The Fate Of Love

Escrito por Mel Lima e Yas Nascimento | Revisado por Andressa

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Parte do Projeto Songfics - 7ª Temporada // Música: The Story Of Us, por Taylor Swift

  A noite rareava conforme o sol começara a nascer no horizonte. Uma noite mal dormida, mexidas na cama e um bocado de lágrimas era o que resumia a madrugada de . Nesse dia, ela sabia, teria de deixar coisas boas para trás e seguir sua vida, apesar de não querer. Teria que deixar amigos, família e o garoto que ainda gostava. Garoto que ela namorava há umas semanas atrás. Mas então eles brigaram e brigaram feio. Foi por causa de ciúmes juntamente com a notícia da mudança dela. Era tudo muito complicado para a cabeça de dois recém adultos de dezenove anos entenderem, e então decidiram que continuar com o relacionamento era algo absurdo. Ela iria mudar de continente. Tinha conseguido uma ótima bolsa para a faculdade de fotografia que queria. Mas conseguiu na EUROPA! Nada de América. Na época, ele querer continuar com isso seria algo praticamente impossível, um amor que atravessa oceanos, um namoro à distância, sem o toque, sem o abraço, sem o beijo... Ele simplesmente não conseguia compreender. Ela tentou explicar de diversas maneiras e ele acabou entendendo. Era o sonho dela, era o que ela queria desde os quinze anos. Era a felicidade dela e ele seria incapaz de estragar. E a deixaria partir.

I used to think one day we'd tell the story of us
(Eu costumava pensar que um dia ia contar a nossa história)
How we met and the sparks flew instantly
(Como nos conhecemos e tudo aconteceu instantaneamente)
And people would say they're the lucky ones
(As pessoas diriam: "eles são os sortudos")
I used to know my place was the spot next to you
(Eu costumava achar que o meu lugar era um local próximo a você)

   acordou antes de o sol nascer naquele dia. Não havia dormido absolutamente nada pois sabia o que iria acontecer dali a poucas horas. Observava a casa que ficava um pouco distante da sua e suspirou. Pois é. Perderia a sua garota. E não faria nada para mudar isso. Não poderia fazer, aliás. Só iria tentar seguir com a sua vida sem a presença dela, sem o cheiro dela, sem ela. Sem a garota que amou mais do que a si próprio. Sem a garota que achou que casaria e teria uma casa e filhos com ela.
  O destino prega muitas peças, realmente.

Now I'm searching the room for an empty seat
(Agora eu estou procurando por uma cadeira vazia)
Cause lately I don't even know what page you're on
(Porque ultimamente eu não sei em que página você está)
Oh, a simple complication, miscommunications lead to fall out
(Oh, uma simples complicação, falhas de comunicação destruiram tudo)

  O relógio marcava uma hora da tarde quando a última mala fora colocada no porta malas de um carro preto. fechava a porta de sua casa, suspirando e dando uma última olhada em tudo o que conhecia bem. Uma última olhada na casa em que viveu dezenove anos. As lágrimas chegaram aos seus olhos mas ela se recusou a chorar. Seus pais estavam no jardim a sua espera para o abraço final.
  — Se cuida, hein. — O pai falou para a filha abraçando-a forte. — Me mande e-mails todos os dias da semana. Quero saber como é a Europa e como você está se sentindo lá.
  — Tudo bem, pai. — sorriu.
  — E quando puder venha nos visitar, por favor. Morreremos de saudade. — Agora foi a vez da mãe falar. Ela já estava chorando e chorou junto. Não aguentou e se agarrou na mãe e as duas soluçaram.
  Após bons minutos assim e se separaram. Se continuassem por mais um minuto ela não iria embora, sabia disso. Com um último abraço rápido nos pais, destrancou a porta do carro e entrou. Suspirou antes de virar a chave e pisar no acelerador. Sorriu para os seus pais e foi.
  Quando chegou há uns metros após sua casa, virou a cabeça para a esquerda e conseguiu enxergar ali. Estava sentando no jardim e olhava fixadamente para o carro em movimento. Ela sorriu. Um aceno de cabeça e um sorriso fraco foi o último adeus à ela.
  Ele estava em pedaços.

So many things that I wish you knew
(Tantas coisas que eu queria que você soubesse)
So many walls up I can't break through
(Tantos muros que eu não pude quebrar)

  Fazia um frio horrível na maior parte do país. Havia trânsito na maior parte das avenidas mais famosas. Carros buzinando, impaciência e ansiedade de chegar em casa após um dia inteiro de trabalho era o que resumia aquele final de tarde. A chuva começava a cair quando destrancava — finalmente — a porta do seu apartamento. Agora, com quase trinta anos, já tinha o seu próprio lugar, já tinha terminado sua faculdade de Publicidade e estava trabalhando o suficiente para ganhar um dinheiro bom para que pudesse ter comprado seu carro e alugado um bom apartamento no mesmo bairro onde nasceu. Há dois anos morava naquele lugar e gostava muito dali. Aquilo é o que era.
  Morava sozinho, apesar de que algumas mulheres já tivessem passado pelo seu quarto. Depois de , bem, ele nunca mais namorou por mais de seis meses com alguém. Então ele percebeu que esse negócio de amor não era pra ele e decidiu só curtir a vida que teria pela frente. E assim estava fazendo.
  Jogou a roupa que vestia em cima da cama e foi para o banheiro tomar o banho que ansiava desde que havia saído do trabalho. Hoje havia sido um dia complicado e cansativo e tudo que o rapaz queria era um bom banho, uma boa janta, um bom filme e depois uma boa noite de sono. Não queria e não precisava de mais nada. Graças à Deus teria o dia seguinte de folga e poderia fazer o que bem entendesse naquelas vinte e quatro horas seguintes. Parecia o paraíso.
  Quando estava enrolando a toalha na cintura, ele ouviu um barulho. Achou estranho e ignorou. Após alguns segundos, novamente o barulho e ele percebeu que é da campainha. Bufou e gritou um "já vai" muito mal educado e calçou os chinelos. Iria só de toalha atender a porta, afinal, nenhum estranho sabia onde ele morava, e ele também não se importava. Arrastou-se até a porta e nem olhou no olho mágico antes de girar a maçaneta e se deparar com a última pessoa que esperaria ver ali.
  De repente, ele achou que teria sido uma boa ideia se vestir primeiro.

Now I'm standing alone in a crowded room
(Agora estou sozinho em uma sala lotada)
And we're not speaking
(E não estamos nos falando)
And I'm dying to know is it killing you like its killing me?
(E eu estou morrendo de vontade de saber: isso está te matando, como está matando a mim?)

  — Olá, . — Ela sorriu.
  — ? Você por aqui? — Ele perguntou surpreso.
  — Hey, não vai me convidar para entrar? Eu posso te contar tudo. — Ela perguntou e ele abriu espaço para ela passar. sentou-se no sofá.
  — Ãn... Espere uns minutos que eu preciso me trocar e já volto.
  — Tudo bem. — Ela disse e ele voltou para o quarto.
   estava com um milhão de pensamentos na cabeça e todos eles tinham o nome de "". Mas iria tirar essas dúvidas logo. Colocou uma calça e uma blusa qualquer que pegou no seu armário e foi de volta para a sala.
  — Seu apartamento é bem bonito. — Ela disse olhando ao redor e percebeu que ela estava olhando cada detalhe da sala. — Quando namorávamos você não era tão organizado desse jeito. — riu e também.
  — Pois é. Algumas coisas mudaram. — Ele sorriu e fez uma notal mental de agradecer a empregada do apartamento vizinho por ter limpado o seu apartamento no dia anterior.
  — Eu vejo. Você está diferente também . Está mais bonito. — Ela o encarou séria.
  — Você também, . — Respondeu sem jeito. — Quer alguma coisa para comer?
  — Não, , obrigada. Eu só queria te fazer uma visita.
  — E sua vida na Europa? Como está?
  — Bem, não tenho mais uma vida na Europa. Voltei para cá no mês passado. Sabe, pedi transferência onde trabalho. Eu fiz a faculdade, . — Ela sorriu e seus olhos brilharam. — Eu conclui e hoje eu trabalho nisso.
  — Fico feliz por saber. — Ele sorriu.
  — E você? Conseguiu fazer a sua faculdade de Publicidade?
  — Sim, sim. Consegui. Hoje eu trabalho nisso também.
  — Realizamos nosso sonho, afinal. Bem sucedidos no que queríamos exercer.
  — Pra você ver. — Ele sorriu fraco e a sala mergulhou em um profundo silêncio.

I don't know what to say since the twist of fate when it all broke down
(Eu não sei o que dizer sobre a reviravolta do destino quando tudo se quebrou)
And the story of us looks a lot like a tragedy now
(E nossa história se parece com uma tragédia agora.)

  — E sua esposa? Imagino que ela não vá gostar de me ver aqui uma hora dessas, sei lá. — olhou para a porta do quarto de e em seguida para a porta de entrada como se esperasse que alguém aparecesse.
  — Não se preocupe, — ele disse calmo. — eu não tenho esposa.
  — Namorada, então?
  — Nada. Depois de você, eu nunca achei alguém que me fizesse sentir o mesmo ou ao menos algo parecido. — disse sem pensar e viu que havia falado demais. havia corado um bocado e ele mesmo sentia-se com um calor no rosto e podia ter certeza de que estava ficando vermelho, então decidiu prosseguir o assunto. — E você? Com certeza é casada ou, no mínimo, namora.
  — Na verdade... Bem, eu tinha alguém. Não tínhamos um relacionamento bom, mas era legal. Estávamos juntos há quase um ano e então chegou minha transferência e bem... Ele não aceitou tão bem. Então tudo acabou.
  — Sinto muito. — disse sentando-se ao lado dela.
  — Tudo bem. Sabe, eu não era tão próxima a ele como um dia fui a você... Então não sofri tantos danos.
  Silêncio novamente. Os dois encaravam a parede que tinham a frente até retomar a palavra.
  — Tem certeza que não quer comer algo? Eu ainda não jantei.
   sorriu. também, e tirou dois pratos de dentro de um dos armários.

Next chapter
(Próximo capítulo)

  Durante o jantar, eles conversaram bastante sobre esses dez anos em que ficaram sem se ver. , como disse, havia concluído a faculdade e estava trabalhando de fotógrafa para uma famosa revista européia. contou do seu emprego numa famosa Agência Americana de publicidade e propaganda. Afinal, os dois foram muito sortudos nesse quesito. Mas já no do amor...

How'd we end up this way?
(Como nós acabamos desse jeito?)
See me nervously pulling at my clothes and trying to look busy
(Me veja nervoso e tentando parecer ocupado)
And you're doing your best to avoid me
(acho que você está fazendo o seu melhor para me evitar)
I'm starting to think one day I'll tell the story of us
(Estou começando a pensar que um dia eu vou contar a nossa história)

  — Desculpe aparecer sem avisar. — disse dando a última garfada no macarrão que havia no seu prato. — Eu deveria ter avisado, mas eu estava por perto e pensei "por que não visitá-lo?" e aqui estou. — Ela riu.
  — Não, não tem problema. — Ele respondeu. — Só fiquei curioso de como você me achou.
  — Ah sim. Bem, assim que eu voltei, eu fui ver minha família e passei na casa dos seus pais. Imaginei que você já não estaria morando lá, mas fui mesmo assim. Seus pais ainda são uns amores. E me passaram seu endereço. Isso te incomoda?
  — De maneira nenhuma. Gostei de poder te rever.
  — Digo o mesmo.
   pegou o seu prato de cima do balcão e levou à pia e procurou os produtos necessários para lavá-lo. Assim que começou, desligou a torneira e tomou o prato de sua mão.
  — Hey. — Ela disse com o olhar raivoso.
  — Não precisa fazer isso.
  — Preciso sim. Eu sujei, eu limpo. — tomou o prato da mão dele e começou a ensaboá-lo e depois lavou-o. a olhava confuso.
  — Dez anos se passaram e você não mudou absolutamente nada, .
  Ela riu fraco.
  — Muitas coisas mudaram, . Você só não consegue enxergar tudo assim, de repente.

  Após tudo estar limpo, sentou-se no sofá enquanto procurava algo em sua bolsa.
  — Não quer ficar pra ver alguma coisa na televisão ou algo assim?
  — É muita gentileza, . Mas preciso ir pra casa.
  Ela estava se dirigindo à porta quando o rapaz gritou:
  — Não quer vir aqui amanhã? A gente poderia almoçar ou algo do tipo.
  Ela parou onde estava, atônita. Não esperava esse convite.
  — Eu não irei te atrapalhar?
  — De forma alguma. Não tenho absolutamente nada marcado para amanhã.
  Ela sorriu e com um aceno de cabeça, confirmou sua presença amanhã naquele mesmo local. abriu a porta pra ela e assim que a porta do elevador fechou com dentro, voltou para a sala e colocou o travesseiro no rosto e por algum motivo, sorriu.

How I was losing my mind when I saw you here
(Como eu estava perdendo minha cabeça quando eu vi você aqui)
But you held your pride like you should've held me
(Mas você segurou seu orgulho como você deveria ter me segurado)
Oh, I'm scared to see the ending, why are we pretending this is nothing
(Oh, eu estou com medo de ver o final, por que nós estamos fingindo que isso não é nada?)
I'd tell you I miss you, but I don't know how
(Eu queria falar que senti sua falta, mas eu não sei como)
I've never heard silence quite this loud
(Eu nunca vi um silêncio tão alto assim)

  As nove da manhã do dia seguinte, já estava acordado e pegava as chaves do carro para ir ao mercado. Iria comprar tudo o que precisaria para o almoço daquele dia, que seria especial. Ele faria o prato favorito de , lasanha. Quando ele aprendera a cozinhar, a primeira receita que queria aprender era lasanha pois sabia que era o favorito dela. Dez anos haviam se passado e nada havia mudado, afinal. Ele ainda sabia cozinhar e ela iria na casa dele para comer, como faziam quando tinham dezenove anos.

Now I'm standing alone in a crowded room
(Agora estou sozinho em uma sala lotada)
And we're not speaking
(E não estamos nos falando)
And I'm dying to know is it killing you like its killing me?
(E eu estou morrendo de vontade de saber: isso está te matando, como está matando a mim?)

   se olhava pela milésima vez no espelho. O cabelo solto, um vestido rosa claro e uma sapatilha da mesma cor era o que ela vestia. Só havia passado um pouco de rímel e decidiu que estava pronta para ir. Mas se arrumara cedo demais. Era onze e meia da manhã quando terminou e da sua casa até a de era um pulo. Decidiu que sairia de sua casa meio dia e quinze. Mas o tempo não passava. Ela batia o pé impaciente no chão enquanto trocava de canal compulsivamente, sem ao menos prestar atenção em programa algum. Só parou quando viu um desenho familiar e ficou assistindo. Conseguiu distrair sua mente e quando desviou os olhos da televisão para o relógio, percebeu que havia ficado uma hora inteirinha vendo o programa. Desligou o aparelho, pegou sua bolsa e as chaves e trancou a porta de casa assim que saiu.

I don't know what to say since the twist of fate when it all broke down
(Eu não sei o que dizer sobre a reviravolta do destino quando tudo se quebrou)
And the story of us looks a lot like a tragedy now
(E nossa história se parece com uma tragédia agora.)

  Uns minutos após ter colocado a lasanha no forno, a campainha de sua casa tocou. Olhou-se uma última vez no espelho a caminho da porta e abriu-a.
  Sorriu quando viu ali, parada com um sorriso no rosto.
  — Olá, . — Ela disse abraçando-o.
  — . — Ele retribuiu o abraço. — Você está linda. — O rapaz a observou levemente vidrado. De repente era como se tivesse dezenove anos novamente e nunca tivesse partido para longe de si.
  — Obrigada. — Ela respondeu sorrindo.
  Entraram e ela se acomodou no sofá e colocou a bolsa ao seu lado. sentou-se junto dela e começou a trocar de canal para ver se algum programa interessante estava passando. Após cinquenta canais passados e um silêncio absurdo, arriscou-se a perguntar:
  — O que teremos de almoço hoje, hein? Sabe que eu sou curiosa! — Ela riu.
  — Surpresa. — Ele disse sorrindo e lhe deu um tapa no braço.
  — Você não muda, né? Lembro que adorava me fazer surpresas quando éramos mais novos.
  — Verdade. E você adorava.
  — Eu amava. — Ela disse sorrindo com lembranças que invadiram sua mente.

Flashback

  — Você é muito idiota, sabia? Por isso é meu melhor amigo, . — Ela dizia correndo do rapaz que tentava pegá-la.
  — E você é besta. Por isso é minha melhor amiga. — Ele disse conseguindo finalmente agarrá-la pela cintura, fazendo os dois caírem no chão. Estava chovendo forte e eles estavam no parque, brincando na chuva. Os dois riam enquanto rolavam pela calçada de pedra do lado de fora do parque. Os dois trombaram de lado e riram mais ainda, ainda no chão. Quinze anos na cara e os dois agiam como duas crianças quando chovia.
  — Hey, pequena. — Ele disse após as risadas cessarem. Ainda estavam no chão, virados um para o outro. — Eu te amo.
  — Eu também te amo, canalha. — Ela sorriu de uma forma linda. De uma forma que adorava.
  — Não. Eu te amo mais do que melhor amiga. Eu realmente te amo.
  Ela ficou em silêncio. Não sabia o que responder. Só sabia que estava esperando ouvir aquilo há muito tempo.
  — Quer namorar comigo, ?

Flashback Off

his is looking like a contest of who can act like they care less
(Isto está parecendo uma competição de quem pode agir como quem se importa menos)
But I liked it better when you were on my side
(Mas eu gostava mais quando você estava ao meu lado)
The battles in your hands now
(A batalha está em suas mãos agora)
But I would lay my armor down if you said you'd rather love than fight
(Mas eu abaixaria minha armadura se você dissesse que prefere o amor à guerra)

  Meia hora correu no relógio enquanto e viam alguma coisa qualquer na televisão. Ele levantou e abriu o forno um pouco e viu que estava pronto. Colocou dois pratos no balcão e pegou dois garfos, duas facas e dois copos. Chamou que foi para a cozinha curiosa. Assim que viu seu prato preferido em cima do forno, sorriu. Não comia lasanha há meses e estava louca por uma.
  — Você não existe, . — Ela agradeceu quando ele colocou um pedaço de lasanha no seu prato.
  Ele viu com clareza a criança que ainda era. A cada garfada com o sorriso inocente que ela trazia nos lábios, ele viu que ela ainda era a adolescente que ele havia se apaixonado há quinze anos atrás. E talvez, mas só talvez, nunca tivesse deixado de amá-la.

So many things that you wish I knew
(Tantas coisas que você queria que eu soubesse)
But the story of us might be ending soon
(Mas a nossa história pode estar chegando ao fim em breve)

  Os pratos sem comida alguma e a louça lavada. Já havia passado mais de uma hora que eles haviam comido.
  — Hora da sobremesa? — Perguntou sorrindo.
  — Tem sobremesa? — Ela perguntou com os olhos brilhando e com um sorriso no rosto.
  — É claro que tem. Qual seria a graça de um almoço desses sem um bom sorvete de chocolate depois?
  — De chocolate? É meu preferido. — disse com a voz sonhadora.
  — Eu sei. Eu ainda lembro.
  — Ainda lembra?
  — Sim. Certas coisas não se esquecem, . Você e seus gostos são um exemplo.
  Ela sorriu largo ao ouvir essa frase. O fato é que nesses dez anos ela nunca havia se esquecido de . Nem de como ele era, ou do que gostava. Ela se lembrava de cada detalhe. E ficou feliz por saber que ele também se lembrava dos gostos dela.
  Taça em mãos e um filme qualquer na televisão. Um ao lado do outro, numa proximidade extrema, mas nenhum dos dois havia percebido. Era tão acostumados a ficarem grudados quando namoravam que não se importavam se dez anos havia se passado. Para eles, ali, naquele momento, eles tinham dezenove anos de novo.
  Quando o braço direito dele pousou no ombro direito dela, foi quando percebeu que talvez, mas só talvez, também nunca tivesse deixado de amá-lo.

Now I'm standing alone in a crowded room
(Agora estou sozinho em uma sala lotada)
And we're not speaking
(E não estamos nos falando)
And I'm dying to know is it killing you like its killing me? (E eu estou morrendo de vontade de saber: isso está te matando, como está matando a mim?)

  E depois desse filme, mais dois vieram. Comédia e Terror. Riram e ficaram com medo. Ela se agarrava nele e, bem, ele não reclamava. Afinal, quem reclamaria? Aquele tempo era deles e estavam amando cada segundo e não queriam que nada daquilo acabasse.

I don't know what to say since the twist of fate when it all broke down
(Eu não sei o que dizer sobre a reviravolta do destino quando tudo se quebrou)
The story of us looks a lot like a tragedy now
(E nossa história se parece com uma tragédia agora.)
Now, now
(Agora, agora)

  Já estava ficando tarde quando o terceiro filme foi colocado. Romance. Sabia que esse era o gênero preferido de , então preferiu deixá-lo para o final. E ela amava aquele filme. pode ver o sorriso se formar no rosto da garota quando ele mostrou-lhe o título. E foi impossível não sorrir com ela.

And we're not speaking
(E nós não estamos nos falando)
And I'm dying to know is it killing you like its killing me?
(E eu estou morrendo de vontade de saber: isso isso está te matando, como mata a mim?)

  O balde de pipoca era enchido pela terceira vez até a boca quando apertou o play e o filme começou.
  Eles sabiam da história, já tinham visto juntos antes, mas era como se fosse a primeira vez. Como se estivesse vendo aquele filme pela primeira vez juntos. Era como se tivessem dezenove anos novamente. Como se não existisse prazos, nem relógio e nem trabalho que pudesse fazer com que eles saíssem dali.

I don't know what to say since the twist of fate cause we're goin' down
(Eu não sei o que dizer sobre a reviravolta do destino quando tudo se quebrou)
And the story of us looks a lot like a tragedy now
(E nossa história se parece com uma tragédia agora.)

  Quando o beijo do casal principal chegou, e se olharam. Se perderam nos olhos uns dos outros por longos minutos.
  Um impulso.
  E seus lábios se tocaram.
  O beijo era calmo. E após algum tempo, se separaram, se olharam e sorriram.
  — Eu senti falta disso, .
  — Eu também, .
  E se beijaram de novo.
  — Eu te amo.
  — Eu te amo.
  Silêncio.
  — Quer namorar comigo, ?

The end
(Fim)



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