John, esse garoto tinha tudo que eu queria desde pequeno, e foi a primeira paixão de , digamos assim. Confesso que ela foi a Wendy mais fiel ao papel que eu já vi durante toda a minha vida, e já era desde essa época que eu tinha uma queda por ela, com o tempo isso só aumentou.
  Mas voltando ao assunto, por que esse não vem ao caso, eu também não queria desapontar ou machucá-la só por causa dos problemas da minha vida idiota. VIDA IDIOTA! Eu dediquei ela quase inteira a essa garota e no final, quando tudo tava indo tão bem ela me manda uma dessa? Que garota filha da puta.

  Flashback on

  - Você é toda minha agora! - Agarrei e joguei-a na cama, de modo com que eu caísse por cima, mas sem esmagá-la, óbvio.
  - O que você vai fazer? - Ela dizia compenetrada em meus olhos com o olhar da criança mais pura do mundo, mas no fundo eu sabia que ela estava querendo falar aquilo com um tom de perversão. Não respondi nada e me pus a beijá-la, o que era totalmente magnífico.
  Ela era magnífica para falar a verdade, ainda mais dentro do meu camisão dos Beatles. Sabe quando você sente aquela calmaria e o céu parece azul, como se nem ele fosse o limite mais? Então, era assim que eu me sentia com aquela garota. Ela era minha alma gêmea e eu era só um Trakinas sem recheio sem ela.

  Flashback off

  Suspirei ao lembrar-me de tudo isso e de como eu era ingênuo. Toda minha, ela nunca foi minha, eu era apenas iludido achando que tinha a melhor namorada do mundo, quando na verdade eu tinha a pior. E outra, em que mundo teria olhar de criança pura? Ela parecia mais uma víbora, prestes a dar o bote, e agora estava envenenando Dougie para que ele ficasse loucamente apaixonado, mas depois de um tempo ela ia pegar e trocar ele por uma versão melhor, assim como ela fez comigo e como fará com vários outros. Ela é maluca.
  Só de me lembrar da sensação que eu sentia quando a beijava meu corpo tremia todo e eu queria simplesmente me tacar no abismo por estar sentindo isso. Eu não posso ter esse tipo de sentimentos por pessoas como ela, por que ela é o lado negro que te ilude e te faz achar que aquilo vai ser algo bom. Ela é uma droga altamente viciante. Ela é o desejo. Ela é o fruto proibido. E acima de tudo, ela é tudo que eu sempre detestei, mas não aprendi como viver sem.

  Já era noite, havia passado o dia todo na minha casa. Não tinha mais ninguém em casa e nada pra comer, resolvemos pedir pizza.
  - Deixa que eu ligo, você prefere quais sabores? - reprimi o automático de dizer que já sabia qual era o sabor que ela queria. Palmito e mussarela. Sempre haviam sido os sabores dela.
  - Pode escolher você, eu gosto de todos. Menos doce, não gosto de nenhuma doce. - Concordei com a cabeça, e acabei pedindo o clichê: mussarela e calabresa. Coloquei o telefone de volta a base, e continuamos assistindo filme, como estávamos antes. Cerca de quinze minutos depois, o interfone tocou. Me levantei dizendo que atenderia e aproveitei pra levar a bacia de pipoca que havíamos feito mais cedo pra cozinha. Larguei-a por qualquer lugar da cozinha e atendi o interfone, dizendo ao porteiro pra deixar subir. Fui rapidamente até o meu quarto pegar minha carteira e ainda estava a procurando quando a campainha tocou. Mais alguns segundos e a encontrei, correndo pra sala.
  - Duas pizzas, mussarela e calabresa - assenti pro entregador, mas quando olhei bem para seu rosto, a surpresa: ninguém menos que Dougie Poynter - Ei, eu conheço você! Você é aquele amigo da , que estava na boate com a sua namorada há uns dois meses atrás. E aí cara, tudo bom? - ainda não sabia o que responder pra ele, como se a informação não tivesse processado no meu cérebro. Apenas assenti e sorri.
  - É, quanto foi? - perguntei logo, antes que ele começasse com qualquer assunto.
  - Vinte e oito libras. Mas e aí cara, você vai pra festa que vai ter lá na semana que vem? O boato é que vai ser ainda melhor. Se eu fosse você, ia. Eu sei que você tem namorada e é meio chato falar isso, mas... Eu e somos mais amigos que qualquer outra coisa, e eu sinceramente acho que ela ia gostar que você fosse - era a primeira vez que um cara conseguia me deixar totalmente sem palavras, do início ao fim. Eu nem ao menos sabia daquela festa! provavelmente não iria, então não se importou em comentar comigo. Eu ainda estava em choque, e me dei um tempo pra pensar numa resposta pegando o dinheiro trocado na carteira.
  - Eu... Eu não sei se vou. Acho que a minha namorada não tá muito afim de ir - entreguei o dinheiro pra ele, com mais duas libras de gorjeta. Ele sorriu por isso. Apesar de tudo, ele era um cara simpático. E se dizia mais amigo da que qualquer coisa. Impossível não pensar que o ápice do fim do nosso namoro foi ele. E eles podiam ser só amigos...
  - Devia ir. - ele disse, dando de ombros. Percebendo minha falta de vontade de prolongar o assunto, apenas entregou as pizzas na minha mão e virou-se para ir embora. Fechei a porta, mas ainda pensando sobre a tal festa. Deixei as pizzas na mesa da sala e fui até a cozinha pegar algo pra beber. Peguei duas garrafas de Heineken, segurando as duas com a mesma mão, e voltei pra pegar o que faltava pra minha fome acabar. ainda estava compenetrada no filme, mas pareceu se animar quando apareci.
  - Eba! - era engraçado como ela podia ficar parecendo uma criança, às vezes.
  - Sabe quem era o entregador? Aquele cara que tava na festa da sua faculdade com a , quando encontramos com ela lá, olha que coincidência! - riu, achando engraçado, enquanto eu abria as duas garrafinhas de cerveja. Ela fazia uma cara de amor pra uma das caixas de pizza, já pegando um pedaço e enfiando na boca.
  - Que loucura. Ele tinha cara de quem vivia na aba dos pais, mas... Surpreendeu - concordei, começando a comer. Quem era eu pra falar do cara, eu vivia na aba dos meus pais, e não pretendia sair dela por um bom tempo.
  - Ele me falou que vai ter outra festa na sua faculdade, você nem comentou nada - nem se abalou, o que me fez ter certeza que ela não estava com vontade de ir. De um jeito engraçado, eu já conhecia algumas coisas sobre ela. Mas, por mais que eu conhecesse quase tudo, sempre seria menos que . Eu podia dizer a particularidade de cada um dos seus detalhes e o clichê de cada um dos seus defeitos.
  - Eu não tô com muita vontade de ir... Por quê? - pensei sobre tudo que rondou minha cabeça naquele dia. podia ter seu lado errado, mas era o certo pra mim. A raiva que eu sentia dela ainda tinha proporções gigantescas. E ouvir que ela gostaria que eu fosse realmente abalou com a minha sanidade. Não era como se eu quisesse dizer que eu estava arrependido e a queria de volta. Eu queria olhar pra ela. Olhar pra ela e queria que ela me olhasse de volta, e nesses segundos o mundo todo seria só nosso de novo. Todas as nossas brigas iriam voltar, todas as vezes que eu achei que ela não era totalmente sincera. E todas as vezes que eu tive certeza que minha vida sem ela não era uma vida, era metade de uma alma vivendo perdida pelo planeta. Eu queria ir a essa festa. Eu estaria sendo desleal a , sim. Mas e se não fosse nada: Eu apenas esperava que ela viesse falar comigo e eu fosse um pouco mais maduro dessa vez, um pouco mais decidido. Pra acabar com a minha dignidade de uma vez, um pouco mais homem.
  - Tava com vontade de ir. Por que não vamos? Naquele dia nem conheci muito dos seus amigos. Ou você não quer ir por algo sério? Se for, tudo bem... - um péssimo namorado e um ótimo mentiroso, eu sei. Mas eu diria o quê? "Vamos sim, , porque a minha ex vai estar lá e eu quero ter certeza se consigo viver sem ela". Porra!
  - Ah, vamos então... Só não comentei nada porque você ficou todo estranho na última, achei que não tivesse gostado - dei uma risada pra ela, ocultando o porquê de ter ficado estranho. Será que ela nem sequer percebia? Coisas assim me faziam pensar que talvez ela prestasse atenção em outras pessoas. Sempre tão boazinha, lida bem com ex, sem nenhum ciúme bizarro. Mas não tinha como, ela era realmente assim... Perfeita? Não. O perfeito nunca é bom o sufuciente pra quem o tem. Na verdade, ninguém quer o realmente perfeito. O perfeito sempre é o pior possível. Sempre.
  - Combinado.
  - Vou no banheiro e já volto, meu amor. - levantou do sofá e deixou cair seu celular do bolso sem perceber. Ta, eu sei que não devia mexer, mas a curiosidade falava mais alto que eu. Ela nunca deixava eu olhar o celular dela sei lá por que, então peguei-o rapidamente do sofá e abri nas mensagens. Senha? Ah, nada mais clichê que o aniversário.

  Garota, estou sentindo sua falta aqui na minha casa. xx
  De: Puffy.

  Quem diabos era "Puffy"? Isso é homem ou mulher? Eu espero que seja mulher.
  Eu quero de novo aquela... - Ouvi o barulho da porta abrindo e fechei o celular rapidamente, tacando-o no sofá. A última coisa que vi foi novamente: De: Puffy.
  Se isso fosse um homem, eu diria que não põe nosso relacionamento em risco, por que seria um homem bem afetado. Só uma bicha louca teria o apelido de "Puffy".
  Mas se fosse uma mulher, minha mente já começava a levar para o lado da sacanagem. Óbvio que não é dessas, mas eu sou homem e pela lei natural das coisas eu penso em sacanagem.
  Resumindo, eu fui um fuxiqueiro e agora me sinto um monstro por ter desconfiado dela. Por causa disso, passei o resto da semana meio estranho, e ela me perguntava toda fofa sempre se podia me ajudar e por que eu estava estranho, só que eu não conseguia responder. Eu sou o pior namorado do mundo.

  (Vai botando essa música para carregar e da play quando aparecer a letra.)

  Chegou o dia da festa da faculdade dela e o primeiro que vi foi Dougie. Parecia até que esse cara tava me perseguindo, que saco.
  - Fala cara, que bom que você veio. Vou até falar com a .
  - Ah, não precisa falar não. A gente deve se esbarrar por aí mesmo, valeu.
  - Boa festa. E , a Puffy estava te procurando. - Ele disse e saiu. Essa era a minha chance perfeita de fazer a pergunta que está presa na minha garganta há um tempo. Quem é Puffy, cacete? Pelo menos já sei que é mulher.
  - Quem é Puffy? - Eu olhei para ela e suas bochechas ficaram vermelhas como tomate. Essa estória ficava cada vez mais estranha, daqui a pouco eu ia estar me sentindo no CSI.
  - É... Ah... É uma amiga. - Gaguejar nunca é bom sinal, e sempre quer dizer mentira, mas o que podia ter de errado com isso? Puffy não podia ser ninguém além de uma amiga. Vai ser o que? Empregada? É, acho que não.
  - Por que você nunca me falou dela? - Olhei-a curioso e querendo saber cada vez mais sobre isso tudo. Nomes estranhos, estórias estranhas... Isso não pode dar em coisa normal.
  - Por que não tem nada demais.
  - Vai lá falar com ela. Eu te espero.
  - Tem certeza?
  - Aham. - Me senti mal por estar fazendo isso, por que eu queria despistá-la só para poder encontrar . Ela não saía da minha cabeça por instante sequer.

  (n/a: Abra a música)

I can feel her breath as she's sleepin' next to me
(Eu posso sentir sua respiração enquanto ela está dormindo ao meu lado)
Sharing pillows and cold feet
(Divindindo travesseiros e pés gelados)
She can feel my heart, fell asleep to its beat
(Ela consegue sentir meu coração, dormiu com seu ritmo)
Under blankets and warm sheets
(De baixo de cobertores e lençóis quentes)
If only I could be in that bed again
(Se pelo menos eu pudesse estar naquela cama novamente)
If it were only me instead of him
(Se fosse somente eu, ao invés dele)

  Virei a cabeça e eis o que vi, conversando e rindo com Dougie. Parece que eu já havia sido trocado. aceitou toda essa situação muito melhor que eu ao meu ver, e o mais irônico é que fui eu quem terminou nosso relacionamento. Senti uma dor surgindo no meu peito e lembrei de todos os nossos momentos alegres, e na maioria bobos, mas nós éramos tão felizes. Agora eu não tinha a parte dela que me pertencia, e sentia como se ela fosse um sabonete molhado, que você tem que segurar com muito cuidado para não deixá-lo escapulir. Por que se ele cair no chão, marcas vão ser registradas e ele perderá um pouco do que ele é. Eu deixei ir, agora ela preenchera o espaço que era meu com outro.
  Olhei para o lado e percebeu minha presença, tanto que na mesma hora se pendurou em Dougie e beijou-o, deixando o garoto assustado com a reação do nada. Estou vendo o apenas amizade. Mas pera ai, que ridículo! Isso não costumava ser típico dela. Tentar fazer ciúmes? É isso mesmo Evaristo? Eu vou acabar com essa merda de brincadeira.

Does he watch your favorite movies?
(Ele assiste aos seus filmes favoritos?)
Does he hold you when you cry?
(Ele te apoia quando você chora?)
Does he let you tell him all your favorite parts when you've seen it a million times?
(Ele deixa você contá-lo todas as suas partes favoritas quando você já as viu milhões de vezes?)
Does he sing to all your music while you dance to "Purple Rain?"
(Ele canta todas as suas músicas enquanto você dança "Purple Rain"?)
Does he do all these things, like I used to?
(Ele faz todas essas coisas, como costumávamos?)

  - Oi . - Cheguei perto enquanto ela ainda quase engolia o coitado do garoto.
  - Oi . - Ela falou olhando com desprezo para mim, enquanto meus olhos não saiam de suas pernas expostas pela saia curta? - Perdão, perdeu alguma coisa?
  - Não. Só vim falar com você.
  - Resolveu agir como gente agora, foi querido? Parece que a tem te feito bem.
  - Por favor, não começa. - Passei a mão pelos cabelos. - A gente precisa conversar.
  - Não precisamos não. Achei que eu fosse uma vadia.

I know, love, I'm a sucker for that feeling
(Eu sei, amor, eu sou um otário por aquele sentimento)
Happens all the time, love, I always end up feelin' cheated
(Acontece a todo tempo, amor, eu sempre acabo me sentindo traído)
You're on my mind, love, I told you I don't when I need it
(Você está na minha mente, amor, eu te disse que não quando eu precisava)
It happens all the time, love, yeah
(Acontece a todo tempo, amor, yeah)

  - Me desculpa . Desculpa ter te chamado de vadia, eu e você sabemos muito bem que você não é uma. - Talvez ela seja um pouco, mas isso não é a melhor coisa a se falar. - Mas você sabe que eu acabo falando coisas que não devo quando estou irritado. E quando eu senti que havia perdido você... Eu enlouqueci. - Ela desabraçou do Poynter e me olhou no fundo dos olhos, como costuamava fazer quando namorávamos. Provavelmente ela sabia como era dificil pedir desculpas para uma pessoa como eu, por que eu sempre acho que estou certo.
  - E mais o quê? - Ela me olhou como se esperasse que eu lambesse seus pés e debochou de mim. Por favor, alguém me diz quem é essa garota, por que não é a minha . Com certeza ela nunca havia sido a pessoa mais simpática do mundo, mas nunca havia agido assim.
  - Vem cá! Eu preciso muito falar com você. - Puxei-a pelo braço e minha vontade era falar logo para a gente voltar e que eu precisava dela para viver, mas eu não ia entregar isso de bandeja.

Will he love you like I loved you?
(Ele vai te amar como eu te amei?)
Will he tell you everyday?
(Ele vai te dizer todos os dias?)
Will he make you feel like you're invincible with every word he'll say?
(Ele vai te fazer sentir invencível com cada palavra que ele disser?)

  - Me solta, seu maluco! Você quer falar toda aquela merda de novo na minha cara? Você não sabe como é estar no meu lugar... Não foi você que foi chamada de vadia pelo próprio namorado. Mas o pior é que...
  - Que...?
  - Nada. Vai embora, por favor.

Can you promise me if this is right:
(Pode me prometer se isso está certo:)
Don't throw it all away?
(Não jogue tudo fora)
Can you do all these things?
(Você pode fazer todas essas coisas?)
Will you do all these things
(Você vai fazer todas essas coisas)
Like we used to?
(Como costumávamos?)
Oh, like we used to...
(Oh, como costumávamos...)

  - ... - Eu estava vendo agora o estrago que havia feito. Eu nunca devia ter falado aquelas coisas para ela, mesmo que eu estivesse certo. - Não faz assim. - Passei a mão pelo seu rosto e dei o sorriso que ela costumava considerar só dela. Com isso, pude ver que ela reprimia um sorriso e lágrimas em seu rosto.
  - Depois eu falo com você, já que você quer tanto.
  - Ta bom. - Respondi e voltei para o lugar onde estava ao ver voltar de algum lugar lá trás arrumando o cabelo. Quando ela chegou fomos beber, eu queria mais é esquecer os meus problemas. O meu problema tem nome e sobrenome: . Desde aquela última vez que eu a vi aqui ela havia me conseguido de novo, se era isso que ela queria, mas creio que não. Ela não tem motivos para ficar com um cafajeste como eu, quando ela tem o príncipe Poynter do lado dela. Claro que ela ia preferir a um garoto com cara de bom moço, loirinho dos olhos azuis, baixinho que nem ela e que a faça rir mais do que eu provavelmente, do que um cara como eu, todo desengonçado e com a risada estranha. Eu não tinha nada que chamasse sua atenção, e sinceramente não sei como namorei ela por tanto tempo.
  - Amor, compra algodão doce para mim?
  - Ro... Hãm. - Pigarreei. - Claro. Qual cor? - Eu ia dizer rosa, por que era a cor de algodão doce preferida de .
  - Branco. - Ela pegou o seu algodão doce e sentamos em um banco qualquer que havia na nossa frente, mofando lá por um tempo.
  - . - Comecei a falar, e finalmente ia tomar coragem.
  - . - Ela olhou para mim brincalhona e minha voz falhou. Eu nunca ia conseguir se ela ficasse fazendo essa cara de bebê brincalhão. Ela é tão inocente em toda essa estória, é apenas uma vítima. - Continua o que você ia falar.
  - Eu quero te falar uma coisa...
  - Casamento não tão cedo, . - Ela olhou para mim rindo e enfiou um pedaço de algodão doce em minha boca, me fazendo rir também. Mal ela sabia que era exatamente ao contrário.
  - Não é bem isso... É que... - Parei e respirei fundo. - Bom, vamos direto ao ponto por que eu quero ser sincero e honesto com você. Eu ainda amo a e eu não consigo passar mais um segundo com você sem pensar nela, e isso me faz muito mal. - Vi seus olhos marejarem e o vento bateu em seu rosto. Aquilo era uma facada no meu coração, mas era algo que precisava ser feito, e ao mesmo tempo era um alívio do peso na consciência.
  - Já que você ta sendo honesto, eu também preciso te falar uma coisa. Sabe a Puffy?
  - A sua amiga de mais cedo? O que tem ela?
  - Eu... To com ela. - Meu queixo foi no chão e voltou. Como assim? Minha namorada é lésbica? Puta que pariu, que desperdício. Eu podia ter aproveitado isso se eu soubesse antes de terminar com ela, que vida injusta. E eu achando que não seria menina de sacanagem... As aparências enganam.   - Isso significa ?estar" tipo eu e você? - Perguntei para me assegurar. Eu não podia sair chutando uma coisa e já ir achando que era, apesar de eu ter 95% de certeza.
  - Você já entendeu, . Não precisa que eu desenhe né?
  - Então é isso. - Eu suspirei pensando no que faria. Eu estava em uma festa onde só conhecia duas pessoas, as minhas ex-namoradas, e não sabia o que fazer.
  - A deve estar no bar com o Poynter. - Nos levantamos do banco e ela me abraçou, dando um beijo estalado em minha bochecha. - A gente se vê por ai. - Ela sussurrou no meu ouvido e eu continuei estático. Como alguém pode terminar um namoro e ficar assim? Ela era toda segura de si, não derramou sequer uma lágrima, não fez um showzinho de menina e não me deu nem um tapa. Isso era real?
  Quando consegui me mover novamente fui ao bar onde supostamente estaria, e lá encontrei-a trêbada junto com o Poynter, também bêbado. Que tipo de cara é ele? Fica bêbado e nem pode ajudá-la quando ela precisa. Fui chegando mais perto e quando vi que a cadeira de estava quase virando eu corri e segurei-a em meus braços.
  - Dougie, eu já cai? - Ela perguntou e riu.
  - Olha para trás. - Ela virou-se e eu pude ver aquele rosto angelical perto o bastante novamente, o que me deu vontade de tê-la nos meus braços para sempre.
  - . - Ela falou com a voz um pouco menos afetada, porém em um tom mais baixo, totalmente incrédula e sorriu sem nem um tipo de sarcasmo, apenas sorriu ao me ver. - Obrigada. Mas você por acaso está me perseguindo? - Ela riu e apontou o dedo indicador para mim como se dissesse "você".
  - Digamos que eu cheguei na hora certa. - Sorri. - Acredita em destino?
  - Talvez. - Ela respondeu com a voz embriagada.
  - Eu sim. E nós somos a maior prova dele.
  - Nós? Ainda existe "nós"? Achei que agora fosse você e a .
  - Não existe mais eu e . "Nós" sempre vai existir.
  - O que aconteceu com você? - Ela me olhava com o pouco de lucidez que ainda a restava tentando entender minha mudança de estado.
  - Eu percebi que não vivo sem você. Nós é uma coisa, eu e você é outra. "Nós" é quando você se funde a outra pessoa e não se considera mais um ser humano completo sem ela. Isso acontece quando duas pessoas são almas gêmeas. "Eu e você" é quando você simplesmente gosta daquela pessoa.
  - Promete que nós não brigaremos mais?
  - Não. Não existe um relacionamento sem brigas, e elas me fazem perceber cada dia mais como eu te amo. - Eu nunca fui muito de ficar me declarando, e nem me lembro a última vez que disse que a amava, ou se já havia dito, mas só o possível sentimento de perda tinha sido uma experiência não muito legal, e eu não queria ficar longe dela nunca mais.
  - Me leva para algum lugar mais confortável? - Ela suplicou, por que ainda estava sentada em uma daquelas cadeiras de bar que são altas, com a superfície pequena e muito desconfortáveis.
  - Claro. - Peguei-a no colo e ela me olhou, com o olhar que eu reconheceria a cinco mil quilômetros de distância. O olhar que eu mais havia sentido falta no mundo, aquele que eu procurava em todas, mas só ela tinha. Seguimos para um lugar onde pudéssemos deitar no chão, e lá ficamos de mãos dadas.
  - Achei que não fosse ter você de volta.
  - No inicio eu tinha certeza. - Ela sorriu para mim e se aproximou. - Me desculpa por tudo. Eu te amo muito. - Ela passou seu corpo por cima do meu e me beijou deslizando sua mão pelo meu corpo, o que me fez ficar todo arrepiado. Ela era a única que me fazia arrepiar, a única que me fazia ter ataques de riso e a única que me completava. Ela era unicamente minha.

FIM



Comentários da autora

  Olá queridíssimos, gostaram? *-* Obrigada por terem lido e COMENTEM please. BeiJacks para vocês!
  xx
  - Júlia