Taking Chances
Escrito por Thaís M. | Revisada por Lyra M.
– Cheguei, !
– Oi, querida.
é minha vizinha/amiga/segunda mãe, que morava no apartamento debaixo do meu e que nas segundas, quartas e sextas dava uma geral em casa. E, é claro, fazia uma comida maravilhosa!
– Adivinha quem perguntou de você quando estava subindo pra cá?
– , eu já disse para parar de ficar tentando me juntar com o .
é o porteiro do nosso prédio. Um senhor bem apessoado e solteirão, ou conhecido também como o par perfeito da .
– E quem disse que é o que perguntou de você?
– E eu sou burra, por acaso? Todo dia você me chega aqui com esse mesmo papo.
– Ok, era o mesmo. Ainda acho que você deveria dar uma chance para coitado. Ele solteiro, você viúva e sem filhos pequenos para cuidar. Além de que ele está totalmente a fim, prontinho para quando a senhora finalmente aceitar sair.
– Acabou de falar a senhorita que está aí solteira e fica suspirando pelos cantos por causa do . Não queira me dar sermão se faz o mesmo que eu.
– , com o é diferente. Ele não quer nada comigo, mas já o quer algo com você…
– Sem desculpas, . Não tem coragem de dar uma chance para o e eu também não tenho coragem com o . Pronto, sem mais.
– Então a gente faz o seguinte, eu dou uma chance para o e você também vai dar uma chance para o ! Combinado? Combinado!
– Mas …
– Ahh , estou tão cansada do trabalho, vou tomar um banho. – interrompo , me levantando do sofá e correndo para o banho. – Não se esqueça do nosso trato, !
Eu iria juntar esse casal sim, e ainda por cima seria madrinha do casamento, pode escrever aí!
– E aí, , já deu uma chance para o ?
– Não antes de você dar uma chance para o !
– Eu vou, , paciência.
Saí do apartamento e fui até o elevador.
– Bom dia, !
Mas, só pode ser um complô da e do destino contra a minha pessoa.
– Bom dia, ! Tudo bem? – pergunto tentando esconder meu nervosismo.
– Tudo bem sim, e você como está? – me pergunta enquanto entramos no elevador.
Disponível para jantares? Não, acho que seria muito desesperada.
– Estou bem.
– E disponível para jantares que eu ouvi. – ele me diz sorrindo.
Eu realmente espero que ele não tenha escutado isso por mim.
– Verdade. Estou disponível para jantares… – falei e saí praticamente correndo do elevador.
– Fico feliz em ouvir isso, pois também disponível para jantares. Quer me dar a honra de me acompanhar em um jantar, ? – pergunta sorrindo.
– Seria um prazer jantar em sua companhia, . – respondo vermelha de vergonha, mas entrando em sua brincadeira.
– Passo no seu apartamento às 19h00min. - ele diz e se vai.
Ao passar pela portaria olho para e sorrio.
– Que todos esses micos façam valer a pena. – sussurro para mim mesma.
– Porque eu fui aceitar esse jantar mesmo, heim, ? Isso mesmo para você dar uma chance para o …
– Para de frescura, menina, eu bem sei que você queria sair com o há uns tempos já!
estava sentada em minha cama, teoricamente me ajudando a escolher alguma roupa, mas na verdade estava me deixando cada vez mais perto de uma crise de ansiedade.
Calça jeans? Não, muito informal. Vestido? É a opção que sobra. Salto? Aí meus calos preciosos, não. Tênis? Infelizmente não. Sapatilhas? Pode ser.
Eu já não tinha muito tempo para me arrumar, já que saía às 17h da empresa, e agora havia acabado de ver em meu celular que eram 18:15. Corro para começar a maquiagem, e já que não é o meu forte, acabo fazendo o que sei mesmo, porque não estava em hora para inventar nada. O cabelo que estava recém-lavado eu só sequei, e fui para as roupas. Será que nessas horas rola um “minha mãe mandou”? Porque não sabia escolher…
Acabei optando por ir com um vestido azul marinho com detalhes brancos na barra, uma sapatilha vermelha e bolsa preta.
– Já estava achando que eu ia ter que mandar o embora. – diz assim que saio do quarto.
já havia chegado? Demorei tanto assim? Olhei em meu relógio e vi que ainda eram 19:05. Só cinco minutos.
– Desculpa te fazer esperar, .
– Que isso, não foi nem tanto tempo. – diz sorrindo com as mãos no bolso. – Vamos?
Dou um abraço em , me despedindo. Enquanto eu e vamos pelo elevador, a fez questão de descer as escadas até seu apartamento… Oh céus! Ela ainda sorri e dá uma piscada maliciosa para mim quando está olhando para o outro lado.
Já estávamos indo até seu carro quando resolvi finalmente falar algo:
– E aí, aonde vamos jantar?
– Num restaurante japonês, acho que gosta, não?
– Isso é discriminação, sabia? Posso ser descendente de japoneses e preferir comida italiana… – assim que falo vejo, arregalar os olhos e começar a se desculpar.
– Não… Não tinha a intenção… Só pensei que gostasse e…
– Calma, , eu estava brincando. – digo rindo da sua cara de desespero. – Além de que eu adoro comida japonesa, relaxa.
Entramos no carro e vamos em silêncio. Sabia que não daria certo…
Chegamos a um belo restaurante japonês que eu nunca havia entrado antes e logo sentamos.
– O que você vai querer?
E foi com essa pergunta maravilhosa que o silêncio entre nós finalmente foi embora.
Depois de ter toda aquela conversa sobre o que você gosta de comer, acho que ele acabou um pouco assustado, já que eu gosto de comer quase tudo ao que se refere a comida japonesa… Sorry!
é meu vizinho desde que me mudei para o prédio, ou seja, faz uns cinco meses já. Mas, nesses cinco meses, não tivemos nada muito além de cordialidade de vizinhos e meus olhares e pensamentos talvez um pouco indiscretos. Houve apenas uma vez, apenas um dia, no dia da minha mudança ao prédio…
5 meses antes
Como mudança era cansativa, não me mudei muitas vezes na vida, mas já esperava que não houvesse muitas outras, ou eu acabaria com sérios problemas na coluna. Põe nas caixas, fecha caixas, e o pior de tudo: ter que abrir todas elas e arrumar na nova casa. Chato, muito chato! Queria que tudo fosse como mágica e que com algumas palavras místicas eu conseguisse arrumar tudo em segundos, mas nem tudo na vida é possível, principalmente se você não recebeu sua carta para Hogwarts.
E lá estava eu, dentro do elevador e com algumas muitas caixas que o porteiro do prédio fez questão de me ajudar colocar no chão do mesmo. Um homem simpático, gostei.
O elevador abre e preciso me transformar em um polvo para pegar todas as caixas. Sorte minha que logo vejo outras mãos me ajudando.
– 240?
Finalmente olho para o homem que me ajuda e caramba… Que olhos eram esse? Sua barba rala… Foco, foco, .
– Isso mesmo. – respondo sua pergunta e vou na frente para abrir a porta.
Largo as caixa no chão da sala e ele faz o mesmo.
– Seremos vizinhos, então. – ele diz apontando para a porta do apartamento em frente ao que estamos.
– Que sorte a minha, então.
– Pode apostar que sim, sou um ótimo vizinho. – ele responde encostando seu ombro no batente da porta e sorrindo de lado. – Aliás, acho que ainda não se apresentamos, .
– .
Atualmente
– A comida estava incrível, sério. Preciso voltar mais vezes aqui.
– Não seja por isso, é só marcar e voltamos aqui quando quiser.
Após o jantar, decidimos que tomaríamos um sorvete no caminho até em casa. Acabamos por parar numa sorveteria na esquina do prédio, adorava aquele lugar e o sorvete era maravilhoso.
Fizemos nossos pedidos e fomos esperar sentados.
5 meses atrás
havia me chamado para jantar em sua casa como boas-vindas. Estava um tanto quanto ansiosa para conhecê-lo melhor. Arrumei o que consegui no apartamento até o finalzinho da tarde e depois fui me arrumar. Sei que é meio chato ir visitar a pessoa pela primeira vez e não levar nada, mas eu acabei de me mudar e só tinha um pote de sorvete na geladeira… Sorvete é bom, vou levar.
Já passava das 19 horas quando fui tocar a campainha do vizinho.
– Espero que goste de sorvete! – digo assim que abre a porta.
– Difícil não gostar!
Ao entrar em seu apartamento, vejo que é bastante semelhante ao meu, só que com mais mobília e organização.
– Você cozinha?
– O suficiente para sobreviver sozinho. Espero que goste de macarrão.
– Difícil não gostar.
O jantar foi maravilhoso, descobri que o tem 27 anos e é um fotógrafo. Começamos o jantar na copa e terminamos no chão da sala, tomando sorvete, meio alegres por conta do vinho. Ainda bem que era uma sexta-feira.
– Tá sujo aqui. – diz sorrindo e apontando para minha boca.
– Onde? – pergunto passando a mão pela minha boca.
– Aqui. – passa o dedo no canto da minha boca sem desviar seus olhos dos meus.
Cada segundo que passava diminuía a distância entre nós. Ele me olhava com desejo, e eu certamente estava com esse mesmo olhar.
Chegamos a ponto de nosso lábios se encostarem e eu poder sentir seu hálito de vinho e o doce do sorvete. Mas ele simplesmente virou o rosto e disse que ia ao banheiro. Provavelmente vomitar… Não sei ao certo o que aconteceu com ele, só sei que depois que ele saiu, eu fui embora para meu apartamento. Estávamos bêbados, e talvez ele tivesse tido um momento de lucidez, que eu também tive quando fui embora de sua casa.
Joguei-me na cama e dormi para esquecer tudo.
Acordei acabada, mas infelizmente ainda tinha que arrumar a bagunça que estava nesse apartamento. Tomei um remédio para dor e comecei a arrumar tudo até a campainha tocar. Será que era ele?
– Olá, meu nome é . Sou sua vizinha do apartamento de baixo. , nosso porteiro disse que se mudou ontem, precisa de algo? Trouxe um bolo para você comer mais tarde.
Na sorveteria
E esperamos sentados...
O clima entre nós estava tenso, nossos problemas mal resolvidos... E talvez lembranças do dia em que nós conhecemos. Não deveria ter feito aquele acordo com , mas só assim ela tomaria coragem. Preciso ser sincera comigo mesma em dizer que talvez e eu não sejamos um casal tão perfeito quanto e .
– ?
– Sim? – ele logo começou a me encarar e toda a minha coragem quase se vai quando ele dá um sorriso.
– Olha, sei que eu meio que me convidei para jantar contigo e que você também sabe que não foi um ótimo jantar por causa desse clima tenso entre a gente. Mas, preciso ser sincera com você, esse jantar foi uma forma de encorajar uma amiga a sair com o homem que ela gosta. – enquanto eu ia dizendo vi o sorriso de ir se desfazendo. – Não fiz por total obrigação, acho que ainda acreditava que poderia haver algo entre a gente. Bom, eu tentei e espero que faça o mesmo e ocorra tudo bem. Obrigada pelo jantar e sua companhia. – levantei e resolvi seguir o caminho até o condomínio a pé.
– ...
Cheguei na portaria e logo vi todo sorridente.
– Acho que alguém está feliz hoje, . Compartilhe sua alegria comigo.
– Finalmente aceitou sair comigo. Mas por que você voltou a pé e sozinha, senhorita?
– Não importa. O que importa aqui é esse seu encontro com a . – digo piscando e saio indo até o elevador.
Destino, vida e universo estou quase cumprindo minha missão como cupido, por favor, arrumar um cupido decente para mim também. Porque não tá fácil!
Antes de entrar no apartamento, encaro a porta em frente e suspiro. Nós poderíamos ter sido tão bonitos...
Acordei com o barulho da campainha. Quem se atreve a me acordar cedo em um sábado?
– E aí, como foi com o ontem? Pensava que não dormiria em casa hoje... Mas rolou beijo? – mal abro a porta e entra fazendo perguntas.
– Bom dia! Não, que isso, , lógico que não me acordou, pode entrar. Fiquei sabendo do teu encontro com , torcendo para que dê tudo certo para vocês.
– Pode parar de mudar de assunto. Aproveita que eu trouxe o café da manhã e me conta tudinho.
Será que conto a verdade? Não, isso vai desanimar a . Respiro fundo e começo a narrar o jantar da forma mais apaixonada possível.
– Restaurante japonês, ! me levou num restaurante japonês, não importa o que aconteceu, a comida era simplesmente divina e isso sim importa. Ainda fomos naquela sorveteria da esquina, sabe? Foi bem legal sair com o . – aproveitei que estava nervosa e inquieta e fingi uma animação. – Na real, o que importa agora é seu encontro com o , quando é?
– , querida, eu disse detalhes... E sim, vou sair com o hoje à noite.
– Isso aí! Vai dar tudo certo, energias positivas que no mínimo um casamento sai!
– Que isso, menina! Se casamento é o mínimo, não quero imaginar o máximo... E você resuma ontem em uma palavra?
– Intenso. – digo com os pensamentos nas lembranças de ontem.
– Vai querer repetir? – diz me olhando com segundas intenções.
– Eu estou satisfeita já. – falo me referindo à comida e recebo um olhar de repreensão. – Ok, eu entendi. Não sei, se tiver outra oportunidade, por que não?
– Agora vai, heim, ! – digo assim que abro a porta para ele entrar.
– Espero que sim, minha filha.
– Cuida bem dela, viu? Confio em você.
– Pode deixar, vou sim.
Bati na porta do quarto de e entrei.
– O que você está fazendo sentada aqui ainda? já chegou.
– Ah, querida, já faz tanto tempo desde a última vez em que sai com algum homem. Estou parecendo uma adolescente no primeiro encontro... – olha para mim com o olhar apreensivo. – Espero que o meu jantar com o seja tão bom quanto foi o seu com o .
Também espero, , também espero!
Depois que saiu, fui para meu apartamento e fiquei lá sentada lendo no sofá e torcendo para o meu shipper finalmente ficar junto.
Ouvi a campainha tocar e corri para atender, pensando que poderia ser a , mas, ao abrir a porta, me deparo com com as mãos no bolso e com um olhar esperançoso. Gente, mas como conseguia ficar mais linda, essa criatura?
– Boa noite! Vim me desculpar contigo por nossos assuntos pendentes e tentar me explicar.
– , não precisa se explicar.
– Eu quero. Acho justo para você e para mim que não quero mais que fique qualquer clima tenso entre nós.
– Ok, então, pode entrar.
entrou e então me dei conta que estava com meu moletom de combate, aquele moletom que você passa o final de semana inteiro com ele enquanto faz maratona de séries/livros e dorme. Quero trocar de roupa, mas o já me viu assim agora e o que resta é fazer cara de indiferente e fingir que não estava vestida com um moletom do Harry Potter.
– Pode sentar. – digo assim que o vejo em pé ao lado do sofá.
– Na verdade, eu não vou ficar muito tempo. – ele diz passando a mão nos cabelos. – Fiquei pensando em um jeito de te explicar as coisas e me desculpar com você, eu simplesmente não sou muito bom com conversas, mas eu sei fotografar e não vi melhor forma de falar contigo a não ser por fotografias. – vejo que carregava um álbum de fotos, e ele estende para mim. – Acho melhor deixar você sozinha agora. Espero que entenda tudo. – se aproxima de mim, me encarando, e coloca uma mecha de meu cabelo atrás da orelha. Ele se vai e me deixa plantada no chão do apartamento por alguns minutos.
Olho detalhadamente para o álbum, que tem na capa um céu estrelado. Respiro fundo, abro e encaro a primeira foto. Era eu sorrindo no chão de sua sala. Ao lado continha algumas anotações.
– Nosso primeiro encontro e também o dia em que nos conhecemos. Te ajudar naquele elevador não estava em meus planos, e muito menos te convidar para jantar. Sério, não tenho esse costume de socializar com vizinhos, por incrível que pareça. Mas você sorriu, e fez com que eu tivesse desejo de te conhecer melhor.
P.S: Sorria mais. Você fica linda, e eu agradeço por me presentear com tão bela visão.
Instantaneamente sorrio e vou para próxima imagem. Era uma foto das duas taças de vinho quebradas, nadando em uma poça de vinho tinto.
– Como terminou aquele jantar não me orgulha nem um pouco. Por minha culpa, você se foi sem ao menos se despedir, e isso não era justo para nenhum de nós dois. Bom, até um final de semana antes de você chegar eu namorava, mas acabou que acabei tomando um belo de um chifre e terminamos assim que soube. Era nosso primeiro encontro, eu estava carente, nós estávamos bêbados... Não era certo.
Ok, acho que consegui entender. Na próxima foto estava um homem andando nos trilhos do trem só.
– , provavelmente você se pergunta por que não fui atrás de ti, por que me afastei. O principal motivo foi eu não estar certo sobre meus sentimentos ainda. Sabia que talvez já tivesse te magoado, e não queria fazer o mesmo de novo. Apesar de fisicamente estar afastado, acabei me ligando com você emocionalmente, gostava de ver você saindo para trabalhar toda apressada, gostava mais ainda de te ver chegando mesmo exausta, isso fazia meus dias melhores.
P.S: Desculpe dar a impressão de que sou um psicopata stalker, mas juro que não sou, pelo menos não muito HAHAHAH. Brincadeira.
Minhas bochechas já estavam vermelhas de vergonha, e eu estava sozinha. Na próxima foto estava um número 2 formado por flores.
– Nosso segundo encontro. Não imaginava que você em algum momento ainda gostaria de sair comigo novamente. Então, acabamos marcando o nosso segundo encontro. Como você mesma disse naquela noite, estávamos desconfortáveis na presença um do outro, a conversa não fluía muito e constantemente estávamos em silêncio. Devo concordar que esse também não foi um jantar totalmente perfeito.
P.S: Mas também devo dizer que só de estar perto de você novamente me fez feliz por algumas horas.
Já não faltava muito para eu terminar o álbum, logo virei a página e dei te cara com uma foto de uma rua vazia.
– Então, na sorveteria, você me disse que na verdade estava ali por causa da , e foi assim que entendi que talvez você não quisesse tanto ter esse segundo encontro tanto quanto eu.
Não somos perfeitos um para o outro, nem tivemos o melhor começo de todos, e provavelmente não seremos um daqueles casais apaixonados que são exemplo para os outros.
O meu coração deu uma pequena palpitada, mas talvez estivesse certo mesmo, e isso doía. Viro logo a página e encontro uma foto de um casal rindo num parque.
– Eu tentei ir embora e confiar no vento. Embora ficar longe de você não me faz sentir melhor.
Você não sabe meu passado
E que não tenho o futuro planejado
E talvez isso esteja indo rápido demais
E talvez não seja feito para durar
Mas o que você me diz sobre correr riscos?
O que você diz sobre pular de cabeça?
E nunca saber se existe um chão firme lá embaixo?
Ou uma mão para segurar ou um inferno para enfrentar?
Eu quero começar de novo
Talvez você pudesse me mostrar como tentar
Talvez você pudesse me acolher em algum lugar embaixo da sua pele.
E tudo que nós nunca tentamos
Todos os medos que não combatemos
Para cada chance que perdemos
Os arrependimentos durarão para sempre
Porque eu não vou esperar dias inúteis virarem anos inúteis
Você sempre pode ser melhor do que sempre foi
É nisso que eu acredito
Não sei muito da sua vida
Não sei muito sobre seu mundo.
Aquilo tudo era muito lindo. Eu acredito em segundas chances, acredito em mudanças, acredito que talvez a felicidade não seja certa aos olhos de quem vê, para mim a felicidade e como pular de bungee jumping*: você precisa ter coragem para sentir a sensação, precisa se arriscar para sentir a imensidão te abraçando, mas talvez lá no final a corda quebre, e por mais que as pessoas digam que é loucura, talvez morrer para ter alguns instantes dessa sensação valha a pena. Não é só um pulo para incertezas, mas um pulo para sentir algo que não esquecerá, algo que marcará toda a vida, não importa o final da queda. O que importa é o que se sente em seu trajeto.
Meu coração se transbordava de esperança e coragem para tentar, correr o risco em busca de algo que até então não havia encontrado.
Já estava abrindo a porta quando a campainha tocou. Abri a porta e entrou correndo.
– E aí , como foi? – pergunto sentado ao seu lado no sofá.
– Maravilhoso, .
– Rola um casamento? Como que é?
– Para com essas coisas, menina! Esse só foi nosso primeiro encontro e você está pensando em casamento.
– Foi só o primeiro? Opa, vai ter outros então?
– Lógico. Inclusive já convidei o para ir com a gente semana que vem.
– Mas por quê?
– Encontro duplo, sabe?
– Você nem me perguntou! Tá saidinha já, heim, ?
– E você não quer sair com ?
– Quero.
– Então pronto.
– Você foi à casa dele perguntar isso?
– Não, ele estava na portaria dizendo que teria que viajar e voltaria só sexta.
Só sexta... Que essa semana passe rápido!
Sexta finalmente chega, e junto minha crise de ansiedade. Já não sei o que vestir, o que falar para o ... Chego do trabalho exausta, tanto fisicamente quanto mentalmente. Tento me arrumar o mais rápido possível para que dê tempo de passar na casa de antes, mas chega e me apressa mais ainda.
– Vamos logo com isso, , não quero deixar esperando!
– Caramba, , o não vai morrer se esperar mais pouco.
Fecho a porta do apartamento e dou uma olhada na porta de , iríamos nos encontrar só lá mesmo...
– Vamos. – diz me empurrando até o elevador.
Eu iria junto com no carro de . Segurar uma vela... Mas, eles eram muito lindos juntos, nem liguei tanto.
Chegamos ao restaurante e meus olhos foram logo procurando por , mas não achei.
– Calma, , ele vai chegar.
Logo após a tentar meu acalmar, vejo entrando no restaurante, ele me olha e sorri.
– , . – cumprimenta os dois primeiro e logo depois seus olhos param em mim. – , prazer.
Como assim? Fiquei uns segundo sem entender até que me lembrei sobre a segunda chance e correr o risco de tentar de novo. Entendi que para começar de novo precisaríamos esquecer de todo o resto que havíamos passado e fazer diferente dessa vez.
– , o prazer é todo meu.
Que os riscos façam valer a pena!
*Bungee jumping é um esporte radical praticado por muitos aventureiros corajosos, que consiste em saltar de uma altura em um vazio, amarrado pelos tornozelos ou cintura a uma corda elástica.
Fim!