The Distance

Escrito por Angélica b | Revisado por Lelen

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  Sugestão - Coloque pra tocar essa música enquanto lê a fanfic: http://www.youtube.com/watch?v=FhvIlrMGJjc

  - Bolo?
  - Encomendado.
  - Docinhos? Pasteizinhos? Gelatina?
  - Tudo encomendado junto com o bolo.
  - Piñada?
  - Piñada, ? – Chris me abraçou por trás e me beijou na bochecha, rindo com a minha ideia da piñada.
  Eu estava planejando a minha festa de aniversário que aconteceria dentro de uma semana. Sempre fui fã de festa de criança (para mim, não é festa se não tiver brigadeiro) e sei que, não importa a idade, todo mundo também é. , minha melhor amiga, estava me ajudando a conferir tudo.
  Não me importei em não ter um tema de festa, desde que tivesse todas aquelas coisas deliciosas que as crianças têm direito!
  - Pra que isso, Chris? – perguntou apontando para a mala gigante que Chris carregava.
  - Estou indo passar o Natal com a minha família em Londres. Mas não se preocupe, - ele se virou pra mim, segurando meu rosto. – Estarei de volta para o seu aniversário. Vai ser a melhor festa do mundo!
  - Que horas sai o voo? - Sussurrei. Tive medo de chorar se falasse alto. Eu não queria que ele fosse, algo me dizia que era uma péssima ideia.
  - Tenho que ir para o aeroporto daqui a pouco. – Ele consultou o relógio e, de alguma forma, conseguiu entender eu perguntando se poderia ir com ele. – Acho melhor você ficar aqui com a e terminar de organizar sua festa. Tyler, Cameron e Dan vão me levar, não se preocupe. – Chris me deu um beijo demorado na boca, teve que pigarrear para lembrá-lo do voo. – Até mais, meu amor.
  Um selinho. Um sorriso. Então ele se virou. Ao passar pela porta do salão de festas, Chris parou e acenou para a gente. Permiti que uma lágrima rolasse pelo meu rosto. Eu realmente não queria que ele fosse.
  Lembrei-me do dia que nos conhecemos e um pequeno sorriso se formou nos meus lábios.

  ~Flashback~

  - Hey, . Ouvi dizer que vai ter um mini festival aqui perto. Quer ir? – Estávamos na minha casa vendo TV. Eu tinha ouvido a propaganda no rádio, nem estava planejando realmente ir, mas a noite estava sendo bem tediosa.
  - Mini festival? Quem vai tocar? – Ela me encarou com um olhar duvidoso. nunca gostava do meu gosto musical.
  - Ok, não é um mini festival. Só sei que algumas bandas de rock e pop rock vão tocar. Nenhuma que eu conheço. Pensei em ir lá, não temos nada melhor pra fazer mesmo. – Como se fosse possível, ela afundou ainda mais no sofá. Resolvi usar a frase mágica: - São bandas de garotos.
  Dito e feito. se levantou e foi correndo pro meu quarto se arrumar. Ela geralmente não é assim por garotos, mas adora uma boyband!
  Quando chegamos no local, que estava cheio de gente, vi que tinha várias barraquinhas com coisas das bandas que iriam tocar. Meu olhar se demorou num garoto loiro que estava em baixo de uma faixa escrito “Hollywood Ending”. Ele estava conversando com algumas garotas fisicamente estranhas, mas sorria e dava risadas como se não visse isso. Talvez não visse mesmo.
  - Por que você está sorrindo de um jeito tão bobo? – Eu nem tinha percebido que estava sorrindo. acompanhou o meu olhar até o garoto loiro e pareceu ter entendido tudo. – Vai lá falar com ele! – ela praticamente me empurrou enquanto gritava algo como “Vou dar uma conferida por aí”.
  Foi tão estranho. Aproximei-me da barraca como quem não queria nada. Olhei para o garoto e sorri, ele retribuiu o sorriso e dispensou as garotas (devo dizer aqui que elas me encararam de cima a baixo só porque eu tinha a atenção dele só pra mim).
  - Oi. – Ele gritou, estava realmente barulhento lá dentro. – Eu sou o Chris.
  - . – Gritei de volta. – É você? – Apontei para uma camiseta pendurada atrás dele. Nela, tinha a foto de cinco garotos sorrindo para a câmera.
  - Sim. – Chris me olhou duvidoso. – Pelo visto você não conhece a banda. – Ele chegou mais perto para que eu conseguisse ouvi-lo melhor, e seu perfume forte da Hugo Boss me envolveu de uma forma que demorei um pouco para respondê-lo.
  - Não, desculpa. – Torci para que ele não tivesse percebido o meu pequeno devaneio, ele tinha aquele sotaque britânico que eu adoro, então eu meio que comecei a imaginar nós dois juntos. – Mas Hollywood Ending foi o primeiro filme do Woody Allen que eu vi e é o que mais gosto. – Resolvi mudar logo de assunto. – Vocês já tocaram?
  - Ainda não. Somos os próximos. – Um outro rapaz chegou e falou algo no ouvido de Chris, que assentiu e se virou para mim. – Tenho que ir para me preparar, você vai ficar pra ver? – Assenti, e seu sorriso aumentou um pouco. – Nos vemos depois.
  - E então? – me assustou, sorrindo de forma pervertida.
  - Vamos lá pra frente do palco? – Gritei em seu ouvido. Ela concordou, provavelmente já sabendo qual era a minha intenção.
  Depois de nos espremermos, levarmos e darmos cotoveladas, conseguimos chegar inteiras na frente do palco bem na hora que a banda do Chris estava entrando.
  O lugar era pequeno, mas estava lotado. Praticamente todo mundo que estava ali sabia cantar a primeira música (mais tarde descobri que se chamava You Got Me), todos gritavam e pulavam, incluindo a banda!
  Não demorou muito para Chris me ver ali, na primeira fileira. Ele sorriu para mim de uma maneira fofa, e juro que recebi alguns olhares estranhos daquelas garotas fisicamente estranhas.

  ~Fim do Flashback~

  Aquilo aconteceu no começo do ano. Ficamos amigos por um tempo, mas nenhum de nós dois conseguiu esconder mais os sentimentos que sentíamos.
  - ? – estalava os dedos na frente do meu rosto. – Que bom que resolveu voltar.
  - Hein?
  - O que acha de irmos procurar os enfeites para a festa? Tem uma loja a alguns quarteirões daqui que é muito boa!
  - Claro. – Respondi, sem ter certeza do que estava falando.

  Chris e eu nos falamos todos os dias, às vezes, até demais. Às vezes, só ficávamos escutando a respiração um do outro. E à noite ainda ficávamos no Skype conversando.
  Não estranhei quando chegou o dia do meu aniversário e ele não havia me ligado. Provavelmente queria dar os parabéns pessoalmente.
  - , vai pra casa se arrumar! – disse. Estávamos decorando o salão onde seria a minha festa. – Daqui uma hora os convidados começarão a chegar e você nem vai estar aqui!
  - Mas tenho que terminar de arrumar aqui! E você também tem que se arrumar! – Não me importei em parecer uma criança birrenta.
  - Pelo menos eu moro aqui perto, senhorita Não-Se-Preocupe-Terei-Tempo-Então-Prefiro-Me-Arrumar-Na-Minha-Própria-Casa.
  - Senhorita o quê? – Ri tentando amarrar um balão, que acabou escapando e voando por todo o salão.
  - Vai! – Ela apontou para a porta como uma mãe mandando o filho ir arrumar o quarto.
  Peguei minha bicicleta que havia deixado perto da porta e saí.
  Eu estava suada e suja, cheia de coisas brilhantes pela minha roupa, mas o vento gelado fazia eu me esquecer de qualquer coisa.
  Quase caí algumas vezes por causa da neve que havia no chão. Estava quase de noite, as luzes de Natal ainda estavam penduradas, e algumas delas eram bem brilhantes!
  Cheguei em casa em poucos minutos, tomei um banho rápido e logo comecei a me arrumar. Tinha sido esperta de manhã e deixado tudo o que precisava em cima da minha cama. Coloquei o meu vestido novo de festa e passei o melhor batom vermelho que eu tinha.
  Quando olhei no relógio, faltavam quinze minutos para a festa começar. Considerei ir de bicicleta, mas iria estragar o meu penteado. Fui para a rua e, para a minha felicidade, um táxi vazio estava vindo. Era como se todo mundo soubesse que era meu aniversário, ao chegarmos perto dos semáforos, eles ficavam verdes!
  Cheguei ao salão de festas antes de qualquer um. É claro que não se aplica a “qualquer um”.
  - Por que demorou tanto? Várias pessoas já me mandaram mensagem avisando que estavam vindo.
  - Mas consegui chegar antes deles. Relaxa. – Fui até o armário de casacos e guardei o meu lá. Ao sair, notei que tinha um pequeno embrulho em cima da mesa de presentes, o cartão tinha a letra da . Ela sabia que não precisava me dar nada.
  Um a um os meus convidados foram chegando, gritando meu nome e correndo para me abraçar. Era meu dia, então eu até que gostei de toda aquela atenção. A pilha de presentes estava cada vez maior, e eu estava muito ansiosa para abri-los.
  - ! – Ouvi três vozes conhecidas antes de ser apertada em um abraço grupal. Ainda acho estranho o Mike não estar com eles, eu até o convidei, mas a relação com o resto da banda não está muito bem.
  - Você está linda!
  - Obrigada, Tyler. – Eles me olhavam de uma maneira estranha, não sei explicar.
  - , onde está o Chris? Vocês estão juntos ainda, não estão? – Cassie apareceu do meu lado, pude ver Cameron, Dan e Tyler trocando olhares enquanto eu respondia.
  - Sim, estamos juntos ainda. Ele foi passar o Natal na Inglaterra, deve chegar daqui a pouco. – Cassie levantou as sobrancelhas mostrando que duvidava do que eu acabara de dizer e se afastou.
  Durante um tempo, várias pessoas me fizeram essas mesmas perguntas: se Chris viria e se ainda estávamos juntos. Os três garotos ficaram comigo o tempo todo, mesmo quando outras pessoas vinham falar comigo e os ignoravam.
  - , vamos. Hora de cantar parabéns. – se aproximou e me tirou de perto daquelas perguntas, para meu alívio.
  - Mas o Chris ainda não chegou. – Falei um pouco mais alto do que deveria, e, mais uma vez, os três garotos trocaram olhares. Pude ouvi-los sussurrando:
  - Devemos contar pra ela.
  - Não, Dan. Vai estragar a festa. – Cameron o repreendeu.
  - Ela vai estranhar. – Dan insistiu. Os três ficaram calados quando viram que eu estava os observando.
  Senti a minha garganta se apertar.
  Tentei ignorar qualquer coisa que estava sentindo e fui para o meu lugar atrás da mesa do bolo.
  - Parabéns pra você! - Começaram a cantar e a bater palmas no ritmo da música, mas eu não estava prestando atenção. Ouvia algumas pessoas rindo, não sabia o motivo.
  Eu olhava por toda a parte, duas vezes, às vezes, para ter certeza que Chris não estaria escondido por aí para fazer uma surpresa. Imaginei ele entrando pela porta, fazendo barulho, sorrindo com aquele sorriso que ele sabe que eu amo, e dizendo:
  - Querida, eu estou bem aqui!
  Não pude evitar, mas uma lágrima resolveu cair do meu olho. Tentava sorrir para que as pessoas pensassem que eu estava chorando de alegria. Eu sei, era uma coisa estúpida. Eu só queria que ele estivesse lá. Não entendo por que ele não apareceria para cantar parabéns para mim... Achei que ele estaria ali. Ele disse que estaria.
  Depois que a música acabou, ninguém cantou aquele “Com quem será que fulana vai casar?” ou qualquer outra coisa que costumam cantar em aniversários.
  - Por que ele não está aqui? – Sussurrei. Eu sabia que Dan, Tyler e Cameron estavam por perto. Não me responderam, mas senti aquela troca de olhares pelas minhas costas. Senti uma mão no meu braço. – Por que ele não está aqui? – Falei mais alto. Todos no salão pararam qualquer coisa que estivessem fazendo. Agora eu já não tinha qualquer controle sobre minhas lágrimas.
  - ... – Cameron me abraçou. Eu sabia que estava me fazendo de estúpida. “É só um garoto”, ouvi alguém dizer. Não, não era só um garoto. Era o meu garoto e ele não estava lá no meu aniversário. Sequer havia tentado falar comigo.
  - Não tem jeito fácil de dizer isso. – Tentei olhar para Dan, mas meus olhos já estavam embaçados. – O Chris ainda está na Inglaterra. Ele largou a banda e não volta mais pra América.
  - O quê? – Soltei-me de Cameron, olhei incrédula para os três. Que tipo de brincadeira era aquela?
  - Desculpe, . – Tyler tentou me abraçar, mas eu me afastei. – Ele disse que não conseguia mais ficar longe da família.
  - Ele falou de mim? – Perguntei entre soluços. Mais uma troca de olhares entre os três. Balbuciei um “preciso ficar sozinha” e saí para a rua. Tentaram me segurar, mas eu consegui me livrar deles.
  Ainda não entendo como consegui chegar em casa inteira. Eu mal enxergava o caminho e havia deixado meu casaco no salão. Meu rosto estava estranho por causa das lágrimas congeladas pelo vento frio.
  Abri meu apartamento e encontrei andando de um lado para o outro na sala. Deve ter pegado um táxi e entrado com a cópia da chave que eu tinha lhe dado.
  - Não quero conversar. – Corri para o banheiro e me tranquei lá. Era o único cômodo que tinha fechadura.
  - ! Abre! – Escutei bater na porta e gritar. E isso se repetiu. Ela falou mais algumas coisas, mas eu realmente não consigo me recordar delas agora. Depois do que pareceram horas para mim, ela desistiu e foi embora.
  Senti-me livre para ir até o sofá da sala e decidida a ficar em posição fetal pelo resto da minha vida. Não sei se dormi ou se fiquei encarando a televisão desligada por um bom tempo. Quando o sol estava nascendo, pronto para um novo dia, meu telefone tocou.
  - ? – A voz tão conhecida falou meu nome com aquele sotaque que ele não conseguiu se livrar enquanto estava aqui. – Eu estou ouvindo a sua respiração, então vou falar mesmo assim, ok? – Fez uma pausa esperando que eu respondesse. – Eu sinto muito. Não consegui ir. É... é difícil explicar...
  - Sinto muito também.

FIM



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