Summer Rain

Escrito por Ana Paula | Revisado por Lelen

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N/A: Ouçam Summer Rain – Matthew Morrison enquanto leem ;)

  A chuva estava prestes a cair, isso era certo. Já se passavam das duas da manhã, as pessoas ainda dançavam animadas em frente a casa, mas eu estava escondido de toda aquela bagunça, de toda as luzes e a música alta.
  Ver ela ali, se divertindo, dançando como se não houvesse amanhã, tudo parecia tão certo, mas tão errado também.
  Ela tinha que se divertir, tinha que ser feliz, e essa era a parte certa, mas tinha que ser comigo, e essa era a parte errada.
  Eu não conseguia mais ver aquela cena, e já fazia mais de uma hora que eu tinha procurado refugio de tudo aquilo, e o único lugar que me pareceu certo era o telhado.
  - ? – ouvi-a chamar meu nome daquele jeito que só ela fazia. – o que você tá fazendo aí? – respirei fundo e me virei pra observá-la pulando a minúscula janela do sótão onde o quarto de se localizava.
  - Oi , sei lá, eu só cansei da festa. – cheguei um pouco para o lado, dando espaço pra que ela se sentasse comigo, e assim ela fez.
  - Ah, eu também. Mas por que você sumiu? Você podia ter me chamado pra irmos embora, ou só ido, eu arranjava outra carona. – ela dobrou os joelhos e os abraçou, encostou a cabeça nos mesmos e olhou pra mim com aqueles imensos olhos que ela tinha.
  - Não seria justo, além do mais, é engraçado ficar vendo todo mundo bêbado lá cm baixo. – dito isso, apontei para , que se agarrava com alguma menina que ele provavelmente não conhecia e não se lembraria do nome depois de qualquer jeito, tentando equilibrar um copo de bebida e apalpar a bunda da desconhecida ao mesmo tempo. Em seguida um cara bem forte, provavelmente namorado da menina ou algo do tipo, chegou cambaleando até os que se agarravam e tentou acertar um soco em , mas errou a mira e caiu de cara no chão.
  Eu e ela rimos. Eu amava a risada dela.
  - Realmente, você devia ter me chamado pra vir pra cá antes, é hilário.
  - Eu devia era ter filmado quando aquela Julie que você não gosta caiu dentro da piscina.
  - Mentira que ela caiu! Como eu perdi isso...?

  Ficamos em silêncio por um tempo, até que o céu se iluminou por um momento e logo depois pudemos ouvir o barulho de um trovão. A chuva começou a cair instantes depois.
  - Acho que a gente deveria entrar. – já me preparava para levantar quando senti meu braço ser agarrado por ela.
  - Não, fica aqui comigo, é chuva de verão, passa rápido.
  - Mas , a gente vai se molhar, podemos ficar resfriados...
  - Fica. – ela interrompeu e era engraçado como uma simples palavra dela conseguia me deixar completamente submisso.
  - Tudo bem. – falei baixo e, sentindo a chuva molhar meu corpo, comecei a observar as pessoas saindo correndo do gramado e da piscina para se esconderem no quiosque e dentro da casa.
  - ?
  - Hm?
  - Desde quando somos amigos?
  - Sei lá , acho que desde quando tínhamos uns onze anos.
  - Dez. – ela afirmou convicta.
  - Se sabia, por que perguntou?
  - E você nunca me olhou de outra forma? – ela respondeu minha pergunta com outra pergunta, como ela sempre fazia e eu detestava, mas dessa vez, ao invés de esbravejar, eu travei.
  - Como assim?
  - É, tipo, nunca me olhou como uma ficante, namorada, sei lá?
  - Não sei o que responder. – admiti. Se eu dissesse que não, estaria mentindo, e ou ela saberia que eu estava mentindo ou ficaria ofendida por eu olhar pra ela de um jeito diferente, como ficou quando o disse que já pensou nela nua. Se eu dissesse que sim, poderia rolar aquele clima estranho, mas seria uma boa chance de me declarar de uma vez.
  - Diz a verdade.
  - Sim. – ela continuou em silêncio, esperando que eu continuasse. Respirei fundo. – Deve fazer uns dois anos, na festa de 16 do , quando a gente veio pra cá pela primeira vez. Os pais dele tinham liberados a casa de praia e a gente veio na sexta de manhã pra arrumar tudo pra festa de noite, lembra? – ela assentiu com a cabeça. – Aquele teu namorado na época, o Lucca, ele era mais velho, e tentou transar com você de noite, mas você não quis. Ele terminou com você no meio de todo mundo e você veio se esconder aqui no telhado, porque sabia que o tinha trancado o quarto e ninguém te acharia aqui, mas eu achei. Acho que foi naquela noite, quando te vi chorando por outro cara, e milhares de coisas se passaram pela minha cabeça. Eu fiquei com muita raiva do tal idiota, por ter te magoado, por ter te pressionado, por tudo, mas tive inveja também, inveja por ele ter tido uma chance, só por você ter cogitado na ideia de se entregar pra ele. E prometi que nunca, nunca mesmo, te faria sofrer assim se tivesse uma chance.

  Quando terminei minha fala, ela, que me encarara até tal momento, virou o rosto e ficou olhando pra frente, para o nada.  Eu já sentia minha roupa inteira molhada, assim como podia perceber que a dela estava. A blusa azul que já era meio transparente agora me permitia ver com clareza as curvas do corpo dela e o começo da saia preta que antes era omitida pela blusa, essa saia, que já era grudada, se prendia ainda mais as suas coxas e o cabelo dela estava liso por causa da água que não deixava de cair.
  - E quando parou? – ela perguntou ainda sem olhar pra mim.
  - Parei o que?
  - Parou de olhar pra mim desse outro jeito. – ela voltou a me encarar e pela primeira vez não soube dizer o que se passava em sua mente.
  - Eu não parei. – admiti, tirando coragem sabe-se lá de onde. Ela continuou me encarando, e depois de um momento de tensão, um sorriso brincou no canto direito de seus lábios.
  A franja dela me atrapalhava de encarar seus olhos, então eu, cuidadosamente, retirei o cabelo que caia e coloquei atrás de sua orelha, tendo que me aproximar um pouco mais dela para fazer isso. Aquele pode ter sido meu maior erro e meu maior acerto em toda noite. Nossos olhares se encontraram e de repente eu não conseguia ouvir mais nada, não conseguia desviar o foco, não conseguia fazer mais nada. Só conseguia me aproximar dela, mais e mais, e ver ela se aproximando também.
  Como mágica, nossos lábios se encostaram, e estavam estranhamente quentes, mesmo com a chuva gelada. Passei minha mão pela nuca dela, sentindo seus cabelos se prenderem a minha pele, e aprofundei o beijo. Não era rápido, mas não era devagar. Não senti fogos de artifício nem nada extraordinário, mas me senti bem, me senti feliz. Nossas bocas se encaixavam e se movimentavam com sincronia, não precisávamos pensar. A mão dela passou pela extensão do meu braço até chegar em meu ombro, e eu arrepiei quando sua outra mão se pousou em minha nuca. Nos separamos pela falta de ar, e nos encaramos por um curto período de tempo.

  - Eu sempre imaginei que nos beijaríamos em um beco. – arqueei minha sobrancelha, e ela sorriu e desviou o olhar, aparentemente envergonhada. – É, se lembra daquela noite, um ano atrás, que nós fomos junto com o naquela boate com os documentos falsos e eu fiquei muito bêbada? – assenti com a cabeça – nós saímos pela porta dos fundos, porque o carro estava mais perto de lá, e você estava meio me carregando. Aí a porta dava pra um beco, e eu encostei na parede pra rir não me lembro do que, e você se encostou do meu lado. Aí eu reparei que de frente pra gente estava pichado na parece “beco dos amantes”, você ficou me olhando quando eu disse isso por muito tempo, e eu jurei que você ia finalmente me beijar ali, mas você só me chamou pra irmos pro carro, porque eu tava muito bêbada. Desde então eu meio que imaginava que nos beijaríamos num beco.
  Ri alto, me lembrando desse dia. Eu tinha visto um rato e me assustei, e ela começou a rir disso. Eu realmente pensei em beijar ela quando ela estava encostada na parede ao meu lado, mas ela estava tão bêbada que achei injusto, achei errado. Se fosse pra ser, eu queria que nós dois nos lembrássemos do momento, e nenhum de nós se arrependesse depois.
  - Quem precisa de beco dos amantes quando temos um telhado? –Então colei meus lábios de volta nos dela.

  Nada mais importava, a chuva não importava mais, aliás, até acrescentava um clima único a toda a situação. As pessoas que poderiam estar observando não importavam, o fato de eu a conhecer a vida toda e a considerar minha melhor amiga e o fato de tudo poder ser muito estranho no dia seguinte não importava. O que importava éramos eu e ela.
  No meio do beijo ela foi se deitando para trás, e eu me deitei em cima dela. Ela começou a passar as mãos sobre meu peito enquanto eu mantinha uma em sua nuca e uma passeando no espaço entre sua cintura e sua bunda.
  - Eu quero que seja você. – ela interrompeu o beijo e ficou me olhando de um jeito novo. – Quero que você seja meu primeiro. – e ela continuava me olhando daquele jeito, quase como se implorasse por aquilo, implorasse que eu a tocasse. E quem seria eu pra negar alguma coisa para minha menina dos olhos cinza?

  Voltei a beijá-la com mais pressa, enquanto ela, meio sem jeito, desabotoava a camisa que eu usava. Tirei a camisa depois que ela acabou de desabotoar sem separar o beijo, e comecei a subir minhas mãos por baixo da blusa transparente dela. Separei o beijo para que ela pudesse remover a incomoda peça de roupa e então comecei a descer beijos, primeiro pelo seu pescoço e então pelo seu colo, chegando até as beiradas do sutiã preto que ela trajava. Ela soltava gemidos baixos, aproveitando as carícias, enquanto começava a brincar com o cós de minha calça. Senti quando ela removeu com alguma dificuldade meu cinto e voltei a beijá-la nos lábios.
Desci minhas mãos até sua saia, puxando a mesma pra baixo de leve. Ela levantou o quadril, fazendo com que nossas intimidades se encostassem e permitindo que eu puxasse de uma vez o pedaço de pano preto que antes cobria suas coxas e bunda. Removi ao mesmo tempo minha calça, e, em um movimento rápido, ela estava sentada em cima de mim. Com uma perna de cada lado do meu corpo, ela passou as mãos por todo o meu peito e barriga, e começou a distribuir beijos pelos mesmos. De vez em quando rebolava de leve por cima de meu membro já bem animado e sorria de canto, percebendo o efeito que tinha sobre mim. Quando ela voltou a beijar meus lábios, aproveitei para desabotoar o sutiã e me livrar de vez daquela peça de roupa inútil. Pra que sutiã com os belos peitos que ela tinha? Era quase um crime tampá-los. Com uma mão comecei a apalpar um, torcendo o mamilo de leve, enquanto, depois de apartar o beijo, abocanhei o outro seio com a boca, lambendo e mordendo de leve.

  Ela começou a gemer mais alto, e uma de suas mãos desceu até minha cueca boxer, brincando com o cós da mesma por uns segundos e me arrepiando, para depois buscar dentro dela meu membro já muito duro. Começou a tocar nele incerta, e eu pude perceber o quão novo aquilo era pra ela. Voltei a beijá-la nos lábios e comecei a apalpar seus seios com as duas mãos. Ela então segurou meu membro com um pouco mais de confiança e começou a me masturbar com movimentos lentos e firmes. Desci uma de minhas mãos até suas costas para poder virá-la novamente, e poder ficar em cima dela. Ela tirou a mão de dentro de minha cueca e eu arfei em protesto. Ela então removeu minha ultima peça de roupa, e voltou ambas as mãos para minha nuca, puxando meus cabelos de vez em quando. Desci uma de minhas mãos até sua intimidade e a acariciei por cima da calcinha, sentindo o quão excitada ela já estava.
  Arranquei o mínimo pedaço de pano e passei meus dedos sobre seu clitóris, fazendo ela interromper o beijo e soltar um gemido mais alto. Ela então me lançou novamente aquele olhar, mas eu fingi que não entendi e continuei passando meus dedos por ali.
  - Por favor. – ela pediu em um fio de voz.
  - Tem certeza? – ela mordeu os lábio e assentiu com a cabeça.

  Posicionei meu membro em sua entrada, e devagar, penetrei-a. Ela gemeu alto e apertou minhas costas. Esperei um momento até ela se acostumar e comecei a me movimentar.
  Em algum ponto, meus movimentos eram rápidos e nossos gemidos quase se tornavam gritos. Ela trocou de posições comigo novamente e começou a rebolar por cima de mim. Isso foi o suficiente pra eu sentir que estava chegando ao meu máximo. A puxei até que nossos corpos ficassem completamente unidos e tomei seus lábios para mim, enquanto aumentava a intensidade dos movimentos. Ela estremeceu e percebi que havia chego ao seu clímax. Dei mais uma estocada e então senti meu corpo relaxar instantaneamente.
  Saí de dentro dela e ela se deitou por cima de mim. A chuva ainda caia e nossos corpos, mesmo molhados, estavam muito quentes.

  - Acho melhor sairmos daqui antes que a chuva pare e possam ver a gente.
  - Eu concordo com você. – disse, já estendendo meus braços para pegar nossas roupas. Ela pulou janela adentro para o quarto de e depois de recolher todas as peças, eu fui atrás.
  Dentro do quarto ela abriu o armário e pegou duas toalhas, enrolando uma em seu corpo nu e me estendendo a outra, sem me olhar diretamente.
  - Com vergonha? – ela corou e assentiu com a cabeça. – você sabe que já viu tudo que tinha para ver, não é? – ela riu e então olhou pra mim, se aproximando de meu corpo e me beijando mais uma vez.
  - Você é um idiota. – ela murmurou depois do beijo.
  - Um idiota pra quem você acabou de se entregar. – a beijei novamente.
  - Um idiota que é meu melhor amigo. – ela me beijou novamente.
  - Um idiota que te ama. – a beijei.
  - Um idiota que é amado por outra idiota. – e entre beijos e carinhos, nos esprememos na cama de solteiro de e adormecemos.
  A chuva de verão ainda caía lá fora e talvez alguém nos tivesse visto, mas isso não importava, o que importava éramos eu e ela.

FIM



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