Survive

Escrito por Débora | Revisado por May

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Capítulo 01

  E eu estava correndo mais uma vez daquelas coisas. Fala sério, com tanta hora pro meu arco quebrar, tinha que ser JUSTO quando estou cansada, machucada e achando que aquela casa estava segura entrei pra dar uma leve descansada, até que me aparecem vários walkers. Fui pegar o Apolo (apelido carinhoso que dei ao meu lindo arco) e estava quebrado, ótimo, agora aqui estou eu, correndo que nem uma louca, com um buraco na barriga graças a uma estaca de madeira que me atravessou enquanto eu caía em uma outra linda aventura de sobrevivência. Eu sou muito ferrada mesmo.
  Corri até meus pulmões implorarem por ar. Eu sentia a ardência em meu peito, não ia aguentar por muito mais tempo, estava correndo há quanto tempo? Uns 45 minutos? Tirando o fato de que não comia direito nem bebia nada há três dias, é, eu ia desmaiar ali e provavelmente virar a refeição dos adoráveis walkers que me perseguiam, até que vi um barranco próximo. Era minha única chance, pude ver que ali abaixo era uma espécie de floresta e, visivelmente não havia nada por lá, corri mais e me joguei com tudo, me arrependendo segundos depois já que desci rolando e batendo meu corpo em pedras, acabando de me ferrar por completo, maravilha. Ouvi alguns sons próximos a mim, ergui os olhos um pouco, mas estava tudo embaçado, mal tive tempo de ver alguma coisa, apaguei.

  POV Daryl

  “Precisamos de alimentos”, “Precisamos de remédios”, precisamos disso, precisamos daquilo e quem se fode tendo que ir procurar tudo? Daryl, claro!
  Também, não tenho culpa de ser o único capacitado a ir pro meio da cidade buscar as coisas e voltar inteiro. Glenn quase foi mordido da última vez, Meggie estava assustada após quase perder o namorado, Carl era muito novo ainda, bom, mais ainda pirralho, não preciso citar a bebê, bem Beth não era a pessoa mais corajosa do mundo, Carol a mesma coisa, Rick não andava em seu juízo perfeito ultimamente e Hershell, bem... O cara só tem uma perna.
  Peguei minha moto e comecei a rodar pela cidade, até que consegui umas coisinhas boas, latas de comida vencida, alguns antibióticos, fraldas para o bebê, isso é um tesouro na situação em que estamos, mas ainda era pouco, voltei, deixei as coisas com eles e saí pra floresta que tinha ali perto, quem sabe não encontro uns esquilos? Um cara como eu precisa de carne. Desci algumas ladeiras até que ouvi um barulho forte, um baque dos grandes, alguma coisa tinha caído. Andei devagar pra não chamar muita atenção, vai que era algum walker desastrado, mas pra minha surpresa era uma garota, pelo rosto devia ter seus 18 anos por aí, estava suja e machucada, dava pra ver de longe o sangue em sua barriga, me aproximei devagar tomando cuidado pra não fazer barulho e a verifiquei, estava viva e o ferimento não era uma mordida, tinha um pedaço de madeira enfiado ali. Cara, isso deve ter doído. Pensei em deixa-la lá, ia até preparar a minha besta para atirar nela e fazer o favor de não deixar que ela se transformasse, mas algo no rosto dela não me deixou fazer isso, sei lá, talvez porque ali desmaiada ela parecesse desprotegida ou foi só a minha maldita consciência mesmo. É, não resisti, a peguei no colo junto com a bolsa que carregava, onde tinha um arco. Wow, curti. E caminhei com ela de volta a prisão.
  Mal passei pelo portão e já começaram a me questionar.
  - Quem é essa? – Rick desvairado foi o primeiro a vir com cara de “jogue isso pelo rio”.
  - Encontrei caída perto da mata, estava inconsciente, não se preocupe ela não viu o caminho, aliás, se não me deixar chegar até Hershell agora, considerando esse buraco na barriga dela, duvido muito que ela aguente mais tempo.
  Rick suspirou cansado.
  - Vamos leva-la ao Hershell.
  Cheguei e a coloquei sobre uma cama da cela em que Hershell se encontrava, explicando para ele sobre como a encontrei e todos que se aproximaram, logo Hershell começou a trabalhar pedindo para que saíssemos dali, Rick me chamou num canto.
  - O que foi? – Lá vem.
  - Vamos ficar com ela.
  - Que? – Ele estava bem? Há segundos atrás o cara parecia que queria jogar a menina ladeira abaixo e agora isso?
  - Ela não parece que vá nos causar algo, Meggie pegou a bolsa que estava com ela e verificou, não tem nada além de fotos da família, flechas, anotações de rotas de fuga e de como faz tempo que ela não tinha contato com vivos, não pertence a nenhum grupo, estava sozinha. Podemos acolhê-la.
  - Se você diz. – Dei de ombros. Ela não parecia perigosa, mas algo me diz que totalmente indefesa ela também não é.

  POV

  Abri meus olhos e estranhei ver um teto, pelo que me lembro de ter apagado na mata então deveria estar olhando para o céu, ou estar no céu, né? Sei lá, me mexi um pouco e senti algo em minha barriga, me levantei devagar e vi curativos na antiga cratera que habitava minha barriga. Olhei a minha volta e logo identifiquei as paredes e grades, estava numa cela de prisão. Era só o que faltava, me pegaram, mas antes de entrar em desespero notei que a cela não estava trancada, me levantei, empurrei a grade e saí encontrando um pequeno grupo conversando, logo todos me olharam e pararam de falar. Aquele silencio me incomodou, até que uma garota de cabelo curto e olhos claros veio na minha direção sorrindo.
  - Você acordou, finalmente. Ah, eu sou Meggie, como se sente?
  A olhei por alguns segundos havia desacostumado com contato humano, ela não parecia querer me fazer mal, aliás, nenhum ali parecia querer fazer isso, eles pareciam preocupados comigo até, sorri fraco.
  - Sou , muito prazer Meggie e, ahn, estou bem, obrigada por me ajudar. – Terminei apontando ao curativo em minha barriga. Não gostava muito de receber ajuda, era bem orgulhosa, mas no caso eu tinha que ser simpática, eles salvaram a minha vida.
  Ela sorriu novamente.
  - Ah, não fui eu, foi o meu pai, ele estava bem preocupado com você, assim como todos nós, você estava muito mal, fico feliz que esteja bem agora.
  Assim que ela terminou de falar um senhor de barba branca, aparência cansada e com uma perna só veio ao meu encontro com um leve sorriso.
  Apressei-me em agradecê-lo e ele ergueu uma mão para que eu parasse.
  - Você nos deu um susto mocinha, ficou inconsciente por dois dias, mas se recuperou bem, imagino que esteja assustada agora, logo vamos nos apresentar e explicar tudo direitinho e, na verdade, acho que tem que agradecer ao Daryl, ele quem te achou inconsciente na mata e te trouxe pra cá.
  Suspirei. A cada um que agradeço me manda agradecer outro, isso já esta perdendo a graça, mas enfim, logo todos se apresentaram e me explicaram como vieram parar na cadeia, o que passaram suas histórias resumidamente e eu lhes contei a minha, claro.
  Depois de conhecer todos, ou quase todo,s já que o tal Daryl não estava ali, me juntei a eles para jantar. Cara, eu estava com muita fome e acho que perceberam isso, pois eu comia de uma forma rápida e acho que engraçada já que a maioria deles ria ali.
  - Muito tempo sem comer? – Glenn sorria.
  - Três dias, tirando os dois que fiquei apagada. – Falei assim que engoli o pedaço de pão seco que pra mim era a coisa mais saborosa do mundo ali.
  Ele sorriu e todos terminaram de comer, até que um cara chegou balançando algo que deviam ser esquilos em uma flecha, o que me lembrou de Apolo. Onde estava o meu bebe? Bem, depois eu perguntava, já que o cara parou onde estava e me olhou sem expressão.   - Então a princesinha resolveu acordar, finalmente.   Ele era bonito, tinha que admitir. Olhos azuis, cabelos loiros bagunçados, um olhar misterioso, mas pareceu um tanto arrogante ou foi só impressão minha. Deve ter sido, aliás, todos eram bonitos ali, desde as mulheres aos homens, olhando Rick e agora Daryl, que aparentavam ter idade próxima. Rick parecia ser mais velho, ter seus trinta e poucos anos, já Daryl, parecia ser um pouco mais novo, entre seus 27 anos, por Aí. Enfim, percebi que dá pra continuar sendo gato depois da adolescência, oh se dá.
  Falando nisso, Carl era muito bonito também, puxou ao pai, tinha 12 anos e já chamava atenção, imagina esse garoto com 18 anos? Ia fazer estrago.
  Saindo de meus devaneios, olhei Daryl e assenti.
  - Estou bem agora, obrigada por me ajudar.
  Ele deu de ombros.
  - Me deu peso na consciência em te largar lá daquele jeito, não se anime muito, aqui não é um hotel cinco estrelas, então saiba que terá que ajudar.
  E saiu, levando os esquilos e me deixando ali parada, pensando em onde estaria Apolo pra enfiar uma flecha na garganta dele.
  Meggie me olhou como quem pede desculpas.
  - Daryl é meio antissocial, só se relaciona melhor com Rick e Carol e é bem grosso às vezes, mas faz parte dele, não leve pro lado pessoal.
  Tarde demais.
  Já havia levado.
  Aliás, eu sei ser tão grossa quanto ele.

Capítulo 02 - Briga

  Estava limpando a área de fora da prisão, tinha alguns corpos jogados por lá e ainda havia muitos walkers ao redor das grades. Decidiram que era melhor acabar com eles antes que aumentassem e ficasse mais difícil sair.
  Meggie, Carl e eu ficamos encarregados disso. Iam me testar, ver se eu era boa pra defesa ou ia pra cozinha e limpeza com Carol e Beth, aham, tá, só que não. Eu ia mostrar pra eles como fiquei viva durante um ano sem grupo. E eles, que por acaso eram Rick, Glenn e Daryl, me olhavam com uma cara de dúvida, principalmente Daryl, que me olhava em desafio, ugh, que raiva desse cara, ele ia ver só.
  Fomos pra fora e logo os lindos coleguinhas mortos-vivos começaram a vir pra cima, não podíamos fazer barulho, obviamente para não atrair mais, então Meggie estava com uma espécie de cano de ferro, Carl um machado, e eu com duas facas que viviam na minha bolsa para casos de emergência. Os walkers vinham, Meggie pegava impulso e batia o cano com força na cabeça deles estourando de vez ou derrubando-os e pisando na cabeça deles depois. Carl era rápido e já ia enfiando o machado direto na cabeça deles também, e eu, bom, eu estava indo devagar, não ia fazer tudo de uma vez agora, apenas ia pra cima quase como Carl e enfiando a lamina pelas têmporas deles, até que por um momento Meggie se descuidou, ela não viu que havia um walker rastejante e ele a segurou pelo pé, fazendo com que ela caísse e o cano fosse para longe dela. Pra variar, ela não estava perto da gente, Carl correu machadando o que viesse pela frente, tentando alcança-la. Nesse momento Glenn já estava louco, Carl não iria alcança-la a tempo, já tinham três walkers em cima dela, ela lutava para manter a boca deles longe, vinham mais, então corri e gritei por Carl apontando para o lado oposto de Meggie, onde vinham mais cinco walkers, ele entendeu e correu pra me cobrir, enquanto corria mirei e atirei uma das facas que cravou exatamente no meio da cabeça de um walker que estava quase mordendo Meggie. Ela suspirou aliviada e continuou segurando os outros. Usei um que estava ao meu lado, apoiando-me sobre ele e pegando impulso para saltar, caindo sobre os outros dois, chutando um e cortando a cabeça do outro, caí e logo me levantei, indo esmagar a cabeça do que faltava e ajudando Meggie a se levantar, ela não estava ferida, ainda bem. Carl logo veio ao nosso encontro suspirando de alívio, vi Glenn suspirar também, essa foi por pouco, mas a melhor reação era a de Rick e Daryl, Rick me olhava surpreso e com um quase sorriso de satisfação, Daryl já me olhava com a sobrancelha arqueada e surpreso também, o rosto dele dizia “isso só pode ter sido sorte, vamos lá, faça de novo”. Sorri descaradamente para ele e entrei na prisão. Glenn logo veio abraçar Meggie e se virou para mim:
  - Muito obrigado , sério, você foi incrível e se não fosse você, Meggie poderia ter sido pega.
  Meggie sorriu envergonhada.
  - Me desculpe, eu devia ter tomado mais cuidado, eu não vi aquele, obrigada .
  Sorri de lado.
  - Tudo bem gente, só precisa ter mais cuidado Meggie, poderia não dar tempo de chegarmos até você.
  Carl se empolgou.
  - Mas você chegou quase numa voadora e antes atirou uma faca certeira, foi tipo filme de ação! Me ensina?
  Rick se aproximou rindo e colocando a mão sobre o chapéu que Carl nunca tirava.
  - Ei, calma aí garoto. , você realmente foi incrível, vai ser uma ótima força pra nós, pode ficar com a parte de caça e busca de suprimentos com Daryl.
  Nesse momento eu e Daryl nos encaramos.
  Daryl foi o primeiro a se manifestar.
  - Eu trabalho melhor sozinho, obrigado.
  O encarei.
  - Igualmente.
  - Mas vão conseguir cobrir uma área maior de buscar de suprimentos estando em dois. –Rick disse calmamente.
  - Não preciso de alguém que vá desmaiar durante a busca e me dê mais trabalho tendo que trazer carregada. – Daryl deu de ombros.
  Naquele momento eu até toquei o cabo da minha faca.
  - Se fosse pra se arrepender como agora poderia ter me deixado lá pra morrer.
  Ele me encarou.
  - Talvez eu devesse mesmo.
  Rick ia falar algo, mas eu o interrompi dando um passo em direção a Daryl.
  - Se você se acha o máximo se fazendo de durão aí, que não liga pra nada nem ninguém não posso fazer nada, agora não venha querer dar uma de bom pra cima de mim, dizendo que sou inútil que, como pôde ver, de inútil eu não tenho nada, posso muito bem fazer você engolir essas suas palavras.
  Ele arqueou uma sobrancelha e se aproximou também, elevando o tom de voz.
  - Olha aqui garota, você é uma pirralha ainda, vai precisar de muito pra conseguir fazer algo comigo e aquilo foi um golpe de sorte.
  Não aguentei, parti pra cima dele chutando-o e aproveitando que era mais leve ficando por trás e dando uma chave de pescoço nele, os outros ainda estavam em choque, não se moviam. Daryl ficou encurralado por alguns segundos até que conseguiu se soltar e puxou meu braço me girando por sob o ombro dele me derrubando de costas no chão, aquilo tinha doído, mas na hora nem liguei, me levantei indo pra cima dele de novo quando Rick entrou no meio.
  - Vocês dois parem agora!
  Paramos mas ainda nos encarávamos.
  - Golpe de sorte, hein? – Sorri cínica.
  Ele rosnou e depois sorriu sarcástico.
  - Suas costas ainda ardem?
  Íamos voar um no outro de novo até que Rick se alterou.
  - CHEGA AGORA. Parem de se provocar, vocês vão trabalhar juntos sim e não quero saber de brigas de novo, já não basta o que temos que enfrentar todos os dias, uma briga interna não vai facilitar nada, os dois são bons, por isso preciso de vocês trabalhando juntos. –E saiu balançando a cabeça com Carl logo atrás.
  Daryl me deu uma ultima fuzilada e entrou também, suspirei irritada e entrei, mas antes pude ouvir Gleen comentando:
  - Rick quer ver sangue, só pode.

Capítulo 3 - Saída

  Passaram-se alguns meses, eu já havia me acostumado com todos e eles comigo, até me chamavam de , eu me sentia praticamente em casa já, ou o mais perto de casa.
  Bom, quase todos, né? Eu e Daryl ainda não tínhamos a melhor relação do mundo, nunca mais nos atacamos por causa de Rick, mas as provocações ainda estavam lá, sempre. Os outros já até desistiram de tentar nos parar, quando começa a briga eles simplesmente saem de perto ou no caso de Glenn e Meggie ficam assistindo divertidos, vai entender esses dois. Aa primeira noite Rick me deixou de vigia com Daryl. Fala sério, eu realmente começo a concordar com Glenn, Rick tá querendo morte, só pode.
  Não foi lá a melhor noite da minha vida, mas descobri que Daryl tem um coração, ou talvez seja só a consciência mesmo.
  Flashback on
  Estava deitada na minha cela, quase dormindo quando Rick me chama:
  - ?
  Me levantei e o olhei:
  - Sim Rick?
  - Pode fazer a vigia hoje?
  - Claro.
  - Então chame Daryl e vá com ele. – Ele sorriu de lado.
  O encarei, bufei e levantei, saindo da cela.
  - Você só fode, hein Rick?
  Pude ouvir a risada dele e suspirei, indo em direção à cela de Daryl. Nem me dei ao trabalho de chamar de longe ou coisa do tipo, fui entrando e o cutuquei. Ele se levantou com tudo.
  - O que? O que houve? – Então ele me viu e bufou. – O que você quer, garota?
  - Rick mandou irmos fazer a vigia de hoje. – Dei de ombros.
  - Rick só fode, também. – Quase ri ao ouvir aquilo.
  Saímos e subimos num tipo de torre de controle que havia ali, sentamos e ficamos vigiando, um ignorando a presença do outro. Era a nossa regra de convivência, um finge que o outro não existe e seguimos felizes assim, até que começou a esfriar, tipo esfriar muito, meus dentes batiam. Me abracei numa tentativa de me aquecer, pudera, eu estava com uma calça bem surrada e uma camiseta comum. Precisava de roupas, todos precisavam, íamos buscar depois na cidade. Notei que Daryl me olhava de canto de olho, virei o rosto para ele e logo ele virou o rosto pra frente, fingindo que nada havia acontecido, virei pra frente também.
  - Algum problema? – Falava olhando pra algum ponto lá fora.
  - Eu nenhum, agora você está quase congelando aí. – Ele olhou sorrindo debochado.
  - Eu supero, não se preocupe, não vou desmaiar aqui pra ser novamente um fardo a você, mas se, por acaso isso acontecer, não precisa me salvar, me jogue diretamente aos walkers, poupa trabalho. – Dei de ombros indiferente.
  - Eu não sou um monstro. – Me surpreendeu o fato dele ter falado aquilo calmante e com a voz até afetada, não resisti e o olhei.
  - Mas age como se fosse um.
  - Às vezes algumas perdas tornam as pessoas assim, ainda mais no mundo em que vivemos agora, você não entenderia.
  O encarei nervosa.
  - Não entenderia? Ah claro, até porque não passei por coisas horríveis, não fui caçada, não perdi pessoas que amava, não vi mortes, destruição, não fui usada, não me machuquei nada disso, estava um tempo todo num clube de férias da Disney esperando o momento certo pra cair do barranco e encontrar vocês.
  Ele me olhou e ficou em silêncio por um tempo, achei que ele teria desistido de falar, mas não.
  - Você é durona, mais do que pensei, parecia bem indefesa quando te encontrei, mas vejo que era só aparência.
  Ele sorriu de lado. Uau, Daryl Dixon sorrindo, isso não é algo que se vê todos os dias.
  Dei de ombros e voltei a me abraçar e olhar pra frente, meus lábios já estavam ficando roxos, estava frio demais.
  Daryl se moveu ao meu lado e quando o percebi se sentou praticamente colado a mim e passou o braço pelo meu ombro puxando-me para ele.
  Me afastei.
  - O que pensa que está fazendo?
  Ele revirou os olhos.
  - Impedindo que tenha hipotermia agora cala a boca e vem, garota.
  Ele me puxou de novo e dessa vez decidi não contrariar, estava bom ali, quer dizer, estava quente, isso era bom, eu não queria morrer de frio.
  Flashback off

  Depois daquilo pensei que tudo voltaria ao normal e Daryl e eu voltássemos a nos matar todos os dias, bem, ainda temos nossas provocações e tudo mais, mas diminuíram. Agora íamos a buscas e caça juntos sem brigar durante o processo. Isso já pode ser considerado um grande avanço.
  Estava sentada, terminando de amolar as facas, minhas flechas já estavam na bolsa e Apolo estava novo em folha, pensando no que faríamos agora. A comida estava acabando, obviamente não iria durar pra sempre, precisávamos buscar mais, a caça não daria conta de alimentar todos, já que os animais estavam acabando também, só de pensar nisso minha barriga roncou, droga. Continuei a amolar as facas ignorando minha barriga sambando dentro de mim até que ouço passos e um som de algo vindo em minha direção, em um reflexo rápido ergui a mão e peguei o que quer que fosse me acertar, olhei, era uma maçã, ergui o olhar para frente e Daryl tinha um olhar divertido.
  - Ouvi sua barriga roncar da minha cela, coma logo e vamos à cidade, a coisa tá começando a ficar feia por aqui.
  Apenas assenti e comi minha maçã rapidamente, estava meio feia, mas pra mim era deliciosa. Pensei no meu relacionamento com Daryl de uns meses pra cá, estava meio, digamos, estranho, às vezes, quando estávamos sozinhos, o clima ficava meio estranho, já contamos nossa história um pro outro. Pois é, jamais pensei isso. Quando brigávamos agora, bem, ficávamos perto demais um do outro, perigosamente perto. Há uns dias aconteceu uma coisa bem, ahn, estranha.

  Flashback on
  Daryl adentrava pela mata com sua besta, xingando baixo. Estávamos ali há horas e nada de encontrar um animal se quer, nem um passarinho. Eu já estava cansada daquilo, sabia que uma hora isso ia acabar acontecendo então sentei num resto de tronco e fiquei olhando ele reclamar e andar em círculo irritado, até que ele se virou pra mim.
  - Não te trouxe aqui pra ficar sentada, mas pra me ajudar, então anda.
  Revirei os olhos.
  - Não sei se notou, mas não tem nada aqui. Sabia que animais não nascem em árvores? Então, uma hora eles iam acabar.
  Ele deu um passo na minha direção sério.
  - Se tem preguiça, não venha mais.
  Nisso, não deu pra aguentar, me levantei indo até ele.
  - Não começa Daryl, estávamos de boa até você começar a ficar irritadinho, sabe que estou certa e que vamos ter que arrumar outra cidade pra vasculhar e outro lugar pra caçar, aceite a realidade, querido. Pare de dar ataques, está pior que mulherzinha.
  Ele se aproximou mais, o rosto a centímetros do meu.
  - Não me provoque.
  Eu encarei de volta.
  - Apenas disse a realidade, acho que a falta de mulher está te afetando, está virando uma e das bem chatas, por sinal.
  Ele me puxou pela cintura de forma bruta, com o rosto a milímetros do meu, me encarava com fúria nos olhos.
  - Em dois segundos eu te mostro que de mulherzinha não tem nada aqui.
  Fiquei parada. Ele ia se aproximar mais quando ouvimos um barulho e nos afastamos, era um walker que eliminamos logo. Por fim, voltamos pra prisão em silencio e não tocamos mais no assunto. Agimos como se nada tivesse acontecido.
  Flashback off

  Saí de meus devaneios e assim que terminei coloquei a bolsa nas costas e prendi as facas na cintura e segui Daryl pela saída da prisão onde Rick, Glenn e Meggie nos esperavam para abrir os portões. Eles tinham uma cara estranha.
  - O que foi? – Perguntei sem entender o que se passava ali.
  Rick suspirou.
  - Vocês estão indo pro meio da cidade, que nem é a que estamos acostumados a ir, já que essa já foi vasculhada antes e não tem mais nada, provavelmente vai estar infestado, vão ter que tomar o máximo de cuidado possível e trabalhar juntos e se cobrirem. – Ao dizer isso ele deu uma olhada significativa a Daryl que ergueu as mãos como se estivesse se rendendo.
  - Tá, tá, sabemos. Vamos logo .
  Daryl era o único que não me chamava de .
  - Ok, juízo Meggie. – Sorri de lado para Meggie, havíamos nos tornado grandes amigas, ela me contava tudo e eu tudo a ela. Quando contei da situação com Daryl ela disse que isso era tensão sexual, quase bati nela, que riu dizendo que Daryl havia ficado mais simpático de uns meses pra cá, coisa que se encaixava com a minha chegada, ignorei o que ela falava pra não forçar a amizade.
  - Sempre tenho. – Ela sorriu convencida.
  - Use camisinha. – Terminei de dizer e sai correndo atrás de Daryl, a tempo apenas de ver ela fechar a cara pra mim, Glenn ficar vermelho e Rick começar a rir, fechando o portão.
  Descemos até onde estava a moto de Daryl, espera aí, moto?
  - Daryl, onde está o carro?
  - Vamos de moto.
  - Ahn, por quê?
  Ele continuou andando e subiu na moto olhando pra mim.
  - Porque eu quero, oras. Não gosto muito daquele carro e estamos em dois mesmo, além de ser mais rápido. Agora sobe logo ou te largo aí.
  Suspirei e logo caminhei, subindo atrás dele na moto, assim que ele deu a partida tive que segurar em torno de sua cintura para não cair, isso era desconfortável e acho que não só pra mim, porque assim que o “abracei” ele pareceu ficar tenso.
  Ficamos em silencio o caminho todo até chegarmos ao centro da cidade, Daryl desviou de muitos walkers pelo caminho. Se já tinham tantos assim pela estrada, imagina na cidade? Estávamos ferrados, eu sabia disso. Daryl estacionou perto de um posto de gasolina abandonado e descemos, havia umas lojas ao redor e teríamos que vasculhar tudo direito, caminhamos até uma loja de conveniência que era ao lado do posto. Estava tudo quieto, estranho, era pra ter pelo menos alguns walkers na rua. Entramos logo e estava tudo escuro, a não ser pela luz que vinha de algumas janelas abertas. A loja tinha dois andares, subimos logo pro segundo, já que o primeiro já estava todo revirado, provavelmente quando o fim do mundo começou as pessoas já tentavam se preparar pra sobreviver. O segundo andar estava escuro também, dei um passo.
  - Daryl eu acho...
  Logo Daryl tapou minha boca e me puxou de encontro a ele pra um canto ao lado de balcão, não entendi o que se passava até ele me virar de costas pra ele ainda me segurando e apontar pra frente, quando olhei fiquei estática. Havia muitos walkers, mas muito mesmo, todos juntos, parados. Apenas se balançando daquele jeito estranho e logo a frente tinha uma porta com uma placa escrita “estoque” o que significa que provavelmente tudo que precisamos estaria ali. Suspirei entendendo, teríamos que passar por eles, era o único jeito. O lugar era pequeno, éramos dois contra mais ou menos quarenta, no escuro, iluminados apenas por frestas abertas de janelas.
  - Merda.

Capítulo 4 - O que foi isso?

  POV Daryl

  Aquilo era uma merda das grandes, por mais que fossemos bons, eles ainda eram em um número alto pra um espaço tão pequeno, eu tentava pensar em planos que consistiam em matar e não morrer, até que notei que ainda segurava a cintura de , droga. A soltei e comecei a ficar meio sem jeito, a segurei por um bom tempo ali sem perceber. Bom, ela não reclamou também. E que merda estou falando? Eu sem jeito por segurar uma garota? É, eu devo estar virando um mariquinha mesmo.
  Ignorei isso e comecei a preparar minha besta. logo me olhou, tinha luz suficiente para que conseguíssemos ver nossos rostos. Ela era muito bonita, eu tinha que admitir. Olhos azuis, cabelo liso com algumas ondas que caiam até a cintura, parecia tensa e então me acompanhou, preparando seu arco. Ela seguiu meu raciocínio pelo visto, era esperta e tinha armas silenciosas. Ainda bem, não poderíamos falar ali ou chamaríamos a atenção deles, teríamos que atirar nossas flechas e derrubar o maior número possível pra nos dar espaço pra lutar contra os outros. Eu comecei, acertando em cheio na cabeça, ela logo começou a atirar. Tinha uma ótima mira, tinha que admitir. Fomos derrubando um por um, até que conseguimos um bom espaço, sobraram uns cinco walkers de pé e nossas flechas haviam acabado. Ela puxou as facas da cintura e começou a sair de trás do balcão, a segui puxando um facão também. Lutamos normalmente, já enfiando as facas direto no crânio deles. Faltavam dois e ambos foram pra cima de , ela estava dando conta, até tropeçar em um corpo no chão e cair com ambos em cima dela com os dentes a milímetros do ombro dela. Parti pra cima chutando-os e esmagando a cabeça deles pisando e a ajudei a se levantar, fomos até a porta e tive que arrombar, já que estava trancada. Estava certo, havia bastante coisa ali, alimentos enlatados, cereais na caixa, pacotes de fralda, garrafas de água. Aquilo ia nos manter bem até uma próxima busca, colocamos tudo em sacos e saímos de volta pra moto. Não iriamos nos arriscar mais em outros lugares por agora, deixaríamos pra voltar aqui de novo quando necessário. Pegamos as sacolas e montamos na moto, estamos em silencio desde o ocorrido na loja, aquilo era estranho, por mais que nos ignorássemos as vezes, esse silencio estava me incomodando. Não entendi bem o porque, resolvi quebra-lo.
  - Por que ficou tão incomodada quando te segurei lá dentro?
  Silencio.
  É, ela não gostou do que falei.
  Se tem algo que aprendi convivendo com ela é que quando ela não gosta de algo, ela fica quieta ou vira o rosto fechando a cara, quando está sem resposta ela passa a mão pelo cabelo e bufa ou revira os olhos, não que eu fique prestando atenção no que ela faz.
  Continuamos o caminho até que freei a moto com tudo, sentindo bater contra as minhas costas com força.
  - Puta que pariu Daryl, o que foi agora?
  Ótimo, ela falou irritada mais ao menos falou. Pena que não era um bom momento pra isso.
  - Olhe pra frente.
  Ela olhou e engoliu em seco, uma horda de walkers estava ali, o que é estranho, pois não me lembro de ter visto tantos assim enquanto íamos pra cidade, ela desceu e já se preparou. Desci e fiz o mesmo, íamos ter que limpar o caminho. Começamos, foi quase o mesmo processo da loja, atirando flechas e derrubando os que restavam, porém não contávamos com um pequeno detalhe.
  Uma horda maior.
  Levamos a moto pra bem mais atrás e fomos a frente, estávamos em uma espécie de barranco e haviam muitos ali em baixo, não iriamos dar conta. Estávamos cansados já, e até pegarmos as flechas de volta. Eles já teriam nos alcançado, tive uma ideia, meio perigosa, mas era nossa única saída. Olhei novamente pro barranco, tinha uma espécie de rio lá.
  - Que merda você vai fazer Daryl? – perguntou ao me ver tirando uma granada do bolso do colete, era pra emergências, o que era o caso.
  - Limpar o caminho. – Falei como se fosse óbvio.
  - Claro, e nos limpar junto, não é? Essa coisa vai acabar com a gente, estamos muito próximos, e assim que jogar não vai dar tempo de correr. – Ela estava nervosa.
  - E quem disse que vamos só correr? – Puxei o pino com a boca e continuei segurando olhando-a. - Vai ter que confiar em mim.
  Ela me encarou. Não dei tempo pra ela pensar, corri agarrando-a pela cintura e pulando do barranco, soltei a granada e a segurei firme mantendo-a sob mim, caso algo desse errado me atingiria, não ela, caímos no rio a tempo de ouvir a explosão e de eu perceber o que tinha feito, eu estava beijando-a. No momento que caímos eu estava bem próximo do rosto dela, os olhos dela estavam fechados, provavelmente por medo da explosão e eu ao invés de me afastar, encostei meus lábios nos dela. Por que eu fiz isso? Porque sou um idiota. Só pode. De uns tempos pra cá nossa relação tem sido bem estranha, as brigas tem tomado um rumo diferente, o que acaba sempre com nós dois numa aproximação física bem desagradável, ou agradável, não posso negar que tem algo que me puxa pra ela as vezes, mas ela é só uma garota, bem mais nova apesar da maturidade e da aparência e corpo de uma mulher formada. Ela me tira do sério, me faz fazer essas coisas, como na vez que a abracei para esquentá-la. Eu não devia me importar, mas quando vi já estava abraçando-a, argh, essa garota ainda vai me deixar maluco.
  Voltamos à superfície buscando por ar, agora só restava a fumaça da explosão, não havia mais walkers por perto, senão já teriam aparecido com o barulho e estávamos bem longe da prisão ainda, me olhava com cara de “vamos, explique porque diabos você me beijou” e eu tentava me concentrar, mas, bem, ela estava de regata branca e a água deixou a blusa transparente, qual é, eu ainda sou homem, ela pigarreou e eu olhei seu rosto, não parecia exatamente brava, mas estava com a expressão indecifrável. Suspirei. E agora?

  POV

  Eu ainda estava em choque com o que havia acabado de acontecer, Daryl Dixon havia me beijado e isso não poderia ser considerado normal, o olhei e suspirei.
  - O que foi isso?
  Ele me olhou.
  - Um beijo.
  Arqueei uma sobrancelha.
  - Ah, não me diga. Achei que tinha sido um tapa, mas por que fez isso?
  Ele me encarou.
  - Não gostou? – Dessa vez ele arqueou uma sobrancelha.
  - A pergunta não tem nada ver com isso.
Ele continuou me encarando.
  - Responda isso e respondo a sua pergunta.
  - Eu perguntei primeiro.
  - Não foi nada. Esqueça isso. – Ele deu de ombros e saiu da água me deixando ali irritada.
  - Daryl!
  Ele sequer se deu ao trabalho de se virar ou responder. Continuou andando, bufei irritada e saí da água seguindo-o, não foi nada? Ele me beija e diz que não foi nada e manda esquecer? Cheguei até a moto e o encarei. Ele nem me olhou, apenas arrumou as sacolas e esperou eu montar na moto pra dar a partida.
  Chegamos à prisão sem trocar uma palavra. Entregamos as coisas a eles e cada um foi pro seu canto, em pouco tempo escureceu, eu não tirava aquela droga de beijo da cabeça, então decidi ir falar com Daryl. Querendo ou não, ele ia ter que me explicar. Fui até a cela dele, mas parei perto da entrada ao ver que já tinha alguém lá falando com ele. Me escondi um pouco pra ver o que acontecia e era Carol, perto de Daryl, perto até demais, considerando o fato de que ela estava quase beijando-o, eu considero isso bem perto.
  Saí de lá e voltei pra minha cela, eu não precisava ter que ver aquilo, agora entendia porque Daryl queria esquecer. A namoradinha dele não ia gostar de saber. Nada contra Carol, ela é legal e tudo mais, e bem que desconfiava que ela tivesse uma queda pelo Dixon, mas não imaginava que eles realmente tivessem algo.
  Não que isso me importe.
  A quem eu quero enganar, me importa e muito.
  Mas ninguém precisa saber.
  Meggie veio falar comigo.
  - O que houve?
  A olhei fingindo não entender.
  - O que?
  - Lá fora. Você e Daryl estavam bem até antes de sair, mas voltaram agora emburrados, Daryl está num mau humor e você está aí, sem falar com ninguém. Anda, me conte.
  Eu poderia não contar a ela, mas conhecendo Maggie, ela ia virar essa prisão abaixo até eu contar o que houve, então contei, não tinha nada que esconder dela.
  - Eu sabia! Sabia que tinha algo com vocês dois.
  Suspirei.
  - Não tem nada Maggie. Nada. Foi só uma coisa, sei lá, talvez estivesse com falta da namoradinha dele e acabou fazendo isso.
  - Namorada? – Ela me olhou com cara de “tá doida, menina?”.
  Contei a ela sobre a linda cena que tinha visto.
  Ela parecia chocada.
  - Nossa.
  - Pois é.
  - Mas ...
  - Sim?
  - Você não viu a cena inteira, pode não ter sido nada demais.
  - Mas isso não é da minha conta. Vamos esquecer isso.
  - ...
  - Não, Maggie.
  - Mas...
  - Não.
  - Você sabe que você...
  - Não.
  - Você gosta dele.
  - Boa noite Maggie. – Me virei deitando e me cobrindo para dormir.

Capítulo 5 - Merda

  Já se passaram duas semanas desde o fatídico beijo e nessas duas semanas tudo que eu e Daryl fazemos é brigar, feio, de quase sairmos no tapa como da outra vez, então voltamos ao que fazíamos no início, pra nos suportamos, fingimos que o outro não existe e só falamos um com o outro se necessário. Rick e Glenn haviam saído pra fazer buscas dessa vez, ninguém se arriscou a pedir que eu e Daryl fossemos.
  Quando voltaram, veio à surpresa. Um rapaz estava com eles, aparentava ter seus 21 anos, por aí, muito bonito, cabelos pretos, olhos verdes, cheguei à conclusão que o mundo começou a acabar e só os caras bonitos estão sobrevivendo.
  - Esse é o Peter, ele nos ajudou com alguns walkers enquanto buscávamos algumas coisas. –Rick o apresentou.
  O rapaz já me olhou e sorriu.
  - E como sabe que ele pode ser confiável? Sabia que não se pode trazer qualquer um pra ficar conosco, Rick? Lembra quando se juntou a nós? Tivemos que verificar sobre ela antes mesmo dela acordar, como traz um cara assim do nada? – Daryl parecia um pouco alterado.
  - Daryl, ele quase morreu pra nos ajudar, literalmente, ele quase foi mordido e estava sozinho, também não podemos deixar todos que encontramos pra trás por desconfiança. – Glenn tentou argumentar, mas pela cara de Daryl, ele só não levou um soco porque Maggie estava do seu lado.
  - Se eu for causar problemas posso ir embora. – Peter parecia sem graça com a situação.
  Daryl revirou os olhos e saiu bufando, Carol foi atrás dele, ui, ficou nervosinho e a namorada foi acalmar.
  Peter se apresentou a todos adequadamente e cada um voltou a fazer o que estava fazendo, eu estava ajudando Carl a treinar, ensinando uns golpes a ele e Beth que queria deixar de ser “indefesa” e perguntou se podia entrar no treino. Carl aceitou óbvio, eu via como ele olhava pra ela, sorri internamente e continuei a treiná-los, Hershell assistia tranquilamente vendo os avanços da filha na autodefesa e provavelmente para ver se eu não iria machuca-la, ele sabe que eu não faria nada de propósito, mas sabe que quando me irrito passo um pouco dos limites. Mas eu estava tranquila, minha irritação só aparecia quando Daryl estava entre, no mínimo, 20 metros de distancia de mim.
  Enquanto observava Carl e Beth fazendo alguns movimentos Peter se aproximou sorrindo.
  - Oi.
  - Oi. – O olhei.
  - Eles estão indo bem. – Disse olhando Beth e Carl.
  - Ah sim, pelo menos o básico pra torcer o pescoço e se libertar se forem presos eles tem que saber. – Sorri como se aquilo fosse à coisa mais natural do mundo de se ensinar a uma criança e uma adolescente.
  Ele riu e me olhou.
  - Tem razão.
  Carl e Beth terminaram e voltaram pra dentro pra descansar conversando animadamente, andei um pouco pra frente, a fim de tomar um ar. Não aguentava ficar muito lá dentro, Peter me seguiu e continuamos a conversar, ele era bem legal e viramos amigos rapidamente, ele me contou que eu lembrava a namorada dele, por isso me olhou tanto quando me viu e que sentia falta dela. Ele não sabia se ela estava viva ou não, mas tinha esperanças de encontra-la ainda, disse que ela era boa e que tinha notado a raiva de Daryl e perguntou se ele era algo meu, contei a ele a situação, ele riu dizendo que no fundo isso era amor reprimido. Revirei os olhos e depois resolvemos entrar e todos estavam preparando o jantar, sopa de alguma coisa que Daryl encontrou, falando nele, foi só eu entrar que ele me puxou pra um canto.
  - O que foi Dixon? – Nos tratávamos pelo sobrenome quando estávamos na fase de ignorar.
  - Não acha melhor saber as coisas sobre uma pessoa antes de ficar tão amiguinha dela? – Ele parecia nervoso.
  - Do que está falando? – Então raciocinei. – Está falando do Peter?
  Ele bufou.
  - Lógico, mal conhece o cara e já fica passeando com ele por aí?
  Ele estava com ciúmes ou era impressão minha?
  - Sim, acho que todos temos o direito de ter o amigo que quiser, não é? Ele é meu amigo assim como Carol é sua amiga. – Sorri cínica.
  - O que Carol tem haver com isso?
  - Nada, só usei como exemplo. Ela é uma amiga especial, não é? Peter é um amigo pra mim também.
  - É, mas isso não tem nada a ver, conheço Carol há tempos.
  - Oh, se conhece.
  - O que quer dizer?
  - Conhece bem, deve até dar uns pegas nela de vez em quando.
  - Ficou maluca, garota? Isso nunca aconteceu. Sem falar que você não tem nada que querer saber essas coisas.
  Ele parecia falar a verdade, mas dei de ombros.
  - Nem você de querer saber as minhas.
  Me virei e o deixei lá com cara de tacho, fui até Peter para conversarmos e percebi que tinha um clima de tensão ali.
  - O que houve? – Perguntei logo.
  - Remédios. Estamos sem. E não podemos arriscar a ficar sem nada até que alguém fique ferido.
  Suspirei.
  - E deixa-me adivinhar, eu estou cotada para a busca, não é?
  Rick me olhou como quem pede desculpas.
  - Sabe que é uma dos melhores em busca aqui, você, Daryl e Glenn são os melhores.
  - É, tô sabendo. – Sorri torto pra fazer com que ele se sentisse melhor.
  Maggie olhou Glenn preocupada, eu a entendo de certa forma. Mas acho que apenas eu notei porque a conheço bem demais.
  Mas Peter também notou.
  - Eu posso ir no lugar do Glenn, sobrevivi bem lá fora porque sabia buscar as coisas sem ser pego.
  Todos olharam Peter.
  - Você? Fala sério! – Daryl o olhou debochado.
  - Assim posso provar que sou fiel a esse grupo. – Peter o encarou, uh, treta.
  - Não acha que está se achando demais não? – Daryl ia se aproximando dele quando entrei no meio.
  - Ei, ei, ei, distancia pra conversar, preciso de vocês inteiros pra busca.
  - Glenn se importa em trocar comigo? – Peter ignorou Daryl que reclamava baixo.
  Maggie olhava Peter agradecida, Glenn sorriu de leve, estava aliviado, eu imagino como ele se sentia agora.
  - Não, tudo bem.
  Rick nos olhou e por fim assentiu.
  - Boa sorte.
  Tivemos que pegar o carro já que éramos três e seguimos mesmo com Daryl reclamando que ainda queria pegar a moto e deixar Peter pra trás.
  E em alguns minutos lá estávamos nós de novo naquela cidade estranha. Daryl pegou sua besta e saiu à frente, nos deixando pra trás. Peguei meu arco e corri atrás dele com Peter um pouco mais pra trás de nós.
  - Dá pra esperar? Temos que ficar juntos se não entendeu.
  - Não se preocupe, seu amiguinho te protege. – Ele mal me olhava.
  - Se eu não te conhecesse bem diria que está com ciúmes, Dixon. – Sorri de lado.
  Ele apenas parou me olhou e voltou a andar.
  Isso iria ser divertido.
  Entramos numa farmácia abandonada, era das grandes, tinha alguns walkers próximos às prateleiras, mas acabamos com eles rápido e então descobrimos algo nada legal.
  - Os remédios não estão aqui. – Peter disse bem preocupado.
  - Tem uma porta ali atrás, deve dar aos laboratórios. – Apontei a uma porta nos fundos que levava a uma “segunda farmácia”.
  - Deve estar infestado. – Daryl suspirou.
  - Temos outra opção? – Os encarei e ambos ficaram em silencio. – Vamos.
  Entrei na frente com os dois logo no meu encalço, me senti com dois seguranças, as portas eram daquelas de vidro, fomos olhando por elas até que vimos que o corredor em que viemos atrás agora estava cheio e haviam aparecido alguns a frente, merda.
  - Ninguém se move. – Daryl sussurrou.
  Ficamos ali parados. Se andássemos mais, mesmo que pra voltar íamos fazer barulho, eles estavam perto agora, mas como o mundo parece nos odiar, um dos walkers atrás de nós encostou em Peter sem que ele visse e no susto ele pulou e bateu contra uma das portas, o que fez um som estrondoso considerando que ecoou pelo corredor, todos os walkers fizeram aquele barulho estranho e vir na nossa direção. Não tivemos tempo pra pensar, fomos a frente acertando os que tinham mais próximos, não deu tempo de bolar um plano nem nada, apenas corremos,virei a direita e vi uma sala com porta aberta e vazia logo a frente, entrei e quando eu virei pra trás pra fechar a porta eu estava sozinha.

Capítulo 6 - Sacrifício

  POV Daryl

  Depois daquela porcaria nos ferrar, saímos correndo, batendo em tudo que vinha pela frente, viramos à esquerda e havia uma sala vazia entramos e fomos barricando a porta pra pensar em como fazer pra sai dali, foi quando olhei pra trás pra perguntar se alguém tinha ideia que notei outra merda.
  - Cadê a ? – Meu tom de voz já se alterava pra nervoso.
  Peter olhou ao seu redor visivelmente preocupado também.
  - Droga, ela deve ter ido pra outra direção enquanto corríamos.
  Merda, mil vezes merda, onde essa garota se meteu? Peguei Peter pela gola da camisa levantando-o.
  - Se alguma coisa acontecer com ela eu acabo com você, porque foi graças ao seu ataque de histeria que estamos aqui.
  Ele engoliu em seco e se soltou me encarando.
  - Qualquer um se assustaria, ela deve estar bem. É esperta, mais que nós dois juntos se bobear, aliás, se está tão preocupado porque não diz logo a ela que gosta dela?
  O cara deve ter perdido a noção do perigo, as vezes acontece. Muita pressão deve deixar as pessoas retardadas.
  - Está maluco?
  Ele suspirou.
  - Vai me dizer que é mentira? Eu percebo as coisas.
  E eu decidi que ia ignorá-lo.
  - Ok, vai me ignorar, mas vou continuar falando, não pode deixar de me ouvir. Vi como olha pra ela, é como se tivesse vontade de estar perto dela o tempo todo, mas não sabe como fazer isso, tem medo de alguma coisa. Sei como é porque me sentia assim antes de finalmente ter minha namorada, cara, nessa merda toda que estamos você tem que valorizar as pequenas coisas que te fazem bem, dane-se seja lá qual for o motivo que te impede de dizer a ela, aproveite cara, quando você a vê sorrir pra você vai valer a pena.
  Continuei fingindo que não ouvia.
  - Ela sente o mesmo.
  Me virei pra ele.
  - Por que está dizendo isso?
  Ele sorriu de lado.
  - Ela me disse.
  O encarei por alguns segundos. Aquilo era verdade? Eu me sentia meio estranho em relação a aquela garota marrenta sim, mas resolvia ignorar, já que vivíamos discutindo e ela não parecia retribuir, sem falar que sempre achei que fosse perda de tempo isso na situação em que estamos.
  - O que ela te disse? Deu pra inventar as coisas agora, é?
  - Não inventei nada, Daryl. Ela me disse de todos os momentos que já tiveram, entre brigas e até beijo – O encarei mortalmente, mas ele nem se importou, já sorria por ter conseguido minha atenção. Bufei e ele continuou: - chegou a admitir que se sentia confusa em relação a você, mas que você parecia não ligar pra isso e vi que você ficou com ciúmes de nós, por favor Daryl, não insulte a minha inteligência, até a Maggie já notou!
  Fiquei em silencio por alguns segundos, é a coisa estava feia Daryl, se duas pessoas já notaram que você, um homem, está caído por uma garota, que poderia ser sua irmãzinha, a que ponto chegou. Pensei em quando Sophia havia sumido tudo que Carol passou quando Lori morreu e Rick pirou, e quando a mãe de Beth morreu também e ela quase se matou, todos sofreram, mas se agarraram a qualquer coisa que os fizessem bem pra continuar. Ele tinha razão, não era perda de tempo, eu precisava encontra-la.
  - Talvez tenha razão.
  Ele ia dar um sorriso convencido quando ergui a mão.
  - Comece a se achar, diga que estava certo ou qualquer coisa do tipo e eu te jogo pros walkers.
  Ele fechou a cara, mas riu de leve.
  Ia falar alguma coisa quando ouvimos um barulho de vidro sendo estourado.
  - . – Foi tudo o que conseguir dizer já preparando minha besta.
  - Como vamos sair se atrás dessa porta está cheio deles? – Peter franzia a testa nervoso.
  - Vamos dar um jeito, tenho certeza que isso foi ela, deve estar com problemas, não podemos deixa-la sozinha assim. – Abri a porta e vários walkers já caiam em cima, fui enfiando a faca na cabeça deles e Peter ajudava, conseguimos sair, acertando a cabeça dos que encontrávamos pelo caminho. Não havia tantos, o que significava que o barulho tinha atraído eles e estava mais encrencada do que eu imaginava. Corri pro corredor do lado oposto do que estávamos e pude ver vários walkers batendo contra a parede que tinha o vidro quebrado e eles tentavam desesperadamente passar pela parte que antes tinha o vidro, mas eram muitos e ficaram entalados. Às vezes alguns conseguiam passar, mas era de um ou dois no máximo, não conseguia ver , mas ouvia o som das flechas ou facadas. Ela estava lá, presa, precisava tirar aquela horda dali.
  Tive uma ideia meio arriscada, mas era não tinha muito tempo pra pensar, entreguei minha besta para Peter e mandei ele me cobrir. Peguei a faca que tinha e comecei a bater em qualquer coisa de metal que tivesse por ali, consegui chamar a atenção de alguns que saíram da roda que cercava a sala de e vieram atrás de mim, Peter atirava neles antes que chegassem perto demais, mas não foi o suficiente pra que pudéssemos passar, eles ainda estavam desesperados em pega-la. Voltei até Peter pegando a besta de volta. Os sons de flechas pararam merda, as flechas dela devem ter acabado.
  - Vou entrar. – Disse pegando a besta de Peter e indo em direção à horda, comecei a atirar em alguns e Peter começou as facadas pra me ajudar, alguns viraram pra gente e outros continuavam a tentar entrar, foi quando consegui ter uma visão da sala que entendi o porquê, estava sangrando, era o cheiro de sangue que estava agitando tanto eles.
  - Merda, merda, me cubra. – Apenas gritei pra Peter, derrubei dois walkers com a faca e consegui empurrar outros, pulando pra dentro da sala onde estava sentada no chão encostada a parede com um pedaço de vidro grande atravessado em sua barriga, ela estava pálida, puta merda. Ela não ia aguentar muito tempo, estava perdendo muito sangue.
  Ela me olhou suspirou.
  - Os remédios estão numa caixa em cima daquela mesa – Ela indicou com a cabeça uma mesa ao lado onde tinha uma maleta. - Pegue e vá embora com Peter.
  Revirei os olhos.
  - E te deixar aqui, como a mártir que leva o credito da missão? Nunca.
  Rapidamente a peguei no colo e peguei a maleta, onde antes vários walkers se espremiam pra poder entrar na sala não tinha nada, Peter era eficiente. Sai e olhei pro canto do corredor, onde Peter estava limpando o caminho de saída. Ele se virou pra nós e viu o estado de em meus braços.
  - Oh merda, não vai dar tempo de limpar tudo antes pra você sair, você precisa levar ela agora, ela não vai aguentar. – Ele apontou pra uma porta próxima a ele – Fique aqui e não faça barulho, eu vou atrair eles pra mim e você sai com ela por essa saída, o carro está bem embaixo daqui, só vai ter que pular com ela, me desculpe.
   se remexeu em meus braços.
  - Você não pode ser isca... São muitos. – A voz dela estava fraca, isso me preocupava.
  Ele sorriu para ela.
  - Eu estou ferrado de qualquer jeito, . –Ele esticou o braço esquerdo onde tinha uma mordida feia, droga. – Então vou ter uma ultima utilidade e salvar vocês.
  - Peter... – A voz dela começou a ficar embargada, vi que ela queria chorar, mas não tinha forças nem pra isso.
  - Shhh, vai ficar tudo bem, Daryl vai cuidar de você. –Ele me olhou significativamente. – Cuide bem dela.
  Apenas assenti com a cabeça e ele saiu com um pedaço de ferro batendo em todas as paredes e vidros que tinha me encostei com no canto da porta e enterrei o rosto dela em meu peito para que o som do choro dela não os atraísse pra nós, vários walkers passaram a nossa frente seguindo o barulho de Peter, ele foi corajoso e se sacrificou por ela.
  Assim que os walkers sumiram de vista, abri a porta devagar e coloquei no chão, Peter estava certo, o carro estava bem embaixo daquela sacada, o duro seria descer dali, a olhei, ela tinha parado de soluçar, tinha os olhos vermelhos apenas, quase fechando.
  - Ei, ei, olhe pra mim, não feche os olhos, estamos quase lá, aguenta firme, eu vou precisar te pedir uma coisa, você vai precisar ter força agora.
  Ela forçou os olhos a ficarem abertos e me olhou.
  - Preciso que consiga se pendurar na sacada, só isso, eu vou descer antes e te pegar lá embaixo, se te descer primeiro você pode cair e se machucar mais, acha que consegue?
  Ela apenas balançou a cabeça afirmativamente, detestava ter que vê-la daquele jeito e ainda ter que deixar ela se esforçar, mas não tinha outro jeito, a deixei sentada bem na beira da sacada e pulei com a maleta caindo com tudo no chão, doeu um pouco, mas nada demais, já abri o carro e joguei os remédios lá dentro voltando pra debaixo da sacada.
  - Vamos , você consegue.
  Ela respirou fundo e começou a se pendurar na sacada, via as caretas de dor que ela fazia, isso acabava comigo, então ela se desequilibrou e caiu, por sorte consegui pegá-la a tempo, os olhos dela começaram a se fechar de novo, corri com ela pro carro a colocando no banco do carona e prendendo com o cinto, fui pro meu lugar e comecei a dirigir feito um louco.
  - mantenha os olhos abertos, olhe pra mim, me xingue, faça qualquer coisa, mas não feche os olhos por favor. – De vez em quando eu a olhava preocupado.
  Surpreendentemente ela sorriu.
  - Por que está sorrindo garota? Enlouqueceu de vez? – Eu tentava mantê-la acordada.
  Ela me olhou sorrindo.
  - Você me chamou de . – E então ela fechou os olhos.

Capítulo 7 - Eu não poderia desistir.

  Eu devia estar parecendo um louco pior que o Rick quando Lori morreu, porque quando cheguei à prisão com ensanguentada e inconsciente nos braços todos já correram para ajudar e não perguntaram nada, nem sobre a ausência de Peter, já deviam saber que quando uma pessoa não volta de uma saída ela não vai voltar mais, Hershell logo começou a tratar de e eu andava de um lado para o outro esfregando os cabelos, logo perguntaram o que havia acontecido e eu contei tudo, inclusive do sacrifício de Peter. Todos se calaram por um instante e concordaram que ele havia sido muito corajoso, então Hershell se aproximou.
  - Por sorte havia ótimos antibióticos nessa maleta, eles ajudaram a tratar de uma possível infecção que ela teria pelo vidro, mas... Ela perdeu muito sangue, Daryl. –Ele me olhava com aquela cara de “me desculpe”.
  - Deve ter alguma coisa que possa fazer, não dá pra, sei lá, dar sangue pra ela? – Eu já estava desesperado, Maggie tentava me acalmar, mas ela estava tão nervosa quanto eu.
  - Não sei o tipo sanguíneo dela, não posso simplesmente ir colocando qualquer sangue, sem falar que não temos equipamento adequado pra isso, tenho algumas coisa que trouxe da fazenda quando cuidei de Carl, mas seria um pouco arriscado para o doador, pode causar infecção, perda de sangue, não sei.
  O encarei.
  - O meu sangue é O negativo, é aquele doador universal, não é? Eu posso doar.
  Ele me olhou surpreso.   - É sim. Claro, podemos usar o seu, mas é arriscado, Daryl. Você pode acabar mal nisso.
  - Foda-se, vamos logo Hershell, ela não pode esperar. – Ele suspirou vencido e me levou pra um canto da cela onde pediu algumas coisas a Maggie que logo trouxe, ele fez uma gambiarra muito boa com alguns tubos, furando meu braço e encaixando dele e colocando a outra ponta em uma bolsa de plástico e foi bombeando, eu apenas via a bolsa se encher daquele liquido vermelho e implorava para que aquilo desse certo.
  Assim que a primeira bolsa se encheu ele logo foi conectar o tubinho ao braço de , pois disse que ela não podia perder muito tempo, então ele tirou a segunda bolsa e parou tirando os tubos de mim.
  - Só isso? Ter certeza? – O olhei.
  - Sim Daryl, o caso de é menos grave que o de Carl, já que no caso dele eu tinha que fazer um tipo de cirurgia pra tirar a bala, então ele perdia mais sangue no processo, no dela foi só tirar o vidro, o problema foi o sangue que ela tinha perdido de lá até aqui, mas acho que já vou conseguir normalizá-la. Demos sorte que não deu nada errado.
  Ele deu uns tapinhas no meu ombro e mandou que eu descansasse, eu continuei sentado ao lado de onde estava toda entubada e fiquei olhando-a e pensando em tudo que Peter havia me dito, eu quase a perdi agora e não podia arriscar. Ele tinha razão, vou me prender a um dos motivos que a vida me dá pra continuar, fiquei nesses pensamentos até que dormi.

  POV

  Abri os olhos devagar me acostumando com a luz, onde estava? Havia algo em meu braço que me incomodava e olhei, um tubo estava improvisado ali e estava ligado a uma bolsa de sangue, foi quando flashes vieram a minha mente, a farmácia, tentamos correr, nos separamos, os walkers me encurralaram, Peter se sacrificou, Daryl me tirando de lá e me chamando de .   Foram muitas lembranças de uma vez que minha cabeça até doeu, senti vontade de chorar novamente ao me lembrar de Peter, mas eu tinha que ser forte, eu já devia estar acostumada a perder as pessoas, pensava que sim, mas na verdade eu não estava. Suspirei ainda incomodada com aquele tubo, fiquei cutucando ele até que uma mão segurou a minha.
  - Não devia mexer nisso, sabe? Foi o que te manteve viva.
  Olhei para Daryl com um grande ponto de interrogação na cara, o que ele estava fazendo ali?
  - O que aconteceu comigo? Por que esta aqui?
  Ele coçou a cabeça um pouco fazendo careta.
  - O vidro em sua barriga fez você perder muito sangue, você quase morreu mesmo, precisou de duas bolsas de sangue para te manter estável até se recuperar. – Ele me olhava com uma expressão calma.
  - Espera aí, de onde tiraram duas bolsas de sangue? Ainda mais do meu tipo?
  Ele pareceu ficar sem graça, ok, Daryl Dixon sem graça, o mundo não está mais fazendo sentido mesmo.
  - Eu doei, não era o mesmo tipo, mas meu sangue é aquele doador universal, sabe? – Assenti e ele continuou. – Então, salvei sua vida de novo. – Ele sorriu convencido.
  - É, mas você devia ter me deixado, da ultima vez disse que não valeu tanto a pena assim ter me salvado antes. Sem falar que você poderia ter morrido enquanto ia me tirar da sala, sem falar quando desmaiei no carro, poderia estar morta e me transformar e te atacar, por que se arriscou pra me salvar?
  Ele olhou para o lado e depois voltou a me olhar suspirando.
  - Eu mudei de ideia.
  Continuei encarando-o, arqueei uma sobrancelha mostrando que esperava uma resposta mais convincente.
  - Depois que te vi sorrir soube que não poderia desistir de você. – Ele me olhava nos olhos e acho que nesse momento eu me derreti inteira, pois já não sentia nada, só uma sensação estranha na barriga e ele abaixou a cabeça encarando o chão. Merda, eu tenho que falar alguma coisa.
  - O que? – Eu devo ter algum problema mental, depois dessa eu mesma vou me atirar aos walkers.
  - Eu... Eu não sei direito o que está acontecendo , só sei que você mexe comigo garota, e não sei mais como controlar isso, sim, senti ciúmes de você com o Peter antes, afinal também sou humano, não? Eu não sou bom com palavras, muito menos em expressar sentimentos, você pode me ignorar depois de tudo isso e dizer que sou maluco, afinal você poderia ser minha irmãzinha e me atrai demais, eu vou entender se... –Revirei os olhos e o interrompi me erguendo um pouco daquela cama improvisada e tomando cuidado pra não puxar demais o tubo do braço o puxei pela nuca colando meus lábios aos dele, ele pareceu surpreso, mas não demorou muito e logo aprofundou o beijo pedindo passagem com a língua que não demorou muito a ser cedida, uma mão dele estava em meu rosto e a outra apenas apoiada na minha cintura para me manter firme sentada. O beijo ia ficando cava vez mais intenso até que ouvimos um pigarro alto atrás de nós, nos separamos e olhamos meio sem graça para onde Rick e Hershell nos olhavam segurando o riso, Daryl se levantou se afastando um pouco, mas permaneceu ao lado da minha cama.
  - Bem, vim ver se estava melhor, mas vejo que está muito bem. – Hershell me olhava sorrindo e Rick deu uma risadinha olhando Daryl que apenas revirou os olhos e foi conversar com ele, eu podia jurar que estava mais vermelha que um tomate.
  Hershell terminou de verificar se estava tudo certo e viu que eu não necessitava mais daquele tubo, ainda bem. Ele logo tirou e disse que eu só precisava comer agora, pra repor as energias e logo já estaria nova em folha, agradeci e ele saiu, logo Maggie apareceu com uma sacola com roupas e um sapato novo pra mim que ela pegou enquanto saía com Glenn, já que Daryl se recusou a sair do meu lado enquanto eu estava inconsciente. Ela me arrastou até os banheiros pra me trocar e eu mexi na sacola e a olhei.
  - Onde foi que você encontrou essas coisas? Só pode estar brincando, né?
  Ela riu.
  - Na verdade estavam em uma casa, às lojas não estão com roupas em melhores estados e nem tem de todos os tamanhos, fui pegando o que mais combinava pra você ficar bem, não reclama! – Ela se fazia de ofendida, revirei os olhos.
  Era uma espécie de camisa daquelas bem grandes de baseball, basquete, ou sei lá do que era aquilo branca, uma daquelas meias grandes que vão até metade da coxa pretas, uma bota branca de cano curto branca com um salto que não era fino, ou seja, daria pra correr numa boa se necessário, uma touca preta e um colar de cruz, estiquei o colar e a touca pra ela arqueando a sobrancelha.   - Isso era realmente necessário? Maggie, precisamos de roupas apenas por precisar sabe, não vamos a um desfile ou coisa assim.
  Ela revirou os olhos.
  - Foi pra complementar, ok? E não tem nada demais querer ficar melhor aparentemente, já estamos na merda mesmo, aliás, sei que Daryl vai amar. – Ela riu maliciosa, desgraçada, joguei meu tênis todo surrado e rasgado nela e ela ainda ria.
  - Sei, aposto que Glenn também amou esse short aí, facilita a pegada, né? – Apontei para o short que ela usava e ela parou de rir ficando emburrada. Ela havia caprichado nela também, nem vou mais discutir sobre isso, se ela gosta fazer o que? Vou deixar ela ser feliz.
  - De nada. – Ela saiu emburrada e eu ri terminando de me trocar, realmente minhas roupas estava acabadas, rasgadas e sujas. Terminei e ia saindo do banheiro quando dei de cara com Daryl trombando nele que me segurou e me olhou de cima a baixo parecendo gostar do que via.
  - Hum, está muito, ahn... Bonita.
  - Obrigada. – Bonita, sei, não que eu goste de me gabar, mas eu sei que tinha um corpo bonito.
  É ambos estavam sem graça e sem saber o que fazer.
  - Sobre o que aconteceu na cela e o que eu te disse... Bem, eu não sei muito bem falar nem agir sobre essas coisas, mas, bem, estamos juntos? Quer dizer, você pareceu aceitar bem o que eu disse. – Ele sorriu, ele era charmoso, oh céus estou perdida.
  - É, eu acho que sim.

Capítulo 8 - Estamos no fim do mundo, aproveitemos.

  Estranho imaginar que agora eu e Daryl tínhamos algo, depois de tudo que passamos todas as brigas, mas é, tive que aguentar por um bom tempo Maggie dizendo “eu bem que te avisei” ou “eu sabia” e Glenn concordando com ela, todos os outros ficaram felizes, exceto Carol, ela não parecia animada com isso e deu pra implicar comigo agora, considerando o fato que ela reclama de tudo que eu faço e agora está reclamando da minha roupa.
  - Não que eu esteja dizendo algo sobre você, mas esse tipo de roupa não é próprio para a situação em que estamos, é um pouco impróprio andar por aí assim não acha? – Ela me olhava com uma cara de bosta que eu tentava ignorar.
  - Ah, me desculpe Carol, da próxima eu mesma vou buscar as roupas e não vou esquecer-me de passar na seção “roupas para o fim do mundo”. – Eu já estava perdendo a paciência.
  Ela ficou sem mais argumentos, finalmente. Eu já ia voar nela, não pelo que ela falava, eu nem estava ligando pra isso, era porque eu sabia que a implicância dela comigo era porque estava com ciúmes do Daryl. Já não basta estarmos no fim do mundo e a mulher fica com drama mexicano pra cima de mim, mereço. Às vezes eu via que ela se arrependia do que falava e parecia querer me pedir desculpas, mas segurava firme. Ok, então, né?
  Ela saiu irritada e Maggie que ficou sentada apenas olhando a confusão apenas ria.
  - Você adora uma briga, não é?
  Ela sorriu.
  - Não é isso, é que essas intriguinhas, os relacionamentos, tudo faz parecer que estamos numa situação “normal”, quase como se o mundo não estivesse acabando lá fora.
  Apenas assenti, ela tinha razão, era bom isso até, nos fazia lembrar de como é realmente a vida, sorri de lado e suspirei lembrando da minha vida antes disso, até que sinto alguém beijar meu ombro e olho para o lado vendo Daryl envolver minha cintura.
  - Vamos tentar caçar algo?
  Assenti e me despedi de Maggie, é incrível como Daryl pode ser carinhoso quando quer, ele deve ser bipolar ou algo do tipo.
  Fomos pra mata, conversávamos e riamos durante o caminho, era bom me sentir assim de novo, viva, antes eu apenas existia, sobrevivia agora se pode dizer que eu estava vivendo de novo. Começamos a procurar pelos animais e nada, Daryl suspirava frustrado e eu segurava o riso, era engraçado ele chutando pedras ou qualquer coisa a frente dele irritado por não conseguir pegar o “maldito esquilo frenético” como ele resmungava. Me levantei e fui até ele.
  - Dá pra se acalmar? Assim é que eles não vão aparecer mesmo, você espanta os pobrezinhos.
  Ele bufou.
  - Sou tão feio assim?
  O olhei bem e mordi o lábio e suspirei.
  - Definitivamente não.
  Ele riu e então avistamos uma espécie de cabana, ficamos alerta e entramos, não havia nada lá, só objetos revirados, cheios de poeira, uma cama desarrumada, coisas pelo chão, quem estava aqui abandonou esse lugar há muito tempo.
  Ele sorriu abraçou minha cintura e beijou meu pescoço.
  – Da ultima vez que viemos caçar você disse que eu estava com falta de mulher e que eu era uma mulherzinha, fiquei devendo te provar o contrário, não é? - e então me beijou de forma que não havia me beijado antes, ele me desejava. Senti suas mãos passarem por baixo da minha blusa a erguendo com calma, eu estava comemorando mentalmente por isso. E então ele cortou o beijo soltando minha blusa – Desculpe. Eu não quero te forçar a nada...
  - Mas... Você não está me forçando... – Disse frustrada. Ok, tem hora pra ser fofo Daryl, não é agora.
  - Não, eu não quero que faça isso por mim, quero que se sinta a vontade.
  - Daryl...
  - Por que depois... - O calei com um beijo, não era mais criança, eu queria aquilo. Eu levantei a blusa dele, paramos o beijo e ele a tirou por completa jogando no chão. - Tem certeza?
  - Tenho!
  - Então vem... - ele me beijou enquanto andava, ele me prensou na parede beijando meu pescoço enquanto tirava minha blusa. Assim que tirou minha blusa, meu empurrou em direção à parede ao lado da cama. Ele novamente me prensou contra a parede e, enquanto nos beijávamos, eu tirei meus sapatos. Ele beijou meu pescoço, logo em seguida o colo de meus seios, a minha barriga e então ele voltou a me beijar, o empurrei de leve para tirar sua calça. Ele estava com uma boxer azul. Ele mordeu minha orelha enquanto sua mão abria o fecho do meu sutiã. Assim que o tirou, beijou meus seios me fazendo arrepiar, era ótimo. Senti sua mão tocar minha intimidade por cima da minha calcinha. Suspirei, sentindo aquele prazer. Ele me guiou até a cama e deitou sobre mim, deu um chupão em meu pescoço e tirou minha calcinha. Eu senti uma pontada de medo, e ansiedade. Ele mesmo retirou sua cueca sem precisar se levantar. Ele penetrou em mim, a primeira foi lenta e dolorosa. Mordi os lábios para não gritar, por que se abrisse a boca iria gritar pela dor que estava sentindo e não queria um walker interrompendo nosso momento. Ele se apoiava em suas mãos, provavelmente para não por todo seu peso sobre mim. E então, a dor passou e algo novo me invadiu, era um prazer incomparável. Ele começou a penetrar com mais velocidade, me fazendo gemer alto. Eu gozei, e segundos depois foi ele. Havíamos alcançado um orgasmo, e que orgasmo. Eu estava sentindo uma sensação ótima, foi melhor do que eu podia imaginar. Ele se deitou do meu lado ofegante. Eu me virei para ele, estava sorrindo involuntariamente. Ele me olhou e sorriu, segurou meu rosto e me beijou.
  - Pensei que achasse isso perda de tempo, já discutiu com Glenn várias vezes por isso. - Sussurrei.
  - Mudei de ideia, Glenn tem razão, estamos no fim do mundo mesmo, não custa nada aproveitar os pequenos prazeres da existência. – Eu ri, Daryl filosofando era demais, ficamos alguns minutos deitados até que me levantei logo pegando as roupas e vestindo, ele me olhou confuso, sorri.
  - Infelizmente, nesse fim do mundo, temos que ficar alerta e não podemos ficar assim deitados pra sempre, então anda. – Joguei as roupas dele sobre ele e ele suspirou se vestindo também.
  Saímos de lá e, por sorte, encontramos alguns esquilos, pobrezinhos, Daryl mal os notou e já flechou os dois, ele disse que agora estava literalmente satisfeito, revirei os olhos e voltamos pra prisão, pra encontrar todos tensos, oh céus o que foi agora?
  - O que aconteceu? – Daryl entregou os esquilos a Beth e todos nos olharam.
  - Tem um grupo próximo daqui, eles viram Glenn e Maggie pela cidade, teve uma pequena confusão, discutiram, eles mexeram com a Maggie, Glenn ficou nervoso, mas os outros estavam em quatro e todos armados, por sorte eles conseguiram fugir e voltar pra cá. Provavelmente vão nos caçar já que sabem que tem sobreviventes próximos a eles.
  Estava demorando pra acontecer isso, enquanto o problema era só os walkers ainda dava pra gente se virar, agora vamos ter que nos virar contra os inimigos mais cruéis e perigosos existentes.
  Os vivos.

Capítulo 9 - Homens não aceitam bem a rejeição.

  Todos estavam tensos ao saber que possivelmente teria uma nova luta, uma luta mais difícil que a contra os walkers, considerando que eles não sabem manusear armas. Aos poucos todos começaram a relaxar um pouco, já que se passaram quase dois meses e nada, mas ainda assim não baixamos a guarda totalmente, afinal nunca se sabe, as brigas com Carol se encerraram definitivamente ontem já que Daryl teve que se meter dessa vez, foi engraçado.

  Flashback on
  - Você não se cansa não? – Carol veio com aquela cara de azeda atrás de mim que estava calminha comendo minha maçã de boas.
  - Do que? – Continuei comendo a minha maçã sem nem dar muita importância pra dinossaura.
  - De ficar se insinuando assim, não sente vergonha? Você é uma menina e fica se insinuando pra um homem, se jogando, por isso conseguiu Daryl, eu já ouvi gemidos de vocês uma vez, não se sente vulgar não? Ficar transando assim? – Ela me olhava nervosa. Ok, ela me chamou de vadia, agora me irritei.
  - Olha aqui minha senhora, eu normalmente não gosto de brigar a toa assim, mas você quem começou primeiro eu não fico me insinuando pra ninguém, diferente de você que faltava pular no Daryl sempre que o via, agora se você não o conseguiu e ele me preferiu não tenho culpa, querida. – Nisso Daryl se aproximou, ele tem um dom pra saber quando estou brigando.
  - O que acontece aqui? – Ele chegou já desconfiado parando ao meu lado, nisso Rick, Hershell e Maggie se aproximaram também, Glenn ficou com Carl, Beth e a bebê. Ótimo, estamos dando um showzinho.
  Carol logo olhou Daryl e respirou fundo.
  - Eu só estou falando pra ela tentar ser melhor, menos atirada, sabe? Tem coisas que não são adequadas para o momento, mas ela me desrespeita. – Desgraçada, ainda se faz de vítima.
  Eu ia abrir a boca pra falar algo, mas Daryl me impediu.
  - Carol, eu ouvi os gritos de vocês de lá, sei muito bem o que falou e foda-se, você não tem nada com a minha vida particular, nem a da , você é minha amiga e apenas isso, me desculpe, mas eu tenho liberdade pra transar com quem eu quiser, e quero com ela e ela comigo, estamos juntos, fim de história. – E saiu me puxando com ele, deixando todos segurando o riso, menos Maggie que ria sem se importar e Carol com cara de tacho.
  Flashback off

  Desde então ela não nos encheu mais, também, foi feio aquele fora, mas como eu disse, não tenho culpa, mas pra manter a paz parei de me pegar com Daryl por aí, não que a gente fizesse isso muito, Maggie e Glenn ainda ganham de nós, mas só pra não dar motivos pra ninguém reclamar.
  Me senti meio enjoada, ugh, eu tenho que parar de comer, já esta me fazendo mal, também, estava comendo tanto ultimamente que era natural ter esse efeito colateral, fui até Hershell pra ver se ele tinha alguma coisa que cortasse esses enjoos, como alguém caça desse jeito?
  Disse a ele o que sentia e ele me encarou.
  - O que foi? – O encarei de volta.
  - Está se sentindo assim há muito tempo?
  - Não, de umas semanas pra cá, mas o que isso tem a ver? – Eu só queria o remédio, não uma consulta.
  - Sua menstruação está vindo corretamente? – Ah, fala sério, eu só quero o maldito remédio e... Espera menstruação? A minha esta atrasada a um tempinho, mas... Oh não. Fiquei parada olhando-o e ele apenas sorriu de lado, percebeu que eu tinha entendido o que ele queria dizer, Maggie desconfiava disso, mas eu dizia que ela estava era ficando doida.
  - Tudo bem, eu fico quieto sobre isso, você quem diz. – Por que ele está tão feliz e tão certo disso? Pode não ser nada, é, tá, não tem como não ser.
  - Vou tomar um ar. – Ele me olhou assentindo e saí dali, puta merda, eu estou gravida? É isso mesmo? E agora? Eu sei o que aconteceu com a Lori... Ai meu Deus.
  Resolvi ir procurar algumas frutas, seria rápido e não precisava chamar ninguém pra isso, me enfiei pela aquela mata tão conhecida, pensar que foi ali onde Daryl me encontrou quase morta, ali perto onde tivemos nosso primeiro beijo e primeira vez, olha, mata das maravilhas, hein? Pensando em Daryl, não conseguia imaginar qual seria a reação dele a isso.
  Estava tão distraída com esse assunto que percebi tarde demais uma movimentação entre as árvores e corri pra me esconder e me defender do walker, mas pro meu azar não era um walker mas um grupo de homens, merda só pode ser o grupo que encontrou Glenn e Maggie tempos atrás, eles me viram e gritaram um “peguem ela”, droga, droga, droga, eu corria sem parar pra respirar, tentava me infiltrar pelas arvores, não tinha muito tempo pra atirar neles, poderia errar e só perder tempo, mas pro meu azar eles eram em mais, tinha mais de quatro, um deles estava pouco a minha frente e conseguiu me pegar, eu me debatia e esperneava, tentava feri-lo, mas não adiantou, ele tirou meu arco, minhas facas, entregou a outro cara e tudo que eu senti foi uma pancada na cabeça antes de tudo apagar.
  Quando abri os olhos estava amarrada numa espécie de poltrona de veludo, mas o que? Olhei pra frente e vi a última pessoa que gostaria de ver nesse fim de mundo.
  E de repente pequenos flashbacks vieram a minha cabeça, todos de uma vez.

  Flashback on
  Meus pais sorriam ao saber que eu tinha arrumado um namorado, eles estavam felizes por ser um rapaz que eles conheciam e que parecia gostar mesmo de mim, ele fazia tudo que eu queria, os agradava, nos despedimos e fomos dar uma volta, James havia pedido minha mão em namoro há alguns meses e pediu para que pudéssemos sair essa noite, meus pais deixaram, já que amavam ele, foi tudo perfeito, até a volta, quando ele parou o carro em frente a casa dele ao invés da minha, era tarde já, devia ser mais de uma hora da manhã.
  - James, o que está fazendo? Eu preciso ir pra casa, está tarde.
  Ele sorriu e começou a passar a mão pela minha perna.
  - Ah, gatinha, dá pra aproveitar bastante ainda. – Ele sorria malicioso e ia subindo a mão pela minha perna até que a segurei.
  - Não, está tarde e eu quero ir pra casa agora, por favor.
  - Ah, para de ser chata, vai. Só um pouquinho, deixa eu me divertir pelo menos uma vez garota, você não facilita, vai ter que ser a força! – Ele dizia vindo pra cima de mim, tentando desabotoar a minha blusa e ainda passando a mão em mim tentando colocar a mão sob a minha calcinha, já que estava de saia e me beijando, eu mordi o lábio dele com força e o chutei, até que ele se afastou.
  - Ai, tá maluca, garota?
  - Eu disse que não! Por favor, me leva pra casa. – Eu já estava começando a ficar assustada.
  - Você me machucou, agora é que não te levo, só levo se deixar eu me divertir um pouco. – Ele ia vir pra cima de novo quando o empurrei e sai do carro batendo a porta e correndo, por sorte tinha um ponto de táxi bem ao lado e por mais sorte ainda vinha um taxi, porque ele começou a correr atrás de mim, mas tive tempo de entrar no táxi cuspindo as ultimas palavras nele.
  - Acabou, e nunca, nunca mais me procure.
  Apenas tive tempo de ouvir que eu iria me arrepender e que eu era dele e sempre seria.
  Flashback off

  Se eu soubesse as consequências disso, eu jamais teria me envolvido com ele, e não falo só pela tentativa de estupro, quando essa merda toda começou... Meus pais... Meu irmão...

Flashback on
  Os noticiários avisavam do terror que estava nas ruas, as autoridades pediam pra que ficássemos em casa, mas eu sabia que não era o certo, aquelas coisas podiam entrar e acabar com a gente, a porta não era forte o suficiente pra detê-los. Minha mãe me abraçava com um visível pânico nos olhos, meu pai terminava de explicar algumas coisas sobre manuseio de arco para meu irmão, ele havia me ensinado também, desde que tudo começou ele queria que soubéssemos nos defender, mas antes não estava esse caos completo. Foi quando a porta foi estourada e uma várias daquelas coisas começaram a entrar, minha mãe gritou e tentou correr, mas um deles caiu sobre a perna dela, meu pai foi ajuda-la, mas ela foi mordida na perna antes, jorrava muito sangue do ferimento e nós não sabíamos o que fazer, eu e meu irmão começamos a derrubar alguns, mas aquilo não funcionava por muito tempo, eles voltavam a levantar, até que alguns tiros começara a atravessar a cabeça deles e James apareceu na porta sorrindo pra mim.
  - Você está viva, ainda bem. Vamos, vou te tirar daqui.
  Eu automaticamente fui pra trás do meu irmão que colocou o braço protetoramente a minha frente me colocando mais atrás dele.
  - Agradeço por ter nos ajudado. Mas ela vai ficar com a gente. – Foi meu pai quem falou, ele nutria raiva de James, eu havia contado o que aconteceu, não era pra menos.
  James apenas olhou com um ar de deboche para meu pai e depois pra minha mãe que tentava estancar o sangramento, apontou a arma para a cabeça dela e antes que eu sequer piscasse atirou, eu gritei e quando vi meu pai já estava em cima de James tentando soca-lo e outro tiro foi ouvido, meu pai caiu de joelhos com um tiro no peito, eu estava em choque, não conseguia ter reação, ele acabando com a minha família e eu sem reação nenhuma, apenas chorava, meu irmão também, logo James puxou meu braço e começou a me arrastar com ele dizendo que eu pertencia a ele e se quisesse sobreviver teria que ficar com ele, eu mal me movia, até que meu irmão pulou sobre James, com ódio no olhar, ele também chorava e gritava, eles começaram a brigar rolando no chão, até que meu irmão gritou para que eu corresse, eu finalmente acordei do transe e ia ajuda-lo quando ouvi outro tiro, meu irmão gritou novamente, não dava mais, apenas respirei fundo e corri o mais rápido que pude, consegui me camuflar entre a multidão desesperada pelas ruas, me escondi em uma espécie de galpão onde chorei tudo o que tinha pra chorar e esperei a poeira abaixar pra poder arrumar algo pra comer e começar a treinar, eu teria que me virar dali pra frente e estava sozinha agora.
  Flashback off

  - Eu disse que você ainda iria voltar pra mim, você é e sempre foi minha, . – James sorria com um brilho louco no olhar.

Capítulo 10 - Jamais desafie a vida.

  POV Daryl.

  Havia acabado de voltar de uma volta que tinha dado com Rick para ver se encontrávamos algum outro lugar, os tais caras que atacaram Glenn e Maggie não deram sinal, mas ainda assim a prisão poderia não ser segura por muito tempo e sabíamos disso, assim que chegamos fui procurar a minha pequena encrenqueira, nunca vi uma garota gostar tanto de briga como , parece estranho até falar assim, mas aquela garota havia me pegado de jeito, não havia como negar.
  Voltei e a atenção de todos se voltou pra mim, ele me olhavam preocupados e com pena, o que aconteceu?
  - O que foi? Tem alguma coisa na minha cara? – Bufei.
  Hershell foi o primeiro a falar.
  - sumiu.
  Demorei um pouco pra absorver aquelas palavras, ele só podia estar brincando.
  - Como sumiu? – Minha voz já aumentava de tom e eu já começava a apertar os punhos.
  - Não sei, ela veio conversar comigo sobre algumas coisas, não se sentia bem, foi tomar um ar e não voltou mais. Já se passaram cinco horas Daryl, escureceu e nada. E Carl disse que ouviu movimentação pela mata, havia pessoas por ali.
  - Merda. – Gritei chutando a cadeira a minha frente. – Eu vou procura-la, vou encontra-la. – Eu tentava me acalmar, mas eu sabia que aquilo era mentira, os outros também, eu estava visivelmente nervoso, ela não sumiria tanto tempo sem avisar ninguém e seria facilmente encontrada.
  - Bom, sei que não é certo eu dizer isso, ela quem deveria dizer, mas isso complica muito mais o fato dela estar sem nós, Daryl, ela está um tanto quanto mais frágil agora.
  O encarei, o que ele queria dizer? Ela estava doente? Sério que tem como piorar vida?
  - Ela está doente? Ferida? – Já começava a me preocupar mais.
  - Não exatamente... Bem... – Ele parecia não saber como dizer.
  - Ela está grávida. – Foi Maggie quem interrompeu.
  Nota mental: Jamais desafie a vida.
  O silencio dominou a sala por alguns segundos, eu tentava absorver isso ainda, grávida? Eu deveria sorrir nesse momento, mas pensar que ela pode estar em perigo não permitiu. Cara eu devia ser realmente bom, nem tivemos tantas vezes como Maggie e Glenn e consegui fazer isso. Mas isso era preocupante, ela estava bem mais frágil agora como Hershell falou, eu precisava encontrar a minha menina, cuidar dela e da coisinha que viria agora, quem diria eu pai? Merle me chamaria de baitola se ouvisse meus pensamentos agora, mas foda-se. Peguei minha besta e ia me preparando pra sair quando Rick me segura.
  - Aonde vai?
  - Encontrá-la.
  - Não sabe onde ela está Daryl, precisamos de um começo, não pode rodar sem rumo. – Hershell dizia tentando me acalmar.
  - Ela está sozinha, provavelmente em perigo, com um filho meu na barriga, não vou deixar que ela se machuque, eu dou um jeito de rastreá-la, sou caçador. – Apenas encarei-os e ia sair andando quando Carl aparece, nem notei que ele não estava ali. Ele parecia ofegante, estava correndo.
  - Fui pra mata tentar rastrear alguma coisa dela, encontrei alguns troncos furados, garrafas jogadas e parecia há pouco tempo, comecei a seguir um pouco e ouvi dois caras conversando, eles diziam ter adquirido uma nova e bela integrante a comunidade deles. Eles pareciam estranhos. – Nessa hora meu sangue ferveu, nem esperei, sai pela porta correndo apenas ouvindo e ignorando Rick dizendo quão maluco eu era, mas ele me seguia, apenas continuei andando xingando baixo tentando não pensar no que eles poderiam pensar em fazer com a minha menina, eu mato eles, um por um, sem dó.
  Eu adentrava a mata numa velocidade que jamais pensei que fosse capaz de atingir, Rick me seguia em silencio, andamos por um bom tempo e eu começava a me preocupar, não havia nenhum sinal de pessoas por ali, mas não desistia, andamos mais um pouco até que ouvimos sons e nos escondemos, espiei e havia uns três caras ali, falando idiotices, eu apertava a besta com tanta força que devia estar quase quebrando-a, Rick tentava me acalmar, mas era inútil, logo eles falaram que precisavam voltar para a “cidade”, cidade? Woodbury de novo? Eles iam subir numa caminhonete, precisávamos segui-los e a pé com certeza não daria então fiz um sinal para Rick e partimos pra cima deles, começaram os tiros, eu logo acertei um deles na cabeça deixando aquilo mais justo, começamos a brigar e Rick conseguiu acabar com o seu também, restou um, eu o derrubei segurando-o pelo pescoço no chão e coloquei a arma em sua cabeça.
  - Vai nos levar a essa tal cidade de vocês.
  - Não. – Ele tentava se soltar, mas não conseguia.
  - Olha, estou sem paciência, louco pra sair matando, se gosta de continuar vivo já que deve ter lutado muito pra estar vivo agora é melhor nos levar até lá. – Eu comecei a ameaçar apertar o gatilho e ele se rendeu.
  - Não, não, não, por favor, eu levo. – O levantei amarrando-o e jogando-o dentro do carro ao lado de Rick que já havia entrado e me sentei ficando de olho nele que ia falando o caminho enquanto Rick dirigia. Chegamos mas ficamos longe, quem que pudessem nos ver e pude analisar muito parecida Woodbury, os portões e muros gigantescos com guardas armados, mas a diferença era que esses guardas usavam uma espécie de roupa militar mesmo.
  - Não vamos conseguir entrar e pegá-la sozinhos. – Rick suspirava olhando os muros.
  - Conseguimos em Woodbury, por que não conseguiríamos agora? – O olhei.
  Então o cara amarrado entre nós se manifestou.
  - Pegar o que? O que querem? Eu achei que tentariam matar as pessoas, tomar a cidade. – Ele nos olhava confuso.
  - Ah, eu quero matar sim... – Eu apertava a besta.
  Rick olhou o cara curioso.
  - Chegou uma garota recentemente aí? É ela quem estamos procurando. É uma das nossas. – O cara pensou um pouco e então pareceu se lembrar.
  - Sim, uns guardas trouxeram uma garota inconsciente, ela era muito bonita – Me mexi encarando-o e Rick me alertou com o olhar - Mas James disse que era a namorada desaparecida dele. – O cara franziu a testa visivelmente confuso. Ele realmente parecia inocente nisso tudo, ótimo.
  - James? – Perguntei.
  - Sim, o cara quem criou isso tudo, quando essa porcaria começou ele já tinha esse refúgio, disse que conseguiu descobrir antes que se espalhasse, ele é filho de um dos governadores principais do país, por isso tanto poder, mas quando essa garota chegou ele não deixou que ela ficasse com as pessoas como normalmente faz quando chega alguém aqui, a levou direto a casa principal que é a dele, dizendo que era uma namorada que havia desaparecido e que estava feliz em revê-la, mas...
  - Mas? – Eu faltava soca-lo da raiva que sentia.
  - Mas agora que disseram isso, faz sentido, desde que a garota chegou, ela não saiu da casa dele, ninguém mais a viu, normalmente os novatos são apresentados ao resto da cidade, mas com ela ele não fez isso. Só quem a trouxe sabe da existência dela.
  - Pode nos ajudar a entrar e trazê-la de volta? – Rick perguntou e eu o encarei, claro, quase matamos o cara e ele vai nos ajudar, por que não ajudaria?
  - Posso ajudar sim, agora fiquei preocupado com essa garota. – Ele realmente parecia preocupado com a situação, agora eu estava surpreso.
  - Mesmo depois de termos matado seus amigos? – Ele nos olhou.
  - Não eram meus amigos, só fui mandado ir com eles a mata pra ver se achava alguma coisa pra levar de suprimento pra lá. Mas não posso ajuda-los a entrar agora, vai ser difícil, tem que esperar a noite pelo menos, o que posso fazer é dar um jeito de ver se a garota está bem por agora, eu era médico, então geralmente analiso os recém-chegados na cidade, provavelmente ele vai pedir que eu a veja.
  Não sei se poderíamos confiar nele, mas no momento era nossa única saída, não tinha realmente como entrar lá agora, precisava estar de noite, eu me sentia um inútil em não poder salvá-la.
  O soltamos, Rick parecia confiar nele, Rick e sua mania de confiar nas pessoas, ele saiu do carro, mas antes perguntou nossos nomes, dissemos e ele disse que se chamava Andrew e que voltaria assim que escurecesse para que pudéssemos entrar, ficamos alerta para o caso dele estar mentindo e nos entregar.

Capítulo 11 - Jamais mexa com a garota de um Dixon

  Ficamos na caminhonete pensando no que faríamos assim que entrássemos, ficamos algumas horas lá e ninguém tinha vindo nos procurar, isso era bom, de repente alguém bate no vidro e eu aponto a arma até ver que era Andrew.
  - Você quase morreu de novo.
  Ele fez uma cara de quem pede desculpas.
  - Bom, tenho notícias, eu consegui ver a garota.
  Nesse momento meu coração disparou.
  - E como ela está? Machucaram-na? Fizeram algo? – Eu ia falando e indo pra cima dele, Rick teve que me segurar.
  Então ele começou a contar.

  Flashback on.
  POV Andrew.
  Voltei à cidade e abriram os portões pra mim, tive que inventar que fomos atacados por aquelas coisas e que os outros dois não sobreviveram, eles acreditaram e logo fui rondar a casa de James, eu realmente estava preocupado com aquela garota, aquelas caras não pareciam más pessoas, só estavam desesperados, eu entendo eles, perdi minha esposa, também estava assim enquanto tentava encontra-la, precisava ajuda-los.
  James estava saindo bem na hora em que eu chegava e assim que me viu me chamou.
  - Andrew! Venha cá, preciso de você! – Me aproximei.
  - Sim?
  - Minha namorada não está se sentindo bem, precisa de cuidados médicos, você é o único que eu confio aqui, o resto são um bando de abutres que não podem ver uma garota bonita, pode checar se está tudo bem com ela pra mim? – Ele falava com um ar possessivo.
  - Claro, posso vê-la agora? – Falava em tom submisso e calmo, não podia dar motivos pra ele desconfiar de mim também.
  - Claro, venha. – Ele me guiou até um quarto da casa onde a garota se encontrava amarrada, eu o olhei e ele apenas sorriu doentio.
  - É por segurança, isso não vai sair daqui, não é? Você gosta da cidade não gosta? – Eu engoli em seco e assenti. – Eu preciso resolver umas coisas, volto logo, se comporte, meu amor. – Ele deu um olhar significativo para a garota que apenas abaixou o olhar visivelmente com medo e ele saiu me aproximei dela que se encolhia a cada passo que eu dava.
  - Ei, não vou machuca-la, tá? Eu sou médico, só quero ver se está bem. – Ela assentiu e deixou que eu a examinasse, de acordo com os sintomas que ela disse que sentia.
  - Está grávida. – Falei surpreso.
  - E James está com a ideia maluca de que o filho é dele, mesmo que jamais tenhamos dormido juntos, ele está completamente louco, ele quer acreditar nisso, disse que vai constituir família comigo, ele... Ele fica tentando me tocar, eu não suporto mais. – Ela me contou a história deles e começou a se desesperar, ela realmente tinha medo de James.
  - Ei calma, eu vou dar um jeito de te tirar daqui, ok? – Ela me olhava descrente, eu suspirei. –Conhece algum Rick e algum Daryl? –Assim que falei ela levantou o olhar pra mim e pude ver um certo brilho em seu olhar.
  - Daryl está aqui? – Ela parecia feliz e preocupada ao mesmo tempo. Agora entendi a preocupação dele com ela, agora dela com ele, ELE era o namorado dela e por consequência o pai da criança.
  Contei a ela como nos encontramos e do plano que tínhamos.
  - É loucura. – Ela falava baixo. - Eu estou feliz em saber que Daryl veio por mim, mas não posso suportar a ideia de vê-lo ferido, não posso perdê-lo por causa de James, não posso passar por isso de novo. – Ela ia começar a chorar quando James chegou.
  - E então? Está tudo bem com ela e com meu filho, Andrew? – tinha razão, ele estava completamente insano.
  Tive que dar meu melhor sorriso falso.
  - Sim, ambos estão bem aparentemente, mas eu preciso acompanhar direito, ela parece meio frágil, acho mais seguro, se permitir. – Eu tinha que dar um jeito de evitar que ela ficasse sozinha com ele muito tempo.
  Ele me olhou um tanto desconfiado.
  - Mas eu preciso aproveitar a minha namorada também, sabe? Não posso ficar com um médico aqui o tempo todo, é realmente necessário? – Ele me encarava.
  - Apenas no começo, por esses dias, assim que eu já tiver uma ideia de como o organismo dela funciona já posso deixa-los em paz.
  Ele semicerrou os olhos.
  - Não o tempo todo, mas por um tempinho pode vir vê-la todos os dias, mas mantenha isso em segredo sim? Você entende.
  Apenas assenti e saí dali o mais rápido que pude indo contar tudo a Daryl e Rick.
  Flashback off.

  POV Daryl

  - MALDITO! – Eu havia acabado de socar o vidro da caminhonete que consequentemente quebrou.
  - Daryl... – Rick me olhou, eu apenas o fuzilei.
  - Não venha mandar eu me acalmar. Vamos tirá-la de lá agora e eu vou mata-lo, ele não pode sequer pensar em tocar nela.
  Andrew se pronunciou.
  - Eu posso leva-los já, as pessoas já estão indo dormir, eles não me viram sair porque tem uma saída escondida próxima a casa de James que ele usa para sair sem que ninguém questione, ainda não sei o que ele faz nessas saídas, mas enfim, podemos entrar por lá, não tem vigia porque ninguém mais sabe dela, eu só sei porque fui pedir alguns remédios a ele e sem querer o vi saindo por lá, e usei ela agora. Podemos entrar e tirá-la de lá, mas ele provavelmente vai estar com ela e assim que nos ver vai chamar os guardas, isso vai ser difícil.
  - Foda-se, eu vou tirar a minha garota de lá. Não precisam vir se não quiserem. – Olhei para Rick e Andrew que pareciam aflitos. - Só me mostra aonde é essa entrada. – Disse saindo do carro e dando alguns passos esperando ele me mostrar.
  Rick desceu também e colocou a mão em meu ombro olhando Andrew, ele assentiu e começou a andar na frente, Rick veio junto.
  - Não deixaria você nem na mão. – Andrew assentiu concordando com ele.
  Chegamos a uma espécie de buraco entre o muro, mas tinha uns ferros entre ele que deixava a passagem bem difícil, Andrew empurrou alguns com dificuldade e conseguimos passar, estava tudo escuro, andamos furtivamente até uma grande casa que mais parecia uma mansão, estava tudo apagado exceto uma luz num cômodo bem na parte de cima da casa.
  - É o quarto. Onde está . – Andrew me olhou.
  Fechei o punho e respirei fundo. Andrew nos guiou até a varanda e começamos a subir, era a única maneira de entrar sem fazer barulho, não queríamos guardas antes mesmo de podermos entrar, subimos e ficamos do lado de fora da janela gigante do quarto com a luz acesa, era aquelas janelas meio portas, toda de vidro, então dava pra ver o que acontecia, eu sinceramente preferia não ver, estava amarrada na cama, os olhos vermelhos do choro olhando de maneira assustada para o tal James que estava deitado ao lado dela subindo a mão pela perna dela, barriga e indo em direção aos seios, ah mas eu vou matar esse desgraçado, não aguentei, me levantei e chutei a porta partindo pra cima daquele infeliz.
  - DARYL! – Eu ouvi e Rick gritarem ao mesmo tempo, mas tudo que pude fazer foi socar a cara daquele infeliz até ver o sangue sair, mas não conseguia parar, eu enxergava tudo em vermelho tamanho a raiva. Ele conseguiu gritar antes e ouvimos barulhos, ótimo, os guardas estavam vindo.
  - Daryl temos que sair daqui, pode se machucar. – Apenas quando ouvi o nome dela foi que consegui parar de soca-lo, o rosto dele já sangrava e tinha partes inchadas, o larguei no chão e fui direto para abraçando-a de lado pronto para sairmos dali quando a porta foi arrombada pelos guardas. Todos apontaram para nós, tivemos que parar.
  - Não atirem na garota! – James falou e então encarou . – Então era isso ? O motivo de não deixar que eu te tocasse? De recusar o meu amor? Esse cara? Não pode deixar esse cara cuidar do nosso filho.
  - Você é doente. – Ela o olhava com desprezo. Apertei mais meu braço em torno da cintura dela.
  - Você é minha , e se pra ser minha eu preciso acabar com esse cara é o que vou fazer. –Ele olhou Rick e Andrew - E os amigos dele também, eu confiei em você Andrew.
  Andrew se limitou a encará-lo.
  - Agora saia de perto deles se não vai se machucar também. – Ele sorria esticando o braço para ela como se a convidasse para ir com ele.
  - Não.
  - Se não vai ser minha, não vai ser de mais ninguém. – Então a briga começou, os tiros começaram, Rick e Andrew puxaram as armas e começaram a atirar também, apenas puxei pela sacada, precisava tirá-la dali, não via mais James, apenas a confusão de socos e tiros, espero que os caras aguentem, não poderia ajudar agora, desci da sacada com ela pulando e eu a segurei.
  - Precisamos ajuda-los. – procurava por alguma coisa que pudesse usar como arma, eu segurei sua mão.
  - Antes eu preciso te deixar segura.
  - Mas... Daryl, eles... – Ela queria insistir.
  - Entenda, eu também me sinto mal com isso, mas ir lá e te arriscar vai fazer todo esse esforço ser em vão, ok? – Ela apenas assentiu, ia puxando-a para fora atirando com a besta em alguns guardas que estavam lá fora, dava pra passar, logo alguém caiu ao nosso lado e virei a besta imediatamente até ver que era Rick, logo ouvimos uma explosão vindo da casa, ele se levantou e começou a correr com a gente.
  - Você está bem? – perguntava enquanto corria, ele assentiu. – E Andrew? – Rick apenas negou com a cabeça, ela engoliu em seco entendendo o que acabara de acontecer.
  - E mais uma vez acabei com a vida de alguém, era pra ser eu, às duas vezes. – Ela apenas falou e eu a olhei, corremos até chegar a uma boa distancia de lá, não tinha mais ninguém nos seguindo, o carro estava logo mais a frente, eu parei segurando-a pelos ombros.
  - Nunca mais repita isso, a culpa não é sua, nenhuma das vezes foi, eles escolheram isso e tem meu respeito por isso, agora você tem um filho meu aí com você, ficou louca em desejar estar no lugar deles?
  Ela abaixou a cabeça e uma lágrima escorreu de seus olhos, a limpei e a puxei para um abraço, ela encostou o queixo em meu ombro respirando fundo, Rick deu alguns passos para trás pra nos dar privacidade.
  O que aconteceu em seguida foi rápido demais.
  Apenas fui jogado para o lado por e vi James à frente dela, com uma das mãos ensanguentada.
  Uma faca atravessava o abdômen dela.
  Rick e eu puxamos a arma ao mesmo tempo dando diversos tiros nele, por mais que ele já tivesse caído eu não conseguia parar de atirar, até que a ouvi gemer e ia caindo, eu a segurei a tempo, deitei sua cabeça em meus colo e comecei a afagar seus cabelos.
  - Por que fez isso garota maluca?
  Ela apenas me olhou.
  - Eu não poderia deixar que ele te machucasse não me permitiria perder mais alguém pra ele, eu fiz o que devia ter feito com a minha família, tomei uma atitude. – Ela me olhava manhosa quase fechando os olhos. Não, de novo não, eu mal conseguia me mover, Rick havia ido pegar o carro para não movermos ela demais.
  E pela primeira vez meus olhos lacrimejavam.
  - , por favor, não feche os olhos, não faça isso comigo, não de novo, vamos te tirar daqui, vai até o Hershell, vai ficar tudo bem.
  - Shhh. – Ela ergueu o braço e limpou uma lágrima minha que escorria, nem havia percebido- Está tudo bem. – Mais uma vez os olhos dela teimaram em fechar.
  - não...
  Os olhos dela iam se fechando.
  - ... - Outra lágrima caiu. - Eu te amo.
  Ela sorriu, não sei como, mas sorriu e a mão dela em meu rosto caiu e ela fechou os olhos.

Capítulo 12 - Um milagre chamado Daryl Dixon

  Agora estávamos naquela cidade, a que James controlava depois da explosão e confusão os moradores saíram de lá assustados e nos viram, porém não nos atacaram, viram sangrando em meus braços e rapidamente a levaram para a enfermaria de lá. Eles temiam James, por isso sempre o obedeciam e tudo mais, agora com a morte dele se sentiam mais livres, disseram que ele tinha grande influencia e apenas os guardas eram realmente submissos a ele porque queriam, começaram a cuidar de lá e disseram que precisavam de alguém que liderasse, porque uma cidade toda precisava ser liderada, então pediram para Rick, já que ele havia conseguido todo aquele ataque com apenas mais dois homens. Ele aceitou, estávamos na beira do abismo na prisão já, ele foi buscar o resto do pessoal e nos mudamos para lá. Então se passou um tempo.
  15 dias.
  Passaram-se 15 dias desde a confusão naquela cidade com James, 15 dias desde que foi ferida, 15 dias que ela está em uma espécie de coma, conectada a tubos de soro, 15 dias que eu não saio para caçar, 15 dias que não me alimento direito.
  - Daryl, você precisa comer. – Carol tentava pela décima vez me fazer comer um prato de sopa. Ela havia se sentido mal por todas as brigas quando soube de , eu apenas a olhei e ela suspirou deixando o prato na mesinha ao lado da maca e saindo, eu estava sentado numa poltrona olhando-a, ela parecia tão tranquila e continuava linda, sorri triste pegando a mão dela, respirei fundo, ela havia perdido o bebê, eu mal conseguia pensar nisso direito ainda, mal tive tempo de amá-lo e já o haviam tirado de mim, agora ela não acordava, eu já não sabia mais o que fazer.
  - Daryl, precisamos conversar. – Rick apareceu na porta, suspirei e me levantei indo até ele, ficamos do lado de fora do quarto.
  - O que foi?
  - James não queria apenas pela obsessão, claro, em noventa e sete por cento foi à obsessão dele, mas... Tinha outro motivo, os três por cento restantes. – Ele me encarava.
  - Como assim? Qual outro motivo? – Eu não estava entendendo.
  - Encontramos um laboratório escondido, ele já estava bem destruído, e faltavam muitas coisas lá, alguém deu um sumiço ou roubou o que havia ali, mas conseguimos encontrar algumas anotações recentes em que fala de um vírus, o vírus que começou essa droga toda. – Ele estava sério.
  - E o que tem a ver com isso?
  Rick suspirou.
  - De acordo com as anotações, ela tem os anticorpos para isso. Parece que testaram nela enquanto ela estava presa e não aconteceu absolutamente nada. É como se ela fosse à cura pra isso.
  Eu fiquei olhando-o por alguns segundos, era a cura?
  - Você enlouqueceu?
  Rick suspirou.
  - Não, claro que não podemos ter total certeza, mas podemos testar o sangue dela – Eu o encarei e ele continuou - Apenas pegar uma amostra e precisaríamos da amostra do sangue de um infectado e ver como reagem juntos. Mas pra isso precisamos reconstruir o laboratório, Hershell está animado com isso.
  - Que bom que alguém está feliz. – Dei as costas e ia voltando para o quarto quando Rick colocou a mão no meu ombro. – Ela vai acordar, eu sei disso. – Então sorriu solidário e saiu, eu voltei e me sentei ao lado dela encostando a cabeça ao lado da sua na maca e fechando os olhos, ia descansar um pouco.

  POV .

  Estava tudo escuro e eu sentia dor, bem na minha barriga, não! Meu bebê! Eu lembrava em flashes da minha barriga sangrar, lágrimas caindo e eu sussurrar pelo meu bebê, tiros, eu ia cair, Daryl me segurou, ele estava triste, mas eu tinha que confortá-lo e eu pelo menos o havia salvado, o sacrifício valia alguma coisa. E grande coisa. A vida dele. Aquilo bastava.
  Lembro da escuridão querer me levar pra longe, meus olhos pesavam e eu queria dormir, era o melhor, já não me sentia bem, dormir ajudaria, iria acalmar tudo, o sofrimento passaria, até que algo me puxou, três palavras exatamente me trouxeram de volta a realidade.
  - ... - Outra lágrima dele havia caído. - Eu te amo.
  Ele nunca havia dito que me amava e aquilo foi suficiente pra me dar força para lutar contra a escuridão. Eu fechei os olhos, mas continuei lutando, ela queria me levar pra longe, mas eu não queria mais, ele me amava e eu sei que o amava, não podia deixa-lo.
  Não sei quanto tempo se passou em que eu brigava para a escuridão me soltar, só sei que de repente ouvi uma respiração pesada ao meu lado, eu havia conseguido? Ou tinha perdido?
  Forcei meus olhos a se abrirem e logo identifiquei de onde vinha a respiração, Daryl dormia ao meu lado, sorri. Ele estava o tempo todo comigo, parecia tão doce daquele jeito, nem parecia o Dixon turrão e mal humorado de sempre, continuei apenas olhando-o dormir e lembrei do meu bebê, respirei fundo para me controlar , não ia chorar mais, apesar da dor emocional que sentia agora eu ia superar, havia aprendido isso, acabei fazendo movimento demais ao respirar fundo e Daryl acordou, ele olhou para os lados confuso e então me olhou.
  - Você acordou! – Ele veio para cima de mim me abraçando com força.
  - Daryl... Ar... Preciso... – Ele então me soltou e continuou me olhando como se eu fosse a coisa mais interessante de se ver.
  - Me desculpe, mas é que fiquei tão preocupado, achei que... Por um momento achei que não acordaria mais. – Ele segurava a minha mão, colocando as costas da minha mão sob os lábios dele.
  - Há quanto tempo estou desacordada?
  - Quinze dias.
  - Ok, acho que quebrei meu recorde.
  - E quase me matou de preocupação. – Ele franziu a testa.
  - E perdi o bebê. – Ele ficou em silencio por alguns segundos, então acariciou meus cabelos.   - Mas teremos a oportunidade de fazer outro. – Ele sorriu de lado maroto, eu sorri. Ele não queria que eu me sentisse pior, mesmo eu sabendo que ele sofria, ele tentava fazer eu me sentir melhor.
  - Mal acordei e já está pensando nisso? – Era melhor entrar no jogo dele, nos fazia melhor.
  Ele deu de ombros sorrindo.
  - Você me deixou com saudades, tenho que compensar.
  Então ele foi chamar o médico, enfermeiro, sei lá o que aquele cara era, que disse que eu já poderia sair, tirou aqueles tubos de mim e disse que era um milagre eu ter acordado tão bem disposta depois de quinze dias, eu sorri internamente, foi quase isso mesmo, um milagre chamado Daryl Dixon.
  Terminei de me trocar, agradecendo mentalmente a Maggie por escolher boas roupas pra mim dessa vez, uma blusa normal com uma cruz, calças skinny rasgadas, uma jaqueta de couro, fiz uma trança no cabelo para facilitar caso fossemos sair para caçar ou algo do tipo, eu já me sentia bem melhor. Sai do quarto, Daryl me esperava encostado à parede, quando sai ele logo me lançou um olhar profundo, suspirei, realmente aquele homem tinha um efeito sem controle sobre mim, caminhei até ele que envolveu minha cintura com o braço e deu um beijo no meu pescoço.
  - Como consegue ficar mais linda? – Ele me olhou sorrindo de lado, eu apenas abaixei a cabeça sorrindo sem graça e ele me puxou para fora daquele hospital, enfermaria, sei lá, ele havia me contado que estávamos na cidade protegida agora e tudo que havia acontecido enquanto eu estava fora do ar, demos uma volta pela cidade e ele me levou até uma casa, era muito bonita, eu arqueei uma sobrancelha, ele apenas sussurrou um “confie em mim” entramos e ela era realmente bonita, móveis e paredes de cores claras, ele puxou minha mão e subimos pelas escadas, entramos em um quarto grande e igualmente bonito, o olhei franzindo a testa.
  - O que é isso Daryl? Por que estamos aqui? Os donos da casa não vão reclamar? – Ele riu e abraçou minha cintura.
  - Bem, você está reclamando de alguma coisa? Eu não estou.
  - Não acredito...
  Eu sorri abertamente e pulei no colo dele dando vários selinhos nele que segurou minhas pernas e aprofundou o beijo sussurrando.
  - Agora vamos estrear a casa, matar a saudades e quem sabe fabricar um mini Dixon.
  Gargalhei.
  - Desde quando você implora pra ser pai, Dixon?
  Ele sorriu.
  - Desde que descobri que a mãe vai ser você.
  Então ele me beijou novamente, me colocando sobre a cama e passamos o resto da noite assim, nos amando.
  - A propósito Dixon...
  Ele abaixou a cabeça para me olhar, estava deitada sob o peito dele, ele acariciava minhas costas nuas, apenas um lençol nos cobria.
  - O que foi? – Ele parecia curioso.
  - Eu também te amo.

Epílogo

  Três meses depois...
  As coisas andavam bem agora, vivíamos quase que normalmente, cada um tinha sua casa, sua vida “própria”, só não era tudo totalmente normal porque ainda tínhamos que ajudar a buscar suprimentos de vez em quando para não correr o risco de ficarmos sem. A cidade abrigava mil e quinhentas pessoas, talvez aquilo fosse um novo começo, afinal não sabemos como estava à situação pelos outros lugares do mundo. Havia uma esperança agora.
  Mas tinha algo errado.
  Como essa cidade foi construída? Pra ser tão grande e estar tão bem preparada e equipada tinha que estar assim antes da merda toda acontecer, o que significa que alguém já sabia disso, as pessoas que estão aqui só não questionaram isso pelo fato de estarem seguras, então não havia nada a contestar. Mas eu tinha muito a descobrir ainda, Rick também estava desconfiado e conversamos há alguns dias sobre isso. Resolvemos verificar tudo para descobrir isso, coisa de James nunca seria coisa boa.
  Havia acabado de sair de uma conversa com Rick e fui voltar pra casa, passei a mão pelo meu ventre sorrindo, tinha uma novidade a Daryl, eu sorria comigo mesma e avistei Daryl encostado a parede de braços cruzados me observando, me arrepiei só com o olhar dele, céus, ele sempre vai ter esse efeito sobre mim? Caminhei até ele e fui abraça-lo e ele não me abraçou de volta, franzi a testa me afastando para olhá-lo.
  - O que foi? – O olhei.
  - Nada, volte lá para conversar com o Rick, deve ser mais interessante já que passa tanto tempo com ele ultimamente.
  Juro que segurei o riso.
  - Está com ciúmes, Dixon? – Eu sorri de lado, não pude evitar.
  Ele virou a cara, estava realmente bravo, então começou a andar me deixando pra trás, revirei os olhos e corri até alcança-lo, o virei pra mim e o fiz me olhar.
  - Eu tenho conversado muito com Rick sim, mas é sobre o que eu já te disse antes, desconfio da origem dessa cidade e combinamos de investigar sobre. – Ele me encarava ainda sério. - Só faltava eu falar com você pra terminarmos o plano.
  Ele ainda me encarava sério.
  - Daryl, acha mesmo que eu teria algo com Rick? Eu entrei na frente de uma faca por você, por favor, né?! – O soltei e ele suspirou segurando minha cintura.
  - Tem razão, me desculpe, eu sou mesmo um idiota, as vezes acho que não te mereço. Sou bruto, grosso...
  Eu segurei seu rosto.
  - E mesmo assim nós amamos você.
  Ele olhou nos meus olhos com uma mistura de surpresa e confusão, até que em alguns segundos ele entendeu e colocou as mãos sobre meu ventre.
  - Você...
  - Isso é culpa sua que vive me agarrando por aí. – Sorri e ele me pegou no colo me girando.
  Nada havia acabado, pelo contrário.
  Estava começando agora.

Fim



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