Texas e 4 Histórias de Amor

Escrito por Daniele Andrade | Revisado por Pepper

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Prólogo

  Abri os olhos e encarei o sol pela janela. As férias da faculdade nunca foram mais chatas, o motivo de tanta monotonia? Simples, meu namorado Zachary Steven Merrick não se encontra na cidade. Malditas turnês. E é isso que faz meu pobre coração solitário chorar por cada segundo que eu passo longe do homem que me faz feliz, ainda faltam dez dias pra ele voltar,e quinze pra eu voltar para a Universidade de Maryland Baltimore. No relógio oito horas da manhã, meu celular na cabeceira da cama apitava como uma chaleira, o que fazia minha cabeça doer cada vez mais. "Três novas mensagens de texto" ele me informava. A primeira era da minha irmã mais nova:

  "Oi , preciso dizer que o dia está lindo aqui na Inglaterra hoje. Quando você vai largar o Merrick e vim me ver? Beijos saudades"

  Recebida as cinco da manhã. "What the hell?", meu cérebro pensava involuntariamente, eu não gosto desse tipo de expressão, então... Minha irmã é um orgulho, está cursando o terceiro ano em Londres junto com suas amigas. Desde pequena sempre disse que seria independente e que casaria com um inglês charmoso. Ao contrário de mim, que sempre quis fazer Biomedicina na UMB, sonho pequeno não? Mas em comparação, sempre disse que iria arrumar um namorado que tivesse uma banda, particularmente admiro quem gosta de música e que sabe tocá-la bem.
  Zack foi "feito" pra mim.
  Minha mãe interrompeu meu momento reflexão do dia, que sempre acontece quando eu acordo.
  - Querida, já está acordada? - Ela perguntou e abriu a cortina que estava entreaberta.
  - Se eu não tivesse, acordava agora. - Eu respondi exalando frustração.
  - Onde está a educação que eu te ensinei mocinha? - Ela perguntou e riu do seu próprio comentário.
  - Bom dia mãe. - Eu disse me levantando e indo para o banheiro arrumar o cabelo, trocar de roupa e blá blá blá...
  - Sabe querida. - Ouvi a voz dela abafada atrás da porta. - Eu estava conversando com o seu pai. - Ela dizia enquanto eu jogava água no rosto e a secava com minha toalha vermelha. - E chegamos a conclusão que não é justo você ficar aqui sozinha enquanto o Zack viaja. - Pelo rumo da conversa, eu jásabia para onde ela estava me mandando. Abri a porta do banheiro e olhei para a mulher que me pôs no mundo, ela era uma mãe maravilhosa. - Você vai para a casa da vovó . - O meu semblante não deve ter ficado muito legal, porque o sorriso que ela tinha no rosto desapareceu em um instante. Voltei para dentro do banheiro e terminei com minha higiene pessoal. Me olhei no espelho e prendi meu cabelo em um coque mal arrumado.
  - Mãe... O Zack chega daqui a dez dias, e a casa da vovó é no Texas! E eu detesto pegar aviões... - Expliquei caminhando para o closet e escolhendo um macaquinho para ficar quieta em casa na minha...
  - , você lembra do nosso acordo não lembra? - Minha mãe dizia enquanto eu me vestia.
  - Sim senhora. Mas não acho que esteja me isolando do mundo mãe. - Olhei pra ela procurando piedade.   - A senhorita vai sim para o Texas, e pode pegar o seu carro pra isso.
  - Mãe! Sério? - Ouvi o toque do meu celular, e como era personalizado sabia que era o Zack me ligando. O peguei ainda olhando para ela. - Alô. - Eu disse um pouco estressada.
  - Oi meu anjo. - A voz do Zack fez meu coração bater mais forte. - Está tudo bem?
  - Ah, claro. Tirando o fato de que minha mãe está me expulsando da minha própria casa. - Meu jeito ríspido de falar o fez rir, assim como o riso dele fez minha saudade aumentar.
  - Que isso. A minha sogra linda nunca te expulsaria de casa... - Ele disse manhoso.
  - Deixe-me falar com ele. - Minha mãe disse e estendeu a mão para pegar meu celular.
  - Vou passar para ela - Eu disse e ouvi um “Ok” do outro lado da linha.
  - Zack? Oi querido. Como está a turnê? - Ela dizia enquanto eu via o processo de manipulação em massa ocorrendo, Zachary sempre se deu bem com meus pais, inclusive com a minha mãe. Minha sentença já estava pronta. Texas aí vou eu.
  - Estou ótimo senhora . Inclusive, lembrei de você na última cidade que passamos e você não vai acreditar no presente que eu comprei.
  - Um presente? Pra mim? Quanto amor Merrick...
  - Mas então, porque a senhora esta expulsando a de casa? - Podia ouvir os risos dele mesmo de longe.
  - Ela esta sozinha aqui Zack, só quero que ela vá visitar a avó dela no Texas. - Minha mãe disse e olhou pra mim como quem anuncia uma vitória.
  - Mas isso é ótimo. Vai ser bom pra ela não ficar ai sozinha.
  - Está combinado então. Ela vai para o Texas. - O.K complô um, eu zero! Peguei o celular de volta depois das despedidas e vi minha mãe descendo feliz para o café da manhã. Cai na cama e coloquei o celular no ouvido.
  - Eu não acredito que você concordou com essa loucura Zack. - Eu disse mais uma vez frustrada.
  - , meu bem, vai ser bom pra você. E do mais, você não pode se isolar do mundo, só porque eu estou por ai agradando milhões de pessoas.
  - Milhões de pessoas? Mas já Merrick? - Eu disse e ri divertida.
  - Eu chego em dez dias meu bem. Vai ser bom você ir para o Texas.
  - Eu sei, vou arrumar minhas coisas e ir hoje mesmo. - Eu disse me levantando, pegando minha mala e indo para o closet em seguida. - Te ligo mais tarde.
  - Tudo bem. Beijos.
  - Muitos beijos. - Eu respondi e desliguei o telefone. Peguei algumas roupas que eu precisava, e em meia hora tudo estava arrumado. Desci as escadas e deixei a mala na porta. Comeria alguma coisa e partiria para o Texas. Seria uma longa viagem...

Capítulo 01

  A hipótese de dirigir até o estado do Texas foi descartada por que eu não queria pegar vinte e duas horas de estrada, por mais que eu odeie aviões e tudo o que está fora da estrada comum, eu preferi passar duas horas e quarenta e sete minutos dentro de um voo indo para a casa da vovó. O clima texano é bem diferente do que eu estava acostumada, mais quente e um pouco mais puro também. Eu admirava as paisagens da linda cidade de Houston enquanto o táxi dirigia até Sugar Land, Camellia Street 135. " Vinte e cinco dólares senhorita" ele avisou assim que colou minha mala do meu lado. Eu sorri cansada e passei o dinheiro pra ele. Minha avó abriu uma pequena fresta na cortina e sorriu largamente quando me viu. Já estava sentindo cheiro de cookies prontos saindo do forno.
  - ! Minha neta querida. - Ela dizia e andava empolgadamente até a mim que ainda estava paralisada com o cheiro dos biscoitos. - Eu estava morrendo de saudades. - Ela disse e me abraçou.
  - Vovó! Que felicidade vê-la. - Eu disse e a abracei com vontade.
  - Vamos lá pra dentro, porque eu acabei de assar uns biscoitos com chocolate pra você querida. Venha, venha. - Eu peguei minha mala e me dirigi até a residência. A casa dela não tinha mudado muito, exceto por um quadro recém colocado perto da televisão. Tudo lá foi sempre muito familiar e muito diferente da vida que levamos em Baltimore. Sempre que estamos aqui nos sentimos uma família unida, e lá as coisas são mais "sociais". Quando não estou na faculdade estou com o Zack, ou fazendo alguma espécie de filantropia por ai. Me sentei na bancada de madeira enquanto minha vó servia chá e preparava os biscoitos em um pratinho.
  - Então me conte as novidades querida . - Ela disse enquanto eu ainda sentia o cheiro do chocolate misturado com a hortelã do chá.
  - Bom, é... - Eu procurava as novidades desde que eu a visitei pela última vez. - Ahm, minha mãe me deu um carro, está em Londres fazendo uma espécie de intercâmbio, meu pai está trabalhando muito como promotor de justiça e eu tenho um namorado. - Quando pronunciei a palavra "Namorado" os olhos da minha avó se encheram de brilho, como se ela lembrasse de tantas coisas. Ela olhou profundamente pra mim e riu baixinho.
  - Namorado? O primeiro eu suponho. - Ela perguntou e olhou terna. Eu apenas acenei que sim com a cabeça, porque minha boca estava degustando lindas gotas de chocolate. - Ah, eu ainda me lembro do meu primeiro namorado. - Ela disse e eu suspirei olhando para ela intrigada, nunca me passou pela cabeça que minha avó tivesse tido algum namorado... - O nome dele era Cesare Belinazzo, um rapaz muito gentil que se mudou pra cá com sua mãe no ano de 1945 assim que a guerra acabou. Ele era italiano e se mudou com a mãe porque o pai havia morrido em combate. Nos conhecemos porque eu sempre fui muito saidinha, e quando eles chegaram minha mãe arrumou um bolo e foi levar para a nova vizinha. Assim que o vi me apaixonei, ele tinha um físico tão lindo e um jeito tão gracioso de tratar uma dama, sem falar no toque italiano do sotaque dele. Ele era uma bela obra prima...
  - Sério vovó? Um italiano? - Perguntei cética. - Vocês ficaram muito tempo juntos? - Perguntei e peguei outro biscoito.
  - Ah sim. - Ela dizia e sorria apaixonadamente. - Ficamos juntos três meses, e nesse três meses ele me ensinou um pouquinho de italiano e eu o ensinei um pouquinho de inglês. Faziamos tudo juntos, íamos para a escola, nadávamos no rio, brincávamos no parque. Fizemos tantas juras de amor querida. Dizíamos que nada nos separaria,e que quando completássemos a idade, nos casaríamos, e seríamos felizes na Itália.
  - Então o que aconteceu? - Eu perguntei quando vi que o tom de voz dela havia mudado.
  - Assim que fizemos três meses, eles receberam a notícia de que o pai dele não estava morto, mas era prisioneiro em Shangai, e que tinha voltado para a Itália. Eu não tive tempo de me despedir dele...
  - Nossa, é uma triste história de amor... - Comentei e fitei a luz que batia na janela.
  - As histórias de amor que fazem sucesso são as tristes querida. Porque o número de casos que não dão certo é bem maior do que os que dão. E se você quiser uma história clichê assista um filme da Disney, afinal lá tudo é "felizes para sempre". - A voz dela era um misto de rancor e ironia. Talvez ainda causasse dor nela. Mas não render assunto com a avó de oitenta anos é algo que estava na minha lista de coisas importantes. Antes que eu desse uma desculpa esfarrapada sobre "vó, estou cansada e vou dormir" ou blá-blá-blá, meu celular tocou e na tela o nome mais lindo da face da terra: Zack <3
  - Com licença vó. Preciso atender. - Eu disse e saí do local. - Oi Zack. - Atendi tímida...
  - Oi meu anjo. Como foi a viagem? - Ele perguntou simples e um pouco distraído.
  - Ah, tirando o fato que eu fiquei duas horas e quarenta e cinco minutos dentro de um avião. Foi ótima. - Eu disse e ouvi uma voz feminina do outro lado.
  - Você tem que perder esse medo meu bem, a vida não prossegue com tantos medos assim.
  - Que voz é essa Zachary? - Eu perguntei exalando ciúme doentio.
  - Ah, não precisa se preocupar. É uma garota que ta ajudando com as coisas aqui.
  - Ah, eu não preciso me preocupar? - Eu perguntei ríspida.
  - , sem ciúme por favor. É só uma garota qualquer. - Ele disse tentando me fazer entender. Mas como entender se seu namorado é uma cara extremamente atraente e lindo? Qualquer garota em sã consciência daria em cima dele.
  - Nem tenta Zack. - Eu disse e afundei meu rosto entre minha mão agora totalmente aberta, e tentei pensar no porquê que o Zack me trairia...
  - , você precisa confiar mais em mim poxa. Eu vou passar mais da metade do meu tempo com outras garotas, e sinceramente, não nasci pra ficar preocupado com que droga você vai ficar pensando enquanto eu faço o que eu gosto. - Ele disse exaltando os ânimos.
  - Te ligo mais tarde. - Eu disse por fim encerrando o assunto. Eu com ciúmes sou uma droga de pessoa.
  - Tchau. - Ele respondeu e desligou o celular. Detesto brigas pelo telefone, elas sempre parecem mal-resolvidas.

Capítulo 02

  - Bom dia vó. - Eu disse chegando na cozinha pela manhã do dia seguinte a discussão. Para piorar a situação, meu namorado não retornou minhas mensagens ou telefonemas. Eu me sentia um lixo por desconfiar dele.
  - Não dormiu muito bem querida? - Ela disse compassiva e amorosa.
  - Eu briguei com meu namorado ontem. - Me senti estranhamente confortável em conversar com ela.
  - Qual o motivo minha linda? - Ela pareceu interessada e colocou pão, biscoito, café, leite, waffles, e tudo mais que se gostaria de tomar em um café da manhã bem na minha frente.
  - Eu sou muito ciumenta vó. Mas a culpa não é dele. Ele nunca faria nada contra mim, porque isso não faz parte do caráter dele. Mas em compensação eu sou muito insegura no quesito relacionamento. - Eu disse tudo de uma vez, sem dó ou piedade. Nem sabia se minha vó tinha ouvido a primeira parte da conversa direito.
  - , . Se você quiser acabar com seu relacionamento em menos de um mês é continuar desse jeito. Vai por mim, homens não gostam de garotas inseguras e ciumentas. Eles acham que o problema é a falta de confiança neles, e quando colocam isso na cabeça, nada pode muda-los. - Ela disse e tomou um pouco do seu chá.
  - Não sei o que eu faço vovó. - Eu disse me rendendo aos conselhos dela. Talvez desse certo ovir alguém de vez em quando...
  - Bom, me lembro de um outro namorado meu. Nossa história começou dois meses depois que Cesare foi embora. O nome dele era Arnold Bant, o conheci quando saí triste da vida por causa do meu italiano lindo. - O jeito de como ela falava do namorado me intrigava profundamente... - Tudo entre nós dois foi muito rápido, o começo e o fim também. Não havia sentimento naquela relação, mas mesmo assim terminar com ele me machucou. Ele foi muito gentil comigo, me levava para sair, me buscava na escola, me trazia em casa. Me ensinava a viver seguramente, e com ele eu sentia que podia ir mais além de nde eu tinha ido.
  - O que fez vocês terminarem se tudo estava tão bem assim então vovó? - Eu perguntei sentindo a curiosidade brotar das minhas palavras.
  - Eu tinha um coração partido querida. Tudo pra mim ainda era muito incerto. Mas ele não entendeu isso, achou que o problema era ele e foi-se embora. No final das contas, só sobrou a mim, com o coração mais quebrado que da primeira vez...
  - Nossa, isso é... Meu Deus, eu não sei o que eu faria se perdesse o Zack. Quero dizer, não creio que exista no mundo alguém que se encaixe em mim como ele.
  - Então preserve-o da sua insegurança. Tenha em mente, que você só pode mostrar fraqueza na hora que estiver sozinha, caso contrário, você estará arriscando tudo.
  - Você tem razão. - Eu disse por fim. - Voce acha que eu ligo outra vez?
  - Não, mande uma mensagem dizendo que lembrou dele quando viu alguma coisa que ele gosta. Mande beijos e peça pra ele ligar quando estiver desocupado.
  - Você deveria escrever um livro vovó. E o título seria: "Amor para iniciantes". - Eu disse rindo da brincadeira, embora pensar na minha vó contando sobre seus namorados fosse bem assustador...

Capítulo 03

  A noite é longa quando se espera uma ligação. Mas à meia- noite e seis minutos recebi um sms que tranquilizou meu coração.

  " Ei anjinho. Como foi o dia? Bom o meu foi terrível, passamos o dia fazendo testes e outras coisas chatas. Então quer dizer que você lembrou de mim quando viu waffles pela manhã? Um dia acordaremos juntos e eu trarei waffles pra você na cama tá?! Estou com saudades e se serve de consolo, faltam apenas dois dias pra eu voltar pra casa. Houve uns erros e adiaram os shows nas outras cidades. Estou com saudades, boa noite."

  Dormir agora seria mais fácil, se não fosse pelos meu pensamentos que insistiam em voltar na frase "um dia acordaremos juntos e eu tarei waffles pra você na cama...", um sorriso bobo brincava nos meus lábios, e a certeza brotava no meu coração, não haveria ninguém no mundo pra me fazer sentir bem assim, só ele, hoje e sempre.
  O dia amanheceu tão mais bonito, era como se tudo não passasse de uma pintura. Caminhei até a cozinha e encontrei minha avó fazendo suas maravilhosas comidas. No dia anterior ela me levou para comprar ingredientes pra fazer geleia de amora.
  - Bom dia vovó! - Eu disse animada dando um beijo no rosto dela.
  - Bom dia querida. Com fome? - Ela disse colocando aquelas maravilhas ao meu alcance. - E com o Merrick, deu tudo certo?
  - Sim, ele me respondeu ontem à noite. Obrigado vó. Eu não ia conseguir sem você...
  - Não se preocupe querida. Experiência de causa é, no final das contas, a única coisa que vale a pena.
  - Sabe vó. Você teve tantas histórias legais, e você foi tão intensa em todas elas, que agora eu fico pensando como foi sua história com o vovô. - Ela olhava entretida pra mim.
  - Seu avô, foi de todas as pessoas, a que eu mais lutei para ter.
  - Me conta vovó? Assim, desde o começo? - Eu perguntei e comi mais frutas.
  - Bom, Joseph Rivers , era além de tudo meu melhor amigo. Nos conhecíamos desde que eu tinha dez anos, e observou todos os meus relacionamentos terem fim. Ele era alguém que me encantava, em tudo o que ele fazia eu achava graça, eu o apoiava, eu o encorajava e quando ele deixava eu o ajudava. Mas além de tudo, eu o amava. Era um amor puro, e eu sabia que nunca deixaria de gostar dele, mesmo que não ficássemos juntos. Uma vez, eu estava chorando e ele me perguntou o motivo, e eu disse: "Porque eu sou mulher, e mulheres choram...", ele ficou louco com essa resposta, disse que se eu não desse a ele um bom motivo ele ia me bater. - Ela disse entre risos abafados. - Ele me afetava mais que qualquer um, ele tinha meu coração nas mãos. E eu nunca o questionei, eu nunca consegui manter uma discussão com ele, ao menos não em meu estado normal. Nós sempre fomos muito juntos e um dia eu cansei disso. Eu sempre demonstrei todo o meu afeto pra ele, mas ele nunca pareceu ligar, eu o amava acima de qualquer coisa nesse mundo e ele não se importou. Eu o tratava com prioridade mas era uma opção, e isso fez com que um dia eu fosse indiferente a ele. O tratei do mesmo jeito que ele me tratava, e nunca sofri tanto com uma atitude, eu esperava que ele viesse correndo pra saber o motivo da indiferença, mas por medo de magoá-lo voltei a ser normal com ele. Com beijos no rosto que queriam descer, com abraços de despedida que não queriam se soltar, com dizeres de boa noite que queriam um "fica mais um pouco". Isso durou por muito tempo. Ele não queria namoradas na época, estava preocupado com seus estudos e seus amigos, mas em compensação eu o queria mais que queria a mim mesma.
  - Nossa vovó. Isso não parece feliz...
  - Ja disse querida, felicidade não é algo que se consegue de uma hora para a outra.
  - Mas, vovó... Quando vocês deram certo? - Perguntei sentindo meu interesse aumentar em uma escala considerável.
  - Eu não sei. Um dia estávamos lá, brigando para escolher a igreja onde nos casaríamos. - Ela respondeu sorridente e sonhadora.
  - Fascinante. - Respondi satisfeita vendo minha vó perdida em seus pensamentos.
  - , meu amor. - Ela começou cuidadosa se sentando de frente para mim. - Não posso deixar de perguntar sobre a sua história com o Merrick.
  - Nós nunca nos demos muito bem. Eu sempre fui amiga do Alex e ele sempre foi amigo do Zack. Só que eu e o Merrick não conseguíamos ficar no mesmo lugar. Ele sempre foi muito arrogante e eu sempre muito sentimental.
  - Amor a primeira vista? - Ela perguntou entre risos.
  - Não vovó, não foi amor a primeira vista. Mas não passou muito longe disso, quando ele conversou comigo a primeira vez, eu ainda me lembro de sentir a proximidade relativa ser bem menor do que realmente era. Chovia muito e eu andava sozinha voltando da escola. Ele parou o carro e me ofereceu uma carona, e eu não queria de jeito nenhum... Mas ele ganhou facilmente, e em questão de dias depois estavamos juntos. E aqui estamos... - Encerrei com um olhar esclarecedor para a minha avó.
  - E o amor querida? Onde entra nessa história? - Ela perguntou se levantando e arrumando a cozinha.
  - Eu não sei vovó. Quando você descobriu que amava o vovô? - Perguntei incrédula não esperando uma resposta.
  - Quando, um belo dia, eu disse que estava bem, e ele olhou dentro dos meus olhos e disse: "Eu sei que não está. Eu conheço você..."
  - Então pronto? Você o amava? - Perguntei um tanto incrédula.
  - Não, mas eu sabia que isso era inevitável. Seu avô era o homem mais notável do mundo. Pensar nele era como me submeter a risos bobos. Ele era minha fraqueza e eu sabia que ele nunca me abandonaria, não importando a situação.

Capítulo 04

  - Mãe, cheguei. - Eu gritava abrindo a porta da minha casa. Bom, ninguém em casa. A última história da minha avó era a única coisa que ainda tilintava no meu cérebro. Era como estar me fazendo a mesma pergunta a tanto tempo, mas em nenhuma hipótese uma resposta era válida na minha mente. Meu quarto realmente parecia melhor do que da última vez, eu deitei na minha cama e fiquei pensando, pensando até cair no sono e acordar horas depois com o toque do meu celular avisando:

  " linda, vou chegar daqui uma hora. Vou pra casa me arrumar e passo aí pra te ver.
  Beijos Zack."

  Às vezes algumas resposta não parecem ser certas, mas ao mesmo tempo elas são tão óbvias que você se irrita por não ter descoberto antes.
  Me levantei, tomei um banho e escolhi um vestido leve bem branco para sair. Se tudo desse errado pelo menos eu poderia sair com dignidade da casa da minha sogra. Meus cabelos balançavam com o vento e minha música tocava no rádio. É bem com dizem, "Quando é para dar certo, até os ventos sopram a favor..." Eu queria que desse certo, queria poder dizer o que estava intalado na minha garganta sem me arrepender depois. .
  A casa estava fechada, algo dentro de mim murmurava um alívio, afinal era só chutar o gnomo verde, pegar a chave reserva e subir para o quarto do Zack. E óbvio, esperar o tal chegar. Meu medo aumentava de acordo com os passos, a chave estava no gnomo e minha mão tremia, tranquei a porta atrás de mim e coloquei a chave na bancada, subi os degraus e parei na frente do quarto do Zack. O quarto era bem familiar, uma mesagem no meu celular dizia:

  "Cheguei em casa, tomar banho e ir te ver."

  Eu ouvia ele subindo as escadas, então me sentei na cama e esperei a porta abrir. Ele ainda não havia olhado na minha direção mas quando me viu, vi seu rosto se distorcer em muitas formas.
  - ! - Ele disse assustado colocando a mão no coração. - Você é louca garota? - Ele esbravejou e respirou fundo. Não era bem essa reação que eu queria, mas não podia negar que era muito estranho fazer tudo isso. - Meu Deus , eu senti sua falta. Vem cá pequena me dá um abraço. - Ele disse mais calmo e eu abri um sorriso no rosto, corri para seus braços abertos e me segurei nele. Sentia como se houvesse um belo dragão de fogo azul dentro de mim. Selei meus lábios nos dele e iniciei um beijo calmo, mas com total certeza não ficaria assim por muito tempo.
  - Senti sua falta. - Disse sem ar para um Zack perdido em seus desejos. - Vai tomar um banho, eu espero você sair pra gente conversar.
  - Ta. - Ele disse e beijou minha mão enquanto pegava sua toalha e ia para o banheiro. Me sentei na ponta da cama e conseguia sentir toda a energia que emanava de mim. Minhas mãos estavam frias e eu não conseguia me controlar direito. O tempo passou e Zack me apareceu enrolado em uma toalha com o cabelo molhado. Assim que meus olhos bateram nele eu soube: Eu o amava, porque ele era o único que me fazia querer tê-lo mais que a mim mesma. - Então o que você quer conversar tão desesperadamente comigo a ponto de invadir a minha casa?- Ele perguntou e foi para o banheiro trocar de roupa saindo minutos depois com um moletom preto e uma blusa azul.
  - Eu queria. Te ver. - Menti enquanto ele parava na porta do banheiro e me olhava sério.
  - Resposta errada. - Ele disse e me encarou. - Tenta de novo.
  Me levantei da cama e olhei dentro dos olhos dele, talvez eu não precise dizer nada se eu souber Exatamente o que fazer.
  - Vim aqui, invadir sua casa, e entrar no seu quarto. Só pra dizer uma coisa. - Eu disse e parei de frente pra ele, podia ver seu peito subindo e descendo por baixo da camisa.
  - Dizer o que exatamente ? - Ele perguntou passando a mão pela minha cintura.
  - Dizer que eu te amo. Eu te amo Zachary Steven Merrick. - Pronunciar essas palavras foram como um alívio. Mas passageiro porque meu namorado já havia me puxado pela cintura e começado um beijo extremamente caliente. Mas ele interrompeu esse beijo não afastando de mim seu rosto e disse:
  - Eu te amo, muito. . - Ele disse e recomeçou o beijo me levando para a cama.
  - Me promete uma coisa Merrick? - Eu perguntei enquanto nos deitávamos no colchão macio.
  - O quê? - Ele perguntou tenso.
  - Me traz waffles amanhã de manhã? - Eu disse e não tive resposta. A única resposta que eu tinha nesse momento era: Meu namorado era lindo, e muito além disso, ele me amava.

FIM



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