Stuck Into You

Escrito por Ester Lima | Revisado por Bella

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  O céu estava nublado como sempre e o sol tentava sem sucesso dar o ar da graça. As duas crianças correndo pelo jardim não se importavam com isso, já que quando se tem cinco anos todos os dias parecem ensolarados e radiantes. Depois de brincarem de pique provavelmente pela décima sétima vez naquela tarde, e Harry jogaram- se na grama verde, vencidos pelo cansaço.
  - Ganhei de novo! – o menino exclamou vitorioso enquanto ganhava um olhar de reprovação da garota de marias- chiquinhas.
  - Eu deixei você ganhar, seu bobão. – disse emboçando um sorriso em seguida mostrando a língua.
  - Você sempre fala a mesma coisa, . Má perdedora, má perdedora! – o menino de cabelos cacheados cantarolou, ganhando em troca um leve beliscão. - Ai, isso doeu.
  - Eu sei, era pra doer mesmo. – a menina gargalhou.
  - Feiosa!
  - Ah... – deu de ombros e se levantou, logo em seguida puxando seu amigo. – Vem, vamos para o balanço. – prontamente, Harry assentiu e seguiu a menina saltitante.
  - Sabe, Hazza... Escutei minha mãe falando hoje cedo que ser adulto é ruim. – praticamente se jogou no balanço azul, enquanto Harry fez o mesmo no balanço ao lado direito.
  - Aham... Você acha que é? – ele arqueou as sobrancelhas, perguntando curioso.
  - Não sei. Acho que não. Você pode ficar acordado até tarde, pode falar palavras feias, pode andar sozinho...
  - Também acho que não é. Sabe, , eu quero crescer logo. Quero dirigir que nem meu pai, quero comer besteira a noite, quero ouvir as conversas de gente grande.
  - Eu sei, Hazza, também quero. Mas mamãe diz que tudo tem o seu tempo e eu acredito nela. Um dia nós iremos fazer isso tudo, certo? – a menina deu um sorrisinho, o qual sempre fazia seu amigo sorrir também.
  - Certo. – ele confirmou. As vozes se calaram e o único som presente era o dos balanços rangendo. Depois de alguns minutos, Harry voltou a falar novamente. – , nós seremos amigos mesmo depois de grandes?
  - Harry... – revirou os olhos, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. – Mas é claro que sim! – ela exclamou abrindo um largo sorriso. – Você é meu melhor amigo, nada e ninguém irá nos separar!
  - Uau... Onde você aprendeu a falar assim? – o menino pareceu surpreso com a autoconfiança da garota, de seu modo decidido.
  - Vi num filme. Legal, né?! Minha irmã me disse que nós sempre aprendemos algo com os filmes. – a garotinha deu de ombros, como se não fosse grande coisa. Mas era. Era no ponto de vista de Harry, tudo que a garota fazia pra ele tinha um significado enorme. Ela sempre corria mais rápido que todas as crianças da escola, sempre questionava a professora e sempre o ensinava alguma coisa nova. O menino sorriu. – A sua irmã tem razão, afinal, aprendi com Pinóquio que nós não devemos mentir senão o nosso nariz cresce. – Harry finalizou a frase pulando do balanço e em seguida imitou um elefante, fazendo barulho e tudo, tirando uma forte risada da menina.
  - Isso mesmo, seu palhaço. – disse ainda rindo. De repente, uma chuva fraca começou a cair. A menina pulou do balanço e saiu em disparada a caminho da porta dos fundos. Antes de conseguir completar seu percurso, Harry a gritou. – Volte aqui, nós estamos brincando ué!
  - Hazza, começou a chover. Mamãe disse que ficar na chuva dá resfriado.
  - Ah, dá nada. – dessa vez, Harry deu de ombros. – Venha, vamos fazer que nem naquele filme, “sei lá o que na chuva”. Meu pai viu ontem, o moço estava dançando debaixo de uma chuva muito mais forte que essa. Isso, “Dançando na Chuva”, esse era o nome. – ele finalizou fazendo um passinho de dança, o qual fez a menina sorrir um pouco.
  - Acho melhor não, Hazza. Mamãe vai brigar comigo e... – foi cortada pela voz travessa do menino.
  – Eu te desafio.
  - Agora você vai ver. – correu novamente, agora indo ao encontro de seu amigo, se posicionando na frente dele. – Vamos dançar então.
  Nisso, o “casal” começou a fazer diversos passos, como giros, saltos e outras coisas. A chuva ficou um pouco mais forte e eles começaram a dançar uma espécie de valsa, os pés descalços agora sujos pela lama. Tão felizes, tão amigos, tão imersos em seu próprio mundo, no mundo de Harry & , o qual só os dois tinham acesso. Se tivessem que descrever esse momento, a palavra perfeita seria “doce”, talvez “encantadora”. Foi nisso em que Anne, a mãe de Harry, pensava enquanto observava a cena, chamando para ver também.
  - Olha só, , nossos bebês dançando juntos como namorado e namorada. – Anne se divertia, sendo acompanhada por sua amiga.
  - Annie querida, será que...? – nem precisou terminar a frase, Anne entendia perfeitamente o que ela queria dizer.
  - Não, acho que não. Ora, eles são muito jovens, cinco anos apenas. Namorando, não, creio que não. – Anne disse sincera.
  - Hum, eu acho que sim. Harry é um conquistador nato, aposto que a está caidinha. – riu e Anne fez o mesmo. – Bem, irei perguntar pra ela depois, mas agora... , Harry, entrem agora! Querem pegar um resfriado?
  Os dois correram pra dentro da casa e depois de ouvirem uma senhora bronca (e depois de se secarem), ganharam biscoitos e leite quente. Como a chuva insistia em não passar, destruindo os planos de brincadeiras das crianças, eles foram obrigados a ficarem quietinhos dentro de casa assistindo Pinóquio. Sempre que olhava pra Harry, ele imitava um elefante, ganhando uma gargalhada gostosa da garota ao seu lado. Anne e se entreolhavam curiosas. Será que era verdade, tão novinhos e namorando? Realmente tinha umas perguntas a fazer para sua filha mais tarde.

   admirava a noite da janela de seu quarto. A lua sempre tão enorme, as estrelas sempre tão brilhantes. Nem parecia que a tarde fora resumida numa tempestade que quase inundou a cidade. A menina tinha uma série de dúvidas sobre o que se passava naquela imensidão negra, dúvidas as quais ela esperava que sua mãe (que tinha acabado de entrar no quarto) respondesse.
  - Mãe, me responde uma coisa? – a menina perguntou com sua atenção voltada para a janela.
  - Claro, meu anjo. Uma coisa só não, mil. – disse com sua voz doce, se ajoelhando para ficar na altura da filha.
  - Hã? Que mil? – virou- se para sua mãe com os olhos cheios de dúvidas.
  - Nada, coração. Diga- me a sua dúvida.
  - Okay. Mãe, por que nós só vemos as estrelas de noite?
  - Porque de dia elas precisam descansar e o sol tem que trabalhar.
  - Mamãe, pra onde o sol vai quando está de noite? Ele vai pra casa dele dormir? – a menina olhou novamente para o céu estrelado.
  - Não, meu amor, o sol nunca dorme. Ele vai trabalhar em outro país, em outro continente e etc.
  - Mas, mãe, ele não se cansa de trabalhar não?
  - Não, ele não se cansa. O sol não é que nem nós, o seres humanos.
  - Estou confusa. Você não disse que ele trabalha? Quem trabalha se cansa, ué, o papai por exemplo. – torceu o nariz quando sua mãe começou a rir. – Por que você está rindo?
  - Nada não, filha. Olha, você irá aprender essas coisas em breve, como, por exemplo, o que acontece com o sol de noite. Quando você ficar mais velha, as coisas farão mais sentido. A única coisa que importa no momento é que o sol brilha de dia e a lua de noite. – disse em um tom divertido enquanto sua filha revirava os olhos.
  – Óbvio né, mãe!
  Depois de uns minutos em silêncio, voltou a fazer o interrogatório.
  - Mãe, me responde uma coisa?
  - Uma coisa só não, mil.
  - Pare com isso, eu não entendo quando você fala assim! – a menina exclamou ofendida.
  - Okay, qual a sua dúvida agora? – riu.
  - Hoje de manhã escutei a senhora dizer que ser adulto é ruim. Por quê?
  - Ah, filha... Essa é uma pergunta complicada. Quando você crescer, irá entender.
  - E por que a senhora diz a mesma coisa pra todas minhas perguntas? É sempre “você verá em breve” ou “quando você crescer”... Eu quero saber agora! – a menina exclamou novamente.
  - São coisas da vida. Quando você cresce, você não pode fazer as mesmas coisas de anos atrás. Por exemplo, quando você tinha um ano, eu te pegava no colo. E hoje em dia, eu faço isso?
  - Não. – respondeu curiosa, mas não muito convencida.
  - Exato. Por que eu não faço mais isso? Porque agora você é uma mocinha, está com cinco anos e cinco não é igual a um. – a garota revirou os olhos pela segunda vez naquela noite.
  – Óbvio né, mãe!
  - Sem falar que quando você é adulto, você tem responsabilidades, tem que saber se virar... O mundo é um lugar cruel, filha.
  - Respon... Responsavilidades? – franziu o cenho.
  - Responsabilidades, com b. Eu, eu tenho a responsabilidade de cuidar de você, cuidar da casa e etc. Cada um na vida tem suas responsabilidades.
  - Eu tenho isso, mamãe?
  - Responsabilidades? Sim, você tem mas são mais simples. Hum, lembra quando você tinha que fazer seu dever de casa e não o fez? – a menina assentiu com a cabeça. – Então, essa era a sua responsabilidade e você não cumpriu. Sua professora ficou chateada e eu também.
  - Entendi. Quando nós não cumprimos nossas responsavilidades, deixamos as pessoas tristes?
  - Responsabilidades, com b. – a mãe repetiu. - E às vezes sim, mas nós temos que fazer nossas coisas não para agradar os outros e sim para ficarmos de bem com nós mesmos.
  - Ah sim. Res... Responsabilidades. Uau, que palavra bonita. Harry tem que saber disso. – aproveitando o momento, pensou que seria propício questionar sobre seu possível namoro infantil.
  -, me responde uma coisa? – a mãe perguntou enquanto guiava sua filha para longe da janela e em direção à cama.
  - Sim. O quê?
  - Você gosta do Harry?
  - Sim, mãe, ele é meu melhor amigo. – a menina se aconchegou nos lençóis. – Gosto muito dele.
  - Vocês são namorados? – disse sem rodeios, arrancando risos da filha.
  - Claro que não, mãe! Namorar é nojento e é coisa de adulto. – abraçou seu coelhinho de pelúcia enquanto sua mãe sorria aliviada.
  – Mas um dia, não sei... Quem sabe você namore com ele, né?
  - Hum... – a menina refletiu por um tempo e negou com a cabeça. – Não, ele é meu amigo. Por que você está me perguntando essas coisas, mãe?
  - Coisa de mãe, amor. É besteira.
  - Coisa de mãe? E o que é isso? – a garota já ia se sentando na cama, mas cortou o barato.
  - Amanhã eu te explico. Agora vamos dormir, certo?
  - Okay, mas amanhã você me explicará o que é coisa de mãe, viu?

  DOIS ANOS DEPOIS

  Era uma manhã ensolarada em Cheshire, tudo parecia estar bem, mas só parecia. Um jovem Harry Styles de apenas sete anos sentado na escada da frente de sua pequena casa encarava seus próprios pés com lágrimas nos olhos. Ele tentava entender, porém não conseguia. Por que justo seus pais tinham que se separar? Do seu lado, sentada alguns degraus acima, estava , fazendo um leve afago nos cabelos cacheados do garoto. Ela também não entendia muito bem, mas conseguia sentir a dor de seu amigo.
  - O que vai ser de mim agora? Minha mãe vai pra um lado e meu pai pra outro, não sei o que fazer. – o menino disse enquanto secava algumas lágrimas que insistiam em cair.
  - Olha, Hazza... Não sei o que dizer. Mas eu vou estar do seu lado sempre, tá?! Tipo agora. – continuou a fazer o cafuné enquanto as lágrimas de Harry caiam pesadamente. Mesmo Harry tentando ser forte, travessos soluços escapavam.
  - Promete não contar pra ninguém? – ele perguntou fungando.
  - Contar o quê? Que seus pais vão se separar? Mais cedo ou mais tarde as pessoas irão descobrir, Hazza... – ele negou com a cabeça e antes que a menina pudesse continuar, ele respondeu.
  – Isso não... Não fale pra ninguém que me viu chorando. Homens não choram.
  - Choram sim! Todo mundo que tem olhos chora. Minha irmã falou que os homens choram sim, mas que eles fingem que não.
  - Então podemos fingir que eu não chorei? – os olhos confusos e lacrimejados de Harry se encontraram com os olhos brilhantes e cheios de esperança de . Sem precisar falar nada, a menina apenas “fez que sim” com a cabeça e pronto. O assunto estava encerrado. Agora eles poderiam brincar de pique novamente ou ir para o balanço. Era tudo que o jovem Harry precisava no momento.

-x-

   encarava o carro preto do outro lado da rua. Era isso então. Anne colocava as últimas malas dentro do conversível enquanto Gemma se despedia de alguns amigos. procurou vagamente com os olhos um certo menino de cabelos cacheados. Nem sinal. Pensou em ir até lá, mas achou melhor não, não queria atrapalhar. A menina encarou os seus próprios pés. Converse vermelho sujo, seu calçado favorito. Sorriu brevemente, pois Harry havia dado esse tênis no seu último aniversário. Ela odiava vermelho, mas desde o dia que ganhou o presente fazia questão de usar mesmo quando brigava com ela, mandando lavar os calçados. Uma lágrima escapou de um de seus olhos. Ia sentir muita falta de seu amigo. Okay, ele não ia mudar de país, mas mesmo assim era distante. Antes, era só atravessar a rua e pronto, já estava na casa dos Styles e agora quando quisesse visitá- lo, teria que ficar trancada no carro durante uma hora. Tirando de seus desvaneios, Harry apareceu. – Vem comigo. – ele disse, estendendo uma mão.
  - Pra onde? – perguntou receosa.
  - Vem comigo e você verá. – sem pensar duas vezes, a menina pegou a mão de seu amigo e o seguiu correndo.
  Era um parque que ficava a poucos quilômetros da rua dos dois. Por ser muito cedo, estava vazio, mas mesmo assim muito aconchegante. As duas crianças se sentaram num banco de madeira e ficaram ali, olhando para o nada. Conversaram sobre diversos assuntos e depois o silêncio predominou no local. Após certo tempo, Harry entregou para um cordão dourado com um pequeno pingente de coração.
  - Mamãe pediu pra entregar pra você.
  - Por quê? – a menina questionou.
  - Não sei. Ela disse que você ia gostar. Na verdade, eu pedi para ela me dar pra eu dar para você... Deu pra entender? – Harry fez uma cara confusa no fim.
  - Deu sim. – respondeu com um sorriso. – Obrigada, Hazza... Ah, agradeça a ela por mim.
  - Okay. – mais silêncio. Os minutos foram passando e encarava o cordão em suas mãos. Era mesmo uma gracinha, mas ela não tinha vontade de usar. Era como se fosse um presente de adeus e não era isso que ela queria. Queria ter seu amigo por perto, queria ir pra casa dele todos os sábados para ver filmes e brincar de pique, queria ir pra escola com ele, queria sentar ao lado dele no recreio e agora nada disso seria possível. Ele estava se mudando, iria pra outra escola. E se fissese outra amiga? E se esquecece dela? Esse tipo de pensamento deixava triste. Por mais que o cordão fosse lindo, não o queria. Queria seu amigo, seu melhor amigo, seu Hazza.
  - Harry? – perguntou segurando o choro.
  - Sim?
  - Você vai me esquecer, Harry? – continou, quase sem voz.
  - Jamais, . Você é minha melhor amiga e melhores amigos não se esquecem.
  - Promete que vem me visitar? – a menina secou uma lágrima fujona.
  - Prometo. Sempre que a minha mãe deixar.
  - Okay. – disse por fim.
  - Okay. – Harry concluiu. E ficaram assim novamente, olhando pro nada, aproveitando o silêncio. Poucos minutos depois, o carro preto de Anne aparaceu no meio da estrada. Era isso.
  - Bem, tenho que ir. Falei com a minha mãe que ia te trazer aqui e ela disse que vinha me buscar.
  - Hum. – a menina sorriu sem vontade. Harry a abraçou, afagando seus cabelos e respirando o cheiro de seu doce perfume. As crianças partiram o abraço.
  - Coloca em mim? – balançou o cordão dourado na frente dos olhos do menino. Ele sorriu e assentiu. Rapidamente colocou o cordão e sentiu seu coração afundar. Ele não queria partir. A buzina do carro quebrou o silêncio e a hora tinha chegado. Deu mais um forte abraço na amiga e correu em direção ao automóvel, com lágrimas nos olhos. Observou pela janela parada no meio do parque, com uma mão no cordão e a outra acenando, lágrimas em seus olhos também. “Acho que entendo como crescer é ruim” a menina pensou.

  NOVE ANOS DEPOIS

   balançava o seu corpo seguindo o ritmo da música estridente que vinha do rádio enquanto Harry acompanhava cantando, fingindo estar se apresentando na frente do espelho. Naquela tarde, os haviam passado para fazer uma visitinha aos amigos de longa data e os dois adolescentes aproveitaram para matar as saudades. Depois que a música chegou ao fim e “Time After Time” da Cindy Lauper começou a tocar, abaixou o volume e se sentou no chão sendo acompanhada pelo amigo.
  - Essa música é tão boa, você não acha? – a garota perguntou fechando os olhos, balbuciando algumas frases da canção em seguida. Harry concordou com a cabeça e começaram a cantar juntos no refrão.

“If you're lost, you can look and you will find me, time after time. If you fall, I will catch you, I'll be waiting... Time after time.”

  -Olha, , essa música parece que foi feita para nós. Se você cair... – ele falou erguendo uma das sobrancelhas.
  – Eu vou te segurar, manezão. – a menina respondeu sorrindo, dando um leve soco no braço do amigo. – Você tem razão, parece que foi feita para nós mesmo. Digo, falando no modo amizade, né?! – ela continuou e o rapaz assentiu com um olhar triste.
  – Amizade. Claro que sim.
  A música terminou e Harry desligou o rádio. Queria conversar com sua amiga.
  - E como estão as coisas na escola? – perguntou desleixado.
  - Ah, Hazza, estão bem. O mesmo de sempre, gente chata, metida, professores que passaram séries de trabalhos e mais trabalhos... Tá tudo muito ruim como sempre. Estudar não tem o mesmo significado de nove anos atrás quando você me fazia companhia e tudo ficava mais fácil. – Harry foi obrigado a sorrir com esse comentário.
  - Bem, e como estão nossos amigos? Curtis, Amelia, Blake... De vez em quando eles me ligam.
  - Eles estão normais. – comentou sem dar muita importância e continuou. - Já te falei quem começou a andar com a gente? – perguntou entusiasmada e Harry negou com a cabeça. – Jason! – a menina exclamou.
  - Jason? – a cara de Harry agora era um misto de surpresa e raiva. só podia estar brincando. Jason Woolridge provavelmente era a pessoa mais detestável da terra. e Harry sempre estudaram na mesma sala que ele durante a infância e o menino já demostrava sinais de que não era uma boa pessoa. Harry se lembra muito bem do dia que foi para a direção por ter discutido com ele em sala e bem, xingá- lo de algo não muito apropriado. Ficou de castigo durante três semanas.
  - Sim, esse mesmo que você está pensando. Ele mudou, Hazza, acredite em mim. Ele está legal, dedicado aos estudos... E agora, com o fim do campeonato de futebol chegando, ele está bem focado em... – Harry parou de prestar atenção na garota. Sua boca mexia e mexia, mas ele não a escutava mais. Seus olhos brilhavam a falar naquele desprezível. Como isso era possível?
  - Olha, - ele cortou a amiga. –, cuidado com esse cara. Eu nunca confiei nele, algo dentro de mim diz que ele é ruim.
  - Aham, okay, Harry... – a jovem revirou os olhos, nunca iria conseguir explicar nada para seu amigo que envolvesse Jason. Ele sempre seria irredutível. – Tudo bem, vamos mudar de assunto então. E você? Como as coisas estão indo?

  Mais tarde naquele domingo, depois da família de partir de volta pra casa, Harry recebeu uma ligação de seu amigo, Blake. Mas não ficou nada feliz com o que ouviu.
  - O QUÊ? – ele gritou e com certeza no outro lado da linha, o pobre Blake ficou uns segundos sem ouvir muita coisa. – Você está doido cara! nunca iria fazer algo desse tipo! – Harry estava pasmo com o que acabara de ouvir, não acreditava de jeito nenhum. Um rápido flashback invadiu sua memória.

  FLASHBACK ON
   e Harry estavam sentados na varanda da casa da menina. A festa surpresa de catorze anos de tinha terminado e os convidados já haviam ido embora. Enquanto as mães estavam dentro da casa arrumando a bagunça, os dois estavam conversando sobre coisas aleatórias. De repente, o assunto surgiu. Sexo. Ambos sabiam o que era e como se fazia, afinal, quando a puberdade chega, a curiosidade aumenta e os dois eram pré- adolescentes curiosos.
  -, com quantos anos você quer ter sua primeira vez?
  - Ah, Hazza... – a menina refletiu por alguns segundos. – Não sei. Não penso em fazer com uma idade certa, acho que quando encontrar alguém que eu ame de verdade e retribua o mesmo sentimento. E, claro, quando eu confiar plenamente na pessoa. E você?
  - Também não sei. – Harry respondeu dando de ombros. – Quando rolar, rolou. – riu do modo despreocupado e tranquilo que ele falou. Essa era uma das qualidades de mais admirava no amigo, o fato de ser sempre pé no chão, relaxado e etc. Desejava ser assim também.
  - Tudo para os meninos é mais fácil. Vocês não levam em consideração como nós, as meninas. A primeira vez é algo muito importante pra nós. – falou com autoridade e o amigo concordou.
  - Mas se acalme. Você acabou de fazer catorze anos, nem pense nesse tipo de coisa, mocinha. Quando chegar a hora certa, aí sim. – Harry falou com seriedade e riu.
  - Tudo bem, irmão mais velho. – dessa vez quem riu foi o menino. Rapidamente o papo foi deixado de lado e agora contava o que tinha acontecido com a professora na última aula de artes, arrancando gargalhadas do amigo que se divertia com a imitação um tanto exagerada da menina.
  FLASHBACK OFF

  -Blake, eu não acredito que a fez isso com aquele sacana. Transar com ele, mas eles nem são namorados! – Harry gritou novamente.
  - Cara, esse é o boato lá na escola. Sabe, o Jason está se aproximando da gente e os dois fizeram um trabalho em dupla na aula de química. Sem falar que toda vez que o Jason aparece, a é toda sorrisos.
  - Impossível. Não acredite nesses boatos, Blake. Eu não acredito. - Harry falou convicto, mais pra si mesmo do que para o amigo. Ele não acreditava nisso. Ou será que acreditava?

-x-

  Um mês tinha se passado desde a última vez que havia visto Harry. Durante esse período, ela ligou algumas vezes pra ele, mas algo estava errado. Suas respostas eram curtas, quase monossilábicas e a conversa nunca passava de alguns minutos. Algo no mínimo estranho, já Harry adorava conversar com ela. Finalmente chegou o dia de reencontrar o amigo e tirar todas as dúvidas que corriam em sua mente.
  Quando o conversível parou, praticamente pulou do carro, correndo em direção ao amigo que estava a alguns metros da calçada. Ela o abraçou fortemente, aspirando o cheiro de seu peito, “cheiro do Harry” pensou. Mas o abraço dele não era o mesmo de antes. Suas mãos estavam delicadamente ao redor da cintura da menina, mas parecia que não estavam lá. Era como se ele não quisesse abraçá- la. Os dois se separaram e encarou o amigo. Ele estava sério, seu olhar estava distante, parecia que estava viajando em outra dimensão. A menina sorriu um pouco e em seguida Harry a acompanhou com um sorriso triste, deixando a menina preocupada. O que será que tinha acontecido?
  Depois de comerem algo que Anne havia preparado, os dois adolescentes foram para o quarto fazer o mesmo ritual de sempre: ligar o rádio, cantar as melhores canções e conversar sobre tudo. Mas Harry não queria fazer nada disso. Não queria olhar pra cara da amiga, não conseguia. A conversa que teve com Blake rondava sua mente. Será mesmo que a havia se entregado para um marginal como Jason? Harry refletiu, tinha as suas dúvidas. Jason estava se aproximando, já não era mais nenhuma criancinha e bem, mês passado quando havia falado dele, seus olhos brilharam. poderia sim ter dormindo com aquele cara e escondido toda a verdade pois sabia que o amigo detestava o Woolridge. Isso estava fritando os neurônios de Harry.
  - Hazza? Hazza? – estalou os dedos na frente dos olhos do amigo que parecia estar em transe. Finalmente ele despertou. – Cara, eu estou te chamando a maior tempão, o que aconteceu? Você está muito diferente hoje, Harry. – a menina disse apreensiva.
  -, posso te perguntar uma coisa? Promete não mentir pra mim?
  - Mentir pra você? – a menina perguntou num tom divertido, fingindo que estava ofendida. – Harry, você sabe que eu nunca conseguiria mentir pra você, seu safado! – ela exclamou. – Me diga o que quer perguntar.
  - Você gosta do Jason?
  - Em que sentido?
  - Homem e mulher.
  - Não. Eu acho. Não sei, Hazza. Ele é colega e mudou bastante de uns tempos pra cá.
  - Hum. – Harry engoliu o enorme nó que se formou em sua garganta. “’Não, acho, não sei.’ Essa não é uma boa resposta” O adolescente de cabelos cacheados pensou.
  – Por que essa pergunta agora? – questionou.
  - Por nada. Curiosidade.
  - Hazza... – a menina sorriu levemente. – Não se preocupe. Jason está bem diferente do que você estava acostumado, eu garanto. E sim, eu terei cuidado. – finalizou com um sorriso.
  - Hum. – ele repetiu. Já tinha ouvido o bastante.

-x-

  -? ? ! – Amelia gritou, tirando a menina de seus devaneios e atraindo olhares curiosos de algumas pessoas no refeitório. Desde que havia saído da casa dos Styles no dia anterior, não conseguia prestar atenção em nada. Não entendia o porquê de Harry estar tão diferente, tão frio com ela e muito menos a razão daquela pergunta. Não tinha ficado satisfeita com a resposta “curiosidade” de seu amigo. Tinha algo por trás de seu jeito estranho, algo por trás daquela pergunta. Mas o que seria? Era isso o que a intrigava.
  - Sim, Amy? O que foi? – perguntou.
  - Acontece que eu estou aqui falando com você a quase quinze minutos e você nem aí pra mim! – Amelia exclamou enquanto bufava. Não estava com menor vontade de aturar nada e ninguém, isso incluía a jovem loira com a face cheia de maquiagem na sua frente.
  - Desculpe, não estou muito bem hoje. – se levantou da mesa e foi em direção as portas do refeitório.
  - Jura? Nem percebi. – Amelia disse com tom sarcástico, seguindo- a. não tinha nada contra Amelia, muito pelo contrário, mas ela simplesmente não conseguia confiar na garota. Não se considerava amiga dela, na verdade, não se considerava amiga de ninguém, só de Harry e de Blake, pois esse último tinha o comportamento muito parecido com o primeiro. Andava com Curtis e Amelia porque, apesar de tudo, eles não eram tão panacas quanto o resto da escola e a mãe de sempre dizia que era bom ter outros amigos além de Harry, coisa a qual a jovem achava desnecessária. Harry era a melhor companhia do mundo, era incrível, dezesseis anos de convivência e ela nunca se cansava dele, muito pelo contrário, morria de raiva do fato que só podia visita- lo uma vez ao mês, mas isso era melhor do que nada. deu um risinho para a colega e seguiu marchando em direção à sala onde teria a próxima aula, antes mesmo de o sinal bater. Amelia observou a amiga de longe. “Preciso falar com Jason” a garota loira pensou.

   tentava prestar o máximo de atenção no que seu professor de geografia estava falando, mas não conseguia. Queria sair correndo daqui, queria que a semana passasse, que o mês voasse para poder ver seu melhor amigo novamente. Queria prensá- lo na parede, questionar o porquê de seu estranho comportamento. Apenas queria vê- lo.
  -? – Jason sussurrou seu apelido da cadeira de trás a dela, tirando a jovem de seus pensamentos.
  - Sim? – ela sussurrou de volta.
  - Você está bem? Amelia me falou que você estava esquisita.
  - Estou bem, Jason, só um pouco cansada. Obrigada por perguntar. – finalizou com um sorriso. Alguns minutos depois, conseguiu se concentrar na matéria, só que Jason voltou a chamá- la.
  - Ei, você pode me dar uma força em História? Você sabe, eu tenho grandes problemas com Revolução Francesa. – o sinal tocou indicando o fim de uma aula lenta e torturante, agora era só mais um tempo de Física e pronto, a menina poderia ir embora. Mas não, graças ao capitão do time de futebol.
  - Claro, Jason. – respondeu cansada. – Depois da aula, na biblioteca, tudo bem? – ele assentiu e a menina saiu da sala com passos lentos. Seria mesmo um longo mês.

  Jason suspirou encostado na porta da biblioteca. Havia matado o último tempo de aula para jogar uma partidinha de futebol com seus amigos, mas como a bola foi jogada no telhado e a partida havia sido finalizada, resolveu ficar esperando sua “professora de Revolução Francesa” já que faltavam poucos minutos pras aulas acabarem. Kyle, um de seus companheiros de time, passou pelo corredor e foi falar com seu parceiro.
  - Tá fazendo o que aí?
  - Esperando a .
  - , do primeiro ano? – Kyle perguntou curioso.
  - Essa mesmo. Ela tá na minha. – Jason sorriu vitorioso.
  - Então os boatos são verdade. Vocês chegaram nos finalmentes, né? – Kyle perguntou novamente com o mesmo tom de voz. Jason o encarou.
  - Vamos dizer que quem cala, consente. De Charles Shakespeare. – concluiu com um sorrisinho sacana.
  - Quem é Charles Shakespeare? Um jogador de futebol? – Kyle perguntou confuso.
  - Não, anta, foi o cara que disse isso! Ou seria Willian Darwin? Ah, não interessa, dá no mesmo. Os dois foram grandes cantores.
  - Nunca ouvi falar.
  - Não estou surpreso, sua besta. Você não é tão inteligente quanto eu. – Jason disse inflando o peito. O sinal tocou e os alunos começaram a sair de suas respectivas classes. – está vindo. Agora vaza daqui.

  Harry estava novamente no telefone com Blake. Ele não conseguia acreditar. Kyle havia contado toda a história de Jason para Blake. Bem, para Blake e para o resto da escola.
  - Mas, Blake... E- eu não consigo acreditar. Não, não é esse tipo de garota. Só acredito quando sair da boca dela.
  - Cara, a escola inteira está comentando isso, não sei como ela não percebeu. Sei não, hoje cedo eles estavam juntinhos na biblioteca. – Harry sentiu seu sangue ferver ao escutar isso. Desejou nunca ter se mudado, nunca ter saído da escola, nunca ter abandonado naquele maldito lugar. Ele tinha quase certeza, ela estava se apaixonando por esse imbecil e ele não podia fazer nada, não podia proteger sua amiga. sempre foi uma pessoa sensível e fraca, emocionalmente falando. Sabia que quando Jason a machucasse, ela iria sofrer.
  Sim, Jason poderia ter mudado, mas Harry não conseguia acreditar nisso. Era como se algo dentro dele avisasse, alertasse que esse sujeito iria causar algum mal a sua tão amada amiga. Amada. Amiga?

-x-

  O mês havia acabado e não pôde comparecer na casa de Anne, pois seu marido estava doente, para o desespero de e Harry. sentia muito pelo seu pai, mas precisava ver seu melhor amigo o mais rápido possível. Obviamente, Harry também sentia muito pelo Sr. , mas ele teve um mês inteiro para passar mal e fica doente justamente na época em que vem fazer a visita?
  Uma semana após Sr. se recuperar do forte resfriado, todos foram visitar os Styles. Geralmente, apenas , e sua irmã Lana iam visitar a família, mas dessa vez o pai de resolveu acompanhá- las, já que Anne insistia em vê- lo.
  Quando o carro estacionou, fez a mesma coisa de sempre: pulou para fora e correu em direção a Harry. Depois de um mês e uma semana, parecia que estava uma eternidade sem vê- lo. Estava tudo muito confuso na vida dela no momento, ela precisava se abrir pra alguém, no caso para ele. Durante essa última semana, as pessoas na escola estavam diferentes. Andavam a encarando, cochichando e apontando. Ela não conseguia entender o porquê. Perguntou para Amelia, que também não sabia (ou fingia que não sabia), assim como Curtis e Blake. Blake, na verdade, ele disse era melhor a menina conversar com Styles, pois ele sabia de tudo. Ligou para Blake, o pressionou, mas ele não disse nada. “Fale com o Harry” era tudo que ele dizia e essa frase ecoou pela cabeça da garota durante esses últimos dias.
  Mas Harry não estava tão animado assim. Quando o abraçou, ele não esboçou nenhum tipo de reação, não a abraçou de volta. – Hazza? – sussurrou, fixando seus olhos nos do garoto. Não conseguia enxergar o brilho que sempre estava presente naqueles olhos verdes profundos. O coração da menina afundou.
  Depois que os Styles e os fizeram seu clássico ritual de tomar chá, comer biscoitos, e conversar, os quatro adolescentes (Gemma, Lana, e Harry) foram liberados a sair da mesa. Gemma e Lana foram para o quarto da primeira menina, pois Gemma precisava mostrar o mais novo par de sapatos que havia comprado. Harry subiu as escadas em silêncio, sendo acompanhado por . A garota ligou o rádio e uma música do The Killers começou a tocar. OS dois jovens se sentaram no chão e olharam pro nada, apenas escutando a melodia forte e a letra peculiar.

“Somebody told me you had a boyfriend who looked like a girlfriend that I had in February of last year.”

   sorriu. Amava essa música e essa banda. Olhou para Harry, e ele parecia estar em outro mundo. A menina respirou fundo e se lembrou dos últimos acontecimentos. Mês passado ele estava desse modo, só que agora estava um pouco pior. Ela se lembrou do “abraço” de hoje cedo, do modo que seus olhos estavam sem vida e cheios de dúvida. Ela já estava farta dessa situação.
   diminuiu o volume do rádio e virou- se para seu amigo. Respirou fundo e tomou coragem suficiente para atrair a atenção do rapaz. – Harry?
  - Hum? – respondeu seco.
  - O que está acontecendo? Por que você está tão diferente comigo? O que eu fiz? – jogou tudo para fora de uma vez só.
  -. – a menina estremeceu. Desde que nasceu, Harry a chamava de “”, ele criou esse apelido e era a única pessoa que a chamava assim. Ouvir seu nome saindo da boca dele, ainda mais naquela situação, dava calafrios pelo corpo da jovem. Tentou brevemente puxar na memória as vezes que o amigo a chamara assim. Não conseguiu.
  - Você não confia em mim. – Harry disse ríspido.
  - Hã? Mas é claro que confio! - a menina respondeu alterada. Ele não havia perguntado e sim afirmado, o que fez a cabeça da garota explodir. Por que ele surgiu com essa história?
  - Não confia. Sabe, eu até pensei que nós éramos amigos de verdade, mas acho que me enganei. Como fui troxa. – o garoto disse sério, fazendo que os calafrios de ficassem cada vez maiores.
  - Em primeiro lugar: por que você está falando assim? Harry, não estou gostando dessa brincadeira! Você está diferente comigo, frio, e agora vem com esse papo sem pé nem cabeça de “você não confia em mim”. Está louco? Segundo: Você é o meu melhor amigo, como diabos não vou confiar em você? – falou aumentando seu tom de voz.
  - Sabe por que, ? Lembra daquele dia que eu lhe perguntei de você gostava do Jason? Você disse o que? “Não, eu acho, não sei”, certo? Não foi isso? Por que você não me disse a verdade?
  - Verdade? Mas, Harry, essa era a verdade! Eu não gostava dele e não gosto. Se eu gostasse, contaria isso pra você. Que inferno! - virou- se de costas para o, até então, amigo. Andou até a janela e observou as grandes nuvens escuras preencherem o céu. Ia cair o maior temporal. Em todos os sentidos.
  - Então quer dizer que você dorme com um cara sem ao menos gostar dele? Nossa, a alguns anos atrás o papo era outro... Acho que eu não te conheço de verdade. – virou- se novamente em direção a Harry, com uma cara confusa. O que ele queria dizer com isso?
  - Que história é essa, Styles?
  - Não se faça de santa. A escola inteira já sabe que você transou com o Jason. – então era isso.
  - Harry... O quê? A escola inteira? Hã? – não conseguia entender, parecia que estava entorpecida. Tudo fazia sentido agora, os cochichos, as risadas, os olhares indiscretos. – Quem te disse isso? – a menina sentiu seus olhos se encherem d’água. – É mentira. – sussurrou.
  - Olha, não interessa quem me disse isso. Eu pensei que você confiava em mim de verdade, que eu podia contar com você, mas vejo que não.
  - Escute aqui ,Harry, eu não entendo o seu drama. Essa história não é verdadeira, eu não gosto do Jason, nunca fiz nada com ele, nem o beijei mas mesmo assim o que você tem haver com a minha vida? Com quem eu faço amor ou não? – disse com raiva. Ela só queria entender a razão de todo esse estardalhaço que seu amigo estava fazendo.
  - Acontece que... – Harry suspirou. Nem ele mesmo sabia ao certo o motivo, ele só sabia que estava com raiva. – Acontece, , que eu tenho todo o direito de me preocupar com você, você é minha melhor amiga, cacete! Eu não quero que você se machuque por causa de um idiota. – o jovem gritou. O quarto ficou em silêncio por alguns minutos, eles estavam ficando alterados e em breve ou Anne entrariam no quarto para ver o que estava acontecendo.
  - Eu agradeço sua preocupação, mas eu tenho idade suficiente para cuidar de mim mesma e saber o que quero da minha vida.
  - Por Deus, ! – Harry ergueu as mãos e bem nesse momento um trovão pode ser ouvido de longe. – Nossa, você é super adulta, né? Dezesseis anos, nós temos dezesseis anos! Pare de agir como uma criança mimada! – essa era uma das características que Harry odiava na amiga. Ela tinha que agradecer por ter um amigo como ele, que mostrava preocupação. Harry não ligava de parecer egoísta, era a pura verdade.
  - Criança mimada? Harry, eu não sou você! Quem foi que fez um maior auê por causa de um boato escolar? Você! Eu devia estar extremamente irritada. Você que não confia em mim, você que é a maldita criança mimada. – a garota disse dando ênfase nos “vocês”.
  - Na verdade, , eu não confio mais em você mesmo. Fale pra mim, você não estava lá na biblioteca com aquele mané? E o trabalho em dupla? Você enche a boca pra falar dele, você pode até não assumir, mas eu sei que você gosta dele e eu sei que você já se entregou pra ele! – Harry gritou.
  - Isso não é verdade! – ela gritou de volta. – Eu não gosto dele e não, eu não fiz isso que você está pensando. Você acha que eu sou igual aquelas meninas da escola? – bufou. – Responde, Styles, você acha que eu sou o quê?
  -Uma piranha. – logo em seguida, a mão de foi de encontro a bochecha direita de Harry. Ele olhou para ela como se ela estivesse louca e a menina encarou sua mão que estava um pouco dolorida devido ao forte impacto.
  - O que eu fiz? – a menina disse pra si mesma.
  - Acabou de dar um tapa no seu melhor amigo. Digo, ex- melhor amigo. – Harry disse com sarcasmo. O arrependimento na face de sumiu quando ela se lembrou dos motivos que a levaram fazer aquilo.
  - Nunca mais olhe na minha cara. – disse entre os dentes e correu para fora do quarto, indo em direção ao banheiro. Ficou lá chorando e revivendo a cena toda. Apenas saiu quando escutou Anne chamar todos para jantar.

  Os iriam passar a noite de sábado na casa dos Styles devido a forte chuva que caía e parecia não passar nunca, comunicou isso durante o jantar. Se fosse em outra ocasião, estaria bem feliz, mas depois da discussão que teve com seu amigo, melhor dizendo, ex- amigo, não tinha vontade de ficar naquela casa nem por mais um segundo. Gemma e Lana sorriram com o comunicado, pois poderiam passar a madrugada de sábado inteira fofocando e vendo filmes. suspirou revirando a comida, encarando- a. Se tirasse seus olhos do prato, acabaria cruzando com os de Harry, coisa que ela não queria de jeito nenhum. Pelo visto, ninguém tinha reparado no clima estranho que havia se instalado entre os dois adolescentes. Harry dava apenas algumas garfadas, e, assim como , encarava o prato sem a menor vontade.
  Depois do jantar, foi para o quarto de hospedes, alegando estar passando mal. No dia seguinte, ela acordou primeiro que todos, comeu uma fruta e voltou novamente ao quarto com a mesma desculpa do dia anterior. O resto dos devoraram seu café – da – manhã e saíram rapidamente de volta para casa.

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  Depois de descobrir a história sobre seu suposto relacionamento, foi resolver essa situação. Andando em passos largos, foi em direção a Jason que estava numa rodinha com seus colegas de time. A garota tocou delicadamente no ombro do rapaz e quando ele virou- se, slap, o barulho e a cena foram ouvidos e vistos por todos no refeitório. O tapa havia sido um pouco mais forte do que o qual havia dado em Harry, mas ao invés de se sentir culpada em seguida, se sentiu vitoriosa, como se tivesse tirado um peso dos ombros. Respirou fundo e saiu do local com as pessoas a observando. Depois disso, ela foi falar com a diretora da escola, a qual chamou os pais da menina e Jason para resolver a situação. O loiro confessou que havia dito mentiras para algumas pessoas a respeito da garota, e, como toda fofoca, correu por aí.
  Os pais de confiavam cem por cento na garota e sabiam que não havia motivos para mentir. não tinha coragem de retornar a escola depois de tudo e como Sr. havia recebido uma boa proposta de emprego, a família achou melhor começar de novo em outro lugar, distante do tudo. Mais precisamente em Londres.
  Anne e agora não podiam se ver com a mesma frequência de antes, já que Londres fica a três horas de Cheshire, mas continuavam amigas como sempre. sempre perguntava se Harry ligava pra e a menina assentia. Detestava mentir pra mãe, mas se fosse contar que não eram mais amigos, ela iria querer saber o motivo e, bem, ela iria descobrir que Harry havia chamado sua filha de uma coisa não muito agradável. não queria arranjar mais problemas e muito menos estragar a amizade de Anne com sua mãe, algo tão bonito e verdadeiro. Então apenas fingia que tudo estava bem.
  Com Harry acontecia a mesma coisa. Não tinha coragem de falar a verdade pra sua mãe, então era como se nada tivesse acontecido. As duas mães se sentiam arrasadas pela separação dos dois novamente, dessa vez de uma forma mais brusca, mas elas não imaginavam que no fundo ambos os jovens estavam aliviados e agradecidos.

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  Da porta da cozinha, encarou a televisão. Seus pais e sua irmã estavam com os olhos grudados na televisão. Nela, um garoto de cabelos cacheados, covinhas extremamente fundas, olhos verdes brilhantes e com um sorriso encantador respondia alegremente todas as perguntas que os jurados faziam. A menina revirou os olhos.
  - Filha, venha ver só! Harry está na tv! – falou com empolgação. Era como se estivesse vendo um de seus filhos, o que não era mentira.
  - Mãe, eu não quero ver, esses reality shows musicais são horríveis. – disse a primeira desculpa que veio em sua cabeça.
  - Coração, é o Harry, seu melhor amigo! Venha! – ela continuou a falar uma série de coisas as quais não prestou atenção. Melhor amigo. Aquela palavra não tinha mais o mesmo significado e toda vez que a garota escutava, seu coração doía.
  - Mãe, agora eu não posso. Tenho que acabar aquele dever pra amanhã, depois assisto pela internet. – saiu marchando da cozinha em direção a seu quarto, procurando não fazer contato visual com a televisão e nem escutar a música que Harry começou a cantar.

  Várias fases da competição passaram e sempre inventava alguma desculpa para não ver, mas no dia da grande apresentação, com muito esforço, assistiu. Não estava torcendo pelo One Direction, apesar de admitir que eles eram realmente bons. Quando anunciaram os dois últimos finalistas, o coração de afundou. A estrada havia chegado ao fim para os cinco garotos. passou a noite em claro, desejando estar do lado de Harry, confortando- o como no dia que seus pais se separaram. Se sentia culpada e com nojo de si mesma por pensar assim. “ , pare de pensar nessas coisas! Lembre- se de tudo o que aconteceu. Você não pode pensar nele. Não deve.” Repetia para si mesma como se fosse um mantra, inutilmente, pois aquele par de olhos verdes rodeavam sua mente de vez em quando, quase o tempo todo.

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   não tinha a menor noção de quanto tempo havia se passado depois do fim do The X Fator. A única coisa que sabia era que seu “ex- melhor amigo” estava famoso pra caramba, One Direction estava no topo das paradas mundiais, o que ocasionava em ver o rosto de Harry em praticamente todas as revistas, programas de tv e afins e, claro, escutar sua voz toda vez que ligava o rádio. Era algo perturbador. Mas os caminhos dos dois jovens ainda iriam se cruzar algumas vezes.
  Anne ligou para , convidando a família para sua festa de aniversário. escutou a conversa, e “droga” pensou. Não poderia inventar nenhuma desculpa dessa vez, sua mãe iria obrigá- la a ir. E, afinal de contas, ela pensava que a filha estaria saltitante em rever seu amigo novamente após tanto tempo. Se ela soubesse.

  Ao chegar à casa dos Styles, sentiu um enorme peso tomar conta de seu corpo. Gostava muito de Anne, mas ela não queria estar ali de jeito nenhum. Rapidamente, a anfitriã encheu todos da família com muitos beijos e abraços. observou sua mãe, o modo como estava feliz em reencontrar a amiga. “Harry e eu poderíamos ser assim, se tudo fosse diferente” ela pensou enquanto Anne guiava todos até a cozinha.
  - Harry, a chegou! – Anne disse com um enorme sorriso no rosto e a jovem paralisou quando escutou o nome do rapaz. – Querida, Harry está ali na sala de estar com os meninos, eles são tão amáveis, você irá adorar. – a mulher virou- se para ela com um doce sorriso nos lábios. sentiu um enorme nó formar em sua garganta e suas pernas começaram a ficar fracas. O que ela iria fazer? Não poderia não ir ao encontro de Harry, pois as famílias iriam desconfiar, mas também não poderia encontra- lo. A garota congelou.
   seguiu em direção à sala, procurando os meninos. De repente, uma figura alta e de cabelos cacheados levantou- se de uma mesa e foi de encontro a ela. Algo estranho aconteceu. Harry a abraçou. Não foi um abraço do tipo “senti saudades” e sim um abraço do tipo “dois conhecidos que acabaram de se encontrar na rua”.
  - Abrace de volta. Finja que sentiu minha falta. – Harry sussurrou no ouvido da jovem e ela havia entendido. Era uma ceninha para enganar suas mães. Apesar do embrulho que sentiu no estômago, colocou seus braços ao redor do pescoço do rapaz. Ficaram alguns segundos desse modo e depois se separaram. nunca pensou que poderia sentir um alívio tão grande na vida.
  - Venha, vou te apresentar aos meninos. – Harry disse ríspido. A garota o seguiu com passos lentos, divagando aquele momento. Não tinha nada contra aos garotos, muito pelo contrário, todos pareciam ser bem legais e simpáticos na televisão.
  - Pessoal, essa é a . , conheça Liam, Zayn, Niall e Louis. – o menino disse sem importância, se sentando em uma das cadeiras vazias. A garota acenou e eles acenaram de volta, tentando deixar o ambiente menos desconfortável.
  - Bem, , sente- se conosco. – Liam puxou a cadeira que estava do lado dele e a menina agradeceu enquanto se sentava. O clima ficou meio estranho no começo, mas em poucos minutos os meninos fizeram se sentir mais tranquila. Ela procurava não olhar para Harry e ele fazia exatamente a mesma coisa.

  Antes de a festa acabar, Anne fez um breve discurso. Além de agradecer a presença de todos, ela disse o quanto estava feliz por ver o sonho de seu menino se realizar, chorando um pouco em seguida. deu uma breve olhada para Harry e viu como ele estava corado e emocionado com o discurso da mãe. Quando Anne terminou, foi até a varanda observar a noite. Devido à hora, dormiria na casa dos Styles. Encarou o céu e lembrou- se da conversa que havia tido com a mãe anos atrás. Sorriu levemente ao recordar- se da forma que a mãe tentou lhe explicar o que acontecia com o sol, a lua e as estrelas. O sorriso sumiu quando ela sentiu uma pessoa ao seu lado. Era Harry.
  - Uma noite muito bonita, você não acha? - ele perguntou encarando o céu assim como ela.
  - Sim. – respondeu secamente.
  - Me perdoa. – a voz de Harry ecoou pela a cabeça da menina e por alguns segundos pareceu que ele realmente havia pedido desculpas. – Me perdoa. – escutou novamente e só então teve a certeza do que o rapaz havia dito.
  - Não. – disse com certa dificuldade, sentindo o nó formar- se novamente em sua garganta. – Acho melhor não. – sussurrou essa última parte, na verdade mais pra si do que para o rapaz ao seu lado.
  - Okay então. – Harry deu de ombros como se tivesse cinco anos novamente e jurou que havia visto um mini Hazza naquele momento. Depois de alguns segundos de silêncio, ele voltou para dentro da casa, deixando a menina a sós com as estrelas e a lua. Era melhor não mesmo.

  QUATRO ANOS DEPOIS

   estacionou o carro na calçada rapidamente. Desligou o conversível e pulou para fora dele, uma mania a qual havia adquirido com o passar dos anos. Deu uma última olhada em si no espelho retrovisor e reparou como estava estranha. Cabelos desgrenhados, cara amassada e lábios pálidos. Pegou um batom vermelho de dentro de sua bolsa e passou desleixadamente. Passou a mão pelos cabelos e deu uma conferida no relógio de pulso. 22h50. – Droga! – resmungou e saiu em disparada para o prédio. Estava mais que atrasada para a festa de um de seus amigos mais próximos: Liam Payne. Entrou no elevador e de repente ele parou de funcionar. – Merda!
  Poucos minutos depois, o elevador voltou ao normal, deixando- a no andar do aniversariante. Correu até a porta e tocou a campainha quando olhava novamente para seu relógio de pulso. 23h06. Merda.
  - Surpresa! – ela gritou com um enorme sorriso no rosto quando a porta foi aberta revelando um Niall de boca cheia. – Ah, sai da frente, não é com você que quero falar. – disse sorrindo, dando um leve empurrão no amigo.
  - Boa noite pra você também, atrasilda. – ele respondeu.
  - Nialler querido, falar de boca cheia é falta de educação. Sabe como é, esse trânsito hoje dia está uma loucura, a gente... – ela parou a frase no meio quando encontrou Liam. – Liam, amor da minha vida, feliz aniversário e desculpa a demora, flor- de- lis. – gritou pulando em cima do aniversariante, sorrindo esperançosa em seguida.
  - Não me chame de “flor- de- lis”. – Liam disse sério.
  - E saia de cima dele. – Sophia apareceu, falando em um tom divertido.
  - Desculpa. – apontou pra Sophia. – E desculpa. – disse virando- se novamente para Liam.
  - Poxa, , duas horas de atraso, caramba! Dessa vez você se superou. – Liam continuou com o mesmo tom e fez beicinho.
  - Sério, cara, desculpa mesmo! Eu peguei no sono, o despertador não tocou, o trânsito estava horrível e, pra piorar, quando cheguei ao prédio, o elevador deu um pequeno chilique comigo lá dentro, me fazendo chegar ainda mais atrasada.
  - Hum... – ele murmurou, não parecendo muito convencido.
  – Toma. – a jovem entregou um bonito embrulho para o aniversariante. – São meias.
  - Meias? – ele ergueu uma sobrancelha. Conhecia a garota, ela seria capaz mesmo de dar meias de presente para alguém.
  - Claro que não, é um agasalho da Adidas, outro pra sua coleção. – se divertiu com a expressão do amigo.
  - Eu não tenho uma coleção.
  - Então comece uma, eu já contribui com a minha parte. Obrigada, de nada. – Liam revirou os olhos com a frase da amiga.
  - Venha, todos estavam te esperando.
  - Uau, sou mesmo importante... E eu pensava que o aniversário era seu. – Sophia e seu namorado riram. Ela era mesmo especial. Quando não conhecia a pessoa, podia até ser meio tímida, mas depois que pegasse intimidade, ninguém segurava. Esse foi o caso com os meninos do 1D, pelo menos com quatro deles. Depois da festa de Anne, encontraram- se algumas vezes e rapidamente ela se tornou amiga de todos. Eles faziam o clima ficar melhor mesmo apesar de tudo que tinha acontecido com o Styles.
  Styles. “Falando no diabo” pensou quando chegou à sala de estar e Harry estava em pé bebendo e contando algo extremamente engraçado, arrancando gargalhadas de todos na sala. Quando seus olhares se cruzaram, gelou. Haviam se visto há o que, semana passada, durante uma pequena folga da boyband, mas ele sempre causava a mesma reação nela. O sorriso que estava estampado no rosto dele sumiu no momento que entrou no cômodo e as gargalhadas também haviam cessado. Ainda era estranho para ela, mas aos poucos ia se acostumando. Todos sabiam que agora e Harry tinham suas diferenças, (todos, menos suas mães e irmãs) por isso quando se encontravam o clima sempre ficava pesado. era muito próxima dos meninos e não deixaria uma briga com Harry estragar sua amizade. Para quebrar a tensão, Louis fez um comentário engraçado sobre o presente que tinha dando pra Liam, conseguindo algumas risadas.

  -O último pedaço é meu, Niall, nem vem.
  -! – o irlandês choramingou.
  - Falei primeiro. – ela disse vitoriosa enquanto pegava uma fatia de pizza de calabresa. Enquanto o resto dos convidados estavam bebendo e conversando na sala, os dois estavam comendo “escondidos” na cozinha.
  - Eu amo o Liam, mas não tenho saco pra festa nenhuma. Pelo menos tem comida. – Niall riu diante do comentário da amiga, logo em seguida oferecendo um copo de refrigerante pra ela.
  - Tem pra mim também? – Harry apareceu.
  - Espero que esteja falando do refrigerante, pois a pizza acabou. – respondeu de boca cheia.
  - querida, falar de boca cheia é falta de educação. – Niall repetiu a frase que sua amiga disse mais cedo, ganhando um soco no braço.
  - Não, estou falando da pizza mesmo. Olha esse pedaço aí. – sem nenhuma cerimônia, Harry pegou a fatia.
  - Niall, me segura senão eu vou dar um soco nele. Ele pegou o meu pedaço. – sussurrou.
  -, pelo amor de Deus! Eu até entendo que você queira dar um soco nele, mas você vai fazer chilique por causa de comida?
  - Na verdade eu só queria uma desculpa pra bater nele de novo.
  - Bate então, ué. – Niall deu de ombros e o encarou.
  - Claro que não. Não aqui e não hoje. Não quero arruinar o aniversário do Liam.
  - Olha aqui, , você pode falar na minha cara, estou bem aqui. – Harry disse atrevido.
  - Acontece, Styles, que meu mundo não gira em torno de você. Tenho mais o que fazer ao invés de perder meu tempo falando sobre um nada que nem você.
  - Olha, escuta aqui... – Harry continuou mas, antes que ele pudesse acrescentar alguma coisa, Niall pigarreou, cortando o amigo. Se desse corda para os dois, iriam se enforcar.
  – Aham, então, , como está indo a faculdade de publicidade? – o loiro tentou mudar de assunto.
  - “Escuta aqui” o que, Styles? Pode falar, sou toda ouvidos. – disse se aproximando do alto rapaz.
  - Bem, que tal falarmos sobre o tempo? Eu vi que amanhã vai chover pra valer, sabia? – Niall tentou mais uma vez parar o início da discussão dos dois, porém sem sucesso.
  - Você pensa que é uma grande coisa, né, , pensa que é melhor do que eu, desde pequena sempre foi assim. – Harry começou a alterar a voz e se ofendeu. – Sempre vinha dizendo que aprendeu isso, que aprendeu aquilo e sempre me colocava nas suas furadas.
  - Você ia porque você queria, nunca te obriguei a nada não. – também ergueu a voz e Niall suspirou. Estava literalmente no meio dos dois.
  - Se eu não fosse, você chorava.
  - Mentira.
  - Zayn, uma forcinha aqui. – Niall gritou.
  - Claro que é verdade.
  - Tá vendo como você é infantil?
  - Eu? Infantil? Diz a garota que ficou bravinha por causa de um boato escolar. – “Ah não” Niall pensou logo em seguida. Agora as coisas iriam ficar sujas.
  - Hahahahahaha! – riu sem humor. – Eu? Você tem certeza que fui eu? Pelo que eu me lembre, quem deu showzinho foi você. – a festa inteira havia parado para observar a discussão.
  - Você quer mesmo continuar com esse assunto? Pensei que éramos grandes demais para brigar por causa desse assunto. – Harry falou um pouco mais baixo.
  - Foi você que começou.
  - Já chega! – Liam gritou, se metendo no meio dos dois. – Parem com isso, por Deus! Vocês não conseguem dar uma trégua pelo menos por uma hora do caramba? Sinceramente, eu não consigo acreditar que vocês dois já foram amigos um dia, muito menos durante dezesseis anos. – Liam continuou a explodir e se sentiu mal. Havia arruinado a festa do amigo por causa de outra briga infantil que tivera com Styles. No fim, a culpa era sempre dele.
  Depois de uns momentos em silêncio, a festa voltou a normal. Mas nem nem Harry tinham vontade de ficar ali.
  - Li, desculpa. Eu sinto muito, muito mesmo, eu não queria fazer isso. Me controlei ao máximo mas o Styles me atiçou. – disse abraçando seu amigo contra a vontade dele. Estava muito chateado.
  - A culpa é sempre sua.
  - Parem com isso. – dessa vez quem gritou foi Niall. – Que saco, o Liam tem razão. Vocês já foram amigos de verdade anos atrás? Realmente, não parece nem um pouco. – o loiro saiu batendo o pé.
  - Desculpe, Li. – falou novamente.
  - Desculpe. – Harry a seguiu.
  - Tudo bem. – Liam respondeu mais calmo. – Sabe o que me chateia? – Harry e ergueram as sobrancelhas, numa forma de questionamento. Parecia que haviam ensaiado o gesto. – Eu gostaria de um dia ver vocês dois numa boa. Bem de verdade, sem brigas infantis, desnecessárias, sobre assuntos fúteis. Eu não ligo a mínima de vocês dois brigarem no meu aniversário, eu me importo com o fato que vocês dois briguem. É chato, é feio. Por que vocês não tentam enterrar o que ficou no passado, pôr uma pedra em cima disso tudo e sei lá... Ser amigos de novo. Pelo menos tentar. – o aniversariante falou sincero, deixando- os com peso na consciência e era exatamente isso que ele queria.
  Depois do sermão, se despediu de Liam e foi embora. Harry ficou encarando a porta de madeira. Queria ir atrás dela, queria fazer o que Liam disse. Enterrar todas as diferenças de vez e pôr uma pedra em tudo. Recomeçar. Liam encarou o amigo. - Tá esperando o quê? – ele questionou. - Vai lá.
  Harry seguiu seu conselho e correu porta fora. Pensou que a garota já estava longe, mas lembrou que por ser muito sedentária, devia ter pego um elevador. Muito simples, ele só tinha que correr o mais rápido possível pelas escadas e pronto, chegaria a tempo de se encontrar com ela. Quando ia começar, olhou para o lado e viu uma chateada olhando pro nada. O que estava fazendo ali?
  - Hey. – ele andou até sua direção.
  - Hey. – ela respondeu de volta, sem encará- lo.
  - Pensei que já estava longe.
  - Era pra eu estar mesmo. Mas voltei e pensei em consertar as coisas entre nós. Aí estava aqui refletindo se realmente deveria fazer isso.
  - E em que conclusão você chegou? – Harry perguntou curioso.
  - Que você é um idiota. – o encarou com ódio no olhar, suas palavras saindo entre os dentes, recheadas de veneno.
  - O que fiz agora? – Harry ergueu os braços como no dia da discussão que acabou com a amizade dos dois.
  - O que você fez? – perguntou sarcástica. – Tudo e nada.
  - Está louca? – Harry ergueu uma sobrancelha pela milésima vez aquela noite.
  - Não, eu só acabei de lembrar daquela nossa discussão e me arrependi de ter sequer pensado em aceitar suas falsas desculpas.
  - E por que então?
  - Sabe por que, Harry? Porque você não confiou em mim. Você insinuou coisas a meu respeito e teve a coragem de dizer que eu menti, mesmo sabendo que você é única pessoa pra quem não consigo mentir. – Harry congelou e prosseguiu: - Eu nem ligo para o fato de você ter me chamado de “piranha”, a raiva faz isso com as pessoas e eu sei que saiu sem querer. O que me incomoda é isso. O fato de você não ter acreditado em mim.
  -, por favor, vamos esquecer essa história toda. Vamos fazer o que Liam disse, vamos enterrar tudo. Por favor.
  - Nossa, Harry... – sorriu sem humor e xingou- se mentalmente quando uma lágrima escapou de seu olho. – Pra você é muito fácil esquecer, né? Mas não é tão simples pra mim. – correu em direção ao elevador e apertou o botão para a recepção do prédio. Quando a grande porta de metal ia fechar, Harry a segurou, fazendo o mecanismo voltar a trás novamente. Ele adentrou no elevador e a porta se fechou em definitivo.
  - Estamos no décimo sétimo andar. Então eu tenho dezessete andares para fazer você aceitar minhas desculpas. Agora dezesseis.
  - Não adianta, Harry. Nossa amizade acabou há muito tempo. Nós podemos tentar não brigar muito, mas nós não voltaremos a aqueles tempos. Ponto.
  -... – ele murmurou.
  - Não me chame assim, por favor.
  - Chamo sim, fui eu que lhe dei esse apelido. Só eu tenho direito de usar. – o elevador continuava a descer e eles já estavam no décimo quarto andar. – Droga, olha, , por favor me perdoa. Que saco, já pedi desculpas mil vezes e você nada! Por que não diz que sim de uma vez e encerra essa história? - Harry bufou.
  - E ser falsa? Mentir que nem você? Obrigada, mas prefiro ter minha consciência tranquila. – Harry encostou- se na parede metálica do elevador, fechando os olhos derrotado. Estava cansado do comportamento birrento e irredutível de . Ela tinha razão, não voltariam a ser amigos, mas pelo menos podiam tentar reduzir as brigas. Abriu os olhos novamente e fixou o olhar nos números luminosos acima da porta. Estavam no décimo andar. E agora no nono... No oitavo e a cada andar que passavam, a esperança de Harry ia embora. Quando o número sete apareceu brilhando, um forte estrondo foi feito pelo elevador e a luz apagou. Uns instantes depois, a luz de emergência acendeu, revelando uma apavorada e um Harry ainda mais cansado.
  - Ah não! Mas era só o que me faltava! De novo essa droga pifa comigo? – gritou.
  - Não acredito nisso. Agora que eu queria sair daqui, essa droga me para. Jesus Cristo. – Harry deu um passo pra frente e começou a forçar a porta do elevador.
  - Pare com isso, você está doido? Não pode fazer isso. - Harry parou e olhou para a garota.
  - Ah é? E por que não?
  - Até a mais burra das pessoas sabe que não se pode forçar as portas do elevador. E eles ainda colocaram um aviso, olha. – apontou para um pequeno quadro abaixo da luz de emergência. Era uma série de coisas que se devia fazer caso o elevador desse pane.
  - Ah.
  - Viu? Esse é seu mal, deve prestar mais atenção nas coisas.
  - Okay, Srta. Sei de Tudo. – Harry revirou os olhos, fazendo uma voz afeminada. ignorou isso.
  - Olhe, aqui diz que é pra “ligar pra portaria” desse interfone. – ela pontou para uma caixinha branca.
  - Deixe que eu falo. – Harry já estava apertando o botão quando o puxou para longe.
  - Nada disso, quem vai falar sou eu. – ela disse autoritária.
  - Que saco, agora até por isso você quer brigar? – Harry gritou. – Dane- se, interfone logo, não quero ficar nem mais um segundo trancando aqui com você. – se sentiu mal após ouvir isso. Poucos minutos atrás, ele estava tentando uma reconciliação e agora ele diz isso? Harry confundia demais sua cabeça.
  Ela trocou algumas poucas palavras com o porteiro e ele disse que eram problemas técnicos, em breve seriam resolvidos, só teriam que esperar e manter a calma. Como se fosse fácil.
  - Por quanto tempo iremos ficar aqui? – Harry perguntou sem olhar para .
  - Não sei. O técnico deve estar a caminho. Alguns minutos talvez.
  - Mas que bela droga. – Harry se encostou na parede novamente e foi deslizando até se sentar no chão. Já andava de um lado pra outro no minúsculo elevador. - Dá pra ficar calma? Está me irritando.
  - Você me irrita o tempo todo, Styles. Vamos dizer que estou pagando na mesma moeda. – Harry suspirou e fechou novamente seus olhos. não era desse jeito, foi ficando assim com o passar do tempo. Ele se arrependia mortalmente, tinha sua parcela de culpa nisso.
  Depois de alguns minutos, cansou e resolveu se sentar também ao lado de Harry. De repente, ele quebrou o silêncio.
  - Lembra daquele dia em que nós dançamos na chuva?
  - Lembro. – respondeu secamente.
  - Foi bem legal. – ele sorriu levemente. Após uma leve pausa, ele continuou. - Lembra que você disse que crescer era ruim?
  - Lembro.
  - Você tinha razão. E é.
  - Eu sei. – sorriu suavemente. – Dá pra acreditar que naquela época nós queríamos crescer logo? Éramos crianças idiotas. – Harry riu com o comentário da garota.
  - Verdade. Pelo menos agora eu posso dirigir.
  - Sabe, às vezes tenho vontade de voltar a viver aquilo. Brincar de pique, leite e biscoitos, o balanço azul... – Harry concordou.
  - Sabe do que eu sinto falta, ? – a garota virou- se em direção a ele.
  - De quê? – ela perguntou.
  - De assistir Pinóquio. – em seguida, ele imitou um elefante como nos velhos tempos, fazendo o braço de tromba. Tinha direito a barulho e tudo.
riu.
  - Eu ainda tenho aquele cordão de coração, Hazza. – deixou escapulir aquela confissão.
  - Uau! – ele pareceu surpreso. – Pensei que você tinha jogado fora há muito tempo.
  - Eu pensei em jogar algumas vezes, mas eu me lembrava de como você era aquele menino super fofo e gentil e me arrependia. Está muito bem guardado.
  Harry a encarou por alguns segundos e fez o mesmo. – Você voltou a me chamar de “Hazza”? Estamos fazendo progresso. – ambos riram um pouco e logo o silêncio voltou.
  - If you're lost, you can look and you will find me... – Harry cantou baixinho, mas escutou. - Time after time. – a garota o acompanhou com o mesmo tom de voz. - If you fall, I will catch you, I'll be waiting... – ambos se calaram ao mesmo momento depois que perceberam o que estavam fazendo.
  - Você nasceu pra ser um artista mesmo. Tinha muita inveja quando você cantava. – a jovem disse sincera.
  - Obrigado. Os anos passam e essa sua voz de taquara rachada continua, han? – Harry brincou, em seguida ganhando um leve soco no braço.
  - Não é tão ruim assim.
  - Poderia ser pior.
  O silêncio predominou. O coração de estava mais amolecido com tantas lembranças boas. “Não!” sua mente gritou. Harry estava novamente ganhando sua confiança e isso era algo que não poderia mais acontecer. levantou- se do chão e foi o mais distante possível de Harry. Ela estava fugindo e ele estranhou essa atitude.
  - Está tudo bem?
  - Não. – ela respondeu.
  - O que foi agora? – Harry perguntou aborrecido.
  - Você.
  - Novidade.
  - Seu babaca.
  - O que eu fiz? Cacete, , para de me enlouquecer. Você já procurou um médico? Porque você apresenta sintomas de bipolaridade. – Harry levantou- se. deu risada. – Viu? Bipolar.
  - Me explica uma coisa. Só uma coisa.
  - O que, ?
  - Por que você ficou tão chateado quando descobriu que eu “dormi com o Jason”? – perguntou, fazendo aspas com os dedos.
  - De novo essa história não, , já chega. – Harry fechou fortemente os olhos, levando as mãos a cabeça em seguida.
  - Me responde, aí eu te deixo em paz pra sempre. Nunca mais toco nesse maldito assunto. Apenas me responda, por favor. – Harry voltou sua atenção para a moça. Ela era linda. Sorriu a lembrar- se da jovem , correndo por aí de marias- chiquinhas. Desde aquela época já estava completamente apaixonado por ela, não sabia ainda pois era muito jovem, não entendia o que sentia. Depois que cresceu um pouco, descobriu o que era. Estava completamente apaixonado por sua melhor amiga. E ainda estava. Harry Styles amou e ama , a pessoa mais prepotente que já conheceu na vida.
  - Não se faça de besta, . O modo que agi tornou tudo muito óbvio, duvido que não tenha se tocado.
  - Como assim? – perguntou confusa.
  - Vai dizer que você não tem a menor ideia de qual foi o fato que me fez agir daquela forma? – a garota negou com a cabeça. – Nem uma ideiazinha? – Negou novamente. – Mentirosa. – Harry sussurrou de uma forma que a garota pudesse ouvir.
  - Quem é mentirosa? Eu? Agora sou eu que digo, de novo essa história? Droga, me responde logo porque cacetes você... – foi bruscamente interrompida por Harry. Ele segurou as duas mãos da garota e a puxou para perto de seu corpo. Abaixou- se um pouco para ficar na mesma altura que a dela.
  - Você quer saber? – sussurrou. Ela não reagiu. – Responde, quer saber ou não? – Harry dessa vez gritou, puxando a garota ainda mais pra perto de si. Dessa vez ela assentiu com a cabeça. - Eu fiquei louco de ciúmes quando Blake me contou o que aconteceu. No fundo, eu sabia que era mentira, sempre soube, te conhecia bem demais e tinha certeza que você nunca se entregaria pra qualquer um, ainda mais tão fácil assim. Só que quando descobri que você estava na biblioteca com ele e quando Blake disse que Jason havia confirmado a história, eu explodi. Te perguntei e você insistia em dizer que era mentira – abriu a boca para falar algo, mas Harry não deixou. – E isso foi me irritando. Estava de cabeça quente e as palavras pularam da minha boca. Essa foi a merda do motivo. Ciúmes. Sabe por quê? Porque eu estou preso em você desde o dia em que sei lá, desde o dia que você nasceu. – ele riu. – Estou preso em você desde quando estávamos na barriga de nossas mães, . Eu estou preso em você como nós estamos presos nessa merda de elevador. – Harry encostou na parede fria e selou seus lábios nos dela. O beijo pelo qual ambos ansiavam naquele momento, talvez até mesmo durante suas vidas todas.
  Como se fosse algo planejado, o elevador fez um estranho ruído, voltando a funcionar novamente e as luzes de emergência se apagaram para que as luzes normais se acendessem. Harry e quebraram o beijo, mas não o contato visual. Era como se estivessem lendo o que se passava dentro de suas mentes. O elevador finalmente parou, dessa vez na recepção, onde o síndico, o porteiro e o técnico estavam esperando para pedir desculpas pelo ocorrido. Tanto quanto Harry estavam confusos demais pra prestar atenção em algo, apenas concordaram e partiram para o lado exterior do belo prédio.
  - E então? - a voz do Harry fez- se presente novamente depois de alguns momentos de silêncio.
  - E então o quê? – perguntou nervosa, ainda digerindo tudo o que aconteceu.
  - Você me perdoa pelo que fiz no passado agora que sabe meus motivos?
  - Harry... Acho que já te perdoei há muito tempo e nem eu mesma sabia. – Harry arqueou uma sobrancelha. – Tudo o que você disse lá no elevador é verdade mesmo? – perguntou receosa.
  - Completamente. Não tenho motivos pra mentir.
  - Pois eu também sempre fui presa em você, Hazza. Sempre foi você. Não teve Jason nem ninguém. Só você. Nesse momento eu estou presa em você. – sorriu no fim da frase e se inclinou para dar um forte abraço no rapaz a sua frente, abraço esse que foi retribuído. Ambos estavam com tantas saudades de sentir o outro em seus braços, aspirar o cheiro de suas peles. Depois de vários minutos daquele modo, eles quebraram o abraço para em seguida juntar seus lábios pela segunda vez naquela noite. Apesar de tudo, seus corações já estavam presos um no outro. Há muito tempo. Desde sempre.

Fim.



Comentários da autora


  Então galera, espero que tenham gostado dessa One. Apesar de ter escrito algumas fics antes, eu considero "Stuck Into You" como minha primogênita até porque eu realmente gostei do enredo, do final e etc (coisa que não havia acontecido nas minhas fics anteriores). Sempre gostei de histórias que envolvem amizades de infância, brigas, cenas em elevador e essas coisas. Acho que isso é tudo, melhor parar senão a nota irá ficar enorme. Por favor, deixem seus comentários positivos ou negativos, são muito importantes para mim. Muito obrigada por terem lido "Stuck Into You." That's all folks!