The Moon
Escrito por Mariane Motta | Revisado por Hels
Estava ventando forte naquela noite. Eu estava em meu pequeno quarto no sotão da casa de . Na noite anterior, foi ?comemorada? a minha vinda para cá. Quatro meses morando com os meus melhores amigos. Eu me sentia completa... Minto. Ainda não me sentia completa, pois sabia que a pessoa que eu amava não sentia o mesmo. Era triste saber que há dois dias o vi beijando uma loira estranha. Confesso que aquilo partiu meu coração em pedaços tão pequenos, que seria impossível ser reconstruído de novo. E ontem, agradeço por ela não estar na pequena comemoração na fogueira.
Flashback
- Já estão todos lá em baixo! Desde logo! - Alguém gritava impaciente do outro lado da porta.
- Já estou indo! - Na verdade, eu estava enrolando. Estava pronta há mais de quinze minutos, mas resolvi sentar e esperar. Não estava com a mínima vontade de ver aquela loira aguada lá com ele.
- É sério, já estão todos lá em baixo... - disse abrindo a porta do meu quarto. - Por que você está aí ainda?! - Ele perguntou impaciente.
- Desculpa... Precisava ficar um pouco sozinha. - Respondi, olhando para o chão.
- Você 'tá bem? - Ele perguntou, se sentando ao meu lado na cama.
- Estou sim. Apenas estou pensativa demais. - Respirei fundo. - E nem pense dizer ?wow, você pensando!?, se não tu 'tá morto. - Falei, me levantando.
- Deu de ler mentes agora? - Ele me olhou assustado, mas riu em seguida.
- Você é previsível, meu bem. - Respondi e pisquei, indo para a porta. Antes que eu pudesse pensar em abrir, ele me puxou de volta cama, me fazendo cócegas. - Para! Paaaaaaaaaaaara! - Eu tentava gritar em meio a crise de riso. Já estava acostumada a ser maltratada por ele. Ok, peguei pesado, mas ele vivia fazendo cócegas em mim.
- Não até você retirar o que disse! - Ele disse em cima de mim, ainda me fazendo cócegas. Já disse que ele é uma criança?
- Você não é previsível! Eu li mentes! Agora para de me fazer cócegas! - Gritei. Na mesma hora ele saiu de cima de mim, parando em frente a cama, estendendo a mão para me ajudar a levantar. - Nunca mais falo nada, hein. - Disse enquanto ajeitava minha juba.
- Ah, fala sim! Adoro fazer cócegas em você, é tão divertido ver seu sofrimento! - Ele riu divertido, saindo do quarto. Ele é um psicopata e eu não sei?
Saí do quarto e fui em direção a sala/cozinha. Como as janelas eram de vidro, consegui ver o pessoal lá fora em volta da fogueira.
E lá estava ele. Lindo, como sempre... Não! Não, ele não estava bonito... Estava sim... Chega! Ele não estava nada. Pronto, fim de discussão. Respirei fundo e abri a grande porta de vidro e fui em direção a eles.
- AMÉM! - Gritaram.
- É, acho que milagres acontecem. - Ri baixo. Não tinha muita gente, no máximo quinze pessoas. Havia dois troncos de árvore no chão. Resolvi me sentar ao lado de um homem desconhecido. - O que eu perdi de bom? - Perguntei.
- Piadas sem graças do Robert. Nada de mais. - me respondeu.
- Ei! Não foram sem graças não! - Robert se defendeu. Agora eu sabia o nome do desconhecido ao meu lado. Todos riram e o contrariaram.
- Música! - gritou ao ver trazendo um violão.
- Vão cantar? - Perguntei baixo para .
- Sim. - Ele sorriu - Quer pedir alguma?
- Você sabe a minha preferida. - Retribui o sorriso.
- Eu escolho a minha música! - falou rápido, levantando do tronco. - Everything I ask for! - Ele falou alto, com um tom de comemoração. Todos gritaram. Eu apenas sorri. Estava começando a achar que o álcool havia começado a fazer efeito.
dedilhou alguns acordes antes de começar a tocar. Eu amava essa música. Tentei ficar olhando para o nada perto do mar, para não ter que ficar o encarando enquanto cantava. No refrão todos cantavam alto, alegres.
Olhei em volta, disfarçando que havia acabado de encontrar seu olhar, e percebi que não estava lá. O guri vai ao meu quarto me encher falando que eu estava demorando e não aparece aqui?
- O que eu perdi? - perguntou se sentando ao meu lado no tronco, me abraçando de lado.
- A melhor música. - mostrou a língua para o amigo. Às vezes penso que não sou a mais nova daqui, não era possível.
- Quem mostra língua pede beijo. - Retiro o que eu disse. Consigo ser mais criança que metade das crianças de um jardim de infância.
Todos riram, menos .
- Brincadeira, seu bobo! - Mando um beijo no ar. Ele faz uma careta, mas não resiste e começa rir também.
A noite estava agradável. por algum motivo não me soltou um minuto. Na verdade, ele tinha essas manias estranhas de abraço. Vai saber né.
- Queria dedicar essa música a uma pessoa muito especial para mim. - falou. Meu coração gelou. Alguém especial? Ele está apaixonado? Abaixei minha cabeça no ombro de .
- UHU! TEM ALGUÉM APAIXONADO AQUI! - gritou batendo palmas. Todos riram. Menos eu. Tentei disfarçar com um sorriso. Falso. Mas, qual é o que vale a intenção.
- Desde o primeiro dia que a vi. - Ele sorriu. Ele, por incrível que pareça, não ficou envergonhado ao dizer aquilo. Ele estava realmente com uma cara de bobo apaixonado. Agora é a hora que eu saio correndo e começo a chorar?
- Se chama Whoever She Is. - Ele sorriu para mim. Peraí, essa é a minha música. Minha música preferida desde que me conheço como fã do The Maine. Será que tem outra pessoa que considera muito essa música? Tinha que ser a minha música?
Ele começou a cantar calmo. Fechou os olhos em diversas partes da música. Imagino que ele estivesse pensando nela. Eu estava com uma vontade incrível de chorar ali mesmo. Parecia que lia pensamentos. Ele me abraçou forte desde o começo da música. Fechei meus olhos e fiquei rezando para que a música acabasse rápido. Estava perdida em meus pensamentos até me cutucar, me fazendo abrir os olhos.
Quando os abri, vi que estava com a mão esticada para mim. Não pensei muito, apenas peguei sua mão, na qual me puxou para seu lado. Ele me abraçou de lado como estava há segundos atrás com seu amigo. Mas ao contrario de como estava, ele meio que ?dançava? ao ritmo da música, indo devagar de um lado para o outro.
Assim que acabou a música, o silêncio reinou. Até alguém arrotar. Todos deram risadas altas, inclusive eu.
- Espero que tenha entendido. - Ele disse baixo, já que estamos próximos. Eu o olhei com cara de desentendida. Na verdade, não havia entendido mesmo. - Você não entendeu... - Ele levantou e foi para dentro de casa. Fiquei parada por mais alguns minutos para tentar digerir algo. O que ele quis dizer com ?espero que tenha entendido?? Entendido o que? Espera... E se a garota especial fosse eu? Não, não era eu. Eu tinha que parar de sonhar alto, dói muito quando se acorda.
Fim do Flashback
Definitivamente aquela música não era pra mim, fora para a loira. Ele estava tentando me afastar amigavelmente antes que eu me machucasse. Acho que sabia que eu gostava dele, e não quis me machucar dizendo 'não' na minha cara.
- Parabéns. - Disse a mim mesma enquanto me levantava da cama indo em direção a porta. Desci as escadas rápido.
- Vai à praia de meia? - perguntou logo após eu dizer que ia. Olhei para meus pés e vi que realmente estava de meias. Brancas.
- Vou. - Respondi.
- Isso é porque tu não lava tuas meias. - Ele falou se lembrando que quem lavava as roupas naquela casa era uma empregada que vinha três vezes por semana.
- Eu lavo dessa vez - respondi e fui saindo. - Lavo as MINHAS! - Falei antes de ele ir sonhando que eu lavaria suas meias. Ele ficou meio sem entender porque eu havia falado daquela maneira com ele. - Desculpa. - Disse e me retirei.
Andei devagar até chegar à areia. Olhei o mar, estava calmo. Não sei como pois ventava muito. Olhei para os lados e vi um dos troncos de árvore da noite da fogueira.
Sentei encostando minhas costas nele. Fechei meus olhos e assim fiquei por um longo tempo.
Fiquei pensando em como a minha vida havia mudado desde quando vim pra cá. Nunca pensei que faria amizade com os caras da banda que eu mais admirava. E ainda admiro claro.
- O que está fazendo aqui? - Fui tirava de meus pensamentos, levando um susto. riu divertido da minha reação.
- Estava pensando. - Respondi mais calma.
- Quero saber no que. - Se sentou ao meu lado. Toda vez que estava próxima a ele passava um choque pelo meu corpo e meu coração acelerava até quase sair pela boca. - Se você quiser me contar, claro. - Sorriu.
- Na verdade não era em nada especifico... Estava pensando em como minha vida mudou... - Respondi fitando o mar em minha frente.
- Para melhor não é? - Perguntou.
- Com certeza. - Sorri para ele. Ficamos nos encarando com sorrisos bestas nos rostos por um bom tempo.
- A lua está linda hoje. - Comentou ele, quebrando o silêncio. Procurei-a no céu, e tive de me virar, pois ela se encontrava exatamente atrás de mim. Estava realmente linda. Sorri e me virei para ele de novo.
Outro susto tomou conta de mim. Ele estava realmente perto de mim. Estava fitando meus olhos, como se pudesse ler algo neles.
- Mas o que... - Tentei perguntar, mas ele não permitiu. Seus lábios encostaram com calma nos meus. Fiquei estática, sem saber o que fazer até ele passar sua mão para o meu pescoço e tentar aprofundar o beijo. Correspondi. O beijo da minha vida. O beijo que eu esperei tanto.
- Esperava que você entendesse isso ontem. - Ele disse depois se separar nossas bocas. Ele ainda estava de olhos fechados, fazendo carinho em meu rosto.
- Eu pensei que não fosse para mim. - Respondi e abaixei a cabeça sentindo vergonha.
- Bobinha como sempre. - Ele riu baixo e beijou de novo.
A lua estava realmente bela. Nunca irei esquecê-la.
Fic tirada de um sonho maluco meu. Com mais detalhes, claro.