The Dice

Escrito por Li Santos | Editado por Mariana

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Prólogo

  O poderoso, milionário, frio, sério e implacável . O homem mais rico de toda Tóquio passeia por entre as pessoas da boate como se não houvesse mais ninguém ali além dele. Sob os olhares de todos, ele caminha pela pista de dança, atravessando o local, e para no balcão do bar onde pede um whisky com gelo. Após pegar seu copo já cheio, vira seu corpo para observar melhor as pessoas mesmo que seus pensamentos estejam longe. Às vezes, ele queria que a vida dele fosse mais simples, que ele não fosse tão rico, poderoso e conhecido por toda a cidade, por todo o país. Talvez assim, pudesse realmente descansar quando deitasse em sua cama para dormir. Paz é algo raro em sua vida.
  Um aroma doce chama a atenção dele.
  Ao virar o rosto para ver de quem é esse intenso e doce perfume, ele a vê quase flutuar enquanto anda na direção oposta a ele, parando do outro lado do balcão do bar. Hipnotizado, ele vira seu rosto para encarar a moça. Ele não consegue tirar os olhos dela.
  — Vai querer mais uma dose, senhor ? — questiona o bartender para , porém não obtém uma resposta do homem. — Senhor ? — indaga o rapaz.
  — Oi... — a voz grave de diz, distraído, seus olhos ainda sobre a figura feminina do outro lado do balcão.
  — Vai querer mais uma dose? — repete a pergunta.
  — Sim... — o homem responde, ainda muito distraído, e completa: — E quero que entregue uma coisa para aquela senhorita do outro lado do balcão, por favor.
  Ele puxa do bolso interno do paletó um cartão que contém seu nome e seu número de celular, pega também uma caneta e anota um recado atrás do cartão. Após escrever, ele entrega ao bartender.
  — Entregue a ela e a bebida que ela pediu, bote na minha conta, por favor — diz o entregando o cartão ao jovem bartender que sorri de canto já imaginando as intenções do outro.
  — Sim, senhor.
  Obedientemente, o jovem vai até a moça e entrega o cartão de a ela, apontando para ele que, ao ver que ela o olha surpresa, sorri galanteador. Mesmo de longe, nota que seu recado escrito no cartão deixa a moça envergonhada e com um sorriso nos lábios, os mesmos que ele quer tanto beijar agora.

Capítulo Único

5 meses depois...
Horas antes do ocorrido.

  — Você está linda, — comenta ele com um ar apaixonado para a moça que se olha em frente ao espelho do quarto do homem.
  — Esse vestido é um pouco extravagante demais, não acha? — ela diz, insegura.
  — Meu bem, você é deslumbrante. Qualquer vestido fica incrível em você, porque você é incrível — as mãos rápidas de envolvem a cintura da mulher e a puxam para mais perto dele. — Já te disse que você é incrível hoje? — questiona ele com um sorriso bobo.
  — Já — ela responde abobada e envergonhada com os elogios dele. lhe dá um beijinho no nariz.
  — Vamos?
   afirma com um gesto de cabeça e a beija suavemente. Em poucos minutos eles estavam no carro a caminho da boate que é dono junto com seu irmão.
  A boate gerida por é a maior de Tóquio e a mais cara. Luxuoso, o local é visitado pela alta elite do país e do mundo que vão lá em busca de algo muito específico: prazer. O simples e mais puro prazer que esse lugar pode proporcionar para seus convidados.
  Ao caminhar de mãos dadas com , mais uma vez, o homem chama a atenção dos ocupantes do local que o cumprimenta com gestos de cabeça e acenos de mão erguendo copos de bebidas. O terno preto muito bem alinhado de brilha com o reflexo das luzes do local, os cabelos dele estão alinhados perfeitamente no topo de sua cabeça formando um lindo e arrumado topete na frente e o restante comprido atrás, raspado nas laterais. Para finalizar o seu look diário, ele usa seus famosos óculos escuros. , que caminha ao lado dele, ainda não está acostumada com a fama do homem não só dentro de sua boate, mas como em qualquer lugar que eles vão juntos.
   é uma celebridade.
  — ! — a voz de seu outro sócio faz interromper o movimento de apertar o botão do elevador que o levaria até sua sala.
  — Ren... — responde ele com a voz baixa e serena virando o corpo para encarar o sócio.
  — Senhorita Mori — Ren cumprimenta com um sorriso esquisito e um olhar que ela não gosta nada de ter recebido.
  — Olá... — ela responde apenas por educação.
  — Deseja falar comigo, Ren? — indaga , impaciente. Ele está louco para subir até sua sala para conversar com sua querida .
  — Urgentemente. Problemas, meu amigo, problemas — diz ele e dá um tapinha amigável no ombro de que ignora.
  — vira o corpo para a mulher e completa: —, me espera na minha sala, por favor. Eu não demoro — ele dá um beijo quente na mão dela que sorri com o gesto.
  — Espero sim — diz ela sorrindo para ele.
  — Vocês formam um belo casal — comenta Ren, aleatoriamente.
   e ignoram o comentário dele e se despedem com um beijo rápido.
  A imagem de sorrindo para ele é a última que ele vê da mulher antes dela desaparecer.

Atualmente...

  O desespero de ao andar, esbarrando em qualquer um que interrompesse sua caçada, é notável. Ele já procurou por toda a extensão da boate e não a achou de maneira alguma. Ninguém a viu. Ninguém sabe para onde ela foi. Apenas quando ele verifica as câmeras de segurança que ele tem uma pista do paradeiro dela e é justamente isso que ele vai verificar.
  — !!! — esbraveja ao arrombar a porta do camarote onde o irmão está junto com mais duas mulheres que se assustam com a braveza do gesto.
  — O que é isso, ? Isso são modos de entrar aqui? — reclama que está com a camisa desabotoada e tem marcas de batom espalhadas pelo seu corpo.
  — Aonde ela está? — o mais velho segura pelas abas abertas de sua camisa com força.
  — Ela quem?
  — A ...
  — Eu não sei onde você deixou seu novo brinquedo, — irritado, dá um soco no irmão.
  — Ela não é meu brinquedo! — braveja ele. — Fale onde ela está, ! — exige ele.
  — Eu não sei! — tenta entender o porquê de o irmão estar tão irritado com ele sendo que não fez nada de errado. Pelo menos não dessa vez.
  — Então porque o seu homem estava lá quando ela sumiu?! — indaga e empurra o irmão contra a parede do camarote, prendendo o pescoço dele com o antebraço. — Ele a levou! O que pretende com isso?
  — Não sei! Pergunte a ele, ora essa! — esbraveja com raiva da irracionalidade do irmão. — Você está assustando as moças, irmão...
  — Eu não estou nem aí! Quero que me diga onde está a minha mulher! — berra , furioso.
  — Está tão apaixonado assim?
  — Não é da sua conta, ! Responde o que eu te perguntei, droga! — braveja .
  — Mas que droga, , querem nos ver brigando e estão conseguindo, seu imbecil!
  — ... — sibila e pressiona mais o pescoço do irmão.
  — Eu não fiz nada dessa vez! Eu juro... me solta, ! Raciocina, meu irmão! Raciocina! — pede tentando se concentrar em não desmaiar com a falta de ar que a pressão que o antebraço de lhe causa.
   o solta, relutante, mas o solta. Recompondo-se, o mais velho anuncia para o irmão:
  — Se sair do prédio até eu voltar com a , irei te considerar culpado disso e irei atrás de você — ameaça ele e completa: — Estará morto para mim, entendeu?
  — Entendi — diz simplesmente. — Não sairei do prédio e irei provar que está errado dessa vez.
  Furioso por ter voltado à estaca zero na busca por , o mais velho deixa o camarote e tenta localizar o homem de confiança do irmão. Nas imagens vistas por é nítido que foi ele quem leva , após injetar algo no braço dela, desmaiada até a direção oposta de onde eles iriam se tivessem ido para o escritório dele. Com a ajuda de um de seus homens de confiança, o homem procura pelo paradeiro do sequestrador de , porém, não aguenta apenas esperar e sai à procura de sua amada quase namorada. O pedido seria feito hoje, no momento em que ela sumiu.

[🎲]

  Todos os ambientes da boate estão ocupados por pessoas que dançam no ritmo da música que compõe todo o local. Os negócios de e não consistem apenas em uma boate de sucesso, vai muito além disso. Nesse mesmo prédio funciona uma enorme rede de encontros sexuais, há muitos quartos, sempre ocupados por pessoas, principalmente homens, que buscam uma diversão sexual com as mulheres que estão ali para isso, todas por vontade própria. As meninas ganham comissão por encontro, quanto mais tempo ela ficar com o acompanhante dentro do quarto, mais ela ganhará.
  Até então, não tinha se passado pela mente de , mas, ao receber a informação de que uma mulher desacordada foi levada para a ala dos encontros, o coração dele dispara frenético e uma onda de ódio e medo invade seu corpo. Apressado, ele vai até a escada que dá acesso ao local reservado, poucos têm acesso ali. Ele, como dono do negócio, tem acesso a qualquer lugar desse prédio. Pelo menos é isso que ele imagina.
  — Você sabe quem eu sou? — sibila ele para o rapaz que faz a segurança da escada.
  — Senhor, por favor, afaste-se. Ninguém está autorizado a subir.
  — Quem deu essa ordem?
  — O senhor Kobayashi — diz ele, referindo-se ao Ren, sócio de .
  — Eu também sou dono desse lugar.
  — Senhor ? — questiona o rapaz, confuso.
  — Óbvio — diz extremamente impaciente.
  — Desculpe, mas o senhor não se parece com o senhor .
  Irritado com a demora em sua liberação, avança para cima do segurança e fala quase encostando os lábios no rosto do outro.
  — Você quer me ver mais de perto para comprovar que sou eu? Estou aqui, veja.
  A voz dele sai sensual, o corpo do segurança se arrepia e ele fica sem palavras. Uma voz feminina interrompe o silêncio que se instaura.
  — Senhor ? — diz Ayumi com um sorriso no rosto. — Olá, senhor , que surpresa vê-lo por aqui.
  — Olá... — diz ele virando-se para a moça e fazendo uma expressão de como se tentasse lembrar o nome dela. — Ayumi, acertei?
  — Sim, senhor — ela diz e solta um risinho nervoso e tímido. se aproxima dela, subindo as escadas e parando um degrau abaixo do topo, que é onde ela está.
  — Como vai, minha querida? — o ar sedutor do homem deixa Ayumi desconcertada e quase sem ar.
  — Bem, senhor. Obrigada por perguntar — responde ela, sem jeito e completa: — A que devo a honra de tê-lo aqui esta noite? Posso ajudá-lo?
  — Ah, minha querida, eu tenho certeza de que só você pode me ajudar — ele diz e põe sua perna esquerda no degrau de cima encostando na perna de Ayumi que se arrepia com o toque dele. — Preciso de uma informação que só você pode me dar.
  — Q-Qualquer coisa, senhor — gagueja ela e faz o homem sorrir em vitória. Seu plano está dando certo.
  — Preciso saber sobre uma mulher que foi trazida hoje para cá — inicia ele.
  — Hoje?
  — Sim. Segundo informações prévias que tenho, essa mulher foi trazida desacordada para cá — essa frase faz o corpo de Ayumi dar um sobressalto que é logo notado por . Ele prossegue: — Não é tão comum, tenho certeza de que você sabe de quem estou falando.
  — Não, senhor , me desculpa, mas eu não posso ajudá-lo dessa vez — ela apressa-se a dizer, nervosa e já ia saindo, quando segura com firmeza o seu braço.
  — Ayumi — sussurra . — Chega mais perto... — relutante, a moça abaixa um pouco o tronco para ouvir o que ele tem a dizer. — Eu tenho um presente para lhe dar, mas só receberá se me disser para onde e quem levou a moça em questão. Topa?
  — Se-Senhor, , por favor, eu...
  — Ayumi... — ele volta a sussurrar próximo ao ouvido dela e morde o lóbulo da moça que sobressalta novamente. — Ayumi, por favor, eu faço o que você quiser. Sei que me deseja...
  — Senhor , eu... — ela volta a ficar muito nervosa com a revelação feita e começa a tremer.
  — Sua tremedeira indica que eu estou certo, não é? — ele ri, vitorioso e completa: — Te darei uma noite de prazer sem que ninguém saiba, o que me diz?
  Nervosa demais para pensar com racionalidade, Ayumi cede aos encantos e ao desejo interno que sente pelo chefe e sussurra próximo ao ouvido dele parte da informação: levaram uma mulher desacordada para um dos quartos da ala reservada do prédio, mas ela não sabe para qual, completa a informação dizendo que faz apenas uma hora que isso aconteceu e que ninguém mais saiu. Portanto, se a mulher em questão é a , ela ainda está na ala reservada, resta a procurar em qual dos quartos sua amada está.
  A caçada continua.
  Tendo sua passagem liberada, sobe mais alguns lances de escada até chegar ao corredor escuro, iluminado apenas por luzes avermelhadas, que dão um tom sexy ao lugar. Ali é o setor dos quartos, cada um com uma decoração e componentes diferentes, alguns possuem até artefatos eróticos para apimentar ainda mais os encontros. Com os olhos e ouvidos bem atentos, ele caminha pelo ambiente vazio tentando identificar qualquer pista que o leve até . Sem fazer barulho para que não seja notado ali, ele sabe que a pessoa que sequestrou é alguém próximo a ele e que quer atingi-lo, por isso levou a moça que todos sabem que é a grande paixão dele. Em tão pouco tempo eles desenvolveram uma relação de amizade e amor muito grande, mesmo que não namorem oficialmente, sente por uma paixão enorme, um amor enorme, e faria qualquer coisa para vê-la novamente sã e salva. Ele sabe que ela corre perigo, sozinha nas mãos da pessoa que agora ele desconfia ser o autor dessa ofensa a ele, e tal pessoa irá pagar com a vida por tal audácia.

[🎲]

  A superfície macia onde está deitada indica que é uma cama e está bastante cheirosa. Ao se mexer levemente, ela sente dores do corpo e sente-se presa também, quando tenta mexer os braços e pernas percebe que estão amarrados uns nos outros. Desesperada, ela começa a se sacudir olhando para os lados à procura de algo ou alguém para ajudá-la. Ela percebe também que está amordaçada e começa a gemer alto na tentativa de que alguém a ouça. Tudo em vão.
  De repente, a porta do quarto onde está é aberta e a figura de um homem entra fechando a porta em seguida. Ela vê o homem caminhar na direção dela e, após ele chegar mais perto, pode ver de quem se trata.
  — Senhorita Mori, que prazer revê-la — diz Ren com um sorriso galanteador nos lábios. se mexe, nervosa, na cama e o encara assustada. — Não precisa ter medo, não irei te machucar — explica ele e completa: — A menos que peça... — ele ri do próprio comentário e agacha ao lado da cama. Ao estender a mão para puxar a mordaça de , ela se esquiva. — Não quer que eu tire a mordaça, senhorita?
  Ela para e o encara, o peito arfando de medo. Sorrindo, Ren puxa o pano que cobre a boca da moça com delicadeza.
  — SOCORRO!!! — berra ela e logo tem a boca tampada pela mão firme de Ren.
  — Sabia que faria isso, senhorita esquentadinha — sibila ele e completa: — Você e se merecem, ambos são irritantes e logo irão morrer.
  — Hmmm, hmmm — resmunga ela ainda mais assustada. O que ele quis dizer com morrer?
  — Está com medo? É bom que tenha mesmo, pois depois de te matar na frente dele, o próximo da lista será aquele irritante — sibila ele e completa: — Você é meu trofeuzinho, por favor, fique quietinha. Eu não quero te matar agora — ele ri debochado.
  As palavras de Ren saem num tom de extrema insanidade e raiva. pôde sentir que a vida de está em perigo e tudo que ela quer é poder ajudar ele. Seus pensamentos se voltam para o homem que transformou sua vida nos últimos meses e a trouxe para um mundo que ela desconhecia e a fez perceber que não estava sozinha, afinal ele estava com ela, ao seu lado para sempre.
  , aonde você está?

[🎲]

  , aonde você está?
  É a única coisa que pensa enquanto anda a passos firmes por mais um corredor. Dessa vez ele está no quarto andar da ala reservada. Nesse momento de desespero, com desaparecida e possivelmente correndo perigo, se questiona se é realmente necessário a ala reservada ter tantos andares e corredores assim. Ele sabe que briga contra o relógio para achar a , sabe que ela corre perigo e que cada segundo é importante. Cansado, o homem continua sua caçada, então ele ouve um barulho que o faz parar e virar o corpo rapidamente. Mantendo a respiração amena, apesar da adrenalina, ele vê uma movimentação vinda do corredor que acabara de passar. Ele está sendo seguido.
   volta a andar, dessa vez mais rapidamente na direção para onde estava indo. De repente, ele ouve o barulho de uma porta se abrindo e um puxão em seu paletó que o leva para trás. Após entrar no cômodo escuro, sente uma mão tampar sua boca para que não falasse nada e sente a respiração da outra pessoa muito próxima. Do lado de fora, os homens armados que o seguiam andam na direção onde acham que foi, deixando passar o real paradeiro do homem.
  Com o perigo longe, pega o próprio celular e acende a lanterna para iluminar o rosto de seu salvador.
  — ?! — espanta-se ele ao ver a figura do irmão parada próximo a ele.
  — Você está bem? — indaga o mais novo.
  — Estou. O que está havendo aqui? — questiona , confuso.
  — Ainda não percebeu o verdadeiro autor disso tudo?
  — O Ren... disso eu sei, quero saber o motivo.
  — Simples: ele quer nos destruir e tomar o controle de todo o negócio que lutamos muito para construir.
  — Desgraçado. Usar a para isso... eu vou matar ele.
  — Entra na fila, pois eu irei matar aquele verme — sibila e completa: — Ele tentou me incriminar e ainda usou o meu segurança para isso. Aliás, ele será outro que pagará com a vida por isso.
  — Esse não é o momento de ameaças, . Precisamos raciocinar.
  — Já raciocinei o que faremos.
  — Qual o plano?
  — Eu sei onde a está.
  A frase proferida pelo irmão faz o corpo de paralisar. Ele engole em seco.
  — Fala! — diz ele, agoniado pela informação.
  — No penúltimo quarto antes do fim desse corredor — revela . — Por que acha que tem seguranças nesse andar e não nos outros? — questiona ele num tom óbvio e, só então, percebe que é verdade.
  — Vamos lá agora — se mexe para sair do quarto, mas é barrado por .
  — Calma — pede ele. — Espera mais um pouco. Podem estar vigiando a porta.
  — Ela pode estar ferida, ...
  — Ela não está.
  — Como sabe?
  — Tenho meus contatos, meu irmão — ele dá de ombros. — Acha que é o único influente por aqui? — ri.
  — ... — ri e volta a recostar o corpo na parede. — Ela está bem mesmo? — indaga ele, sério.
  — Está. Ela só está assustada, mas não está ferida — diz o mais novo e fecha os olhos apertando-os.
  Se pudesse voltar no tempo talvez não tivesse envolvido nos negócios, talvez ele sequer a levaria para conhecer a boate que dirige. Tudo isso só para que Ren não soubesse da existência dela. Por anos de sociedade, Ren propôs tanto ao quanto ao um aumento da porcentagem dele nos negócios. Por serem irmãos, os têm juntos mais de 60% das ações da boate, o restante sendo do Ren.
  Passado algum tempo, abre a porta do quarto com cuidado e verifica se há alguém no corredor. Após certificar-se de que estão sozinhos, os irmãos deixam o cômodo e caminham até a porta do quarto onde diz que está . Ele faz sinal para de que irá vigiar a porta e que ele pode entrar para tirar a moça de lá. Nervoso, o mais velho gira a maçaneta e abre a porta do quarto entrando nele em seguida. Ao fechar a porta, ele nota que o ar condicionado está ligado e faz um friozinho agradável no ambiente. A meia luz que ilumina o quarto não revela muito de seu interior. O pouco que vê é que tem muitas camas e que se trata de um quarto bem comprido. Ele caminha sentindo o coração apertando mais e mais e se aproxima da penúltima cama do quarto onde tem um volume no lençol. Chegando mais perto, o homem puxa o lençol de uma vez.
  Angustiado, ele se joga por cima dela e tampa sua boca, abafando o grito que ela ia dar.
  — Calma, , sou eu o . Sou eu — diz ele, baixinho, e encara a moça que retribui o olhar passando de assustada para aliviada ao ver o rapaz. — Vou te tirar daqui — completa ele e retira a mão da boca da moça que logo o agarra pelo pescoço.
  — Você está bem? , você está bem? Ele disse que te mataria... — ela diz e começa a chorar. O homem sente o coração apertar ainda mais.
  — Eu estou bem, meu amor, eu estou bem — ele fecha os olhos, sentindo-os arder.
  — Fiquei com medo de nunca mais te ver, ... — ela diz com a voz fraca e aperta um pouco mais o abraço deles.
  — Nada de ruim vai acontecer, vou te tirar daqui e vai ficar tudo bem, ok? — ele sente a cabeça dela se mexer em afirmação. — Temos que sair daqui, consegue andar?
  — Sim. O Ren... foi ele quem...
  — Eu sei — ele diz simplesmente. — Me perdoe por isso.
  — Você não tem culpa... — ela segura o rosto dele com carinho. Ele fecha os olhos novamente.
  — Você é incrível — sussurra ele e beija a mão dela. — Temos que ir antes que... — ele faz um gesto para carregá-la no colo, mas algo o faz para o movimento.
  A fala de é interrompida por um tiro. Seu olhar aflito recai sobre a porta.
  .
  Será que ele foi atingido? Sem pensar muito em seu irmão, pensando primeiro em salvar a própria vida e a de , ele faz sinal para que a moça se esconda embaixo da cama. Ela obedece e a segue, abraçando-a com o rosto virado para seu peito. se aninha no peito dele, sentindo o coração do homem acelerado pela adrenalina de serem descobertos ali. Eles ouvem a porta se abrir e passos são dados cada vez mais próximos deles.
  — Vocês são incompetentes demais — a voz irritada de Ren é logo reconhecida por que sente vontade de sair e socar a cara de seu sócio, mas ele apenas continua afagando os cabelos de , apertando sua cabeça mais perto dele.
  — Perdão, senhor Kobayashi, mas... — a voz de quem provavelmente é um dos homens de Ren se explica, mas é interrompida bruscamente por ele.
  — Eu não quero saber! — brada o homem e ouve o barulho de algo batendo na parede.
  — Se-Senhor Kobayashi... — a mesma voz diz de maneira engasgada, supõe que Ren esteja apertando seu pescoço agora.
  — Como deixaram o escapar? Era só atirar nele!
  — Nós atiramos, senhor — explica uma outra voz.
  — Era para atirar na cabeça dele e não no braço! — berra Ren, irritado. sente um alívio por saber que está bem.
  — Perdão, senhor...
  — Que seja! Incompetentes! — diz Ren e solta o rapaz. — Se descobriu o meu plano certamente ele foi contar para o irmãozinho dele. Isso se já não contou e o veio salvar a princesinha — refere-se a que, nos braços de , se mexe nervosa. O tenta acalmá-la.
  — O que faremos, senhor?
  — Vão atrás dos três!
  — E se o senhor resistir? — pergunta um deles.
  — Mate-o!
  O terror toma conta de que se mexe ainda mais freneticamente nos braços de , ela o encara em desespero e, antes que ela solte algum grito de medo, ele tampa sua boca com cuidado.
  — Calma, meu amor — ele fala sem emitir nenhum som.
   abraça novamente e dá um beijo carinhoso na testa dela, acalmando-a. Eles ouvem a porta se bater bruscamente e o silêncio toma conta do quarto. não sabe se deve sair ainda, então resolve ficar ali um pouco mais só por precaução.
  Minutos depois, ele sai primeiro e verifica que realmente estão sozinhos no quarto, ajuda a sair debaixo da cama e recebe um abraço forte dela.
  — Temos que fugir, , temos que fugir — diz ela com a voz abafada pelo abraço e pelo medo.
  — E vamos, mas antes, por favor, se acalma, — pede ele, carinhoso.
  Outra vez pensamentos de arrependimento tomam conta da mente de . Ah, se ele soubesse que tudo isso aconteceria ele não teria...
  Seus pensamentos são interrompidos pelos lábios de tocando os deles. Surpreso, ele aperta a cintura da moça e retribui o beijo. Ele sabe que o momento não é para isso, mas não resiste aos encantos de sua amada, toda vez que ela o abraça dessa forma, toda vez que ela o beija dessa forma soltando gemidinhos enquanto aperta as costas dele, toda vez que ela sorri para o homem e seus olhos se espremem formando ruguinhas nas laterais deles, cada pequeno gesto, cada detalhe o faz se apaixonar mais por ela.   Ele está tão apaixonado por ela.
  Findado o beijo, a segura pela mão e a conduz para a saída do quarto. Astuto, o homem observa atentamente enquanto caminha sorrateiramente pelo corredor. Todo o cuidado dele parece ser em vão, ao virarem a esquina do próximo corredor, se deparam com homens armados.
  Eles estão cercados.

[🎲]

   abre os olhos devagar e sente a cabeça doer. Certamente ele levara um golpe na nuca, pois o local lateja bastante e ele sente algo escorrer pelo seu pescoço. Ao abrir completamente os olhos, ele nota que está preso com os braços para cima em um dos equipamentos eróticos de um outro quarto da ala reservada. Nota também que está cercado por quatro homens armados e, atrás deles, há uma mulher sentada numa cadeira e um homem ao seu lado. Logo ele reconhece ambos.
  — Solte-a, Ren! — ordena olhando fixamente para o Kobayashi que sorri divertido.
  — Temos assuntos a tratar, — diz o homem para .
  — não tem a ver com isso...
  — Ela é apenas um incentivo já que você não se importa muito quando eu maltrato o seu irmão, quem sabe com ela você tenha uma reação diferente — ele sorri malicioso e abaixa o tronco na altura de que o olha de esguelha, se esquivando.
  — Deixe-a ir... — sibila , sentindo o sangue ferver.
  — Só quando você aceitar a minha proposta.
  — Que proposta?
  — Todas as ações da boate para o meu nome e eu não machuco a princesa Mori — revela ela.
   ri.
  — Você só pode estar louco se acha que darei todas as ações para você, seu idiota — desdenha .
  — Quer pagar para ver, ? — Ren puxa os cabelos de , trazendo sua cabeça para trás.
  — Aiii... — reclama ela.
  — Para! — ordena , irritado.
  Ren passa seus lábios no pescoço de .
  — Desencosta dela! — brada e se sacode tentando sair do objeto que o prende. De repente, ele leva um soco no estômago.
  — ! — grita assustada e vê ele cuspir um pouco de sangue tamanha a força que desferiram o soco.
  Ren ri com a cena.
  — Rapazes, já sabem o que fazer — ele diz para os homens que cercam que assentem com a cabeça.
  De maneira asquerosa, Kobayashi começa a beijar o pescoço de repetidas vezes. Cada vez que via a cena, se debatia enfurecido e levava um soco em alguma parte de seu corpo como resposta. Após alguns minutos, fica bastante machucado.
  — Parem de bater nele! — pede aos prantos e ainda sobre o domínio de Ren. — ... — ela chama por ele e vê o olhar espremido do homem recair sobre ela. Os olhos dele estão assim por conta do inchaço do local devido aos socos que recebeu.
  — Romântico. Me dá náuseas — comenta Ren e puxa os cabelos de para trás novamente. — Eu queria muito que você fosse tão importante assim para o , se fosse realmente, ele já teria dado um jeito de me matar.
  — Você não sabe de nada... Cala essa boca! — grita e recebe outro puxão nos cabelos.
  — Para, Ren! — grita e cospe mais um pouco do próprio sangue que se acumulava em sua boca, tossindo em seguida. — Eu faço o que quiser, mas solta ela.
  — Não, , não faça isso! — pede , desesperada.
  — Eu só quero que isso acabe...
  — Awn, está cansado, ? — zomba Ren e ri debochado. — Vai mesmo me dar o que eu quero?
  — Vou... eu, eu só preciso da assinatura do também...
  — Não, ... — diz novamente.
  — A assinatura do seu irmão eu consigo facilmente, não se preocupe com isso — ele sorri e se aproxima de , ainda com em seu domínio.
  — Como assim? — questiona , confuso.
  — Não importa. Só digo que conseguir algo de seu irmão é mais fácil do que de você.
  — Deixe a ir e terá o que quer — diz tentando manter os olhos abertos fixados em Ren.
  — Primeiro as ações, depois a liberação da senhorita Mori. Eu não sou idiota, .
  Irritado que seu plano não está dando certo, tenta pensar em uma solução rápida para convencer Ren a soltar primeiro. Então, ele tem uma nova ideia.
  — Está bem. — diz ele e tosse novamente.
  — ... — sussurra olhando para ele.
  — Me solta e terá o que quer.
  — Te soltar? — Ren ri largamente e volta a ficar sério de repente. — Acha que sou burro?
  — Como acha que vou assinar os papéis se estiver amarrado aqui, Kobayashi? — indaga irritado.
  — Hm, tem razão — Ren sorri e encara . — Sabe que se fizer alguma gracinha eu...
  — Eu sei — sibila , impaciente.
  Relutante, Ren manda soltarem que, ao ser solto, cai no chão sentindo o corpo todo doer. Ele respira, cansado. Antes de colocar o próprio plano em ação e lutar contra os capangas de Ren, ele ouve a porta ser escancarada e tiros serem disparados. ergue a cabeça e vê chutando as partes íntimas de Ren e correndo na direção dele, ajudando-o a se levantar.
  — ! Foge que eu te dou cobertura!
  A voz agitada de faz sorrir. Ele se levanta, apoiado por e a puxa para fora do quarto. levou outros seguranças de confiança para ajudá-lo a resgatar o irmão e a . Esgueirando-se para fora do quaro, e saem do ambiente.
  — Vai, vai que logo eu estarei com você — diz e recebe o olhar aflito de .
  — Não vou deixar você — diz ela.
  — Preciso ajudar o .
  — Não vou deixar você — repete ela ainda mais aflita.
  — Eu vou voltar para você, , eu volto — insiste e empurra os braços de para que ela se afaste e fuja. — Vá!
  — Não... ...
  — Eu vou voltar para você...
  Ele a empurra para um dos seguranças que trouxe e o manda tirá-la dali o mais rápido possível, levando-a para um local seguro. Relutante, é levada pelo segurança para longe dali. No caminho, ela vê entrar novamente no quarto e ouve ainda mais tiros serem disparados, seu coração palpita fortemente em aflição.

Minutos depois...

  Já segura em um local no subsolo do prédio, aguarda pela vinda de . Já se passaram alguns minutos desde que ela fugiu junto com o segurança que agora está parado próximo à porta enquanto olha o celular.
  — Alguma notícia? — questiona pela quarta vez.
  — Ainda não, senhorita Mori. Não se preocupe, os senhores são fortes e espertos, vão sair dessa — diz o segurança num tom doce, o que faz se acalmar um pouco.
  — Obrigada por nos ajudar.
  — É o meu trabalho, senhorita.
  A moça começa a andar de um lado a outro do cômodo, a angústia crescendo dentro de si. A falta de notícias a deixa agitada demais para continuar sentada. Será que está bem? Será que está bem? Ela precisa lembrar-se de agradecer a ele também por ter ido salvá-los, mas agora ele também estava em perigo.
  Quando ela menos espera, a porta do local se abre. O olhar da moça vai diretamente na porta e vê a figura de adentrar sendo apoiado por .
  — ! — ela diz aliviada em vê-lo finalmente.
   corre até os braços do homem que se solta do apoio do irmão para poder abraçar a moça com carinho. Sentir o calor dela tão perto é acolhedor para ele, o alívio percorrendo pelo corpo de ambos em finalmente estarem em segurança. Todo o susto, toda a angústia e medo que sentiu pelo desaparecimento de , finalmente chega ao fim ao sentir o calor dela em seus braços.
  Enquanto abraça a moça, pensa em seus sentimentos por ela e então ele a ouve falar.
  — Eu aceito!
  — Aceita o que, ? — indaga ele, confuso.
  — Seu pedido de namoro... eu aceito, . Eu te amo!
  Ele a encara com uma expressão inicialmente atônica que logo se transforma em um largo sorriso de felicidade e, por fim, o beijo. O beijo nos lábios da mulher que, em poucos meses, fez o homem ver a vida de outra forma.
  A mulher que fez o espírito do peito dele palpitar, fazendo-o se sentir ainda mais vivo.
  Ele a beija com doçura e começa a planejar mentalmente em como será a festa de seu casamento com ela. Planejar um futuro ao lado da mulher que ele tanto ama.

“A sombra por trás do sorriso
Solidão depois do calor
Enterre, enterre, tenha uma noite tímida
para determinar a reverberação que oscila efêmera.
Lutar contra.
[...]
A sorte está lançada."

DICE, FLOW

FIM



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