The Only Reason

Escrito por Leh Paiva | Revisado por Beezus

Tamanho da fonte: |


  Eu não sei o que fazer, pela primeira vez na vida. Eu sempre tentei achar solução para todas as coisas, mas agora não é possível. O que eu podia fazer pelo meu namorado? Nada. Isso era o que mais me doía. Saber que ele não voltaria, que eu não poderia mais vê-lo. Apenas pelas fotos, mas isso não é o bastante, nunca será. Agora estou trancada em meu quarto ouvindo , meu melhor amigo, batendo em minha porta, esperando que eu abra, mas ambos sabemos que isso não vai acontecer. A dor que eu sinto é incomparável a qualquer coisa que já senti, está me corroendo por dentro. Seus olhos, seu cheiro, seu toque, saber que nunca mais poderei ver ou sentir isso acaba comigo.
  Devo estar muito desidratada, as lágrimas não cessam em momento algum, e já estou aqui há 24 horas. Não consigo sair daqui, sei que ele não estará me esperando. já tentou fazer eu comer, beber ou sair desse quarto, mas o que eu encontrarei lá fora? Dor. O mundo não trás apenas felicidade, pelo menos aproveitei enquanto o tinha. Enquanto eu poderia amá-lo e ser amada.

***

  - Deus ouviu minhas preces. - disse se levantando do sofá da sala, indo em minha direção. Fiquei quase dois dias sem sair do quarto. Por mim, não sairia mais de lá.
  - Você sabe que eu ainda não estou bem, - Eu disse limpando algumas lágrimas que ainda escorriam de meu rosto.
  - Você não tem culpa de nada que aconteceu com ele - Ele me abraçou e rapidamente senti minhas lágrimas umedecendo sua camisa - Tenho que passar em casa, para trocar essas roupas.
  - - Eu o chamei com a voz falha - Não me deixe aqui sozinha, tudo me lembra ele.
  - Eu sei querida - Ele afagou minha bochecha - deve estar chegando.
  - Por que você o chamou para vir aqui?
  - Não queria te deixar sozinha, estava ocupado. Olha, eu sei que você não gosta do mas…
  - Eu tenho meus motivos, .
  - Já faz tanto tempo, .
  - Não importa, eu nunca o perdoarei por tentar me separar de .
  - Você sabe que ele já pediu perdão, sabe que ele se arrepende.
  - Mas…
  - Nada de mas, apenas não arranje briga com ele. Acha que consegue fazer isso?
  - Não.
  - .
  - Vou tentar - Disse dando um suspiro em seguida.
  - Ótimo, tome um banho e troque de roupa. Logo estarei aqui novamente.
  - Alugue um filme.
  - Tudo bem, tem preferência?
  - Sem romance.
  Ele riu e me deu um beijo na testa. Quando abriu a porta, apareceu. Eles não trocaram nenhuma palavra, mas o que poderia ser dito? “Não existe mais banda cara”, “Ela não está bem, não faça besteira”, “O que será da nossa vida sem ele?”. Acabei de perceber que essas são perguntas que eu faria. Me sentei no sofá e fechei os olhos. Depois senti o lugar do sofá ao meu lado ser ocupado.
  - Como você está?
  - Péssima - Eu disse ainda de olhos fechados.
  - O que você mais vai sentir falta?
  Eu dei um riso fraco.
  - Tudo.
  - Também vou sentir falta dele.
  Abri os olhos e o encarei. Seus olhos estavam vermelhos.
  - Como vai ser daqui para frente?- Ele perguntou desviando o olhar.
  - Vamos viver normalmente, pelo menos tentar.
   fechou os olhos e vi algumas lágrimas escorrendo. Era bom saber que eu não era a única que chorava por sua morte.
  - Quer alguma coisa para comer?
  - Não, obrigado.
  - Vou tomar banho, volto em alguns minutos.
  Subi e me despi. Entrei rapidamente no banheiro e deixei que a água entrasse em contato com minha pele. A sensação era de alívio, mas ele logo acabaria.

   Flashback ON
  - , eu não trouxe biquíni - Eu disse rindo enquanto ele tirava a blusa.
  - Eu vou ficar só de bermuda, você pode tirar só a sua blusa também.
  - Mas o short e o sutiã vão ficar molhados.
  - Só tem um jeito de não molhar eles, mas acho que você não vai topar.
  Depois de alguns segundos entendi o que ele quis dizer.
  - Prefiro ficar com eles mesmo.
  Ele riu e correu para o mar. Eu fui caminhando, sentindo a areia em meus pés, o vento em meus cabelos e a alegria dentro de mim. Uma hora e meia da manhã e nós dois aqui. Ele queria comemorar o nosso primeiro mês de namoro, só não sei o motivo de ser tão cedo se temos o dia inteiro para comemorar. Cheguei ao mar e logo à água fria entrou em contato com meus pés. Fiz um coque frouxo e fui andando. Sentindo a água fria subindo e minha pele arrepiando, não sou muito fã de água muito fria. De vez enquanto olhava para , eu ainda não me acostumei em ser sua namorada, eu pensei que ele me veria apenas como aquela amiguinha que ajuda a conquistar ou terminar com as namoradas. Agora ele estava em minha frente, e eu me sentia bem por saber que ele era meu.
  Flashback OFF

  Logo eu terminei meu banho, coloquei uma blusa que Luke havia deixado em minha casa. Seu cheiro ainda estava lá. Inspirei profundamente aquele cheiro maravilhoso e logo, várias imagens vieram a minha mente. Seu sorriso, seu cabelo, seus olhos encantadores e penetrantes, seu corpo… As lágrimas já estavam ameaçando cair em meu rosto novamente. A culpa pode não ter sido minha por ele não estar conosco agora, mas eu me sinto destruída, por não ter dado adeus, ou um último beijo. Por não tem sentido o calor do seu corpo junto ao meu uma última vez. Por não poder ter falado o último “Eu te amo”, enquanto ele ainda podia me ouvir. Enxuguei minhas lágrimas e me olhei no espelho. O que eu via? Uma garota que não se importa mais com a vida pelo simples fato de seu namorado ter morrido por causa de um carro com um motorista bêbado idiota que não soube controlar o veículo, e agora todos estamos sofrendo pela perda dele. Eu não ficaria triste para sempre, mas queria ficar com minha dor só para mim, pelo menos por um instante, para saber que meu amor por ele foi real, que ele correspondia. Quantas palavras sem razão são trocadas nessa vida? Eu simplesmente não sei, mas aprendi a dar valor apenas as que importavam.
  Voltei para sala e vi que não estava lá. Olhei em direção à cozinha e lá estava ele, bebendo água. Sentei no sofá e ele ficou na cozinha. Ficamos assim até voltar.

***

  O filme era de terror, não poderia esperar outras coisa, se eu disse que não quero que seja romance ele trás terror. O casal estava na praia quando de repente aparece um monte de monstros e a menina morre e o cara diz que quer se vingar, e ele se vinga.

  Flashback
  - ? - Eu sussurrei entrando na sala escura da casa dele.
  Ele combinou de assistir um filme comigo, porque não queria ficar sozinho, porque a família faria uma viagem rápida. Mas acho que ele não está nem em casa.
  Então a televisão ligou de repente. Todos os pelos do meu corpo se arrepiaram. Talvez ele estivesse em casa. Então eu senti uma mão em meu ombro. E eu gritei. Bem alto.
  - Ai meus tímpanos - disse colocando a mão que não segurava a pipoca em sua orelha.
  Eu ri e o abracei, recebendo um beijo na testa. Sentamos e ele colocou o DVD. O filme começou, mas eu nem prestava atenção, não com Luke tão próximo de mim. Toda vez que ele olhava para mim eu desviava o olhar. Até que ele colocou seu braço em meu ombro, e eu simplesmente gelei.
   sempre tinha suas namoradinhas, mas nunca era nada sério, então eu deixei bem claro para ele que como ele era um galinha eu seria apenas amiga dele, para eu não me magoar, mas conforme o tempo eu fui me apaixonando por ele.
  - Está com frio?
  - Não, por quê?
  - Você está toda arrepiada - Depois ele riu e me puxou para mais perto dele.
  Ele é meu amigo, só meu amigo, não é? Por que é tão difícil assim falar que gosta de uma pessoa? É tão simples! Mas o medo de ser rejeitada é tão grande assim? É. Ele sempre cuida de mim quando eu não estou bem, me ajuda sempre que eu preciso. O que será que ele está pensando? Está com uma cara tão pensativa.
  - ?
  - Oi.
  - O que está pensando?
  Ele demorou um pouco a responder.
  - Em uma garota.
  - Pode me falar quem é?
  - Acho que você não vai gostar.
  - Você sabe que pode me contar tudo.
  - Acho que isso não.
  - Por favor - Eu peguei sua mão - Me conta.
  Ele suspirou. E houve um longo período de silêncio.
  - É você, .
  Eu gelei. Eu não sabia o que falar para ele. Eu queria falar que há um tempo eu comecei a me apaixonar por ele, mas não apenas pelas coisas boas que o compunham. Eu me apaixonei por ele com todos seus defeitos, suas manias, suas críticas. Ele sempre me ajudou a crescer, a enfrentar meus medos e a ignorar aqueles que me queriam fazer mal. No começo ele era apenas como um irmão mais velho, mas depois ele se tornou algo mais, pelo menos para mim, mas agora eu sabia que para ele, eu era mais do que uma amiguinha qualquer. Fiquei encarando o chão, com um sorriso bobo no rosto. Olhei para ele, e ele olhava para mim. Decidi fazer aquilo que meu coração tanto ansiava. Uma de minhas mãos, coloquei em seu rosto e a outra apoiei no chão, para que eu não caísse. Me aproximei e juntei nossos lábios, em um beijo calmo. Ele me puxou mais para ele, fazendo com que eu ficasse sentada em seu colo. Seus lábios eram doces, ele simplesmente era perfeito. Ele encerrou o beijo com um selinho e parou para me olhar. Ele acariciou meu rosto levemente, me arrancando um suspiro. Não sabia como era maravilhosa a sensação de ser correspondida. Se soubesse teria beijado antes.
  Flashback OFF

  Acordei em meu quarto, eu pensei que estava assistindo um filme com . Levantei de minha cama, olhando diretamente para a mesinha de cabeceira, onde tinha uma foto de nós dois, nos beijando no nosso terceiro ano de namoro, sorri me lembrando daquele dia.

  Flashback ON
  Luke sabia que eu gostava de surpresas, apesar de ficar muito curiosa. O que ele aprontaria agora? Ele me trouxe em um campo verde, do qual eu nem sabia da existência. Estava um pouco escuro, o que me deixou um pouco nervosa, não gosto de ficar no escuro sozinha. Suspirei e deitei na grama, apesar de pinicar às vezes, não me importei. Ouvi um barulho estranho e voltei a me sentar e olhar para o céu. Vi uma luz surgir e explodir: fogos de artifício. Levantei e fiquei olhando para o céu com um sorriso bobo. Onde eu olhasse aviam luzes. Logo estava formando uma frase.
  “Parabéns para nós! Três anos de namoro! Eu te amo, .”
  - Hey! - Ele gritou atrás de mim depois que a frase se apagou.
  O olhei e vi o sorriso mais lindo do mundo. Sorri também e corri até ele. Foi como naquelas cenas de filme não tem? A mocinha corre em direção ao rapaz e pula em seus braços e o garoto a gira. Eu pensei que eu cairia, porque quando eu pulei em seus braços ele deu alguns passos para trás, tentando se equilibrar, o que só me fez rir mais.
  - Eu te amo - Eu disse com meu rosto enterrado em seu pescoço.
  - Eu sei.
  - Ha ha há - Eu ri irônica.
  - Eu estou brincando, porque nós dois sabemos que eu te amo mais.
  Eu sorri e ele me beijou. O puxei o mais próximo que podia de mim, para aproveitar essa maravilhosa sensação.
  - Eu te amo, para sempre - Eu disse com meu rosto em seu pescoço.
  - Para sempre - Ele disse em meu ouvido.
  Flashback OFF

  Desci as escadas e achei deitado no sofá. Acordei-o e o levei meio grogue para a cama. Não gostava de o ver assim, cansado só por minha causa. Não queria ser o motivo de sua tristeza. E sim o da sua alegria.

  Três meses depois

  Pensar em tudo o que eu fiz até agora? Tentar me recuperar da perda dele. Como eu estou conseguindo? . Esse é o nome e a resposta da razão do meu viver. Se não fosse por ele eu não sei onde eu estaria ou o que estaria fazendo. Ele tem sido tudo para mim, meu chão, minha voz, meu coração. O que eu faria sem ele? Acho que às vezes me arrependo por morar sozinha e deixar meus pais em outra cidade, quase não falo com eles, mas meus irmãos devem deixá-los felizes. Eu sei como eu e ficamos tão próximos, mas não sei se isso foi uma coisa muito boa, afinal, hoje ele me vê de outra maneira, e não sei se consigo enxergá-lo assim. Ele é como um irmão, irmãos não se beijam não é? Ele me beijou, não posso mais considerá-lo um irmão. Se eu o amo? Claro. Mas não sei se da maneira que ele gostaria.
  Simplesmente não sei.

***

  - Bom dia - disse chegando a sala.
  - Bom dia.
  - Dormiu bem? - Ele disse se sentando ao meu lado.
  - Sim.
  - Como está seu humor hoje?
  Eu ri.
  - Hoje estou de boa.
  - Bom, eu também. O que quer fazer hoje?
  - Conversar sobre você.
  - O que você quer conversar?
  - Por que você não tem namorada?
  - Por que quer saber isso agora?
  - Você está há muito tempo sozinho , está só cuidando de mim e não acho que isso esteja fazendo bem a você.
  - Por que não estaria?
  - Eu me sinto como se estivesse te privando de viver. Você não sai com seus amigos, porque quer ter certeza de que estarei bem. Não sou nenhuma criança , sei me cuidar e quero que você seja feliz.
  - Mas eu sou feliz! Eu escolhi viver assim. Sou feliz por saber que você não está chorando todos os dias, me deixa feliz saber que te distraio e com isso você fica um pouco mais feliz. Fico feliz porque você está feliz. Será que não entendeu ainda? Eu te amo!
  Eu simplesmente não sabia o que dizer. havia sido tudo para mim, depois que ele se foi, me ajudou a voltar a viver. E agora diz que me ama, não que eu já não desconfiasse, só não queria que fosse verdade. Não que eu não ame ser desejada, principalmente o cara sendo o , um dos caras mais desejados pelas adolescentes.
  - .
  - Hum?
  - Eu te amo.
  Sorri e corri em sua direção. O abracei e senti seus braços em volta de mim. Sentir seu cheiro, tocar sua pele e saber que o dando uma chance, o deixarei feliz. Eu não o amo do jeito que ele quer, mas aprenderei. A minha felicidade está aqui, com , eu simplesmente sinto. Uma parte de mim pode ter ido com Luke, pois ele sempre será o grande amor da minha vida, sempre pertencerei a ele e ele me pertencerá, mas ele não voltará, então eu não posso parar se viver. É claro que pensei nisso, várias vezes, mas disse que ele não gostaria que eu fizesse isso. E agora aqui estou eu, beijando , aquele que me ajudou a superar todas as barreiras da minha vida, ele não me abandonou e eu o agradecerei sempre. Espero que Luke esteja orgulhoso de mim, por eu conseguir seguir em frente. Eu pensei ser impossível sem ele aqui. Sem suas palavras para me guiar, sem seus abraços para me reconfortar e sem suas camisas para eu roubar, a vida ficou mais difícil. Mas eu percebi uma coisa, a única razão para eu seguir em frente é ele, ele é a única razão.

FIM



Comentários da autora