Theoretically
Escrito por Thaís Santiago | Revisado por Thaís Santiago
- Eu não quero saber ! – eu gritei pela a milésima vez naquele dia, desde que havia entrado no apartamento.
- Uma vez na vida você poderia entender o meu lado e perceber que eu estou fazendo tudo isso apenas por você ! – ele disse segurando meus pulsos, em uma tentativa totalmente em vão de me acalmar.
- Eu não quero saber, eu vou embora você querendo ou não. – eu disse olhando em seus olhos e percebendo que os mesmos carregavam um ar de angústia. – Falar que vai se casar com ela apenas por marketing não vai fazer com que a minha concepção sobre você e tudo isso que está te envolvendo nesse momento mude, .
- São apenas seis meses, pelo amor! – ele disse jogando as mãos para o alto e revirando os olhos, tentando fazer com que eu me sentisse fútil por discutir sobre aquilo. – Depois de seis meses nós nos separamos e eu volto a ser seu namorado.
- Mas nesse meio tempo de seis meses, quem vai garantir que eu ainda vá te querer? – eu disse entre dentes. – Você não sabe! Nesses seis meses você vai fingir e talvez até se tornar uma pessoa totalmente desconhecida, na verdade, eu estou pensando seriamente se isso já não aconteceu porque pra você concordar com essa ideia você deve estar ficando louco mesmo.
- Isso tudo é por ciúmes? Céus, como você é infantil ! – ele disse rindo sarcasticamente, fazendo com que eu sentisse meu sangue ferver de raiva.
- Não, isso é sobre conceitos. – eu disse colocando o dedo indicador na sua direção. – Se você acha que está dentro dos seus conceitos casar com alguém que você teoricamente não gosta para apenas promover a turnê e cd da sua banda, eu realmente não sei quem você se tornou.
- Teoricamente? – ele gritou. – Você pensa isso sobre mim? Pensa que eu não te amo?
- Não, eu penso que você não tem conceitos e é totalmente mente fraca para prosseguir com essa ideia. – eu disse o deixando pasmo. – Mas é você quem decide o que quer da sua vida, ela já não me importa mais a partir de agora.
Dizendo isso, sai do apartamento dele as pressas. Apesar de o plano dele ser razoavelmente considerável devido ao fato da briga enorme que ele iria provocar para terminar o casamento, mesmo assim, era totalmente contra os meus conceitos e mesmo sendo o cara que eu amo, eu não iria acobertar esse tipo de coisa. Claro que eu não iria falar para a mídia que tudo não passava de uma grande farsa, eu só não iria colaborar nem me opor contra esse ato, apenas não aceitaria que eu fizesse parte desse plano maluco que eles inventaram.
Dois meses se passaram desde o anúncio do “noivado” de com uma modelo internacional que eu não fiz questão de guardar o nome. Por incrível e mais ridículo que pareça, eu fui convidada a participar do casamento. No início, relutei e bati o pé dizendo que não iria de modo nenhum, depois com o tempo, me permiti ir porque além de querer ver John pela última vez antes de voltar para a França, iria ver de perto o “amor” que eles estavam sentindo realmente ou apenas fingindo.
Entrei na igreja muito bem decorada pela a organizadora e suposta empresária da banda, e pude ver o quão trabalho árduo ela deve ter tido para arrumar a aquele local de modo tão extraordinário. Apesar do casamento ser de noite, haviam luzes fracas no ambiente, criando um ar de suavidade totalmente agradável. Flores das cores mais variadas destacavam o local e acompanhadas com uma vela ao lado, elas decoravam o caminho por onde a noiva iria passar em breve. Sentei em uma das últimas cadeiras e pude ver a correria que estava os corredores opostos, que davam entrada lateral para o corredor central do lugar. Os padrinhos estavam nervosos, e apesar de eu ter pensado que todos eles sabiam que aquilo era falso, senti algo me dizendo que não. O noivo - ou -, estava completamente calmo e estável na frente, não parecia nervoso e fazia parecer que casar era algo que ele fazia todos os dias. Dava gargalhada de alguma piada que fazia sobre a sua ideia maluca de zumbies entrarem de daminhos de honra no seu casamento. De repente o local se silenciou e a noiva entrou como se estivesse rumo a receber seu prêmio no Oscar, desfilava pelo corredor com um sorriso maior do que a boca estampado no rosto. Quando olhei para ver a reação do noivo, como eu sempre faço, pude ver me olhando descaradamente. Desviei o olhar e sentei-me, mantendo a cabeça abaixa fazendo uma prece silenciosa pedindo para ter forças para caminhar em direção a saída.
- Se alguém é contra essa união, fale agora ou cale-se para sempre. – pude ouvir a tão temida frase e encarei isso como um sinal para que eu pudesse fazer minha fuga. Quando me levantei, todas as pessoas presentes viraram seus olhos para mim, então eu apenas dei um último olhar a e fui em direção a porta.
Assim que saí, sentei-me nos degraus que ficavam na frente na igreja e comecei a chorar. Não chorava pelo fato de que meu ex-namorado estava se casando agora, chorava apenas por saber que nada na minha vida dava certo e pensar que eu devia ter fé em relação aquilo e mudar meu pensamento, fez com que eu percebesse uma coisa: nunca daria. Tirei meus saltos segurando ambos em minhas mãos e levantei, com uma certa dificuldade. Caminhei naquela noite escura, sozinha e descalça, enquanto sentia meus pés sendo massageados pela grama macia até que os senti pisando em algo. Xinguei baixinho e fui a procura do que era, era um anel. Uma aliança, para ser exata. Olhei para o lado e percebi que a fonte estava ao meu lado, e lembrei que havia jogado aquela aliança que John havia me dado, na fonte. Ou era para estar nela, teoricamente. Lembro-me de ter jogado e nem ter olhado para ver onde havia caído.
- Mais alguma coisa para acontecer hoje? – disse olhando para o céu, sentindo em seguida, pingos de água atingindo minha face. – Ótimo. – eu murmurei.
- Eu gosto de chuvas. – ouvi a voz tão conhecida e me virei.
- Eu costumava gostar de casamentos. – disse vendo a distância que havia entre nós. estava em pé em um dos degraus que eu havia sentado, enquanto eu estava ao lado da fonte, que ficava razoavelmente perto.
- E porque não gosta mais? – ele disse se aproximando, com as mãos no bolso de seu smoking preto.
- O último que eu fui não foi muito bom, era amiga do noivo. – eu disse sem desviar o contato visual que havia sido feito.
- E o que havia de errado nele? – ele disse, e eu sabia que ele havia se referido ao casamento.
- Apenas o fato de que eu fui ao casamento do cara que eu amava, mas nada de mais nisso tudo. – disse dando os ombros.
- E se o cara que você amava te pedisse em casamento agora? – ele disse e então pude perceber o quão perto ele estava somente quanto senti sua respiração perto da minha.
- Eu diria que ele é um idiota, porque ele deveria estar se casando com outra agora. – disse me esforçando para não tirar os meus olhos dos seus.
- Ele não ama a outra.
- Isso não faz mais diferença agora, não tem mais nada que ele possa fazer.
- A não ser isso. – ele disse segurando meu rosto com as duas mãos e juntando nossos lábios apressadamente. Minhas mãos foram automaticamente parar em sua nuca e enquanto ele ainda segurava meu rosto, acariciando em círculos minha bochecha esquerda com o polegar, a outra mão ia em direção a minha cintura, nos juntando ainda mais. Por mais terrível de admitir, eu havia sentido falta dele e de seu modo de beijar – principalmente de sua pegada. E eu sabia que ele havia feito isso, sabendo que eu não teria como resistir. Foi um beijo cheio de carinho, amor e muita paixão, mas principalmente, cheio de saudade. Nos separamos lentamente e continuamos na mesma posição, apenas nos olhando.
- . – ele disse alto o suficiente apenas para nós dois ouvirmos. – Eu posso não ser o homem mais racional da terra, o homem mais perfeito do universo e eu sei que não sou bom o suficiente para você. Sei que eu erro e sei que já te decepcionei incontáveis vezes, mas eu também sei que te amo. E é por isso que eu vou jogar tudo para o alto e pedir que tudo dê certo depois desse pedido. – ele disse se ajoelhando na minha frente e pegando uma caixinha de dentro do bolso. – Quer se casar comigo?
FIM