Tequila Sunrise

Escrito por Mayara Cargnin | Revisado por Pepper

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Emblem3 - Tequila Sunrise

  Ruinas de Machu Picchu na Cordilheira dos Andes, Peru. Construção de pedras em ruínas. Grande valor histórico. Era um dos lugares mais bonitos que eu já tinha conhecido em toda minha vida. E olhe que são poucos os lugares que eu ainda não conheço. Eu tinha recebido uma grande herança de meu pai. Resolvi gastá-la inteira viajando pelo mundo.
  Eu tirava fotos do que achava interessante enquanto explorava o lugar sozinho. e estavam em algum lugar por aí. Eu tinha perdido no meio disso tudo e eu podia jurar que tinha visto e brincando de esconde-esconde feito duas crianças. Aqueles dois mais pareciam dois irmãos do que namorados.
  Dei uma olhada na última foto que eu tinha tirado. Tinha ficado realmente linda. Comecei a me dirigir para o que restava de um cômodo de outra casa.
  Eu observava o sol. De onde eu estava era possível ver o nascer do sol a tropicana. Eu estava hipnotizado que nem percebi que uma garota tinha batido com tudo em mim.
  — Ai meu Deus, me desculpe! — ela disse, dando alguns passos para trás.
  — Sem problemas. — Respondi, sem olhar para ela.
  — Você por acaso não viu uma menina ruiva por aqui? Eu me perdi de minha amiga e agora eu não consigo encontrar aquela retardada. — Ela riu.
  Eu parei de admirar o sol para encará-la e quase caio para trás. Eu não deveria ter levantado tão cedo. O sono estava quase me derrubando e quando se vê... Uma menina desse jeito a essa hora da manhã é impossível conseguir se equilibrar.
  Ela tinha grandes olhos azuis turquesa que mais pareciam pérolas. Seus cabelos pretos caiam em cascata abaixo de seus ombros. Ela sorria feliz. Não pude deixar de sorrir também.
  — Não, desculpe. Eu me chamo . Qual seu nome?
  Ela esticou a mão para mim. Eu a peguei e apertei delicadamente.
  — Prazer, . Sou . Mas me chame só de , por favor. — soltou minha mão para poder olhar para o nascer do sol. — É lindo não é? Estou amando essa viagem.
  — Com certeza. Nunca vi um lugar assim. Você é turista também?
  Ela olhou para mim. Chegava a ser constrangedor olhar de volta para aqueles olhos. Mas eu simplesmente não conseguia desviar.
  — Sou do Brasil. E você?
  — Sou de todo lugar, pra falar a verdade — Ela assumiu uma expressão confusa. — Eu morava em Los Angeles, mas nos últimos três anos eu fico viajando por aí, fico um pouco em cada canto.
  — Deve ser maravilhoso! — sorriu e eu não pude evitar o sorriso que se formou em meus lábios. — Eu adoraria ter uma vida assim, mas ainda não tenho tanto dinheiro pra isso.
  — De certa forma é, mas eu sinto falta da Califórnia e dos meus amigos. Alguns deles vieram para Machu Picchu comigo, mas nesse exato momento estão como essa sua amiga: Perdidos por aí. — Ri.
  — Você estava tirando fotos? — perguntou.
  — Ah, sim. Algumas. Quer ver?
  — Claro!
  Comecei a mostrar as fotos que tinha tirado para . Ela comentava hora ou outra quando encontrava alguma que a chamava sua atenção e comentava algo. tinha o mesmo ponto de vista que eu e aquilo me animava.
  — Aí está você! — apareceu, carregando nas costas, que ria. Assim que ele percebeu que estava comigo, colocou no chão. — Estávamos procurando por você, Chadwick.
  — Esse costume de sumir a hora que dá na telha... Deveria parar com isso. — disse, sorrindo.
  — Mas foram vocês que... — Comecei. — Esquece. , esses são e .
  — Oi. — Ela sorriu tímida para eles.
  — Prazer. — deu dois beijos na bochecha de . apenas sorriu. — Você não é daqui, né?
  — Não sou. Como percebeu? — perguntou .
  — Seu sotaque não parece com o daqui. — riu.
  — Sou brasileira. — disse, sorrindo. — Enfim, foi um prazer conhece-los. Eu preciso voltar a procurar minha amiga que continua perdida.
  Ela riu, dando um beijo em minha bochecha. Realmente, era possível eu me sentir tão nas nuvens com apenas um beijo na bochecha? Caramba, . Foi apenas um beijo no rosto, como outro qualquer.
  — Ei, espera! — Falei para ela, dando dois passos em sua direção. — Hoje a noite terá uma festa no hotel onde estamos. Eu adoraria   que você fosse conosco.
  Ela mordeu o lábio inferior numa atitude que me pareceu um tanto sexy e ficou em silencio durante alguns instantes.
  — Eu não sei. Preciso falar com a . Onde é o hotel de vocês?
  — É o Sadhanna. — disse e explicou a ela onde ficava. Eu realmente não sabia explicar tão bem. Nunca fui bom em decorar endereços.
   anotou o endereço e disse que talvez passaria por lá a noite. Esse “talvez” realmente me deixou apreensivo. Eu, e andamos pelas ruínas tirando fotos e conversando besteiras até perto do meio dia que foi quando apareceu com um sorriso malicioso no rosto. Não era preciso ser muito inteligente pra saber o que andara aprontando.
  Eu não conseguia tirar da cabeça , seus olhos azuis e seu sorriso. Eu não sabia o que estava acontecendo comigo, de verdade. Chadwick não era do tipo que se deixava levar fácil por qualquer garota. Mas não parecia ser qualquer garota. era muito mais que isso. E eu não via a hora de descobrir mais sobre ela.
  — Seria bom se nosso começasse a prestar atenção no que estamos conversando, né? — disse, dando uma batidinha em minhas costas.
  — Esse é o efeito da . — respondeu, sorrindo malicioso pra mim.
  — ? — perguntou.
  — A garota que ele conheceu hoje nas ruínas. — disse. — Ela é simpática. Acho que está interessado.
  — Dá pra vocês calarem a boca? Eu não estou interessado em nada, Cargnin. — falei pra ela, que concordou ironicamente. — Sobre o que vocês estavam conversando?
  — Eu e estávamos comentando como estava sendo idiota cantando Why Eve.
  — Que música é essa? — Perguntei.
  — Não existe. — respondeu.
  — Why Eve, why Eve, why Eve, why Eve, why'd you eat the fruit? Why Eve, why Eve, why? why oh why oh why? cantarolou. — Qual é, isso daria uma boa música.
  — Francamente, . Acho que até cantar música de propaganda de sabonete é melhor do que isso. — disse. — Mas tudo bem, vamos lá. Why Eve, why Eve?
  — Eu acho que sou o único normal daqui mesmo. — Ri, revirando os olhos.
  — E eu? Eu sou também. Droga, eu ainda tinha esperanças que seria uma pessoa mais normal. Acabei de perder todas as esperanças.
   deu um tapa no braço de .
  — Não fui eu que saí correndo atirando batata fritas nas pessoas que estavam no Mcdonalds... Será mesmo que você é normal, ? — perguntou.
  Ele iria argumentar, mas acabou desistindo.
  — Não sei quem é o pior. — Eu ri. — e cantando ou que jogou batatas fritas nos clientes do McDonalds.

  Eu tomei um longo banho quando deu oito horas da tarde e fui me arrumar. Vesti calça jeans e uma camisa branca com um colete preto por cima. Calcei meus tênis, coloquei um pouco de perfume e desci para o salão onde seria a festa. , e dividiam uma mesa.
  — E aí, dude? Demorou. — comentou. — Você consegue ser mais lento para se arrumar do que a Cargnin.
  — Eu não sou tão lenta, tá bom? — fuzilou com os olhos e logo em seguida, olhou para mim. — Isso tudo é pra ? Caramba hein.
  — Tá um gato. — comentou, fazendo voz de gay. — Me dá seu número? Vamos combinar de sair.
  Eu comecei a rir.
  — Opa, agora, gato. — Pisquei para .
  — Que história é essa, Chadwick? Me trair com o ! — fingiu irritação na voz. — Você é meu, esqueceu?
  Mandei beijo para .
  — Perdeu, gostosão. — Falei.
  — Que maravilha, estou namorando com um gay e meus melhores amigos também são gays. Cadê os homens desse lugar? — falou, bufando. — Eu vou pegar uma Tequila Sunrise e dar uma volta pra ver se encontro algum macho.
  — Ei. — disse, franzindo a testa.
   começou a se levantar. e eu ríamos sem parar de . levantou-se logo em seguida e foi atrás dela, puxando seu braço e a beijando ali mesmo.
  Começou a tocar uma música animada e o grande salão estava cada vez mais lotado. Quase todo mundo dançava e eu olhava para os lados, procurando e sua amiga. Eu me perguntava se ela realmente ia vir. Torcia os dedos para que a tal amiga, , aceitasse.
  — Você vai ficar aqui sentado? — perguntou e eu assenti. — Beleza, eu vou caçar.
   levantou-se e foi para o meio da pista de dança. Eu fiquei mais algum tempo sentado. Não estava com vontade de ir dançar agora. Decidi pegar algo para beber. Fui até o bar, sentando em um dos bancos, me decidindo o que pegaria.
  — Uma Tequila Sunrise. — Pedi.
  O garçom me trouxe rapidamente e eu dei alguns goles. A bebida queimava em minha garganta. Do jeito que eu gostava. Tequila Sunrise era minha bebida favorita. Seu gosto era único e levava qualquer um a um estado embriagado em poucas doses.
  Uma garota beijou minha bochecha e sentou-se ao meu lado.
  — Você veio. — Eu disse, sorrindo.
  — disse que precisava de um pouco de festa também. — Deu de ombros. — O que está bebendo?
  — Tequila Sunrise. — Respondi, dando mais um gole na bebida.
  — Ok. — chamou o garçom que veio rapidamente — Eu quero uma Tequila Sunrise.
  Eu olhei para ela. Vestia um vestido tomara que caia preto curto com alguns babados na parte de baixo. Seu corpo tinha tantas curvas! Eu poderia passar um dia inteiro admirando-a. O garçom entregou a Tequila Sunrise para ela, que tomou alguns goles e olhou para mim.
  — É bom. — comentou.
  — É ótima. Caramba, você está linda. — Eu disse.
  — Obrigada. Você também está. — Riu. — Então, , o que faz da vida?
  — Viajo por enquanto. Gosto de conhecer o mundo, como já lhe disse. Daqui à um tempo talvez eu resolva fazer uma faculdade, sei lá. E você?
  — Sou veterinária. — Um sorriso brotou em seu rosto. — Trabalho em uma clínica e tenho um abrigo para animais perdidos. Estou de férias agora, mas realmente não vejo a hora de voltar. Eu sinto saudades. — corou um pouco.
  — E quando você volta? — perguntei, sorrindo.
  — Amanhã. — Respondeu. Eu desfiz o sorriso. Não. Ela não podia voltar amanhã já. — Aqueles são seus amigos?
  Ela apontou para o meio da pista de dança, onde e dançavam animadamente. estava do outro lado, conversando com uma loira.
  — São sim. — Respondi. — Você quer dançar?
  — Eu não sei dançar. — ela corou levemente. — Eu mal consigo caminhar cem metros sem cair.
  Eu comecei a rir e virei o resto da bebida, que desceu queimando pela garganta.
  — Não ria. Isso não é legal, . — Ela disse, dando mais alguns goles.
  — Ok, foi mal. — Eu respondi. — Mas eu não aceito essas desculpas. Vem.
  Eu desci do banquinho e estendi a mão para ela. terminou de beber sua dose e revirou os olhos, mas segurou minha mão.
  — Se eu pisar no seu pé não reclame. — Ela disse, me observando com aqueles olhos azuis.
  — Tentarei, . — Eu respondi, sorrindo.
  Eu e caminhamos até um canto um pouco mais vazio da pista e começamos a dançar ao som de I Don’t Wanna Miss a Thing do Aerosmith e eu a puxei mais para perto, colando nossos corpos. Segurei sua cintura enquanto colocava os braços em volta do meu pescoço e olhava fundo em meus olhos.
  Eu poderia me perder na imensidão azul turquesa de seus olhos brilhantes. O jeito que ela me olhava, me fazia parecer que nos conhecíamos há anos e não há quinze horas. Seu sorriso e jeito meigo de ser me encantavam. Eu tinha andado por tantos lugares em busca de uma garota com cabeça humilde e encantadora. Agora, eu tinha quase certeza que eu tinha encontrado.
  — Sabe, eu amo essa música. — ela comentou, mordendo o lábio inferior.
  — Sério? Eu amo também. A letra é linda. Assim como você.
  Ela corou levemente. E olhou para os meus lábios. Eu gritava em minha mente “me beije, garota”. Era tudo que eu queria nesse momento. Encostar nossos lábios. Sentir o gosto de seu beijo.
  Eu estava prestes a beijá-la quando ela se afastou. A música tinha terminado.
  — Eu quero mais Tequila Sunrise. — disse ela, segurando minha mão. — Vem, .
  Eu quase tinha conseguido beijá-la. Quase.
  Pedimos mais doses da bebida e ficamos bebendo ali. Não fomos mais para a pista de dança, mas eu tinha quase certeza que tinha se passado boas horas desde que tínhamos parado. Bom, eu não sabia quanto tempo ao certo tinha se passado, mas eu estava realmente gostando de . Nós ríamos e conversávamos sobre qualquer coisa e nunca ficava chato. Eu realmente queria ter mais conversar com ela daquele jeito.
  — Ei, eu realmente não sei porque vou fazer isso, é realmente louco a considerar que conheci você hoje, mas talvez essa tequila tenha mexido um pouco comigo. — Ela disse, se aproximando.
  Eu coloquei o copo no balcão do bar e puxei mais para perto de mim. Seu perfume entrava pelas minhas narinas e deixava meus pensamentos bagunçados. Aquela garota me deixava louco.
  Dois segundos depois nós nos beijávamos loucamente. Seus lábios tinham o gosto da tequila que ela bebia e eram um pouco doces também. Minha mão passeava por sua coxa enquanto a outra acariciava seu rosto. Ela não parecia se importar com minha mão boba.
  Dei leves mordidinhas em seus lábios, quebrando o beijo. sorriu para mim, olhando em meus olhos e colocando a cabeça em meu ombro.
  — Eu estou indo embora amanhã e eu quero aproveitar o hoje. Onde fica o seu quarto? — Perguntou sussurrando em meu ouvido e sorrindo de canto.
  Arqueei as sobrancelhas e soltei uma risadinha. Segurei sua mão e a puxei, passando pelo meio da multidão que dançava sem parar. Consegui até ver lançar-me um olhar malicioso e cutucar .
  Eu sorri para antes de seguir subindo as escadas que levavam até o segundo andar, onde meu quarto ficava. Retirei a chave do bolso e parei em frente a porta, a abrindo rapidamente.
   entrou no quarto e olhou em volta.
  — Isso são... — Ela apontou para a parede.
  — Imagens hieroglíficas, sim. Eu estou apaixonado por aquela Cleópatra ali. — Apontei para a pequena estatua de Cleópatra no canto do quarto. — Se eu fosse mais bad boy eu juro que a roubava.
   riu.
  Eu tranquei a porta e cheguei mais perto dela, colando-a na parede. Comecei outro beijo. Ela colocou a mão por baixo de minha camisa e começou a me apertar levemente nas costas. Me ajudou a retirar o colete e a camisa, que eu atirei em algum canto que não me dei ao trabalho de ver e voltei a beijá-la. Segurei sua coxa, levantando-a um pouco. colocou suas pernas em volta de minha cintura e eu a segurei, puxando-a mais para perto de mim.
  Delicadamente eu tirei seu vestido, revelando uma lingerie preta de renda. Ai meu Deus. Isso era jogar sujo. Dei um leve sorriso antes de coloca-la na cama, indo para cima dela logo em seguida. Suas mãos alcançaram o fecho de minha calça, o abrindo e empurrando minha calça junto da cueca para baixo. soltou um gemido de prazer e eu tentei retirar o seu sutiã. Porque aquela coisa tinha que ser tão complicada de abrir? Ela me ajudou e eu o atirei para longe, admirando seus seios fartos e os beijando. Ela gemia conforme minha boca mordia seus seios. Sorri levemente beijando sua barriga e indo em direção a calcinha. Eu a retirei rapidamente. encaixou-se em meu colo. Meu membro já estava ereto, cheio de prazer quando sua mão começou a massageá-lo. Eu já estava doido de tesão nesse momento, mas não parecia contentar-se. Eu soltei um gemido alto quando sua boca entrou em contato com meu membro e sua língua fazia movimentos circulares. Ela o sugava com vontade e eu não conseguia me conter. sorriu largo e voltou a me beijar.
  Eu a puxei e encaixei em meu colo, roçando meu membro em sua intimidade antes de penetrá-la com força, fazendo-a gemer cada vez mais. Quando mais ela gemia, mais rápido ficavam as estocadas. Eu a queria tanto. Eu me perguntava quem era aquela garota que conseguia mexer tanto assim comigo. Como ela conseguia? arranhava minhas costas e se contorcia de prazer. Gozamos juntos.
  Deitei ao seu lado. Meu cabelo estava molhado de suor. Olhei para ela. sorria para mim. Eu sorri de volta. A única certeza que eu tinha era que ela era a garota que eu vinha procurando há tanto tempo.
  — Seria loucura demais dizer que eu nunca encontrei uma garota assim e que talvez eu já goste bastante de você? — perguntei, a puxando mais para perto de mim e beijando sua testa.
  — Hm... Talvez. E eu dizer que nunca encontrei um cara como você tão... perfeito? Ai meu Deus, a que ponto cheguei, chamando de perfeito um cara que eu conheci hoje e já fui pra cama com ele. — Ela disse, suspirando.
  Eu ri baixinho.
  — Obrigado. — falei.
  — Obrigada pela melhor noite. — Ela disse, suspirando.
  — Eu digo o mesmo.
  Depois de algum tempo eu acabei adormecendo e acho que também. Acordei perto das dez da manhã, deixei dormindo e fui tomar um banho sorrindo feito bobo. Tomei um banho quente e relaxante. Sequei o cabelo com a toalha antes de enrolar na cintura e ir escovar os dentes.
  Quando eu voltei ao quarto e olhei para a cama, não havia mais ninguém lá. As roupas de que antes estavam espalhadas pelo quarto agora já tinham sido recolhidas e sumido junto com a dona. Não pode ser.
  Eu coloquei uma bermuda qualquer que encontrei na mala, calcei os chinelos e saí correndo pelo corredor. Acabei esbarrando em nas escadas.
  — ! Calma! — Ela disse, segurando meu braço.
  — foi embora ! Eu preciso encontra-la!
  — Eu sei. Agora senta aqui que eu preciso conversar com você. — Ela disse, me empurrando.
  Sentei no degrau da escada e sentou-se ao meu lado.
  — Olha, fica calmo, ok? Eu encontrei com ela faz algum tempo e ela pediu para que eu lhe entregasse esse papel. — Ela me estendeu um pequeno papel dobrado.
  — O que é isso? —perguntei, o pegando.
  — Um bilhete, né idiota? — riu. — Leia.
  Eu o abri.
  ,
  Obrigada pela melhor noite de minha vida. Peço que não me procure mais e não me leve a mal com isso. Já foi difícil sair daí sem se despedir, imagino como seria difícil ter que lhe dizer adeus.
  Com amor,
  .

  Eu terminei de ler e fiquei olhando para aquele papel, tentando acreditar no que eu li. Li duas, três vezes, para garantir que tinha lido direito mesmo. Senti meu olho lacrimar. Que droga.
  — O que diz? — perguntou, puxando o bilhete de minha mão.
  Eu a deixei ler enquanto eu olhava para as minhas mãos em completo silencio.
  — Ai meu Deus. — ela disse. — Por isso que ela saiu toda afobada do hotel e quase caiu quando me viu.
  — Ela está voltando pro Brasil hoje. E eu não sei o que fazer, porque acho que eu estava realmente começando a gostar dela, .
   colocou a mão em meu ombro, apertando levemente.
  — Não fique assim, quem sabe vocês não voltam a se encontrar? — ela disse, depositando um beijo em minha bochecha. — No fim, as coisas vão melhorar.
   voltou a subir as escadas enquanto eu ficava ali sem me mexer.
  — Obrigado. — Eu disse mais para mim mesmo do que para ela, já que se afastava e provavelmente não ouviria.

   POV’s.:
  Olhei para , apreensiva. Fazia um mês que eu tinha voltado de viagem de Machu Picchu e de minha noite com . Agora eu estava sentada dentro do meu carro com do lado. Eu só me sentia segura em abrir aquele papel com ela junto. Eu sabia que ela me apoiaria no que fosse.
   sorriu para mim e apertou minha mão levemente.
  — Ei, eu estou aqui. Vai ficar tudo bem, independentemente do resultado.
  Assenti e abri o papel. As oito letras escritas em maiúsculo me chamaram atenção imediatamente. O exame escorregou das minhas mãos.
  — Positivo, . — eu disse. Minha voz estava trêmula.
   me abraçou de lado, respirando fundo. Algumas lágrimas caíam de meu rosto. Eu tinha uma pergunta a fazer: Por quê? Porque, Deus, por quê? Logo agora.
  — O que você vai fazer?
  — Eu vou... Eu não sei.
  Com um pouco de medo, coloquei a mão em minha barriga. Eu e . Um filho. Mãe solteira. Eu não sabia se ficava feliz ou triste. Feliz pelo meu primeiro filho, triste por não estar comigo. Mas...
  — Eu fiquei com o telefone da , namorada do amigo dele e amiga do . — Falei rapidamente, procurando o celular em minha bolsa. — Eu só quero avisar . Só isso.
  Olhei para o numero do celular dela assim que eu encontrei em minha agenda. Sem pensar duas vezes, apertei o botão de chamar. Dois toques depois, atendeu.
  — Alô?
  — , aqui é a ... que você conheceu em Machu Picchu. Se lembra, não é?
  — Claro que sim. Tudo bem com você? — ela perguntou.
  — Mais ou menos... Escuta. Eu preciso que você conte algo para o que eu não vou ter coragem de contar eu mesma. Como eu vou conseguir dizer isso? Ai meu Deus. , eu estou grávida... do . — falei, fechando os olhos.
   soltou um grito no outro lado da linha.
  — AI MEU DEUS ! EU... AI, EU NÃO SEI O QUE DIZER! EU ESTOU FELIZ, MAS TEM CERTEZA QUE QUER QUE EU CONTE A ELE? NÃO SERIA MELHOR VOCÊ CONTAR? AI , ME SEGURA!
  — Calma, . — Pedi. — Eu tenho absoluta certeza. É melhor assim. Só quero que ele saiba.
  — Você sabe que assim que ele souber ele vai correndo para aí, não é? — perguntou ela, apreensiva.
  — Sei. Eu preciso ir... Obrigada, .
  — Ok. Eu vou falar com ele.
  Desliguei o celular, olhando para .
  — Acha que eu fiz certo?
  — Seria mais certo se tivesse contado a ele. — disse ela.
  Eu suspirei, olhando para minha barriga. Eu não conseguia acreditar que agora eu carregava um bebê. De . Sorri.

  Dois meses depois...
  Eu dava comida aos cães do abrigo sorrindo largo. Eu adorava o trabalho que eu fazia. Terminei de dar a ração e fui lavar as mãos.
  — ! Tem alguém aqui que quer falar com você! — Dani gritou.   — Já estou indo! — berrei de volta.
  Fui calmamente até a entrada, sentindo os chutes do meu pequeno. Acariciei a barriga sorrindo. Meu sorriso se desfez assim que eu enxerguei quem estava ali. . Vestia uma camisa social preta e jeans. Ele sorriu ao me ver.
  — ? — Perguntei. Meu coração acelerou. Dani saiu da sala para nos deixar a vontade.
  — Eu estava viajando... me contou há alguns dias, já que não conseguiu entrar em contato comigo antes. Eu... ... — Ele respirava fundo, tentando se acalmar.
  — Eu sei. — Suspirei. — Não se preocupe, eu me viro sozinha. Não vai interferir em sua vida, eu prometo. Pode continuar com suas viagens, não iremos atrapalhar.
  — Você acha que eu estaria aqui se eu não quisesse que interferisse? , eu vim de Los Angeles para cá assim que eu soube. Eu passei todo esse tempo tentando me recompor daquela noite que droga, você não faz ideia de como mexeu comigo. Eu não sabia como encontra-la. A sorte é que é fera em computador e encontrou o endereço daqui. ... Eu quero esse bebê mais do que tudo agora. Eu quero criar essa criança com você.
  Eu quase comecei a chorar ali mesmo. Fechei a distancia entre nós com um beijo. Um beijo que eu tanto sonhei nos últimos quatro meses. cortou o beijo com vários selinhos e colocou a mão em minha barriga.
  — Eu estou tão feliz. — Ele disse, rindo logo em seguida. — Eu vou ser pai.
  — É, você vai. — Sorri.
  Ele beijou de leve a minha barriga.
  Eu estava tão feliz por isso estar realmente acontecendo. Por estar comigo. Por ter um filho. Com ele. Eu era a mulher mais feliz do mundo, eu tinha total certeza disso.

FIM



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