Stripped

Escrito por Jessica Neri | Revisada por Andressa

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Capítulo 1

Segunda-feira, 9 de abril
Para falar a verdade eu nem tenho o que escrever hoje, isso está me irritando profundamente. Dra. Bensom disse que iria me fazer sentir melhor, então aqui estou eu...
Agora são exatamente 5h14min p.m. e meus pais ainda não chegaram do trabalho. Bem, como foi o meu dia… Eu acordei como sempre… Tomei café e fui para o colégio de bicicleta como sempre… Voltei para casa, almocei, passei o resto do dia assistindo TV e agora estou aqui com escrevendo nesse diário ridículo... Como sempre. E provavelm

Distraí-me com o barulho vindo da rua, fui até a janela e vi um caminhão de mudança e uns 4 homens pegando as caixas e levando para dentro da casa em frente a minha. Dois deles usavam um uniforme com o logotipo do caminhão, os outros dois eram parecidos, mas um aparentava ser bem mais velho. Eles entraram na casa ao mesmo tempo que uma menina de 5 ou 6 anos saiu pulando pelo jardim. Também vi minha mãe conversando perto do caminhão com uma mulher que parecia ser da mesma idade dela. As duas olharam na minha direção, minha mãe apontou para mim comentando algo com a mulher que acenou pra mim. Acenei meio constrangida de volta. Continuei escorada na janela olhando distraidamente a garota que corria de um lado para o outro, agora segurando o que parecia ser um regador de brinquedo e dançando como se fosse uma bailarina. Até que ela correu pela frente da escada da varada em frente a casa e meus olhos que acompanhavam a criança pararam no garoto que ajudava na mudança. Ele estava parado logo acima da escada com as mãos nos bolsos e olhava diretamente nos meus olhos, o rosto dele não demonstrava nenhuma reação. Tristeza, espanto, emoção, felicidade... Ele simplesmente me olhava firme, sem nem ao menos piscar os olhos e aquilo estava realmente começando a me assustar. Virei em direção a minha cama e peguei meu diário, fechando. Coloquei na mesa logo ao lado da janela, olhei na direção dele mais uma vez e ele continuava na mesma posição olhando na minha direção, só que dessa vez um sorriso de canto surgiu na boca dele, um sorriso bem simples, mas ainda mais assustador e psicótico. Me virei bruscamente balançando a cabeça saindo do quarto e caminhando pesadamente descendo as escada para ir até a cozinha. Peguei um copo de água e bebi encostada na pia enquanto o sorriso dele vinha na minha mente.
- , troque de roupa. Virá gente jantar conosco... – Minha mãe falou entrando na cozinha e imediatamente pegando um pacote que eu suspeito ser macarrão no armário.
- Como assim “virá gente”? – Falei com receio do que eu acabei de ouvir.
- O que? Virá gente jantar. O que você não entendeu dessa frase? – Ela falou rindo enquanto colocava uma panela no fogão.
- Quero dizer... Quem virá?
- Nossos novos vizinhos. Mudança... Você sabe como são essas coisas, muito estresse e não tem tempo pra nada então convid... – Na verdade ela continuou falando mas minha mente apenas parou. Não sei porque... Mas sabe aquela sensação ruim?... Receio talvez... – ! – Dei um pulo olhando assustada para minha mãe. – Qual parte do “troque de roupa, vorá gente jantar conosco” você ainda não entendeu?! Eles chegarão daqui a pouco!
Caminhei apressadamente para o meu quarto e entrei no banheiro. Talvez um banho passe todo esse sentimento, é só tensão do dia. Liguei a ducha enquanto tirava toda a roupa e colocava no cesto perto da porta. Coloquei todo o meu corpo embaixo da água morna, me encostando na parede fria e fechando os olhos para relaxar um pouco.

Encarei uma última vez meu reflexo no espelho ouvindo mais um grito da minha mãe me chamando pra conhecer os novos vizinhos. Eu vestia uma bermuda jeans com uma camisa longa rosa. Meu cabelo longo estava numa trança francesa que eu puxei para frente. Suspirei fundo e saí do quarto. Enquanto descia a escada checava meu celular vendo se havia alguma mensagem, quando senti um olhar sobre mim. Na verdade, vários olhares. Parei um pouco assustada do lado da minha mãe forçando um sorriso para parecer simpática.
- Bem, essa é minha filha ...
- – Alertei. Não que eu não gostava do meu nome, só acho desnecessário um nome tão grande. Respondi todos os “Olás” quê recebi.
- , essa é a família Malik. Esses são Trisha, – ela apontou para a mulher que conversava hoje à tarde. – Yasser, - o homem mais velho que ajudava na mudança. – Doniya, Waliyha, - apontou para uma garota um pouco mais alta que eu que sorriu, e uma garota aparentemente um pouco mais velha que a garotinha que brincava hoje na frente da casa, respectivamente. – Essa é a pequena Safaa – Logo a garotinha surgiu sorridente acenando freneticamente.
- Oi! Eu sou Safaa! – Ela abraçou minha perna (já que era onde ela alcançava em mim) sorrindo. Ela tinha um pequeno sotaque na voz. Não resisti e me abaixei pra abraçá-la melhor.
- Oi linda! Sou .
- Gostei da sua trança!
- Se você quiser eu faço uma igualzinha no seu cabelo. – Ela começou a pular com um sorriso imenso. Desde alguns meses atrás eu tenho me isolado um pouco do mundo por certos motivos, mas sempre que eu encontrava uma criança, todos os meus problemas desaparecem por um momento. Sempre foi meu ponto fraco.
- Filha, este é Zayn, ele é da sua idade. – Vi um par de pernas numa calça bege e tênis preto surgir de trás dos outros. Olhei para cima e senti aquela sensação ruim voltar na mesma hora. O mesmo garoto que me encarava hoje estava na minha frente com o mesmo olhar e o mesmo sorriso assustador. Levantei-me com uma leve sensação que minhas pernas poderiam falhar a qualquer momento.
- Oi “”. – Apertei a mão dele sentindo o frio percorrer meu corpo quando o ouvi falar meu apelido num tom forte destacando-a. O sotaque dele era ainda mais forte que o da criança.
- Oi...
- Bem, acabamos com as apresentações, vamos para mesa jantar. – Ouvi meu pai falar, vendo todos se direcionar para a sala de jantar e ele e o Sr. Malik começarem uma conversa, provavelmente sobre esportes. Quando senti alguém deslizar o ombro na lateral do meu corpo e uma voz no pé do meu ouvido.
- Um prazer te conhecer... – Meu corpo se arrepiou quando senti a respiração dele tocar minha nuca. Olhei pra frente e vi Sra. Malik olhar pra ele com desaprovação. Balancei a cabeça e segui para o meu lugar na mesa.

Estávamos todos na sala, conversando, logo depois do jantar. Eu terminava de fazer a trança em Safaa que estava sentada no meu colo. Meus pais e os Maliks estavam conversando sobre algo haver com política, as outras duas irmãs estavam conversando sobre algo no celular da mais velha.
- Pronto, terminei. – Ela passou a mão sobre a trança, já começando a abrir um sorriso.
- Aposto que está linda! Obrigada! – Deu um beijo no meu rosto e correu pra mostrar as irmãs e interagir na conversa delas.
- Você se dá bem com crianças. – Zayn sentou do meu lado começando uma conversa comigo.
- Han? Ah... Sim. – Falei depositando minha atenção no meu celular que tirava do bolso.
- Você não fala muito... Vamos nos dar bem... – E ele voltou a sorrir daquele mesmo jeito. Sério, ele precisa parar com isso.
- , que bom que vocês já estão se dando bem, você precisa conhecer pessoas novas!
- Mãe... – Olhei pra ela com reprovação.
- Porque vocês não vão conversar um pouco pelo quintal? Mostrar a ele a mesa de sinuca ou...
- Mãe, outro dia. Ninguém está interessado em ver mesa de sinuca agora.
- Na verdade, eu adoraria... – Outro arrepio correu meu corpo. Outra coisa que precisa parar.
- Na verdade ele não está interessado! – Me surpreendi ao ouvir a mãe dele falar repentinamente, já se levantando do sofá. – Na verdade temos que ir, amanhã vamos todos acordar cedo, todos temos compromissos... – Ela falou olhando diretamente para Zayn e logo depois para o marido.
- Vocês tem certeza? Acho que dá tempo para mais um café... – Minha mãe se levantou sorrindo.
- Tenho sim. Muito obrigada pelo jantar! – Ela se direcionou para a porta ainda olhando para Zayn, todos os outros logo a acompanhou na mesma direção. Logo que eles saíram, minha mãe acenou uma ultima vez e fechou a porta. Suspirei pesadamente e subi para o meu quarto falando um “boa noite” para os meus pais sem esperar a resposta. Algo me fez ir até a janela uma última vez e olhar em direção à casa dele. A casa era grande, já que tinha 6 pessoas na família, era linda, tinha uma pequena rampa que levava a uma aparente garagem subterrânea. Fechei a janela e a cortina floral salmão. Coloquei o celular na pequena cômoda ao lado da minha cama, tirei apenas a bermuda e me joguei no amontoado de travesseiros que enfeitava a minha cama. Demorou apenas minutos para eu sentir meus olhos ficarem pesados e, logo após, tudo se apagar.

Capítulo 2

[Musica: Kavinsky - Nightcall (feat. Lovefoxxx)]

- ! ESTOU FALANDO COM VOCÊ! – Me assustei com o grito perto do meu ouvido. Olhei para frente e vi me encarando aparentemente irritada.
- O que você disse?
- É a terceira vez que eu vou repetir. Você poderia parar de brincar com o lanche e olhar para mim?!
- Desculpe-me, eu estava pensando em algo...
- Isabel?
- Não tem nada haver com Isabel.
- Você tem que começar a aceitar que não foi culpa su...
- Eu já disse que não tem nada haver com ela.
- , ela...
- Sobre o que você estava falando antes? – A interrompi, fazia 9 meses desde o acontecido, todos queriam fazer com que eu ficasse feliz e que ignorasse o passado, mas todos insistem em lembrar com comentários “autoajuda”. Isso não ajudava me nada...
- Bem... Hã... Já sabe qual fantasia você vai usar essa sexta?
- Ainda não tenho certeza. Estava pensando em enfermeira assassina...
- Wow, ótima escolha... Ainda não sei o que usar. – Essa sexta era sexta-feira 13, e como todo ano, a cidade faz uma festa a fantasia na praça principal, em frente à prefeitura. Na verdade participava do comitê organizador, e por ser minha amiga, eu participo de algumas reuniões, ajudando. Isso também me ajuda a tentar voltar à vida normal que eu tinha antes de tudo.
- Acho que vou para casa.
- Mas temos aula de espanhol ainda.
- Explica que passei mal, eles vão entender...
- Quer companhia?
- , era uma desculpa... - Vi o rosto dela se iluminar como se acabasse de descobrir algo novo. Apenas ri depositando um beijo na testa dela. Peguei minha mochila e fui para o estacionamento enquanto colocava o fone de ouvido conectado a um iPod roxo. Enquanto me direcionava para minha bicicleta, podia sentir os olhares de alguns alunos. Nove meses, e eles ainda me olhavam com o mesmo sentimento de pena. Odiava isso. Tirei a trava da bicicleta e a montei, consertando a saia xadrez verde do uniforme.
Enquanto pedalava podia sentir o vento frio no rosto, enquanto passava por umas ruas sem movimento eu até fechava os olhos por alguns segundos.
Depois de alguns minutos cheguei à rua onde morava, mas não parei na minha casa, passei direto vendo Sra. Stam regar o jardim da casa do lado a minha. Virei numa pequena trilha com pequenos arbustos logo após o cerco de madeira que envolvia a casa dela. Um minuto depois cheguei ao lago que ficava atrás da minha casa. Mesmo com a piscina, eu e meu pai costumávamos nadar no lago nos fins de semana quando eu era pequena. Ainda tinha o deck que ele construiu com uns amigos para que eu saltasse na água. O lago era enorme e fundo, meu pai nunca me deixava nadar lá sozinha, na verdade era a única regra que ele aplicou em toda a minha vida. Sentei na grama que rodeava o lago, me encostando em uma árvore e tirei o pequeno diário de capa bege da minha mochila.

Terça- feira, 10 de Abril.
Estou aqui de novo, alguns metros de onde tudo aconteceu. Ainda dá pra ver a marca entre os arbustos na pequena rampa de terra que vai diretamente para o lago. Hoje completa exatamente 9 meses. Provavelmente tem algumas pessoas nesse momento deixando rosas nos túmulos deles. Cemitério nunca me fez bem, então prefiro ficar aqui refletindo na beira do lago, me sinto melhor.
Ah nem mencionei. Temos novos vizinhos, se mudaram para a casa em frente a minha. São todos muito adoráveis, principalmente a mais nova. Todos, menos um. Não que eu tenha medo dele, mas não me senti bem perto dele.
E tenho que começar a pensar na fantasia...

Fechei o diário e o guardei. Encostei minha cabeça no tronco fechando os olhos, apenas me concentrando na música.
“I'm giving you a nightcall to tell you how I feel, I want to drive you through the night, down the hills, I’m gonna tell you something you don't want to hear, I’m gonna show you where its dark, but have no fear…
There's something inside you, it's hard to explain…”

Ironicamente nesse mesmo momento senti o cheiro de um perfume doce. Perfume desconhecido, mas era bom, respirei fundo o perfume que relaxou o meu corpo, mas logo depois a sensação ruim voltou. Abri meus olhos lentamente e meu corpo pulou para trás, com certeza que se não fosse a árvore eu teria caído para trás. Ele estava ali numa árvore uns dois metros distantes de mim, sentado, com o corpo totalmente na minha direção, me olhando daquele jeito que estou começando a odiar, como se analisasse toda a minha alma. As batidas do meu coração aceleraram quando ele levantou e veio na minha direção. Meus olhos nãos piscavam com medo de perder o próximo movimento dele. Ele se ajoelhou do meu lado ainda olhando nos meus olhos.
- Pode ser perigoso uma garota ficar assim sozinha em um lugar deserto... – Ele sorriu de canto.
- O-o que você faz aqui?
- Conhecendo a vizinhança...
- Hã... – Peguei minha mochila e me levantei com dificuldade ainda nervosa – Melhor eu ir para casa.
- Claro... Nunca se sabe o que pode acontecer... – Tropecei na raiz da árvore e já via meu rosto parar naquele monte de folhas secas misturadas com a grama quando senti uma mão segurar meu braço me impedindo de cair, mas também me puxando mais pra perto. – Hey, calma. Você parece nervosa... – Puxei meu braço sussurrando um “obrigado”, concertei minha farda e voltei andando pela trilha segurando a bicicleta. Vi que ele me seguia com as mãos na jaqueta Varsity de couro preta, analisando cada movimento que eu fazia. Quando cheguei na frente da minha casa nos deparamos com a mãe dele atravessando a rua vindo na nossa direção com uma cara séria.
- Zayn Malik! Onde você estava?!
- Calma mãe, apenas trocando ideias com a bela garota... – O vi sorrir para mim mordendo o lábio de leve. Encolhi um pouco o corpo olhando para o chão.
- Está tudo bem ? – Ela me olhou preocupada como se algo tivesse acontecido.
- Sim, Sra. Malik. Tudo bem...
- Como eu disse, estávamos conversando... – Ele olhou para mãe e os dois ficaram se encarando por uns dois minutos. Alguma coisa estava havendo...
- Melhor eu entrar... – Me despedi acenando timidamente para ela e segui pra minha casa colocando minha bicicleta perto da garagem. Olhei uma última vez para trás, enquanto a mãe dele atravessava a rua caminhando pesadamente ao lado dele, ele olhou para trás na mesma hora que eu olhei e piscou para mim. Meu corpo tremeu. Entrei rapidamente em casa, fechando a porta rápida e encostei-me a ela, suspirando pesadamente. Uma voz ainda insistia na minha mente: Alguma coisa estava havendo...
Subi as escadas correndo e entrei no meu quarto jogando a mochila na cama, indo direto para o banheiro. Liguei a banheira que ficava em frente à ducha. Tampei o ralo e liguei a torneira. Tirei toda a roupa e abri o armário do banheiro pegando um pequeno frasco laranja com poucos comprimidos. Acho que fazia meses que eu não utilizava aqueles calmantes, mas precisou de apenas dois dias para aquele garoto simplesmente alterar o meu psicológico. Na época em que eu necessitava deles, a prescrição era de no máximo 2 por dia. Mas senti o barulho que os comprimidos faziam batendo no frasco por conta das minhas mãos que não paravam de tremer. Coloquei uns 4 ou 5 de vez na boca e bebi um pouco de água da torneira para ajudar o conteúdo a descer pela garganta.
Desliguei a torneira da banheira e entrei, apoiando minhas costas na porcelana fria, fazendo meu corpo arrepiar. Fiquei daquele jeito por minutos com os olhos fechados enquanto pensava em todo o meu dia. O colégio, os olhares de pena dos alunos, a festa dessa sexta, os nove meses do acidente. E nele. Todo aquele mistério que ele passava pelo olhar, pelo sorriso. A tensão que existia entre ele e a família que simplesmente começava a me causar curiosidade. O andar leve dele pela trilha enquanto me analisava... Toda essa combinação de mistério começava a me afetar. E só precisei encontrá-lo rapidamente pouquíssimas vezes para precisar de 5 comprimidos para conseguir me acalmar. E está fazendo efeito...
Abri meus olhos levemente enquanto olhava para um ponto fixo e senti meu corpo afundar pela banheira, fazendo minha cabeça ficar submersa. Minha mente funcionava a todo vapor, mas meu corpo simplesmente não obedecia a nenhum comando que meu cérebro fazia. Fiquei por alguns minutos assim, submersa olhando a porcelana branca do outro lado. Antes da minha mente apagar, vi uma sombra na frente da banheira parada, me analisando. Não vi direito quem era por causa do meu cabelo que flutuava em frente ao meu rosto. A ultima coisa que me lembro foi sentir dois braços pegarem minha cintura e me puxar para cima. Nada mais.

Capítulo 3

-... No momento ela só está dormindo. Não corre nenhum risco de vida. Ela ficará aqui por 24 horas em observação e amanhã mesmo já recebe alta. – Meus olhos abriam com dificuldade por causa da claridade. Estava num quarto totalmente branco e aquela lâmpada bem em cima da minha cama não estava ajudando em nada. – Precisar de alguma coisa os senhores podem me chamar ou chamar a enfermeira. – Ouvi um “obrigado doutor” de leve e logo depois o barulho de uma porta se fechando. Forcei meus olhos a abrirem e o vi encostado numa poltrona, totalmente relaxado me olhando. O susto fez meus braços empurrarem meu corpo para trás e senti minha nuca bater com um pouco de força, fazendo sair um pequeno gemido da minha garganta.
- O que você está fazendo aqui?! – Minha voz saiu baixa, quase falhando.
- ! Graças a Deus! – Vi minha mãe surgir da direção da janela, me abraçando forte. – Pensei que iria te perder... – Ouvi a voz dela falhar. – Você não acha que já está na hora de parar de dar sustos na sua mãe?!
- O que ele faz aqui? – Apontei na sua direção esperando alguém explicar tudo que estava acontecendo.
- Filha, não é assim que se agradece alguém.
- A-agradecer? Por quê? O que aconteceu?!
- Bem, Zayn me contou que você o convidou para entrar em casa um pouco e conversarem, daí você pediu para ele esperar na sala enquanto você tomava banho. Mas você estava demorando tanto daí ele subiu para ver se algo tinha acontecido e te encontrou desmaiada na banheira... Daí te ajudou. Que garoto amável... – Vi minha mãe sorrir gentilmente para ele enquanto disparava toda a história de uma só vez... Um momento... Eu fiz O QUE?!
- Eu não te convidei em momento nenhum! – O olhei assustada e logo depois olhei para minha mãe assustada.
- Sim , você me convidou. – Ele disse seco ainda olhando para mim.
- N-n-ão convidei! Mãe eu nã...
- Calma filha. O médico disse que você pode esquecer um pouco o que aconteceu na hora, uma amnésia momentânea... Em dois dias você já deve lembrar tudo.
- Mãe! Eu não ch...
- Descanse ok? Vou ligar para seu pai. Informar que você está bem. Ele teve que ir numa reunião, mas mandou um beijo para você. – Ela seguiu para a porta sussurrando um “fica de olho nela por um momento” e logo depois sair caçando o celular pela bolsa.
Ficamos alguns minutos encarando um ao outro num silêncio constrangedor, até que eu perdi a paciência.
- Eu não te convidei. – Falei seca, o olhando séria.
- Claro que convidou . Não acredito que já se esqueceu da tarde maravilhosa que passamos... – Ele sorriu sinicamente. Eu apenas o olhei séria. – Ok, eu acho que não estamos começando bem...
- Digamos que não dá para começar bem com alguém que invade a sua casa E SEU BANHEIRO! – Minha voz se alterou apenas fazendo ele rir.
- Esse alguém que invadiu seu banheiro salvou sua vida.
- O que você estava fazendo lá? – Ele não respondeu, apenas levantou da poltrona sorrindo e se aproximou da cama.
- Você não vai querer saber... – Senti a mão dele colocar uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. Quando eu abri a boca para questioná-lo ele me interrompeu. – Então, ... Nome interessante. Um dos meus preferidos. – Eu ri baixou ao ouvir meu nome sair da boca dele. – Qual o problema?
- Seu sotaque... De onde é?
- Bradford, uma cidade da Inglaterra.
- E o que um inglês faz aqui West Lake Hills?
- Longa história... – Ele falou enquanto sentava do meu lado na cama olhando um ponto fixo no chão.
- Tempo é o que eu tenho agora. – Ele riu e voltou o olhar para mim.
- Digamos que minha família gosta do Texas...
Ficamos ali do mesmo jeito conversando por minutos. Ou horas. Eu não reparei no tempo. Talvez eu tenha o julgado mal, conversando assim, como pessoas normais, ele parecia uma pessoa legal. Mas eu ainda sentia aquela sensação ruim apertando meu peito. Ainda tinha algo. Ele sempre mudava de assunto quando eu fazia uma pergunta sobre a vida dele em Bradford. Às vezes ele até voltava a ficar sério, como se lembrasse de algo. Eu tenho certeza que algo aconteceu. E eu vou descobrir o que é.

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- Tem certeza que não precisa de ajuda?
- Mãe, já estamos em frente à casa. Eu estou bem! – Disse empurrando as mãos dela que insistiam em segurar na minha cintura, me forçando a sair do carro. Fechei a porta atrás de mim, ainda sentido um pouco de sono por causa do remédio que me deram antes de sair do hospital.
Logo que cheguei em frente a porta da minha casa ouvi uma voz fina gritar meu nome do outro lado da rua.
- !!! – Olhei para trás e vi Safaa pulando pela rua em minha direção com algumas flores na mão – Logo atrás vinham Doniya e Waliyha trazendo um... bolo?
- Desculpa , foi tudo ideia de Safaa... – Doniya falou nitidamente envergonhada enquanto segurava um bolo com cobertura rosa-pink e confeites coloridos que formavam a cara de um gatinho. Sorri, pegando parte da cobertura com o dedo e me abaixando para abraçá-la.
- Não precisava tudo isso Safaa, obrigada! – Ela apenas riu me entregando as flores.
Sra. Malik chegou logo depois e me abraçou dizendo que estava muito feliz de me ver bem. Conversei com as garotas apenas por uns minutos, ainda era de manhã e todas tinham aula, e logo depois entrei. Vi meu pai colocar o bolo no balcão da cozinha e sair para o trabalho, depositando o um beijo na minha testa.
- Comporte-se moça.
- Pode deixar, pai. – Sorri de leve. Meus pais trabalhavam na mesma empresa. Na verdade eles eram os donos da empresa de turismo, o que em West Lake Hills faturava bastante com os parques e lagos. Por conta disso minha mãe não teve nenhum problema em ficar em casa hoje. E do jeito que eu conheço ela não adiantaria dizer que eu estava bem.

Passei dia todo vendo filmes, desenhos, comendo bolo, pintando a unha do pé... No final da tarde conversei um pouco com pelo telefone, já que faltava apenas dois dias para a festa de Sexta-feira 13.
Meu pai já havia chegado a noite e todos nós descansávamos na sala, meu pai organizando algumas coisas no notebook, minha mãe analisando alguns papéis, os dois faziam isso todos os dias enquanto ouviam as notícias na TV. Eu apenas fazia companhia mexendo no celular. Era isso praticamente todo dia depois do jantar.

“... Uma garota foi encontrada morta hoje entre os arbustos perto da barragem Tom Miller. Jasmine Campbell, 17 anos foi encontrada com um pequeno corte preciso no pescoço e marcar de espancamento. Segundo policiais, o corte pode ter sido feito com uma pequena lâmina e que o assassino pode ter certo conhecimento na anatomia humana, já que o pequeno corte foi certeiro na veia jugular. A família e amigos da jovem ainda serão interrogados....”

- Vocês se parecem... – Minha mãe falou me fazendo olhar para ela.
- Vocês quem?
- Você e a garota morta... – Ela apontou para TV que tinha a foto da tal Jasmine na tela. Olhei atentamente e ela tinha razão. Na foto ela estava com alguns amigos. O longo cabelo estava jogado para frente, como eu normalmente usava em casa, os olhos, o formato da boca... Quem não conhecesse, juraria que éramos irmãs.
- Lembra um pouco... – Falei sem interesse voltando minha atenção para o celular. Depois de alguns minutos senti o cansaço invadir meu corpo. Dei boa noite para meus pais e subi para o meu quarto.
Logo depois de fechar a porta troquei minha roupa e me olhei no espelho. A foto da garota veio na minha mente. Sim, éramos iguais, até mesmo o jeito que eu olhava para o meu reflexo era o mesmo olhar que ela tinha na fotografia. Um arrepio percorreu meu pescoço quando imaginei sentir aquele mesmo corte na minha jugular.
- Preciso muito dormir... – falei balançando a cabeça para afastar os pensamentos e fui fechar a janela.
Uma movimentação chamou minha atenção, era na casa dos Maliks. As cortinas de duas das janelas da sala estavam abertas. Trisha parecia discutir com alguém, mas não dava para ver quem era, até que ela saiu andando como se seguisse alguém. Da outra janela pude ver Zayn. Era com ele. Zayn pareceu gritar algo e logo depois jogar contra a parede um vaso que estava numa pequena mesa perto da escada, que logo após ele subiu. Trisha ainda gritava algo do pé da escada e logo depois o marido apareceu a abraçando tentando acalma-la. Uma luz se acendeu no andar de cima e vi Zayn bater com força a porta, ele tirou uma jaqueta aparentemente de couro que vestia e jogou num canto do quarto. Parei para analisar o local, a parede era num tom de azul marinho e tinha alguns móveis de cor marfim, tinha uma luminária de aparência antiga no teto. Havia duas janelas no quarto dele, olhei de volta para onde eu o analisava, mas não havia ninguém mais ali, provavelmente ele deve ter entrado no banheiro ou saído do quarto. Quando eu olhei pra outra janela. Lá estava ele, olhando para mim com aquele mesmo sorriso de canto. O ar pareceu faltar no meu quarto e eu apenas fechei a cortina rápido e me escondi, encostando-me na parede ao lado. Meu coração batia forte e rápido por causa do susto, fiquei ali por longos minutos respirando fundo antes de resolver finalmente me deitar na cama. Fiquei encolhida na cama olhando para janela, imaginando como pedir desculpas amanhã antes que ele pensasse que eu era algum tipo de bisbilhoteira. Foram longos minutos até que o sono finalmente resolveu aparecer.

Capítulo 4

[Musica: Jesse McCartney – Into Ya]

*Knock knock knock*
Corri para a porta ainda arrumando a parte de cima do meu biquíni. Abri a porta vendo um garoto um pouco maior que eu me olhar de cima abaixo segurando uma capa com parte de um cabide aparecendo. Ele ficou naquela mesma posição por alguns segundos.
- Hã... Posso ajudar? – Perguntei já perdendo a paciência.
- Desculpa... Por favor, senhora ?
- Está falando com ela.
- Er... A fantasia que a senhorita comprou. – Ele me entregou a capa junto com uma prancheta. – Assine aqui, por favor. – Apontou o lugar que tinha um pequeno “x” e me entregou a caneta. Assinei e devolvi a ele sorrindo. – Um bom dia para a senhorita.
- Obrigada.
Fechei a porta com o pé enquanto abria a capa, vendo a fantasia e logo a imaginando com manchas de tinta vermelha. Joguei a no sofá, e caminhei até a porta dos fundos, na cozinha, tirando o pequeno elástico que prendia meu cabelo. Joguei-me na piscina, sentindo a água um pouco gelada tocar meu corpo enquanto eu nadava. Uma coisa que sempre irá me relaxar: Nadar. Na verdade eu mais brincava de baixo da água, feito uma criança logo depois que aprende a nadar. Emergi me vendo no meio da piscinha, o vento fez meu corpo arrepiar e logo voltei a nadar, dessa vez seguindo até o final da piscina. Quando emergi novamente, ele estava lá agachado, usando uma camisa regata com o desenho da bandeira dos EUA preta e uma calça jeans, bem na beira da piscina, como se me esperasse.
- OH droga!... Quando você vai parar de fazer isso?! Quer me matar de susto garoto?! – Ele sorriu e sussurrou um “não de susto”, como se dissesse para ele mesmo. – O que você quer dessa vez? O que você está fazendo aqui? Se não percebeu, essa é a MINHA casa?
- Hey hey hey... Calma. Só vim te visitar.
- Se avisa antes de visitar alguém!
- Queria fazer uma visita surpresa...
- Bem, você conseguiu porque realmente foi uma surpresa!! – Ele apenas continuava rindo. - Você não deveria está no colégio?
- Eu estudo em casa.
- Por quê? Você é especial?
- Mais ou menos isso... E você, também deveria estar lá.
- Licença médica mais uma mãe superprotetora igual a não preciso ir para o colégio.
- Esperta você. Onde será a festa? – Olhei para ele em duvida enquanto saia da piscina. – A fantasia que chegou, pra quê?
- Ah sim, é a festa a fantasia que vai ter na praça principal. Sexta-feira 13...
- Interessante... – Ele me seguia até a esteira de praia onde eu peguei uma toalha e me enrolei, sentando.
- Ei, desde quando você fica observando o que chega à minha casa?
- Desde o momento que você fica observando o que acontece na minha. – Ele sentou do meu lado. Logo me lembrei da noite anterior sentindo minhas bochechas arderem.
- Me desculpa por aquilo...
- Eu te espionei hoje, então não precisa mais pedir desculpas. Além do mais eu não irei pedir... Ah, quase esqueço. Na próxima vez ponha um pouco mais de roupa quando atender a porta.
- Como é?!
- A não ser, claro, que você ache legal ter entregadores olhando para seus seios.
- O que eu visto dentro da minha casa não é da sua conta!
- Hey! Não está mais aqui quem falou ok? Além do mais ele teve um dia de sorte, porque a vista daqui é muito boa mesmo... – Vi a língua dele passou pelos lábios e um sorriso se formava no canto da boca. Ou o sol estava muito quente ou a vergonha tomou conta do meu rosto, pela quentura que eu senti nas minhas bochechas. Joguei a toalha no meu colo e revirei os olhos virando a cara.
- Não tem mais nada pra fazer?
- Na verdade não. Posso ficar o dia inteiro aqui se você quiser...
- Eu não quero.
- Tem certeza? – Senti o rosto dele se aproximar do meu, mas mesmo assim continuei com minha cabeça virada para o lado, encarando um ponto qualquer. Um arrepio subiu minha coluna quando senti um leve beijo no meu pescoço.
- Zayn... O que você está fazendo?... – A pergunta saiu num sussurro pela minha boca por causa dos beijos que iam ficando mais fortes, sujeito a deixar marcas no local. – Zayn... – Os beijos foram subindo até a minha orelha, onde ele deu uma leve mordida no lóbulo.
- Tem certeza que não quer que eu fique? – Ele sussurrou no meu ouvido causando ainda mais arrepios. Minha mão correu para o cabelo dele bagunçando de leve, e meus olhos fecharam um pouco, parecia que meu corpo não obedecia ao que meu cérebro mandava. Na verdade acho que até meu cérebro estava desligado no momento. A mão dele percorreu a minha cintura indo para as costas onde ele arranhou de leve. Senti a boca dele se aproximar da minha e dar uma leve mordida no meu lábio inferior. Nossos lábios estavam a centímetros um do outro.
- , porque você não foi para o colég... – Empurrei Zayn para trás quando ouvi a voz de . Eu podia sentir o pânico que meu rosto deve estar transmitindo no momento.
- Hey, ... Como você entrou aqui? – Tentei agir como se nada tivesse acontecido. Zayn apenas estava ali do meu lado rindo baixo enquanto mordia o próprio lábio dessa vez.
- O portão do lado da casa estava aberto. Eu bati na sua porta, mas ninguém atendeu. Hã... Estou atrapalhando algo? – Ela sorria de canto olhando para mim desconfiada.
- Está...
- NÃO! – Olhei para Zayn que estava rindo ainda mais. – Você quer parar e sair da minha casa, por favor?
- Eu já disse que tenho o dia todo.
- Sai da minha casa agora Zayn! – Ele se levantou e saiu em silêncio colocando as mãos no bolso. Ajeitei-me na cadeira fingindo que nada havia acontecido. Mas pela cara que fazia ela não iria me deixar em paz tão cedo.
- Você não me contou sobre “ZAYN”. – Ela intensificou a ultima palavra.
- Como foi o colégio hoje?
- Quer mudar de assunto agora é?
- Minha mãe não me deixou ir hoje, desculpa. Sabe como ela é...
- Você sabe que vai ter que me falar sobre ele, não sabe?
- Podemos esquecer o que houve aqui só por um minuto?
- Não. - Ela disse seca, sentando do meu lado, onde Zayn estava há minutos atrás. – Comece.
- Ele é meu vizinho novo, chegou na segunda.
- Nossa! Há três dias, você é rápida hein garota!
- Não sou eu. Ele parece estar em todo lugar que eu estou.
- Ui, arranjou um garoto que te vigia agora foi?
- Estou falando sério . Essa semana aconteceu tanta coisa, muita informação para minha mente.
- Não se esqueça de que amanhã é a festa. Já marquei um horário para a gente no salão. Você poderá relaxar e curtir a noite toda na festa.
- Na verdade estou com uma sensação ruim a semana toda.
- Não, não, não! Pois trate de dá um jeito de acabar com essa sensação ruim. Trabalhei muito na preparação da festa para você aparecer com uma “sensação ruim”.
- Deve ser estresse da semana.
- Acho bom que seja só isso mesmo. – colocou um dos braços envolta do meu pescoço, ela se balançava animada. – Nada vai estragar nossa noite!

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Quinta- feira, 12 de abril.
Preciso esquecer tudo que aconteceu nesse dia. Eu quero muito esquecer, mas minha mente não deixa. Ainda consigo sentir a mão de Zayn arranhar minhas costas, o beijo dele pelo meu pescoço e o sotaque dele sussurrando no meu ouvido. Por sorte não ficou nenhuma marca no meu pescoço. Digamos que meu pai tem um olhar de águia e eu estaria muito ferrada se aparecesse uma marca do nada no meu pescoço.
Pelo menos amanhã é a festa, vai me fazer esquecer tudo isso. Mas a sensação ruim ainda continua. Espero que ocorra tudo bem...

[N/A: Coloque a musica]
Fechei meu diário enquando Jesse McCartney começava a tocar no meu iPod plugado na pequena caixa de som branca do lado da minha cama. Deixei meu diário na cama e puxei minha camisa para cima quando olhei pela janela e vi uma sombra se esconder atrás da parede na janela da casa da frente. Apenas ri balançando a cabeça.
- Então é isso, ele quer brincar. Você me paga por hoje Malik...
Levantei-me sorrindo de canto, fiz o máximo para não deixar minha mente prestar atenção nos meus atos. Meus pais ainda não haviam chegado, então aumentei o volume da musica para cobrir a sensatez da minha mente. Andei um pouco mais para o centro do meu quarto virando de costas e fechando os olhos, apenas me concentrando na musica. Meu corpo começou a balançar de forma sensual enquanto puxava a camisa lentamente para cima. A tirei, brincando com a mesma com as mãos, depois a joguei num canto qualquer do quarto.

Get up in my canopy
Wander out over here girl and talk to me
While you're on your back Imma touch you slowly
Keep you paralyzed so you better move

Levantei meus braços lentamente, passando minhas mãos por toda a lateral do meu tronco enquanto rebolava. Podia sentir o olhar dele analisar cada movimento que meu corpo fazia. Virei meu rosto de leve olhando entre os cabelos, e eu estava certa. Zayn olhava cada movimento que minhas mãos faziam. Ele nem mesmo se preocupava mais em se esconder, estava parado em frente à janela olhando fixamente na minha direção.

Now girl it's your time to take the raise
Now show me what you're gonna do
'Cause girl I got your remedy

If you let me put it a little into ya
For so long I've been tryin' to get into ya
Let me in your brain I'll be in your heart
I'll be like a thing that you just can't put down

Fui descendo meu corpo, ainda rebolando, puxando o short preto que usava para baixo. Estiquei minhas pernas dando a ele uma boa visão da parte de trás do meu quadril. Levantei o resto do meu corpo passando a mão pelas minhas coxas indo direto para o meu busto.

Do it do it do it
Again look at that

Ameacei tirar meu sutiã e virei meu corpo olhando diretamente para o rosto dele. Ele estava totalmente tenso e sério, e mordia o lábio. O olhar dele encontrou o meu, deixando a boca abrir um pouco como se fosse para respirar. Eu apenas sorri do mesmo jeito que ele sempre sorria quando olhava para mim. Aquele maldito sorriso de canto perverso. Virei-me indo até meu iPod, desligando e logo depois em direção ao banheiro, deixando ele lá sozinho na janela. Quando entrei no banheiro fechei a porta rápido de logo depois me encostei nela, caindo em gargalhada.
- Não acredito que fiz isso...

Capítulo 5

- Onde você está?! – Ouvi o grito de do outro lado da linha.
- Calma! Acordei tarde. Chego em 30 minutos. – Desliguei o celular jogando dentro da bolsa junto com todas as coisas que usaria na fantasia no lugar do caderno e livros. Era 10h da manhã, mas eu nem ligava mais para as aulas de biologia e historia que eu estava perdendo hoje, essa semana minha cabeça não iria conseguir absorver nenhum tipo de informação.
Ajeitei a camisa da farda um pouco amassada pela rapidez que eu me vestia, deixando ela por cima da saia, e coloquei a primeira sapatilha preta que encontrei pela frente. Peguei a capa com a fantasia e desci correndo as escadas percebendo o enorme silêncio que havia na casa. Meus pais já haviam saído para o trabalho, então deixei um pequeno bilhete na mesa de centro da sala avisando que me arrumaria na casa de , peguei minha chave e saí de casa trancando a porta.
- !! – Ouvi Safaa gritar meu nome. Ela acenava pra mim enquanto ajudava a mãe, que também sorriu pra mim, no jardim. Apenas acenei de volta enquanto abria a porta do meu carro. Por segurança da fantasia resolvi não ir de bicicleta hoje. No mesmo instante que eu acenava Zayn saiu de casa, seguido pelo olhar da mãe que ficou séria.
- Zayn! Onde você vai? – Ouvi ela falar. Ele apenas murmurou um “Em algum lugar!”. Ele entrou sério na garagem. Nem ao menos tinha olhado na minha cara. Liguei o carro, colocando todas as minhas coisas no banco do carona. No mesmo instante que meu carro saia da frente da minha casa vi um Ford Mustang Cobra preto modelo antigo sair da garagem da casa em frente em velocidade. Por alguns centímetros nossos carros não se bateram. Ele olhou pra mim e dava pra ver a raiva que ele sentia, os olhos dele estavam vermelhos, a respiração pesada. Parece que alguém não curtiu o showzinho de ontem... Ele acelerou o carro ameaçando bater no meu, o que me fez instantaneamente dar a marcha ré.
- Ficou louco Malik?! – Gritei pela janela o vendo segurar com força o volante, cheguei a achar que o volante sairia do lugar pela força que ele colocava. Zayn manobrou o carro e saiu arrancando com o carro. Aquilo me deixou um pouco assustada. Manobrei meu carro e saí indo ao meu destino.

- Estou vendo que o Camaro vermelho voltou! – falou vindo à minha direção enquanto eu saia do carro.
- Você não achou que traria tudo isso numa bicicleta né?
- Nunca se sabe quando o assunto é você. E você vai deixá-lo aqui durante toda a noite?!
- Claro , eu vou deixar um Camaro no meio de um estacionamento durante uma festa cheia de gente bêbada a noite inteira... – Rolei os olhos falando sarcasticamente, ela apenas ria. – Posso deixar na sua casa e amanhã eu vou buscar?
- Nem precisa perguntar. – Liguei o alarme deixando todas as minhas coisas dentro do carro. - Bem... Feliz Sexta-feira 13!
- Quem deseja felicidades numa sexta-feira-13?
- Eu! E espero que tudo seja feliz e ocorra como eu planejei. – Ela enroscou o braço no meu e saiu me puxando pelo estacionamento pulando.
- É o que eu espero...
Passei todo o resto da manhã apenas ajudando ela a resolver alguns detalhes da organização. O colégio ficava na frente da praça, dava pra ver todo o comitê correndo para deixar o som e toda a decoração do local. Havia algumas barracas que aparentemente venderiam comida e principalmente bebida. O dinheiro sempre ia pra organização do Baile no meio do ano. Foi essa correria a manhã toda.
Ficamos até umas 14 horas e logo depois seguimos para o salão. Ficamos lá por umas 3 horas. Saímos de lá as duas cheias de presilhas na cabeça que prendiam os cachos até que o laquê secasse completamente, nem ligávamos se estava ridículo sair assim na rua. Se bem que todas as garotas que falariam da gente provavelmente estavam em outros salões, no mesmo estado que a gente. Pra falar a verdade tudo que eu fiz no salão eu poderia fazer sozinha em casa, mas Victoria insistia que no salão teria mais emoção. Saímos do salão seguindo direto para a casa dela. Os pais dela terminavam de se arrumar.
- ! Como você está? – A mãe dela vestia algo que aparentava ser uma bruxa.
- Estou ótima, e a senhora?
- Animada. – Ela seguiu atrás da gente subindo as escadas, mas se direcionou ao quarto do casal, enquanto eu segui com para o seu quarto.
Ela tomava banho no quarto de hóspedes e eu no banheiro dela. Achamos que esperar por uma terminar tomaria muito tempo, já que naquele momento eram 17h24min e a festa começava às 19 horas. Demorei pouco no banho, saí e logo coloquei a fantasia de enfermeira. Era um vestido branco que ia até metade da coxa e no canto esquerdo tinha uma cruz vermelha, assim como no pequeno quepe. Saí do banheiro vendo entrar no quarto com uma fantasia feminina de Freddy Krueger.
- Então... O que achou? – Ela perguntou girando o corpo mostrando toda a fantasia.
- Adorei!
- Han... Enfermeira não é tão... Assustadora...
- Poderia esperar eu terminar? – Peguei o pequeno pote de tinta vermelha na minha bolsa, passando por toda a frente da fantasia e logo depois colocando as luvas que eu já tinha pintado em casa.
- Agora sim, bem mais interessante!
Terminei minha maquiagem, passando um lápis de olho preto e um batom vermelho vivo. Tirei as presilhas deixando todos os cachos caírem perfeitamente nos meus ombros e logo depois coloquei o quepe. Coloquei um salto alto preto e lá fomos nós descendo pela escada. A casa estava em silêncio, os pais dela já devem ter saído. Fomos no carro de , demorou alguns minutos para já ouvirmos Rude Boy da Rihanna. A praça estava lotada de pessoas, e já havia alguns adolescentes digamos “altos” gritando e fazendo coisas idiotas. parou na mesma vaga onde meu carro estava mais cedo e olhou uma ultima vez no retrovisor conferindo a maquiagem.
- Pronta? – Eu apenas confirmei com a cabeça e saímos do carro já recebendo alguns olhares de outras garotas. Somos do Comitê de Organização, então é uma regra que estejamos mais apresentáveis que a maioria das garotas, ou pelo menos mais que as garotas populares. Algumas nos olhavam de cima a baixo procurando o menor defeito que seja para servir de comentário no dia seguinte, outras falavam apenas para ter um social um pouco mais elevado.

Durante toda a festa foi assim, falar com pessoas, dançar até as pernas não aguentarem, aceitar desafios alcoólicos oferecidos por garotos. Normalmente os mais velhos que iam à festa ficavam até umas 23h e todos os alunos do colégio e jovens da cidade ficava até o corpo aguentasse. Cheguei até a ver a irmã mais velha de Zayn curtindo com um grupo pela festa, mas nada dele. Não que eu esperasse ele aparecer depois de ver o estado dele hoje de manhã, mas ainda tinha uma ponta de esperança de que ele aparecesse, como todo jovem normal daquela cidade.
- , você por aqui... – Matt era um dos garotos desejados do colégio, fazia o tipo do “jogador de futebol americano dos filmes”. Quando ele não tentava impressionar todos que estavam a sua volta eu até gosto de falar com ele, sempre me ajudava quando eu precisava, mas naquele momento eu podia sentir o gosto do álcool na minha boca só por sentir o cheiro dele. O cheiro era tão forte que começava a fazer minha cabeça doer junto com todo aquele som e aglomerado de pessoas no mesmo estado que ele. Matt tentava me abraçar, me pegando pela cintura. – Hum enfermeira... Talvez eu te chame para cuidar da minha ressaca amanhã. – Ele ria alto e forte. Os amigos dele que estavam por perto mesmo sem ouvir uma palavra do que ele disse pra mim riam junto com ele.
- Matt, agora não ok? Me deixa em paz no momento, depois conversamos.
- Qual é , noite de festa, você poderia ao menos me dar uma chance hoje, o que você acha? – Vi o corpo dele se inclinar na minha direção numa tentativa de me beijar.
- Eu disse me deixa em paz! – O empurrei o vendo cair sobre os amigos derrubando toda a bebida na própria fantasia, mas ele apenas ria mais e continuava a fazer o que seja com os amigos.
Apenas saí andando sem me importar para onde meus pés me levassem, por tanto que fosse longe daquilo tudo. A festa estava legal, mas pessoas idiotas bêbadas + muita gente me empurrando + cheiro forte de álcool simplesmente não é a minha opção preferida. Senti uma mão tentar pegar meu braço e ouvi a voz de perguntar um “onde você está indo?”, mas apenas ignorei e continuei a andar. Foi assim por alguns minutos até perceber que já estava rodeada por algumas arvores, o som ainda era muito alto, mas quase não dava para ver as pessoas da festa. Boa parte da cidade era rodeada por florestas, mesmo acostumados a andar por elas ou até mesmo pegar uma talho de um lugar para outro não é comum a população andar por lá. Mas eu gostava de apenas sentir a natureza perto de mim. Meus pais trabalhavam com o turismo da cidade então andar por ali sempre foi normal para mim e eu sempre gostei. Cheguei até um pequeno forte de madeira que alguma criança construiu para brincar. Fiquei ale por uns instantes tentando ouvir o som dos grilos e do vento nas folhas para ver se a dor de cabeça passava, mas ao invés disso eu ouvi um pequeno grunhido. Tentei ignorar, mas o barulho insistia e parecia ficar ainda mais desesperado.
Fui caminhando em direção ao barulho que começava a me assustar. Claro que eu assisto filmes de terror e sei como sempre acaba quando alguém optar pela curiosidade, mas era o que eu gostava. Emoção. Sempre achei que um pouco de adrenalina não mata ninguém. Continuei andando com cuidado. Quando eu a vi. Toda a sensação ruim que eu senti a semana toda voltou praticamente 3 vezes mais. Tentei processar o que estava acontecendo na frente dos meus olhos. A garota estava amarrada em uma àrvore com um pedaço de pano amarrado a boca dela, impedindo-a de gritar ou falar algo. Lágrimas corria pelo rosto dela sem parar, dava pra sentir o desespero do rosto dela. Dei mais um passo para tentar ajudar ela quando vi uma sombra se aproximar, eu instantaneamente me escondi atrás de uma àrvore. Um garoto apareceu na frente dela, ele usava uma calça preta e um casaco de capuz da mesma cor. Haviam sacos nos pés envolta do sapato e ele usava luvas. A luz da lua refletiu num objeto de metal que surgiu na mão dele, parecia uma faca.
- Então é assim que você age com os vizinhos, hã? – A voz era masculina e era familiar, mas todo aquele momento não deixava minha mente pensar. – Eu tento ser legal com você e é assim que retribui?! Eu... Eu tento parecer uma pessoa legal, te comprimento, tento ser seu amigo, faço de tudo para segurar a vontade de rasgar seu lindo e delicado pescoço! – O vi puxar o cabelo dela sem dó fazendo o rosto dela encarar o dele. – Mas é assim que você retribui, agindo como a vizinha vadia! – Dava pra sentir a raiva quando ele falou. – É desse jeito que você quer agir? Esse é o seu joguinho, pequena ? – Foi quando tudo veio de vez na minha mente.
A camisa e o short preto que a garota usava, o cabelo longo, o rosto dela que lembrava a outra garota que foi encontrada, a garota que se parecia COMIGO. O assunto que ele falava. E na mesma hora a pessoa que eu reconhecia a voz veio na minha mente. Meu coração praticamente parou de bater e eu fiquei sem reação, apenas parada olhando para a garota chorando.
- Você não se comportou muito bem na última noite . E você sabe disso... – Ele puxou ainda mais o cabeço dela levantando ainda mais o rosto. Ele olhou para o pescoço dela posicionando a pequena lamina na jugular e depois olhou nos olhos dela aproximando seu rosto. – Desculpa. – Ele sussurrou e passou a lamina pelo pescoço da garota num corte certeiro enquanto dava um pequeno beijo nos lábios que pulavam pra fora da mordaça. Ele passou o dedão coberto pela luva pelos lábios dela e se afastou, dando pra ver o liquido vermelho descer pelo corpo dela mudando a cor da camiseta.
- Meu Deus... – Foi a única coisa que saiu da minha boca, alto o suficiente para fazê-lo olhar para trás e confirmar todos os meus pensamentos. Dava pra ver que Zayn se assustou a me ver aqui. Virei tentando correr, mas aquele maldito salto impedia de executar aquilo numa floresta. Senti a mão dele tampar minha boca por trás e o mesmo grunhido que a garota fazia momentos atrás agora era feito por mim. Eu tentava tirar a mão dele da minha boca para o grito sair totalmente da garganta, mas Zayn era mais forte que eu. Meu coração batia rápido e já começava a sentir lagrimas se formarem nos meus olhos. O desespero agora tomava o meu corpo, o verdadeiro corpo. Sentia ele me puxar para trás. Tudo começava a ficar embaçado e a música da festa ficava ainda mais baixa.
- Droga , o que você faz aqui?! – O sussurro dele foi a ultima coisa que eu ouvi. Logo depois tudo ficou preto.

Capítulo 6

Flashback on
- Corre !! Ele vai te pegar!! – Senti dois braços me pegarem com força pela cintura enquanto o dono ria descontroladamente.
- Agora você não escapa!
- Socorro Isabel! Ele me pegou!
Corríamos pelo jardim da casa, era pelo menos umas 2h da manhã e o som dentro da casa estava absurdamente alto. Era aniversário de um garoto qualquer que provavelmente esperava ficar conhecido depois daquela festa, e pelo andar da festa ele conseguiria ficar por uma semana ou duas. Essa era minha vida, duas ou três festas por semana, nem me preocupava em conhecer o dono da festa, quando você é popular em um local convite é o que não falta. E ali estava eu, com meu namorado Justin e minhas duas melhores amigas, e Isabel. Não precisava ser nenhum expert para ver o quanto estávamos bêbados, na verdade eu nunca tinha bebido tanto antes. era a única que poderia ser considerada sóbria pelo estado de todos.
- O que vocês acham de esperar o nascer do sol no parque?
- Sério Justin? Esse é o seu cronograma de final de noite, esperar o nascer do sol? – Isabel falou virando a garrafa de rum que tínhamos roubado no bar privado do pai do garoto, e jogando a garrafa em qualquer canto. Ele provavelmente se meteria em problemas por aquilo.
- Ei, não fala assim com meu namorado hippie. – Todos nós rimos alto, até mesmo Justin. – Eu topo! – Falei levantando a mão e logo depois recebendo um beijo no pescoço.
- Claro, vamos até o parque andando só pra ver o sol nascer. – falou sarcástica.
- Eu vim de carro!
- Problema resolvido! – Justin me puxou indo em direção ao meu carro estacionado pelo jardim junto com outros mais.
- Sério mesmo que vai dirigir o precioso Camaro dela nesse estado?!
- , primeiro: eu vim no carro do meu pai, o meu carro esta em revisão, segundo: meu estado está perfeitamente bem. – Falei logo depois tropeçando no pé de Justin.
- Isso porque seu estado está perfeito... – Eu a ignorei seguindo para o carro com Justin e Isabel. – , sério, você está bêbada, não está em condições nem de andar, quanto mais de dirigir!
- Se você não quer carona, vá andando. Espero que as aulas de Educação Física sirvam para alguma coisa agora.
Entrei no carro sendo seguida por Isabel, que sentou atrás e Justin que sentou do meu lado. Ouvi um último grito de e arranquei com o carro batendo em alguns que estavam do lado. Foi o caminho todo meu pé no acelerador tentando seguir reto na pista, enquanto ríamos de qualquer besteira. O carro seguia por uma sua atrás da minha casa, rodeando o lago que havia nos fundos. Peguei a latinha de cerveja que estava na mão de Justin e levei meu corpo para fora do carro, sentando na janela e tentando guiar o volante com o pé.
- Você está louca ! – Isabel falou rindo balançando meu corpo fingindo que me jogaria para fora do carro. Sem querer desliguei o farol do carro com o outro pé que se balançava loucamente pelo espaço vazio na frente do volante.
- Liga para mim Juzz! – Ele riu do apelido e ligou o farol tomando um susto.
- ! CUIDADO!! – Olhei para frente e vi dois ou três gambás que seguiam em direção ao lago, era normal algum pequeno animal aparecer por lá atrás de água. Justin virou o volante jogando o carro para o lado, meu corpo que estava na janela foi arremessado totalmente para fora do carro fazendo minha cabeça bater com força no chão. Vi o carro descer a pequena rampa de terra e cair direto no rio, ainda dava para ouvir o grito de Isabel desesperada. Tentei gritar na esperança que alguém estivesse passando pelo local no momento, mas a pancada que meu corpo e minha cabeça sofreram não me fizeram ficar acordada por muito tempo.

Flashback off

Acordei com o cheiro de plástico ou algo do tipo sendo queimado. Sentei-me reparando que estava deitada no meio da grama no meio do nada, não conhecia o local. Olhei para frente e o vi queimar algo num barril de metal, um pouco distante dele havia dois carros, O Mustang que ele dirigiu hoje de manhã estava parado num pedaço da rodovia que passava pelo local, e outro mais simples que eu nunca tinha visto antes estava a alguns metros do barril. Lembrei o que eu tinha visto e um som estranho saiu da minha boca fazendo Zayn olhar para trás.
- A bela adormecida finalmente acordou... – Ele vinha na minha direção e meus braços foram puxando meu corpo para trás. – A Miss Strip-tease está com medo?
- M... Me descul-pa, por favor... – Minha voz falhava por causa do choro que começava a prender na minha garganta, lagrimas não paravam de cair do meu rosto lembrando como aquela garota tinha acabado e com medo da mesma coisa acontecesse comigo. – Eu p-prometo, foi a primeira e úl-tima v... vez! – Ele me levantou e segurou meu pescoço com uma mão me guiando até eu me encostar em um dos carros, o Mustang.
- Ah! Agora você se preocupa em se desculpar? – A mão dele seguiu do meu pescoço para a minha mandíbula e senti a força que ele aplicava apertando. – Agora você quer parar para pensar se foi algo bom em se fazer ou não? Então é desse jeito que você tratava seu antigo vizinho, rebolando seminua? – Ele virou meu rosto dando um pequeno beijo perto da minha orelha. - Não entendo porque ele se mudou, porque você tem muita vocação...
- Não me machuca, por favor... - Lágrimas grossas não paravam de rolar pelo meu rosto. – Não me mata. – A última frase lutou para sair da minha boca, foi um sussurro, achei por um momento que ele não teria ouvido.
- Hey amor, eu não vou te matar, eu prometo... – Ele falou olhando firme nos meus olhos. Logo depois voltou a beijar minha orelha mordendo, e sussurrou. – Agora não prometo nada quando a primeira opção.
Zayn me puxou pelo braço até o lado do carona do carro. Abriu a porta e praticamente me jogou no banco prendendo o cinto logo depois.
- É o seguinte, eu preciso terminar aqui então estou te dando três opções. Primeira: Fica dentro do carro quieta como uma boa vadia e nada de ruim te acontece. Bem, a segunda você faz escândalo, se desespera e eu te jogo no porta-malas do outro carro, a terceira você tenta fugir daqui, e eu te garanto que os finais dessas duas últimas opções serão sua família e seus amigos te visitando no cemitério. Então Srta. , qual opção mais te agradou?
- A... a pri-primeira...
- Foi o que imaginei... Garota esperta você.
Ele bateu a porta do carro sem se importar se tinha braços ou pernas do lado de fora, por sorte não tinha. Segui todos os movimentos dele tremendo no banco do carro. Ele prometeu que não me mataria, mas ele me machucaria, e isso eu tinha certeza que ele faria.
Zayn abriu o porta-malas do carro tirando um galão que parecia ser gasolina, depois seguiu para onde estava o outro carro. Eu reparei na roupa dele, que não era mais o casaco preto de capuz, agora ele usava uma camisa básica de manga curta também preta, o que dava para ver as tatuagens que ele tinha em cada braço. Ele parou na frente do carro, parecia que checava alguma coisa no celular, fez isso por alguns segundos e logo guardou no bolso de novo e voltou ao que fazia. Ele começou a jogar a gasolina pelo carro e logo depois deixando o galão no capô, se afastou pegando algo no bolso que logo soube o que era quando ele acendeu o fósforo jogando no carro que começou a pegar fogo. Ele veio correndo de volta para o carro e sentou do lado do motorista.
- Boa garota, que bom que continuou no carro. – Ele ligou o carro e manobrou seguindo pela rodovia extremamente vazia e escura, só dava para ver o que o farol conseguia iluminar. Segundos depois eu me assustei com o som de uma explosão vindo do local que estávamos. – Sabe , tenho planos para você... – O olhei assustado que riu quando percebeu minha reação. – Calma, já disse que não vou te matar.
- Me jogar no meio do nada sem um braço ainda viva você não estaria me matando, mas eu morreria por consequência... – Falei baixo preocupada.
- , na sua posição não é sábio me dar ideias.
- Desculpa.
Ficamos alguns minutos calados, e aquele silêncio piorava ainda mais o meu nervosismo, eu não aguentava mais aquilo.
- Você a matou por minha causa?
- Você sabe que sim, não se faça de idiota, por favor.
- Por quê? Ela não merecia isso.
- Era ela ou você.
- E porque não me escolheu já que a culpa é minha? – Ele olhou para mim por um estante e depois voltou a atenção para a estrada, sem responder a pergunta. – A outra garota no meio da semana também foi você? E também foi por minha causa?
- Sim.
- Por quê?
- Por que sim! Você quer calar aboca por um instante?!
- Desculpa...
- PARE DE PEDIR DESCULPAS! QUE DROGA! – Algumas lágrimas ainda presas rolaram pelo susto do grito dele. – Olha, você fez coisas que não devia, viu coisas que não devia, mas eu já disse que não irei te matar. – Ele passou uma das mãos pelo meu joelho e parte da coxa que a fantasia não cobria. – Eu te prometi que não iria te matar. Já disse que tenho outros planos para você.
- Q-que planos?
- Você saberá.
Ele voltou a atenção a estrada cantarolando alguma música que no momento eu não estava preocupada em saber qual era. Eu olhava a paisagem passando pela janela achando que finalmente meu corpo começava a se acalmar. Ouvi uma risada e olhei pra direção de Zayn. Ele passou a língua pelos lábios que sorriam abertamente, ele olhou para mim e voltou a olhar para frente ainda sorrindo.
- Só para você ficar sabendo... – Ele passou a língua mais uma vez no lábio inferior, dessa vez mordendo com força em seguida. – Você vai terminar o que começou ontem.

Depois de alguns minutos eu reconheci a rua que estávamos, e o vi parar o carro em frente a minha casa, tirou o cinto de segurança e se virou para mim.
- Olha , eu não quero que isso fique mais difícil do que já aparenta estar, e quando eu falo ficar difícil acredite que a situação fica 3 vezes pior para você. Então eu espero que você colabore comigo e fique de boca fechada. – Eu apenas assenti com a cabeça. – Você vai entrar em casa, sorrir e dizer a seus pais como foi divertida a festa. Entendeu? – Eu continuei de cabeça abaixada ouvindo o que ele falava quando senti a mão dele levantar o meu rosto com força para encarar ele. – Eu te fiz uma pergunta. Você entendeu?
- Entendi.
Ele desprendeu o meu cinto de segurança, mas quando eu me preparava para sair ele me puxou pela cintura forçando seus lábios nos meus. Ele me beijava com força forçando a língua contra a minha boca pedindo passagem. Eu estava com medo do que ele faria, não sabia como reagir. Ele parou o beijo só por alguns segundos olhando com raiva nos meus olhos.
- Se eu fosse você eu corresponderia.
Ele voltou a me beijar no mesmo ritmo, mas desta vez eu respondi ao beijo, meus olhos permaneciam abertos assustados, enquanto a língua dele brincava com a minha. Senti a mão dele descer da minha cintura para a minha coxa e subia o meu vestido logo depois apertando minha bunda na mesma força que senti ele morder meu lábio. Deixei um gemido sair pela minha garganta, mas ele não percebeu que era um gemido de pura dor e continuou descendo o beijo para o meu pescoço. Ele continuou massageando minha coxa enquanto inclinava o seu corpo para cima do meu.
- Zayn, por favor... – Tentei parar ele, mas ele continuava beijando com ainda mais força o meu pescoço, provavelmente deixando marca. – Zayn, para, por favor... Zayn. ZAYN!! – Empurrei o corpo dele de volta para o banco tentando respirar com mais calma. – Me desc...
- Sai do carro. – O obedeci encolhendo meu corpo logo que saí por causa do vento frio. – Se lembre do que eu falei.
O vi manobrar o carro estacionando na frente da garagem e logo depois sair do carro e seguir para casa. Fui andando para minha casa tremendo, entrei em casa agradecendo que meus pais já estavam dormindo, subi para o meu quarto deitando na cama apenas tirando o sapato. Encolhi meu corpo relaxando e comecei a chorar ainda mais por tudo que tinha acontecido, sabendo de uma única coisa: Aquilo não acabaria tão cedo.

Capítulo 7

Um pequeno feche de luz que conseguiu escapar da cortina de uma das janelas próximas a minha cama e acertar justamente o meu rosto, o que fez minha cabeça doer e muito. Tentei voltar a dormir virando para o lado, mas não adiantava mais, levantei sentindo a dor ficar pior e fui até o banheiro parando em frente ao banheiro. Meu estado era o pior possível, havia varias manchas pretas perto dos meus olhos e pela bochecha, meu batom estava o mais espalhado possível pela minha boca e dava pra perceber pelos olhos ainda avermelhados que eu havia chorado tudo que eu podia boa parte da madrugada. Prendi meu cabelo um pouco embaraçado em um coque alto, tirei a fantasia embolando até que entrasse na lixeira, e fui para o chuveiro jogando uma água quente sobre o meu corpo. Tirei toda a maquiagem do meu rosto e encostei a cabeça na parede deixando toda a água cair nas minhas costas, a quentura começava a machucar o que eu sabia que deixaria minhas costas vermelhas, mas a dor no meu corpo estava aliviando parte da dor que meu psicológico sentiu toda a noite.
Terminei meu banho colocando uma camiseta grande cinza simples e um short vermelho velho e desci as escadas ouvindo um barulho de carro, abri a porta e vi meu Camaro vermelho estacionar na frente da minha porta e sair com duas bolsas e logo depois travar as portas.
- Sua louca! Que me matar do coração? Onde você se meteu a festa toda?!
- Eu... Eu não me senti muito bem e vim para casa.
- Voltou como?! Você voltaria comigo . Eu fiquei preocupada!
- Um amigo me trouxe. – Olhei para o outro lado da rua e lá estava ele, com uma camisa branca simples e jeans, encostado perto da garagem. Ele tirou o cigarro da boca segurando entre os dedos e soltou a fumaça bem lentamente enquanto prestava atenção no que eu e Victoria fazíamos. Infelizmente ela acompanhou meu olhar encarando Zayn e logo depois voltando a me encarar com um sorriso no rosto.
- Um amigo. – Ela riu – E eu preocupada com você... – Ela deu um tapa no meu braço entrando na minha casa sem me dar tempo de falar algo. sentou no sofá sinalizando para que eu sentasse ao lado dela. Já imaginava o que viria agora...
- Então, o que está acontecendo?
- Sobre o que? – Liguei a TV prendendo a atenção no desenho que passava.
- Você sabe. Vizinho, piscina, desaparecer da festa...
- Ele não tem nada a ver com a festa. - Falei sentindo todos os meus músculos ficarem tensos e meus olhos ficarem um pouco molhados.
- Por favor , eu não sou nenhuma idiot...
- EU NÃO QUERO FALAR DISSO OK! – Gritei levando alguns segundos para reparar no que eu tinha feito. me olhava séria e olhou para TV.
- Pelo jeito é assunto sério... Mas tudo bem, quando você quiser falar sabe que estou aqui. – Eu a abracei, segurando as lagrimas para que ela não percebesse.
- Eu estaria perdida sem você.
- Claro que estaria sua tola... – Ela pegou o controle da minha mão mudando para um canal aleatório enquanto ríamos. Quando paramos de rir reparei que na TV passava o jornal, mostrando a foto de uma garota, a garota de ontem. Antes que também reparasse eu mudei de canal de volta para os desenhos. A última coisa que eu precisava era da lembrança da noite anterior, ainda mais num fim de semana.
- Você pode dormir aqui hoje?
- Seus pais só voltam amanhã de novo?
- Sim... – Por causa da empresa de turismo, meu pai levava os turistas que pagaram mais caro para acampar a cada dois meses, era tipo um passeio VIP. Minha mãe ficava na empresa caso meu pai precisasse de algo. Há vários funcionários no trabalho, mas minha mãe prefere ficar quando meu pai é o guia.
- Eu até queria , mas tenho um casamento hoje à noite. Algum parente estranhos querendo ser sociável... Mas eu posso passar o dia com você. O que acha?
- Você não achou que iria logo para casa, achou? – Ela riu me dando outro tapa no braço. Seria bom tentar ter um dia normal, o que eu não tive a semana inteira, apenas eu e minha melhor amiga, fazendo algo inútil, comendo besteiras... Estava muito difícil, mas eu esqueceria tudo que aconteceu pelo menos por todo o dia.
Assistimos Procurando Nemo e A Era Do Gelo pela manhã, pedimos uma pizza para almoçar, e passamos toda a tarde fofocando enquanto pintávamos a unha e vendo clipes pop que passavam na TV. Ela me falou sobre um garoto que ela gostava no colégio, falou de uma garota que agora não desgruda dela provavelmente querendo popularidade, normal. Ficamos assim até umas 6h da tarde, quando a mãe dela que vinha do salão de beleza passou para buscar ela, já que veio com o meu carro.
- Tem certeza que tem que ir pra esse casamento?
- Desculpa , eu vou ficar te devendo uma noite do pijama.
- Eu vou cobrar. – Falei abraçando ela na porta da minha casa. me deu um beijo na bochecha e foi até o carro da mãe. Fechei a porta e subi para o meu quarto, logo que entrei meu celular começou a tocar.
- Alô?
- ? Está tudo bem?
- Está tudo bem sim mãe. Estou entrando no banheiro agora pra tomar um banho e descansar um pouco.
- Tem certeza? Qualquer coisa eu volto pra casa agora.
- Mãe, eu estou bem. Fique tranquila.
- Desculpa filha, é que eu assisti o jornal e encontraram outra menin...
- Não se preocupe, eu estou ótima.
- Você sabe, preocupação de mãe... Qualquer coisa me ligue ok?
- Pode deixar. Eu te amo.
- Eu te amo também. Durma bem.
Desliguei meu celular colocando no balcão de mármore ao lado da pia. Tirei minha roupa colocando no balcão perto do celular entrei no chuveiro, dessa vez lavando meu cabelo. Só para conseguir desembaraçar devo ter levado uns 5 minutos. Uma dica: nunca durma com cabelo cheio de fixador. Terminei tudo vestindo a mesma roupa que estava antes. Terminava de secar meu cabelo enquanto saia do banheiro quando me assustei vendo Zayn deitado na minha cama enquanto lia meu diário. Fiquei longos minutos processando aquilo até ele me olhar e sorrir.
- Pensei que aquela garota ficaria a noite toda.
- Como você entrou aqui?
- Fundos. – Ele falou voltando a atenção para o diário. Corri até a cama e tirei das mãos dele logo depois guardando na gaveta da cômoda ao lado da cama.
- Você não tem o direito de invadir a minha casa.
- Blabla não me importo. Então seus pais vão passar a noite fora... Na verdade sua mãe quando saia pediu para ficar de olho na casa, bem, estou olhando a casa agora! – Ele sentou na lateral da cama, na minha frente. – Hey, você ainda está com medo?
- Não.
- Então porque a carinha triste? – Ele puxou meu rosto para encarar o dele, ele sorria, mas dessa vez era um sorriso suave, calmo. – Vamos, eu gosto quando você sorri.
- Eu realmente não estou com vontade. – Falei me afastando da cama, ele levantou e abraçou minha cintura passando polegar pela minha mandíbula logo depois depositando um beijo nela.
- Vamos, um sorriso, não me faça colocá-lo no seu rosto. – Ele riu de maneira sapeca fazendo cócegas na minha barriga. Mas eu o empurrei fazendo cair sentado na cama.
- Realmente eu queria saber qual o seu problema! Uma hora você está a ponto de me matar e agora aparece assim, como se nada tivesse acontecido. Eu agradeceria muito se você se decidisse porque isso ta acabando comigo! Eu te conheço a uma semana e essa foi a pior semana de TODA A MINHA VIDA!
- Eu tento fazer você sofrer menos, e é isso que acontece. Mas se é assim que você prefere... – Zayn pegou forte pela minha cintura me levando até a parede e forçando o corpo contra o meu. – Parabéns , você está prestes a salvar uma vida.
O beijo de Zayn foi tão rápido e forte que eu tive que lutar para conseguir um pouco de ar. Eu tentava separar ele de mim batendo em seu ombro mas não dava certo, ele desceu os beijos para o meu pescoço e apertando minha cintura.
- Eu te odeio Malik! – Eu senti ele puxar meu corpo para cima segurando pelas minhas coxas e me levar até a cama me deitando, jogando o corpo dele por cima do meu.
- Eu sei. – Zayn voltou a me beijar com força, mas dessa vez eu respondi sentindo lágrimas descerem pelo meu rosto. Ele puxou minha camiseta para cima a tirando e logo depois tirando a própria camisa e logo depois a calça, tirando junto com o sapato, e voltou a me beijar. A mordida que ele deu no meu lábio me fez puxar o cabelo dele com força fazendo escapar um pequeno gemido da boca dele. A força que as mãos dele aplicavam contra a minha pele era como se ele quisesse descarregar toda a sua raiva, minha cintura, meu braço, todos os lugares que suas mãos passaram deixaram um rastro de dor no local e eu sabia que ficariam marcas e continuariam doloridas quando eu acordasse no outro dia. Enquanto puxava meu short para baixo ele beijava a minha barriga subindo por todo o meu busto e parando no meu ombro mordendo forte, não conseguir conter o grito preso na garganta mas ele apenas riu. O vi mudar a expressão enquanto parava de me morder, a cara dele estava confuso e irritado e uma de suas mãos puxava o matérias do meu sutiã insistentemente sem ter sucesso com o que queria. Ele me largou deixando meu corpo deitar completamente na cama e ficou me olhando confuso até seu olhar descer para o meu busto e ele ver o feche do sutiã na frente. – Isso foi frustrante. – Ele desabotoou a peça a jogando em qualquer canto do quarto com raiva e me olhou nos olhos, passando o dedão no meu rosto limpando minhas lagrimas e voltou a me beijar, só que dessa vez era mais lento e calmo.

[Musica: Take Care feat. Rihanna – Drake]

Abri meus olhos vendo o relógio de parede marcar 3h e alguns minutos, tentei me mexer, mas senti uma pontada de dor por todo o meu corpo. Contei até três e joguei meu corpo para o outro lado vendo uma sombra na janela. Zayn estava lá apenas de calça, sem camisa, dava para ver a barra da cueca Calvin Klein que ele vestia, estava encostado na janela enquanto fumava um cigarro. Forcei meu corpo a levantar da cama deixando um gemido de dor sair da minha boca, peguei a coberta envolvendo-a no meu corpo e fui até o banheiro. Parei em frente ao espelho da pia vendo meu rosto, meu cabelo estava totalmente bagunçado, me frustrando por ter desembaraçado ele totalmente, havia marcas pelo pescoço e iam descendo, passando pelo meu ombro, vi um pouco de outras marcas, mas o espelho não me deixava ter uma visão total, então voltei para o quarto acendendo a pequena luminária que iluminava metade do meu quarto e parei em frente a um espelho maior perto do closet. Virei-me deixando parte da coberta cair e todas as marcas aparecerem pelo espelho, tinha marcas de mordidas pelo ombro e muitos arranhões pelas costas, era impossível explicar aquilo caso alguém visse. Meu corpo encostou-se ao espelho e me deixei cair sentada no chão enquanto começava a chorar, chorar muito.
Vi Zayn se aproximar de mim ainda com o cigarro entre os dedos. Ele se abaixou e me carregou me levando de volta até a cama e me colocando com cuidado sentando ao meu lado, ele me abraçou tendo cuidado para não me queimar.
- Desculpa. – Ele sussurrou dando um beijo na minha cabeça.
- Porque você está fazendo isso comigo? Seria tão mais fácil ter me deixado na banheira afogando naquele dia... – Estava acontecendo tudo tão rápido na minha vida, desde que Zayn havia chegado estava acontecendo tudo de vez, e estava me ferindo fisicamente. E psicologicamente, sim... Minha mente estava tão pesada por tudo. Eu não conseguia parar de chorar, ele apagou o cigarro na cômoda ao lado e com a mão livre agora ele alisava meu braço, passando o dedão pelas minhas marcas.
- Não diga isso...
- Como se isso importasse para você.
- E importa.
- Você não se importa com ninguém a não ser com você! – Falei alto sentindo mais e mais lagrimas caírem. Desde ontem, isso era a única coisa que eu conseguia fazer direito, chorar.
- Eu me importo com você. – Ele continuava calmo, como se o Zayn que eu vi matando uma garota sem piedade havia sumido. – Pode não parecer, mas eu me importo.
- Pois não parece mesmo! O que você quer mais hã?! Essa foi a pior semana de toda a minha vida... Acaba logo com isso, me mata, será melhor para nós dois.
- Não posso.
- Sério? Não pode? Você nem me conhece direito...
- Eu te conheço o bastante para saber que preciso de você na minha vida. – Ele limpou minhas lágrimas e depositou um leve beijo na minha testa. Eu não consegui falar mais nada depois disso, apenas fiquei o encarando confusa. – Descanse, você precisa dormir um pouco... – Zayn forçou minha cabeça a encostar-se ao seu ombro descansando todo o meu corpo e me relaxando ao sentir seu perfume ouvindo o coração dele bater rápido.

Capítulo 8

Já haviam se passado três dias desde aquela noite, quando eu havia acordado no domingo Zayn não estava mais no quarto e desde então ele não havia falado comigo direito. Sem sorrisos, sem indiretas, sem ataques, apenas o que a regra de educação mandava, bom dia, boa tarde e boa noite. Ele estava me evitando, e aquilo estava me incomodando. Irônico hã? Eu passei a semana toda, principalmente o final dela, querendo que ele me deixasse em paz, e quando ele finalmente atende o meu pedido eu me sentia estranha, me sentia... vazia? Estranho, eu sei, mas eu meio que sentia falta do Malik invadindo a minha casa para saber da minha vida, sentia falta do Malik sorrir daquele jeito misterioso que ele sempre fazia quando eu passava na frente da casa dele, sentia falta do Malik espionar pela janela sem ter nenhum medo de que eu pegasse no flagra. Eu sentia falta dele. Era algo bom e ruim ao mesmo tempo. Impressionante como uma única pessoa pode bagunçar toda a sua em apenas uma semana e meia...
Eu batucava na carteira do colégio com um lápis enquanto meu parceiro de mesa terminava algum trabalho nosso de história, sempre que ele me perguntava alguma coisa a única resposta que saia da minha boca era um “tanto faz” ou “o que você achar melhor”. Nunca fui boa em história, o que por sinal deixava meus pais irritados, e naquele momento eu realmente não estava com paciência para saber o que os nossos ancestrais fizeram pelo nosso país.
Ouvi o sinal tocar, peguei parte dos papéis pela minha mesa e o resto joguei dentro da mochila tentando sair o quanto antes da sala.
- Srta. ? – Ouvi a voz rouca e lenta do Sr. Robert me chamar, era a única coisa que eu precisava agora. – Precisamos conversar. – Ele não era velho, deveria ter uns 35 anos no máximo, cabelos pretos puxados para trás e sempre usava um suéter diferente a cada semana. Ele era um dos únicos professores ricos da cidade, o que ajudava a ter garotas sempre perto dele querendo “uma carona” no carro dele, se é que me entendem...
- Algum problema Senhor? – Sentei numa cadeira perto dele o encarando.
- Quanta formalidade... – Ele sempre me repreendia por não chamá-lo por Tom, seu primeiro nome. Mas, bem, era sempre assim, começava por Tom e acabava pegando “carona”. – Eu estava revisando suas notas e pelo que me parece, se continuar no mesmo ritmo você poderá repetir a matéria.
- Eu prometo que tentarei melhorar, senhor.
- Já perdeu a graça falar que você pode me chamar de Tom, e bem... – Sentir a mão dele passar pela minha coxa, subindo um pouco a saia fazendo círculos na minha pele com o dedão. – Se você quiser eu posso até te ajudar a passar... – Aquilo era nojento. Levantei irritada jogando a mão dele para longe e consertando a minha saia.
- Acontece, SENHOR Robert, que eu não preciso da sua ajuda, posso me virar sozinha. Muito obrigada. – O olhei com nojo e saí da sala ainda dando tempo de ouvi-lo responder um “se precisar estou aqui”, meus passos eram tão rápidos que não deu tempo de ver que vinha alguém, me fazendo esbarrar e todas as minhas coisas caírem pelo chão. - Desculpe-me! – Falei me abaixando para recolher todos os papéis. – Sou muito desastrada, droga... – Vi a sombra da pessoa se abaixar comigo para me ajudar a pegar os papéis. Minhas mãos tremiam de raiva pelo que tinha acabado de acontecer, fazendo os papéis caírem mais uma vez, até que desisti e joguei tudo no chão me sentando ao lado e passando a mão pelo rosto.
- Ei, calma... Foi um acidente. – Olhei para frente me deparando com um sorriso totalmente branco. – Acontece com todo mundo. – Ele arrumou os papéis me entregando. – E pelo que eu estou vendo seu dia não está sendo um dos melhores. – Vi sua mão se estender me ajudando a levantar do chão.
- Obrigada... – Agradeci concertando minha farda e colocando todos os papéis dentro da bolsa para evitar qualquer outro acidente. – Na verdade minha vida não está no seu melhor momento.
- Bem vinda ao clube. – O sorriso dele era tão suave, tão lindo, que me fez sorrir só por isso. Ele tinha olhos verdes e cabelos tão pretos quanto os de Zayn que se destacava na pele pálida, até parecia que ele não tinha visto o sol há anos. Era alto e Jesus, o corpo dele era forte, mas de um jeito saudável. Josh. – Ele falou entendendo a mão, claro que eu retribuí, e Jesus que pele macia e quente!
- , mas pode me chamar de .
- , meu nome favorito!
- Sério?
- É... Não, estava apenas causando boa impressão.
- Está funcionando.
- Está?
- Não, estava apenas sendo agradável. – A risada dele foi tão alta e gostosa de ouvir que me deu arrepios. Sério, onde ele se meteu esse tempo todo aqui no colégio?!
- Boa resposta... - Seguimos andando pelo corredor um pouco vazio.
- Desculpa, mas nunca te vi por aqui, você é novo?
- Na verdade estudo aqui há 4 anos.
- Nossa, eu nunca te vi por aqui, sério.
- Temos aula de espanhol juntos.
- Explicado. Quando eu não estou dormindo na aula de espanhol, estou fazendo algo aleatório ou...
- Mexendo no celular. Eu sei disso. – Ele falou olhando para o chão enquanto caminhávamos.
- Sabe? Então você anda me espionando na sala de aula... – Não era minha intenção, mas o vi ficar vermelho enquanto disfarçava a vergonha rindo baixo. – Bem, minha sala fica aqui. Biologia. – Falei parando em frente a sala deixando espaço para os alunos que chegavam entrarem. – Adorei te conhecer Josh!
- Também! E desculpa pelo tempo de espionagem... – Ele levou a mão até a nuca e passou a mão pelo cabelo, o bagunçando.
- Não precisa desculpar. – Dei um beijo na bochecha dele sorrindo o vendo sorrir também. – Nos vemos depois?
- Claro! – Acenei uma última vez e entrei na sala.
Fui até a mesa onde já me esperava, o olhar dela era o mais safado possível, o que me fez rir alto.
- Você é MUITO rápida garota! Sério? – Sentei do lado dela rindo
- Não sei do que você está falando... – Fingi a fazendo bater no meu braço.
- Quem era? Novato?
- Sabia que ele está aqui há 4 anos e tem aula de espanhol com a gente? – Vi abrir a boca espantada.
- Isso que dá ser popular e esnobar todo mundo – Nós rimos.
- O nome dele é Josh. Até sabe o que eu fico fazendo durante a aula!
- Conte-me , como é ter dois homens te espionando? Não acredito nisso... Cuidado Zayn, concorrente na área! - Ouvir o nome dele foi tão estranho, ainda fazia eu me lembrar de tudo, mas era diferente. Não sei porque era, mas eu me sentia tão estranha por dentro. Foi assim a semana toda e estava incomodando muito... – Ah não ! Vai se perder no espaço não né?! É sempre assim quando eu falo no nome desse garoto e você não me conta nada!
- Não tem nada para contar ... – Falei vendo o professor entrar na sala e tentei não olhar pra ela fingindo que estava distraída procurando algo na mochila, mas eu podia sentir o olhar de desaprovação dela sobre mim.

Quarta-feira, 18 de abril
Voltei a minha rotina, se eu ficasse em casa lamentando por tudo seria pior, não posso contar aqui o que aconteceu, mas estou bem mais calma. A não ser por um motivo, desde que ele se mudou para cidade essa é os primeiros três dias sem falar com ele. Durante uma semana ele não me deixava em paz, agora me ignora. Nunca vou entender.
Estou escrevendo do colégio, e pelo que eu vejo coisas novas vão acontecer. Isso é bom. Eu acho...

- Não sabia que você tinha um diário. – Tomei susto com a voz de Josh surgindo do nada. Fechei rápido e guardei dentro da mochila. – Calma, não estava lendo, espionagem só na sala mesmo. Pensei que você já tinha ido embora.
- Nem percebi a hora... Bem, te vejo amanhã! – Caminhei ainda sem graça. Desde o acidente com Isabel e Justin, todas as coisas que eu pensava ou me deixava triste, feliz, confusa, tudo se encontrava ali, então eu sempre fazia o possível para manter longe da vista das pessoas.
Peguei minha bicicleta me preparando para ir embora quando senti uma mão segurar o meu pulso.
- Desculpa. Eu sei que é algo pessoal. Prometo que não vai acontecer de novo.
- Não precisa se desculpar, você não fez nada de ruim.
- Não, sério, eu quero me desculpar. Você aceita carona até sua casa?
- Não precis...
- Eu insisto! Sua bicicleta cabe no fundo. – Concordei com a cabeça e ele me ajudou a levar a bicicleta até uma Land Rover preta e colocá-la no porta-malas estendido até a cabine do passageiro.
Passamos o caminho inteiro conversando, ele falando desses anos de nerd ignorado no colégio até finalmente conseguir seu espaço no colégio e ser notado, cantamos musicas que tocavam na rádio, eu estava tendo um ótimo dia, ele me fazia sentir como se minha antiga vida estivesse de volta, sem acidente, sem assassinatos, sem vizinhos, apenas eu tendo boas horas.
Depois de algumas horas chegamos em frente a minha casa, minha mãe estava conversando com a Sra. Malik sentadas no jardim da minha casa, Safaa também estava lá brincando com o cachorro da vizinha que de vez em quando invadia minha casa, ela ainda estava com a farda do colégio, deveria ter acabado de chegar. Saímos do carro e senti ser observada provavelmente pelas 3, Josh me ajudou a tirar a bicicleta do carro.
- Então... Eu e alguns amigos do colégio estamos planejando ir a um club sexta à noite, acho que aquela sua amiga também vai. Se você não tiver nada pra fazer pode aparecer lá... – Ele falou visivelmente sem graça passando a mão na nuca.
- Parece uma boa ideia. Talvez eu apareça por lá. – Sorri dando um abraço nesse. – Obrigada pela carona.
Saí caminhando com a bicicleta o vendo entrar no carro e saí, joguei-a em qualquer canto e senti Safaa me abraçar daquele jeito fofo de sempre.
- Amigo novo? – Minha mãe perguntou enquanto sorria.
- Hm ele mais parece o namoradinho dela! – Safaa falou rindo logo sendo repreendida pela mãe.
- Não é nada disso sua boba! Ele é meu colega de espanhol e começamos a conversar hoje. Apenas!
Cumprimentei-as e entrei em casa sendo seguida por Safaa.
- Como foi sua escola hoje? – Perguntei tirando meu sapato e nós duas sentamos no sofá. Ela era criança, mas adorava conversar com ela.
- Divertido, brincamos com palavras!
- Hm estou vendo como foi divertido! E sua família, como andam as coisas? – Perguntei com uma pontada de segundas intenções.
- Meu pai está no trabalho e minhas irmãs no colégio ainda. – Ela falava prestando atenção na tv que eu tinha acabado de ligar. – Zayn deve estar em casa como sempre, não sei por que ele estuda em casa. – Ela falou confusa, mas ainda sem muita emoção.
- Está tudo bem com ele...?
- Não sei, ele não parece muito alegre, parou de brincar comigo ou afastar os monstros da minha cama. – Logo que ela terminou de falar ouvi a mãe dela a chamar, Safaa me deu um beijo rápido no rosto e correu para fora.
Então Zayn estava triste... A única coisa que eu pensava era se foi por causa do que ele tinha dito na madrugada de sábado para domingo. Foi estranho ver ele falara algo sentimental, antes disso todos os momentos que eu tive com Zayn foram assustadores e nada agradáveis, talvez fosse tão estranho para ele quanto foi para mim. Balancei a cabeça tentando afastar os pensamentos, talvez com ele afastado fosse melhor para mim. Subi as escadas correndo para tomar um banho e descansar.

O resto da semana passou tranquilamente, Zayn continuava me ignorando, continuei pegando informações de Safaa disfarçadamente, tentei ao máximo prestar atenção nas aulas, e eu e Josh estamos ficando cada vez mais próximos. meio que implicava dizendo que eu iria trocar ela.
Sexta- feira, 19h, e aqui estou eu em frente ao espelho. Havia decidido ir ao tal encontro já que até iria, quanto mais eu me distraía melhor eu ficava. Vestia um vestido preto curto de manga com costas nuas, as marcas que Zayn havia feito no ultimo fim de semana já haviam sumido, e calcei um sapato vermelho com um pequeno salto em virgula. Depois que passei a maquiagem, joguei todo o meu cabelo para o lado para incomodar, peguei minha bolsa também preta com alça prateada e desci as escadas. Meus pais assistiam ao jornal quando eu passei chamando a atenção deles.
- Wow! Filha você está linda!
- Está um pouco demais não...? E está um pouco tarde... – Ouvi meu pai falar logo recebendo uma cotovelada da minha mãe.
- Ela finalmente está conhecendo gente nova, se divertindo, como antes!
- E olhe como acabou da outra vez. – Ele falou para ele, mas acabou que tanto eu quanto minha mãe ouvimos. E pelo olhar que ela fez provavelmente ele iria ter um ótimo sermão quando eu saísse. Bem, ele merecia, então saí!
Não estava com paciência para dirigir e com certeza eu não estarei em condições na volta, então chamei um taxi mais cedo e fiquei esperando ele cumprir com o horário combinado e vir me buscar. O vento fez todo meu corpo arrepiar e eu me encolhi sentindo algo estranho, eu olhei para frente e vi Zayn na janela do quarto, ele estava sem camisa e fumava enquanto olhava para mim. Mas não demorou nem um minuto para ele sumir e eu ver a luz do quarto se apagar, segundos depois o taxi chegou. Dei o endereço da boate, que já era em Austin, a capital, mas não demorou muito, 45 minutos depois lá estava eu na porta. Existem muitas vantagens em ser popular, uma delas é não precisar de maior idade para entrar num club porque um dos seus amigos é o filho do dono e seu nome já fica na lista VIP. Parei na frente dos dois enormes seguranças falando meu nome e sobrenome, eles olharam em um papel e logo depois me deram passagem me desejando um “divirta-se senhorita”.
O local estava cheio, a pista de dança parecia não haver mais espaço.
- ! – Olhei para o lado e vi o grupo numa mesa. – Wow você está linda! – Abracei Josh que deu um leve beijo na minha bochecha, o cheiro dele dava para sentir que a festa já havia começado antes de mim. Senti um tapa na minha bunda me fazendo virar rápido para trás e dar de cara com uma super alegre.
- Pensei que não viria!
- Pensei melhor, não é muito legal ficar no computador numa sexta a noite quando todos os seus amigos estão se divertindo.
- Awn minha amiga louca e divertida está voltando! – Ela riu me abraçando, dava pra ver nitidamente que ela já estava um ouço alterada.
- Bebida? – Josh apareceu do meu lado enquanto eu sentada numa cadeira, ele colocou o copo na minha mão falando bem próximo do meu ouvido.
- Obrigada. – Deixei todo aquele liquido queimar minha garganta, coisa que já fazia certo tempo que eu não sentia.
- Você está incrível hoje.
- Você também não está nada mal... – Ri o vendo rir junto.
- Finalmente te vi com algo que não seja aquela farda. Sorte minha!
Acho que se passaram duas ou três horas, e o álcool já reinava em uma boa parte do meu cérebro. Josh, que também já não estava no seu estado normal, continuava tirar proveito da noite falando perto do meu rosto e fazendo sua mão parar “acidentalmente” na minha coxa ou na minha cintura. Já nem tínhamos mais o que conversar, apenas falávamos besteira, o que aparecia na mente.
- Vamos dançar! – O puxei de vez sem nem ao menos dar tempo dele pensar. Tocava Make Me Pround de Drake e todos estavam loucos. Senti Josh colar meu corpo no dele e passei a mão pelo pescoço dele enquanto dançava. A mão dele descia até o final das minhas costas e minha mão apertou de leve a nuca dele aproximando o rosto dele até a curva do meu pescoço onde ele beijou e mordeu levemente. Ele tentou me beijar, mas eu virei o rosto quando senti uma outra mão passar pelas minhas costas e eu sentir um perfume familiar. Ele estava ali. Eu sabia. Tentei encontrar o rosto deles entre as milhares de pessoas dançando e comecei a ficar tonta.
- Está tudo bem? – Josh perguntou me olhando preocupado.
- Hã? Ah sim, só um pouco tonta, já volto.
Fui empurrando cada um que aparecia na minha frente dançando de um jeito diferente até conseguir chegar ao bar.
- Uma água, por favor. – No mesmo instante o barman me entregou um copo que eu bebi de vez sentindo minha cabeça aliviar um pouco.
- Não é um pouco estranho beber água numa boate? – Nem precisava virar para saber quem era. Eu nunca vou entender esse garoto!
- Pensei que você estava me ignorando, mudou de ideia?
- Eu me afasto por uns dias e já apareceu outro, tive que voltar imediatamente. – Ele virou o meu banco e segurou meu pulso. – Então, hora de voltar para casa.
- Você está louco?! – Só podia ser brincadeira né! Puxei meu braço forte o fazendo largar minha mão. – Eu não vou para lugar nenhum!
- Sim, você vai.
- Algum problema? – Josh apareceu atrás de Zayn que apenas rio de canto.
- Problema nenhum, volta para os seus amigos idiotas que aqui está tudo bem.
- Se eu fosse você a deixaria em paz.
- Pra minha sorte você não é. Vamos ! – Ele puxou meu braço mais uma vez me fazendo levantar do banco.
- Eu mandei você deixar ela em paz! – Josh me puxou pro lado dele e empurrou Zayn, que ficou com uma cara tão tensa quanto engraçada, a bebida falou mais alto e eu ri baixo, fazendo Zayn me olhar sério pensando que eu tinha rido da situação, esse foi o ponto máximo para ele. O murro que ele deu em Josh foi tão forte que eu senti a dor por ele. Josh voltou com tanto ódio no rosto, e eu começava a ficar apavorada com tudo aquilo.
- Você quer morrer?
- Acho que essa frase é minha... – Zayn falou rindo voltando a pegar meu braço. Josh mais uma vez me puxou só que agora me fazendo cair de bunda no chão, e a briga começou. Quando minha mente voltou ao normal vi os dois trocando murros, o lábio de Zayn estava partido, fazendo a boca dele sangrar um pouco.
Me joguei entre os dois tentando separar a briga quando os seguranças também chegaram. Vi Zayn ser levado para fora e já sabia que se eu não seguisse ele alguém inocente acabaria pagando por isso.
- Eu tenho que ir.
- Não acredito que você vai atrás dele ! – Josh gritou segurando um guardanapo no nariz machucado. apenas olhava pra mim, mas não séria, mas com um olhar de que dissesse que seria melhor mesmo.
- Não dá pra explicar agora Josh, te vejo depois. – Dei um beijo na sua bochecha e saí sem esperar nem ao menos um tchau.
Logo que saí da boate procurando Zayn, senti a mão dele me puxar até o estacionamento.
- Pensei que não viria.
- Porque você fez aquilo?!
- Se você saísse na primeira vez que eu mandei, nada teria acontecido.
- AGORA A CULPA É MINHA! – Gritei seguindo para o carro dele. – EU QUERIA TE ENTENDER POR PELO MENOS UM DIA ZAYN! UM DIA! Você me ignora por uma DROGA DE SEMANA e agora A CULPA É MINHA POR VOCÊ ESTRAGAR A MINHA NOITE?!
- PARA DE GRITAR!
- NÃO! VOCÊ NÃO MANDA EM MIM! CHEGA OK? – Falei sentando no bando do carona. – AGORA ENTRA NO CARRO E DIRIGE!
- Acho que essa frase também é minha! – Ele riu e isso me fez rir também. Mas logo virei o rosto tentando ficar séria de novo. – Você pode dirigir por favor? – Ele ligou o carro ainda sorrindo.
- Você fica sexy assim, mandona.
- Cala a boca e vai Zayn. – Encostei minha cabeça na janela sentindo Zayn segurar minha mão enquanto dirigia de volta para West Lake Hills. Acabei adormecendo. Quando abri os olhos acordei sentindo um pouco de dor de cabeça, eu estava num lugar estranho, pela janela ainda dava pra ver que era de madrugada. Reparei na parede azul marinho e nos móveis marfim. O perfume dele estava impregnado em toda a cama. Fechei os olhos me acalmando um pouco mais chegando a fechar os olhos de novo.
- Sério que você vai dormir de novo? – Olhei para o lado e Zayn estava lá me olhando sentado na beira da cama. – Não tive coragem de te acordar então trouxe você pro meu quarto...
- Pra quem já matou, muito estranho ter medo de acordar alguém. – ele sorriu mordendo o lábio meio que incomodado.
- Algum problema?
- Primeiro você reclama, diz que está sofrendo que não quer me ver, eu me afasto e você reclama por que eu te ignorei e agora está deitada na minha cama fazendo piada com esse assunto.
- Passei meses da minha vida triste, sem sentir nenhuma emoção. Então você chega com tudo isso. No começo foi horrível, mas logo que você se afastou percebi que senti falta de toda a adrenalina. Mesmo sendo ela ruim em boa parte.
- Hm... – Zayn deitou do meu lado olhando diretamente nos meus olhos. Logo depois passando o dedão no meu rosto. – O que você está fazendo comigo garota... – Ele aproximou o rosto no meu, deixando nossa boca afastada por poucos centímetros, quando não aguentei mais e puxei o rosto dele o beijando. Foi bem calmo, sem nem um pingo de pressa, apenas aproveitando o momento. Ainda dava para sentir um leve gosto de metal por causa do lábio partido dele, que já estava mais bem cuidado. Ele deitou o corpo por cima do meu apoiado com os cotovelos para que eu não sentisse todo o peso. De maneira um pouco atrapalhada ele me ajudou a tirar meu vestido e aproveitando para tirar a roupa dele, eu não aguentei e ri baixo ouvindo o “shhh” de Zayn por causa da família que estava logo ao lado do quarto. Ele passou a mão apertando com cuidado um dos meus seios e o beijo que ele deu no meu pescoço foi tão bom que foi quase uma tortura ter que segurar o gemido. Ele sorrio percebendo o efeito que estava me causando.
Desabotoei a calça dele a empurrando para baixo com o pé. Zayn voltou a me beijar dessa vez um pouco mais bruto, puxando minhas pernas para que rodeasse a cintura dele, apertou minha bunda juntando mais nossos corpos fazendo assim eu sentir o enorme volume na cueca boxer dele, me fazendo arranhar suas costas com força. Nenhum dos dois conseguiu segurar os gemidos, mas pra nossa sorte o beijo abafou o som.
- Só quero te lembrar de que você ainda me deve a dança. – Zayn disse puxando meus braços acima da minha cabeça, os prendendo com uma mão enquanto a outra explorava cada parte do meu corpo.
- Você nunca vai esquecer isso? – Falei sorrindo enquanto ele seguia os beijos para o meu ouvido.
- Nunca.

Capítulo 9

“IF I WAS A RICH GIRL NANANANAANANANANAAA...”
Ouvi o celular tocar e cacei inha bolsa pelo chão, Zayn se mexeu do meu lado coçando os olhos e os abrindo levemente olhando para mim. Quando o peguei vi o nome “Mãe” piscar no visor.
- Alô?
- ?
- Meu nome...
- Onde você está? São 8h da manhã de SÁBADO e você não deu nenhum sinal de vida!
- Desculpas mãe, miha noite foi um pouco... Agitada... – O vi sorrir de canto.
- Onde você está?
- Estou dormindo na casa de um amigo mãe, não se preocupe, daqui a pouco estou indo para casa.
- Cuidado.
Desliguei jogando o celular de volta na bolsa e voltando a deitar. Mas não voltei a dormir, apenas fiquei olhando para ele, inalando o perfume dele misturado com o meu.
- Está com fome?
- Bastante.
- Vem, vou preparar algo pra gente comer. – Zayn levantou colocando a boxer e a calça e logo depois jogando uma camisa preta dele na minha direção, vesti minha calcinha e logo depois coloquei a camisa, virando um vestido curto no meu corpo. Ele riu puxando meu braço e me abraçando por trás enquanto andávamos em direção à cozinha.
- Você fica sexy vestindo minha roupa.
- Fico é?
- Uhum, quero te ver assim mais vezes.
Chegado na cozinha eu fiquei encostada na bancada e ele foi para o armário, pegando pão e algum pote que parecia ser geleia. Dava pra analisar cada tatuagem que ele tinha pelo corpo, a carta de baralho na lateral, o coração logo embaixo da cintura, a mão com dedos cruzados no braço junto com o microfone que era mais recente, era a primeira vez que eu via aquela. Também tinha duas que eu não sabia identificar.
- Está ficando assustador você me olhando desse jeito... – Ele falou trazendo mais dois copos e uma jarra de suco. – Laranja? – Ele falou suspendendo a jarra, eu apenas acenei com a cabeça.
- O que são essas duas tatuagens?
- Essa daqui, - ele apontou pra uma pequena no peito – é o nome do meu avô em árabe, e essa outra – ele apontou para a outra, no ombro – significa “seja fiel a quem você é”. – Ele colocou o suco no meu copo junto com o prato com torradas com geleia.
- E o que você é? – Ele apenas ri dando uma enorme mordida na torrada. Era difícil saber qual Zayn era o verdadeiro. Uma hora era o psicopata com um sorrido assustador, depois era alguém que tinha tanto mistério que até ele mesmo se confundia, e logo após virava um garoto tão adorável que ninguém mesmo poderia saber do seu passado. Na verdade ele nunca falou sobre o passado, nem mesmo tocava no assunto sem querer. – Malik, posso te fazer uma pergunta?
- Algo na minha mente fala que “não”, mas pode fazer... – Eu ri aproximando mais dele apenas com o copo de suco na mão.
- Porque você veio aqui?
- Como assim , é a minha casa! – Ele falou rindo.
- Não, quero dizer por que você veio para West Lake Hills. – O rosto dele ficou sério, olhando para baixo e logo depois para mim.
- , acho melhor falarmos disso out...
- Zayn, acho que se você não pudesse confiar em mim você já teria sabido. Você e a cidade toda.
- Eu não quero falar agora.
- Josh confiaria em mim... – Cruzei os braços fazendo bico vendo o rosto dele começar a ficar vermelho e ele apertar a jarra de suco. – Hey Malik, estou brincando ok? – Ri me aproximando mais dele passando a mão no braço dele para que relaxasse.
- Não teve graça. Alias você vai parar de andar com ele não é?
- Zayn, ele é meu amigo, não vou parar de falar com ele, ou andar com ele.
- Sei muito bem o que ele quer com voc...
- Isso porque você quer algo diferente. – Falei rolando os olhos e rindo.
- A diferença é que eu sou o único que pode.
- Desde...?
- Desde o momento que você me viu naquela segunda-feira, encostado em frente a minha casa durante a mudança. Você agora é minha, . – Ele disse olhando fixamente nos meus olhos, como se quisesse que eu gravasse aquilo na mente, logo depois forçando o corpo contra o meu mordendo meu lábio.
- Se eu fosse sua você me contaria. - Passei minha mão pela tattoo no ombro dele enquanto o olhava nos olhos. – Por favor. – O vi suspirar pesadamente.
- Havia uma garota, ela era linda... Fomos colegas por 3 anos, mas ela nunca me notava. Ela tinha o cabelo igual ao seu, o rosto, os olhos... – Ele me olhava intensamente, como se imaginava a garota ao invés de mim, sua mão alisava meu braço. – Bem... Eu não sou a melhor pessoa pra lidar com emoções, você já deve ter percebido isso. – Ele riu ainda olhando nos meus olhos. – Foi quando achei esse jeito peculiar de “tirar o stress”, era como se fosse ela ali, eu a conseguia ver no rosto das outras garotas. Estava tudo indo bem... Até o momento que ela descobriu o que eu sentia e de um dia para outro estávamos próximos tão próximos um do outro que eu nem acreditava.
- Você não mudou de cidade por que ela começou a falar com você. – Ele riu.
- Eu não era muito esperto, então a policia local já começava a desconfiar que fosse alguém pelo meu bairro. Na mesma semana ela me convidou para uma festa, a primeira vez que eu iria a uma festa na casa de alguém do colégio. Minutos depois que eu havia chegado ela me levou para um dos quarto dizendo que o que sentia por mim era especial, quando eu já não tinha roupa nenhuma vários amigos dela entraram no quarto jogando toda a minha roupa pela janela e riam da minha cara, ela era a que mais ria. Tive que passar por toda a festa apenas com um pequeno lençol enrolado no meu corpo até encontrar todas as peças que eu vestia. Você precisava ver minha cara de idiota passando por toda aquelas pessoas rindo da minha cara... – Ele continuava rindo de maneira irônica enquanto abaixava a cabeça.
- E foi por isso que você se mudou?
- Eu me mudei porque minha mãe viu enquanto eu cortava todo o pescoço dela e fazendo o pequeno sorriso com a faca na boca dela. – O frio percorreu todo o meu corpo. - E é por isso que ela tem medo de que eu fique perto de você. – Ele disse me fazendo engolir sego.
- Q-qual era o nome dela? – Levou alguns minutos até que ele respondesse.
- Por pura coincidência... – Ele olhou firme nos meus olhos. – O nome dela era .
Um forte suspiro veio de mim, meu corpo não conseguia fazer mais nada. Pela primeira vez passava pela minha mente o que poderia acontecer comigo no final daquilo tudo.
- Eu deveria voltar para casa...
- Hey – Zayn segurou meu braço enquanto eu caminhava para fora da cozinha. – Você insistiu para que eu contasse.
- Por favor, não faça tudo que eu pedir.
- Qual o problema?
- Qual o problema Malik? Sério? Ela se parecia comigo, tínhamos nomes parecidos, você com todo esse ódio, a única coisa que eu me pergunto no momento é se eu vou acabar do mesmo jeito que ela!
- Você não me fazendo passar ridículo na frente de muita gente, vai acabar tudo ótimo. – Ele me abraçou rindo.
- Não acredito que você esta rindo... Você pode parar por um momento e pensar no nosso futuro? Pensar em mim?
- Se eu parar pra pensar em você, vamos acabar mais uma vez na minha cama. – Ele riu mais ainda.
- Não acredito nisso... - O empurrei caminhando em direção à escada sem reparar na porta que se abria.
- Amanhã a gente poder... WOW! – Ouvi Safaa parar de repente na minha frente espantada. Ela e toda a família me olhavam espantados. Eu lembrei de que apenas vestia calcinha e a camisa de Zayn, então me joguei para trás dele que estava de calça.
- Hm... Bom dia. – Falei vendo Sra. Malik apenas nos olhar de cima abaixo. As irmãs dele apenas riam da situação. – E-eu acho melhor eu pegar minhas coisas e ir...
- Doniya, leve suas irmãs para cima por favor, quero conversar com Zayn.
Eu subia as escadas com as três garotas, mas virando para o quarto de Zayn apenas ouvindo Safaa falar rindo.
- Sabia que acabariam juntos...
Fechei a porta rápido vestindo minha roupa rápido, parando apenas para calçar os sapatos e consertar meu vestido, logo depois corri para ir para minha casa o mais rápido possível.
- Você se lembra muito bem como acabou em Bradford! E eu não quero ter que mudar de cidade por sua caus... – Sra Malik parou de falar no mesmo instante que me viu no pé da escada, tentando disfarçar com um sorriso. – O-oi querida...
- Mãe, não precisa parar, ela já sabe de tudo. – Zayn caminhou até mim me abraçando e dando um delicado beijo na minha boca em frente deles. Dava pra ver tanto ela quanto o pai de Zayn ficarem um pouco tensos.
- Eu quero pedir desculpas por isso tudo.
- Não precisa, você não fez nada. – Vi Sr. Malik caminhar até a esposa a abraçando.
- Acho melhor eu ir. – Me despedir deles irdo até a porta com Zayn.
- Te vejo depois. – Ele me deu outro beijo dessa vez mais demorado e com mais paixão mordendo meu lábio de leve.
Segui para minha casa ainda pensando no que ele havia me dito, do que aconteceu em Bradford eu acho, sou horrível para lembrar nomes.
Mas o que seria da minha vida agora? Eu não acredito que ficaria com ele para sempre, Zayn não parece ser do tipo que escreve “te amo para sempre” num tronco de uma árvore. . Começava a me perguntar se ele estava comigo por realmente sentir algo por mim ou se apenas queria reviver o passado. Que não acaba nada bem pra ela...
Logo que coloquei o pé dentro de casa senti a tensão que estava aquele lugar.
- ! Onde você estava? – Ela me abraçou olhando depois nos meus olhos.
- Mãe, eu já disse, estava na casa de um amigo. E já estou aqui, sã e salva!
- Que amigo? Eu liguei para e você não estava lá! por onde você and...
- Ela estava na minha casa, Sra . – Olhei para trás e vi Zayn na porta sorrindo. Meu pai logo chegou olhando para nós dois, minha mãe apenas o encarava sem reação. Senti minhas bochechas começarem a arder. – , você esqueceu sua bolsa.
- Ah s-sim, obrig-gada.
- Você anda muito esquecida. – Ele riu e me deu um beijo demorado, e se despediu dos meus pais como se nada tivesse acontecido. Se alguém pudesse ficar mais vermelho que um tomate, essa pessoa seria eu. Dessa vez eu o mataria. Virei na direção dos meus pais vendo eles me encararem querendo explicações, minha mãe apenas tinha um sorriso no rosto.
- Um amigo...

- O que você acha desse? – Saí do provador com um vestido vermelho um pouco acima do joelho, tudo nesse valorizava meu corpo, o tom do vermelho vivo em contraste com a minha pele, o tecido delineando meu corpo, o decote em circulo com alças grossas pelos ombros.
- Nossa! Quero saber qual dos dois será o sortudo... – Ri dando um tapa no braço de . Era o nosso domingo das compras, sempre que dava tínhamos esse momento. Ela segurava duas camisas e um vestido preto que compraria. Voltei trocando a roupa e logo indo para o caixa segurando o vestido, uma calça e algumas camisas. Enquanto pagava as compras dela vi a sessão de lingeries me lembrando do que Malik fazia questão de que eu não me esquecesse. Duas semanas, e eu não sabia se começava a criar sentimentos por ele ou apenas desejos por toda aquela adrenalina na minha vida. E as coisas estavam começando a ficar tão físicas, só restava saber se era um escape para que eu não me sentisse culpada por outras mortes... Ou se eu realmente estava gostando daquilo.
Peguei uma das peças que havia me chamado a atenção e coloquei junto com as minhas outras roupas. visse aquilo seria mais uma tormenta, pode apostar.
- Então, como vão as coisas com Edward Cullen? – Ela me perguntou normalmente, como se eu fosse alguma Bella.
- Edward Cullen...?
- O misterioso do topete.
- Zayn.
- Esse mesmo.
- Esta tudo bem. – Pegamos as sacolas e saímos parando em uma lanchonete qualquer. Pedimos dois milk-shakes com batata-frita.
- Está tudo bem do tipo “oi vizinho!” ou tudo bem tipo “tivemos um fim de semana selvagem no seu quarto”?
- ! Com quem você está andando pra falar desse jeito?!... E a segunda opção. – Falei colocando rápido um amontoado de fritas na boca olhando pela janela.
- COMO É?! E AINDA FALA DE MIM! – era minha melhor amiga há anos, poderia adiar o quanto fosse, mas alguma hora eu sempre acabaria contando, não aguento mentir para ela. – Quando você iria me contar sua pilantra?
- , estamos em públicos e você aind...
- CUIDEM DAS SUAS VIDAS! – Ela falou acenando para todos e logo virando para mim. As pessoas começavam a olhar com medo. – Conta. Agora.
- Foi logo depois da festa de sexta, eu o segui pra ver como ele estava então as coisas aconteceram.
- Como assim “aconteceram”? “Quero saber como você está... Vamos para cama.” Me conta direito !
- Ele acabou me dando uma carona e eu acabei dormindo no carro e quando acordei estava no quarto dele. Daí conversa vai, conversa vem, aconteceu. – Senti minhas bochechas ficarem vermelhas lembrando.
- E eu estava apostando no Josh... Mas então, vocês estão...
- Ainda não sei como estamos. Por enquanto continuamos apenas vizinhos.
- Vizinhos com benefícios.
- Você não tem jeito.

Nem eu acreditava que estava prestes a fazer isso. Ajeitei o cabelo que estava num coque alto. Amarrei o casaco que cobria toda a minha roupa e separei um salto junto com meu iPod e a caixa de som dentro de uma bolsa.
- Boa noite mãe! Pai! – Gritei da porta do meu quarto logo ouvindo um “boa noite querida”. Meus pais não viam muito problema, então tranquei a porta. Apaguei a luz, peguei minha bolsa e fui até a janela, tentando fazer o mínimo de barulho possível enquanto descia por uma grade de madeira bem perto. As casas por aqui normalmente tinham uma ou duas, principalmente com pessoas que gostavam do jardim, valorizada mais o ambiente quando algumas plantas se enroscavam e cresciam nela, e para a minha sorte a mãe de Zayn gostava daquilo tanto quanto a minha mãe.
Encolhi meu corpo ao senti o vento frio logo que parei no chão e fui caminhando, atravessando a rua iluminada apenas por alguns postes e lanternas em frente às casas. Com cuidado atravessei o jardim dos Malik e fui subindo a grande até a janela do quarto dele que estava aberta, então entrei o vendo pular da cama com o susto.
- Que droga !
- Agora você sabe o que eu passava. – Calcei o sapato e coloquei a caixa de som e o iPod em uma cômoda perto da cama para não precisar aumentar o volume e acordar a casa, que era a última coisa que eu queria.
- O que você esta fazendo aqui? – O olhei deitado na cama apenas com uma bermuda colocando o livro que lia ao lado na cama.
- Você encheu a paciência com isso então a única coisa que você pode fazer agora é olhar. Sem fazer som, sem tocar, apenas olhe. – Ele concordou com a cabeça. Coloquei a musica para tocar.

[Coloque a musica pra tocar: Skin – Rihanna]

Fui caminhando até a frente da cama enquanto a voz de Rihanna ecoava baixo pelo quarto. Tirei o prendedor do meu cabelo o deixando cair livremente nos meus ombros e fui abrindo o casaco ainda de costas pra ele enquanto começava a balançar meu corpo no ritmo da música. Deixei o casaco ir deslizando pelo meu corpo até chegar ao chão. Olhava para Zayn enquanto isso vendo o olhar dele seguir o casaco e logo voltando analisando todo o vestido vermelho que eu usava.

I got a secret that I wanna show you oh,
I got a secret so I'mma drop it to the flo' oh
No teasin', you waited long enough, go deep, imma throw it at you can't catch it
Don't hold back, you know I like it rough
You know I'm feelin’ you huh, know you likin' it huh

A musica fazia meu corpo balançar instantaneamente, me virei rebolando e passando a mão pela lateral do meu corpo enquanto o olhava nos olhos. Zayn engolia seco enquanto assistia a tudo.
- Quer falar alguma coisa Malik? – Ele me olhou passando todo o desejo que sentia pelo olhar e balançou a cabeça negativamente. – Foi o que eu pensei. – Sorri de canto do jeito que ele sempre sorria pra mim.

Almost there (huh huh) So baby don't stop what you doin' uh huh (uh)
Softer than a mutha, boy I know you wanna touch
Breathin' down my neck I could tell you wanna (ohhh)
And now you want it like (ohhhh) Want you to feel it now
I got a secret that I wanna show you oh, I got a secret so I'mma drop it to the flo' oh

Abri o vestido e o puxei para baixo revelando a peça de renda preta que havia comprado à tarde. Ele segurou forte o lençol da cama tentando conter a vontade e vi uma gota de suor descer pelo rosto dele enquanto ele mordia o lábio forte. Ver ele daquele jeito dava tanta pena, mas ao mesmo tempo era tão divertido! Aproximei-me da cama ainda balançando meu corpo.

No heels, no shirt, no skirt, all I'm in is just skin
No jeans, take em' off wanna feel yo' skin
You a beast oh, you know that I like that (your skin)
Come on baby all I wanna see you in is just skin
Oh oh, your skin, oh oh, just skin
Oh oh, I'm lovin your skin, oh oh

Fui engatinhando até chegar a ele que tentava equilibrar o olhar entre os meus olhos e o meu corpo. Passei minha mão pelo braço dele o que o fez segurar ainda mais forte o lençol. Sentei no seu colo ouvindo um grunhido vir da sua garganta, era impossível não sentir o volume que encostava entre as minhas pernas. Ele não resistiu e segurou forte minha cintura para que meu corpo se aproximasse mais do seu, mas eu segurei seu braço dando um selinho e puxando seu lábio com força.
- Você ainda não entendeu que eu comando hoje? – Um gemido saiu da boca dele enquanto me beijava ferozmente apenas parando para respirar.

All in baby don't hold nothin back
Wanna take control, ain't nothin wrong with that
Say you likin’ how I feel, gotta tell me that
Just put your skin baby on my skin

- Eu te amo. – Foram apenas três palavras pra estragar todo um momento.
- Droga, Malik.

Capítulo 10

O empurrei levantando da cama, colocando rápido o vestido e desligando a música. Ele sentou na cama olhando assustado para mim.
- O que aconteceu?
- O que aconteceu... – Ri enquanto colocava tudo dentro da bolsa. Ou jogava. – Eu preciso ir agora.
- , olha, eu n...
- Era apenas uma dança que eu te devia, já paguei, agora preciso ir. - Fingi um sorriso me levantando e indo em direção à janela.
- Foi sem querer, é só fingir que eu não disse nada. – Zayn tentou me abraçar, mas me esquivei jogando minhas pernas com cuidado pela janela e fui descendo pelo cercado. Não fiz questão de olhar para trás, pois sabia que ele me olhava da janela e isso me deixaria mais nervosa ainda.
Parece clichê, mas essas palavras significam muito para serem ditas assim, como qualquer outra frase. E eu sabia que significavam o mesmo para Zayn. O único problema é que eu não sabia se poderia dizer a mesma coisa pra ele com a mesma certeza. Eu não sabia por qual Zayn eu diria, se eu chegasse a dizer a ele. Eu não sabia se eu diria isso para alguém que estava matando em meu nome. Só houve uma vez que eu disse “eu te amo”. Justin. E agora ele não está comigo, e nunca vai estar. Eu não sabia se eu aguentaria isso tudo de novo.
Eu já sentia algumas teimosas lágrimas escaparem enquanto eu subia pela janela do meu quarto. Joguei-me na cama sem me importar com a roupa, esperando e torcendo pelo sono chegar o mais rápido possível, uma frase nunca ecoou tanto na minha mente.

Desci as escadas da minha casa indo até a cozinha, vendo meus pais terminando o café. Apenas peguei um copo de suco já esperando por mim no meu lugar na mesa junto com waffles.
- Pressa?
- Estou atrasada para aula de literatura. – Dei um beijo no rosto de cada um me despedindo, saindo de casa e pegando minha bicicleta o mais rápido possível para evitar algum tipo de encontro com ele. O dia estava tão quente que não tinha vontade nem pra pedalar, parecia que eu levaria uma eternidade pra chegar. Logo que cheguei vi sentada conversando com um grupo de garotos, os mesmos que tinham ido para o clube na sexta, e lá estava Josh. Logo que me viu e sorriu todos olharam na mesma direção e me viram. Ela se separou do grupo e veio me abraçar enquanto eu colocava a bicicleta no seu lugar próprio no estacionamento.
- Você deveria estar na aula de literatura.
- Eu sei, acordei tarde. – Ela me olhou desconfiada com um pequeno sorriso. – Por favor, não começa ok. E você deveria estar na educação física.
- Como mulher eu tenho um credito extra todo mês. – Ela falou rindo.
- Quero ver o que você vai fazer quando precisar mesmo desse credito extra.
- Não importa. Agora me conta, aconteceu algo?
- Falo com você depois, tenho um pressentimento que tem algo importante hoje na aula.
- Então corre garota! – Ela sorriu me empurrando para que eu fosse rápido. Enquanto andava olhei para Josh, que acenou pra mim.
Corri subindo o as escadas do colégio e pelo corredor recebendo um aviso de “não corra” pelo inspetor que passava na hora. E acabou que eu estava certa, logo que entrei na sala o professor entregava um teste surpresa sobre um livro que ele havia passado há alguns meses.
Não saí muito ruim, conhecer alguns nerds tem lá sua vantagem. Tive mais duas aulas antes do intervalo. Guardei todos os livros no armário, passando pelo refeitório e encontrando deitada embaixo de uma arvore logo na saída do refeitório para o fundo do colégio. Ela comia uma maçã enquanto olhava o céu.
- Finalmente! – Ela falou logo que me viu. Joguei minha bolsa no gramado e me deitei ao lado dela. – Como foram as aulas?
- Tive prova surpresa de literatura. – Ela riu provavelmente lembrando-se do que eu tinha dito mais cedo.
- Começar a seguir seu instinto... Então, pode me contar agora?
- Contar o que?
- , eu te conheço a muito tempo, você só se atrasa porque dormiu muito tarde.
- Isso é meio obvio, não? – Falei rindo.
- Você só dorme muito tarde porque esta preocupada com algo. Agora pode fazer o favor de me contar?
- Você tem que parar de tomar conta da vida das pessoas.
- Você precisa de mim, querida! Alguém tem que meter juízo nessa cabeça.
- E você é a pessoa perfeita pra isso... – Rolei os olhos recebendo um tapa no braço. – Outch!
- Não temos o intervalo todo meu bem!
- Hm... Ele falou a frase proibida...
- Frase proibida? Que droga é essa?
- Aquela frase que você só fala quando tem certeza...
- Ele pediu pra... Fazer... Sexo em lugar público...? – Não acredito que acabei de ouvir isso.
- ELE FALOU QUE ME AMAVA! Pelo amor de Deus, !
- Oh... – Ela falou finalmente entendendo. – OH! Ai meu Deus! Um momento... Vocês estão juntos há quanto tempo?
- Umas duas semanas, eu acho.
- Vocês são rápidos, hein garota! E o que você disse?
- E-eu não respondi nada, o deixei e fui para casa.
- Poderia pelo menos dar um sorrisinho né?
- Sabe que eu não posso dizer isso assim. Eu não consigo.
- Você precisa superar isso, quase 1 ano , e depois do acidente Justin ainda te largou! – Ela tinha razão, mas não era o único motivo, e eu não tinha certeza se deveria contar a ela. Ela não merece ficar guardando o segredo de Zayn por mim.
- Eu sei, mas não é só isso, Zayn... – Fui interrompida pelo sinal do colégio lembrando-nos que ainda temos mais 3 aulas dentro desse inferno chamado colégio. Nos levantamos voltando para o colégio e pegando alguns livros e apontamentos no armário no corredor.
- Olha , ele pode até mesmo ter dito isso pelo momento, vocês se conhecem a 2 semanas ok? Não fique se preocupando com isso. – Ela deu um beijo na minha bochecha e foi pra sua sala, e eu segui pra aula de matemática.

Depois que as aulas finalmente tinham acabado, joguei todos os livros no armário e segui para o estacionamento, cheguei a procurar pelo colégio, mas a sala dela tinha sido liberada mais cedo. Enquanto segurava a bicicleta e me preparava pra monta-la e ir para casa senti gotas grossas saírem no meu rosto, olhei para cima e vi uma nuvem carregada cobrir o sol. Era o que eu mais precisava agora.
- , nem rápido! – Olhei para trás e vi Josh me gritar correndo em direção ao seu carro. Eu não estava com a mínima vontade de encarar Josh depois daquela festa, mas a situação não dava pra pensar nisso agora. Corri meio desengonçada com a bolsa e a bicicleta, que ele colocou no fundo do carro e depois entramos rápido no carro.
- Obrigada Josh.
- Sempre que precisar...
A chuva engrossava à medida que saíamos do estacionamento, e o silêncio estava tenso, as únicas coisas que se ouviam eram as gotas grossas em contato com o carro.
- Hm... Está tudo bem? – Josh falou chamando minha atenção que até o momento estava na chuva caindo na janela do carro.
- Ah sim, tudo ótimo... E com você?
- Quem era aquele garoto? – Claro que ele tocaria no assunto. O que me deixou nervosa.
- Hã... Meu vizinho.
- E o que ele queria com você naquela noite?
- Nada de mais, ele é meu amigo.
- Sério ? Ele estava praticamente arrancando seu braço de tanto puxar.
- Já resolvi tudo Josh, não precisa se preocupar.
- Se ele estiver te incomodando você só precisa falar comigo que eu dou um jeito nele.
- Você não prec...
- Eu... Eu só quero te proteger... – Ele falou olhando pra mim por um momento com um pequeno sorriso no rosto logo depois voltando à atenção no transito.
- Obrigada Josh, mas eu sei me cuidar sozinha. – Vi a chuva parar por um instante quando chegamos à minha casa. Dei um beijo no rosto dele antes de sair. – Obrigada mesmo!
Saímos do carro e ele foi até a parte de trás pegar minha bicicleta. Saí andando e coloquei a bicicleta perto da garagem, quando estava pra entrar em casa ouvi um grito.
- ! – Olhei para trás e vi Josh sai do carro rápido e correr na minha direção.
- O que aconteceu? Esqueci algum... – Fui interrompida pelo beijo urgente que Josh me deu. Ele puxou minha cintura para que eu me aproximasse dele e senti a língua dele pedir passagem na minha boca. Correspondi vendo o beijo ficar mais calmo e logo que nossas bocas se separaram ele sorriu pra mim.
- Só pra te confirmar que pode contar comigo pra qualquer coisa. – Ele piscou e saiu em direção ao carro me deixando ali confusa. Quando ele entrou no carro vi o sorriso de vitória estampado no rosto dele enquanto ele virava pra olhar o outro lado da rua. Ele saiu com o carro e minha visão pôde focar no que ele olhava. Zayn estava do outro lado da rua parado em frente à casa, você poderia morrer apenas com o olhar dele, transmitia tanta raiva que eu não tinha visto nem quando ele matou aquela garota. A mão dele estava fechada como se segurasse pra não esmurrar alguém, o que era bem capaz se aparecesse alguém na frente dele, meu corpo paralisou no mesmo instante.
- Zayn! – Eu o gritei e tentei o alcançar correndo, mas ele virou e entrou em casa, batendo a porta tão forte que seria bem possível ter afetado a estrutura da casa. – Droga... – Entrei em casa me jogando no sofá tentando esquecer o que acabou de acontecer.
- ? – Ouvi minha mãe gritar da cozinha logo depois aparecendo na sala. – Ah, que bom que chegou cedo.
- O que foi?
- Claro que você esqueceu. – Ela riu enquanto começava a arrumar uns papeis que estavam pela mesa de jantar, provavelmente do trabalho.
- Hã... Esqueci de...
- Hoje é a sua consulta com a Dra. Bensom. Uma vez por mês. Não sei o que seria dessa casa se eu não anotasse todos os compromissos! – Afundei minha cara ainda mais na almofada, mas não por muito tempo. – ! Vai se arrumar logo! – Levantei rápido com o grito correndo para o quarto. Hoje realmente não era meu dia...

Analisava minha roupa no enorme espelho na parede da sala de espera enquanto eu, bem... Esperava. O dia estava absurdamente abafado, e nada nesse mundo teria me feito usar calça jeans.
- Srta. ? – Vi a Dra. aparecer na porta da sala. – Podemos começar. – Minha mãe sorriu para mim enquanto eu levantava, ela me deu passagem para passar logo fechando a porta e mostrando o lugar pra sentar, como sempre fazia. – Você está bonita hoje, .
- Dia quente, eu achei melhor por algo leve.
- Boa escolha. Bem, vamos ao que nos interessa. Como foi o mês?
- Na verdade bem agitado, tivemos a organização da festa, e o baile já está bem próximo, então essa semana vai começar a ser estressante também, já consigo ouvir os gritos de . – Ri mexendo nos dedos um pouco entediada.
- Então você continua com ? Isso é bom. Conte-me como está indo com outras pessoas, conheceu gente nova, brigou com alguém... – Um suspiro saiu sem querer lembrando o mês.
- Na verdade conheci. Ele se mudou não tem muito tempo para frente da minha casa. Estamos... Estávamos próximos até alguns momentos atrás, aconteceram fatos...
- Hm... Essa relação próxima era apenas de amizade?
- Digamos que sim...
- E quais foram os fatos que aconteceram?
- Bem... Eu conheci outro garoto também, ele é da minha escola e também ficamos próximos.
- Do mesmo jeito que com o primeiro garoto?
- Não, não. Na verdade eu acho que não. Os dois estão meio que embaralhando minha cabeça agora.
- Você está gostando dos dois? – Parei alguns instantes pra pensar nisso. Eu gosto e muito de passar tempo com Josh, ele é divertido, e Zayn... Bem, é Zayn! Apesar de tudo ele começava a me deixar confortável, ele me dava um tipo de emoção que eu não sentia há um bom tempo.
- Eu não sei. Eu tenho medo de acabar machucando e afastando os dois. Sim, no começo eu queria afastar o primeiro, mas... Eu não sei. EU tenho medo de machucá-los com tudo isso e acabar me machucando também.
- , me escute. A morte de Isabel afetou e muito, eu sei, mas Justin está seguindo com a vida dele, quem sabe até está com outra pessoa. E é justamente o que você tem que fazer, seguir com o passado não ajuda em nada, você merece continuar com sua vida. – Ela falou segurando a minha mão. – Faça a sua escolha quanto aos garotos, quanto mais cedo, mais fácil pra o que vai se machucar será. Siga o que sua mente diz ser o certo. – Ela sorriu uma última vez para mim e me abraçou rápido. – Por hoje acho que já está bom, mas qualquer coisa você pode vir quando quiser.
- Obrigada Dra.
Saí da sala enxugando a lágrima teimosa antes que minha mãe percebesse. Saímos do consultório e entramos no carro, enquanto minha mãe dirigia eu pensava no que ela havia me dito. E estava certa. A única coisa que eu faria agora era seguir a minha mente, seguir com a opção mais sensata e segura, só não sabia se meu coração iria gostar do resultado.
Logo que cheguei em casa vi Zayn consertando algo no Mustang.
- Irei passar no trabalho, qualquer coisa você me liga. – Ouvi minha mãe falar logo depois que eu saí do carro, ele olhou de canto sem querer que eu percebesse. Vi minha mãe arrancar o carro me deixando sozinha em frente à casa. Respirei fundo tomando coragem, já sentindo algumas lágrimas se formarem no meu rosto. Mas era para o meu bem, o bem do me futuro.
Aproximei-me dele, chamando sua atenção. Ele usava uma regata preta e a calça meio caída de sempre, pegou uma flanela pra limpar parte da graxa espalhada pelos dedos.
- Olha quem apareceu. Cuidado, seu amigo pode não gostar de te ver perto de mim. Por que, claro, ele é só seu amig...
- Nunca mais fale comigo, ou invada meu quarto, ou algo relacionado, você pode até me ignorar como fez da última vez. Eu quero o melhor pra minha vida, e nesse momento não é você. Apenas... – Uma lágrima desceu pelo meu rosto, mas eu limpei rápido. – Apenas me esqueça, Malik.
O jeito que ele me olhava me deixava ainda mais nervosa. Não havia nenhuma expressão no seu rosto. Não estava sério, zangado, feliz, triste, nada. Ele só me olhava fundo. Eu virei indo em direção a minha casa.
- É exatamente isso que você quer? – O ouvi dizer antes de atravessar a rua.
- Exatamente isso que eu quero. – Entrei em casa rápido sem conter algumas lágrimas. O vi uma ultima vez, me olhando do mesmo jeito, e fechei a porta rápido.

Capítulo 11

Um mês. Fazia exatamente um mês desde que eu não trocava sequer um “bom dia” com Malik. Ficava com certa agonia em pensar que eu poderia até não falar com Zayn nunca mais, mas era o melhor para mim. Eu acho.
- Droga, ! Corta isso direito! – Ouvi o grito de ecoar pela sala de artes enquanto eu tentava fazer uma chama com papel vermelho.
- Eu estou tentando ok? Você sabe que minha coordenação motora é uma porcaria, eu falei pra não me colocar no grupo de recorte!
- Para de reclamar e corta isso certo! – A ouvi gritar enquanto caminhava entre as mesas com uma prancheta na mão, como se fosse um capitão treinando equipe do exercito. Ela estava insuportável e tudo só piorou essa semana, exatamente uma semana para o baile que esse ano seria temático: Céu e Inferno, e seria de máscaras. Era nosso último baile no colégio e queria algo inesquecível. – Ok gente, amanhã podemos continuar, já estamos em 80% da decoração pronta e espero amanhã terminem tudo para começarmos a arrumar a quadra de esportes. – Um suspiro ecoou por toda a sala, eram umas 15 ou 20 pessoas ajudando na organização e eu aposto que todas as 15 ou 20 pessoas não aguentavam mais os gritou de .
Guardava todos os meus pertences na bolsa quando senti um par de braços arrodear minha cintura e logo depois um leve beijo no meu pescoço.
- Rainha finalmente tirou a coroa por hoje e liberou seus súditos...
- Rainha não tem noção do quão bitch ela está sendo com todo esse baile! – Falei alto a fazendo ouvir e segundos depois senti um tapa na minha nuca fazendo um “outch!” escapar da minha garganta.
- Pois depois do sucesso que o baile vai ser vocês podem agradecer a “Rainha ” por tudo que ela está fazendo. Ela estará lá no seu trono esperando um agradecimento de cada um, seguido a um beijo nos pés dela. – nos empurrou passando pela porta rindo, e a seguimos andando pelo corredor até sair do colégio e parar no estacionamento como sempre. Encostei-me ao grande carro preto sentindo o corpo de Josh prensar ao meu e me beijando com urgência. – Oh! Pelo amor de Deus, vão para um quarto! – tapou os olhos com uma das mãos fazendo cara de nojo e seguindo para o seu carro.
- Rainha que trate de arranjar um rei para acabar com a inveja e nos deixar em paz! – Josh gritou voltando a me abraçar, olhando para mim. – Planos para hoje à noite? Comprei filmes novos e estava planejando assisti-los com você hoje na minha casa...
- Hm... Proposta muito boa. Mas tenho que recusar. Tenho que terminar um trabalho de história, e se eu não estregar amanhã, vou estar em sérios problemas com aquele professor pervertido.
- Ele ainda tenta algo com você? Eu deveria ensiná-lo uma lição. E não tem nada haver com história...
- Hey Josh, não precisa se preocupar ok, eu s...
- “Eu sei me cuidar sozinha”. – Ri com a tentativa dele em imitar minha voz. – Eu não aguento mais ouvir essa frase, sabia?
- Então pare de se preocupar que eu paro de repetir a maldita frase. – Ele abriu a porta do carro para mim logo depois fechando e entrando no lado do motorista. Desde que eu e Josh começamos esse relacionamento não oficial ele me buscava e me levava para casa depois do colégio. – Talvez amanhã eu possa achar um tempo na minha agenda para um filme... – Falei vendo um sorriso aparecer no seu rosto enquanto saiamos do estacionamento. – Eu disse talvez... Amanhã irei ver o vestido com . Falando nisso, você já encontrou um terno?
- Estou trabalhando nisso... – O olhei sério esperando ele me contar a verdade. – Ok, eu nem lembrei.
- Claro...
- , é um terno, qualquer um deve servir, são todos iguais praticamente. – Homens. Não levam nada a sério. Olhei pro outro lado o ignorando. – Hey, . – Senti sua mão pousar em cima da minha. – Você deve se preocupar com isso, você é a peça importante lá, você e , ternos são praticamente todos iguais.
- Se você acha, não sou eu que vou mudar sua opinião. – Falei tirando minha mão debaixo da sua.
- Odeio chantagem emocional... Ok! Você venceu hoje mesmo eu vejo um terno bem bonito, satisfeita?
- Sim, estou, muito obrigada! – Sorri o dando um beijo e saindo do carro seguindo para minha casa.

*POV – Zayn*
Dei uma ultima tragada no cigarro já ao final, prendendo a fumaça por alguns segundos e logo depois a liberando lentamente, sentindo a nicotina fazer efeito me acalmando. Jogue o cigarro pela janela e segui pelo meu quanto, prendendo a atenção no meu reflexo no espelho. Meu cabelo estava totalmente bagunçado e sem brilho, havia uma leve olheira embaixo dos meus olhos, e Deus, o que ela havia feito comigo! Eu parecia ter emagrecido um pouco. Resumindo, eu estava acabado. Vestia apenas uma bermuda, deixei meu corpo cair na cama e fiquei olhando para o teto por um tempo, era isso que se resumia minha vida ultimamente, acordar, forçar meu corpo a comer alguma coisa, e esperar ela chegar do colégio com o novo brinquedinho dela, depois eu voltava pra cama e passava o resto do dia ali. Era difícil lembrar a última vez que havia visto o sol. Quando eu estava lentamente fechando os olhos, ouvi a porta abrir abruptamente e uma criança pulante e sorridente surgir. Realmente não era o que eu precisava agora.
- Zayn! Está todo mundo lá embaixo aproveitando o dia, o sol está superforte. Só falta você lá.
- Safaa, quantas vezes eu tenho que lembrar pra bater na porta antes de entrar?
- Se eu batesse você não me deixaria entrar. Simples. – Ela falou fazendo uma cara de “dãã, você é lerdo” para mim, me fazendo rir leve. Só ela pra me fazer bem agora.
- O que você quer de mim, hã? – Senti a cama afundar um pouco do meu lado quando ela deitou, e logo depois colocou a cabeça no meu tronco.
- Você passa o dia todo aqui dentro, por quê?
- Sou muito preguiçoso pra sair daqui, está muito confortável.
- Eu tenho saudade de . Por que ela não vem mais aqui? Vocês brigaram, não foi? – Ela falava com tanta seriedade que nem parecia uma criança. Essa juventude avançada...
- É complicado de explicar Safaa.
- Não é, não! Você fala “sim, nós brigamos” ou “não, estamos felizes e teremos filhinhos no futuro”. – Acariciei seu cabelo longo enquanto riamos. Safaa era a única que conseguia me fazer rir, não importasse o que acontecesse.
- Por que você não vai curtir a piscina junto com os outros?
- Não quero te deixar aqui dentro sozinho.
- E se eu sair do quarto, você vai?
- Se você prometer ir passear em algum lugar, sim.
- Eu prometo.
- Vou escolher sua roupa. – Ela falou pulando da cama e abrindo meu guarda-roupa animada.
- Eu não disse que iria agora. – O olhar que ela lançou para mim foi tão intenso que eu fiquei com medo. Levantei rápido pegando uma camisa branca que ela havia colocado na cama.
- Ew! Você não vai tomar banho? Ew ew ew! – Rolei os olhos seguindo para o banheiro. Tirei a pouca roupa que usava e me joguei no chuveiro, demorando uns 3 minutos lá.
- Safaa, preciso me trocar...
- Esse foi o banho mais mal tomado que eu já vi.
- Eu estou a um passo de desistir, então...
- Ok, ok, ok. – Ela sentou na cama virada para o lado oposto mexendo em alguma besteira no meu celular. Abri a porta do guarda-roupa me escondendo atrás, e coloquei rápido uma boxer preta. – A roupa está na cadeira. – Olhei para o lado e vi a cadeira logo do meu lado. Vesti a calça jeans escura, a camisa branca lisa e calcei um sapato preto qualquer. Safaa subiu na cama pra ficar da minha altura e passou a mão pelo meu cabelo úmido, jogando ele para trás, mas um pouco de desarrumado. – Meu irmão é muito lindo! vai voltar em um minuto. – Peguei meu celular, minha carteira e minhas chaves, enfiando tudo no bolso, e carreguei-a. – Então, aspirante a cupido, hora de sair do meu quarto.
- Depois de todo o meu trabalho, você deveria me pagar um sorvete enorme, não acha?
- Sabia que atrás disso tudo tinha uma intenção. Se sua mãe deixar... – Coloquei-a no chão vendo correr até o quintal onde estava toda a família.
- Mãe! Vou com Zayn tomar sorvete. Tchau!
- Hey hey! E desde quando seu irmão te leva pra fazer alguma coisa? – Vi minha mãe perguntar pra ela, mas olhando diretamente para mim.
- Mãe, é só um sorvete. Isso não vai matar ninguém. – Enfatizei a palavra a vendo suspirar forte.
- Quero os dois de volta em duas horas, no máximo. – Safaa pulou sorrindo e correu até sair de casa, me fazendo correr atrás dela em direção ao carro.

- Não sei como você pode não querer sorvete. O dia esta tão quente Zayn!
- Safaa, você já me fez sair de casa, me fez gastar dinheiro comprando roupa pra você, chega, não? – Falei sentando na mesa e colocando várias sacolas no banco do lado.
- Você é meu irmão e está solteiro, então sou a única com quem deve gastar seu dinheiro no momento.
- Oh, desculpe-me senhorita gasto-todo-dinheiro-do-meu-querido-irmão. Agora termine logo esse sorvete pra irmos embora ou nossa mãe vai nos matar. – Ela riu colocando uma enorme colher de sorvete na boca.
Demorou alguns minutos pra ela terminar, peguei as sacolas tudo de novo e saímos do shopping em direção ao estacionamento de mãos dadas, quando estávamos chegando perto do carro ela soltou minha mão e saiu correndo sem falar nada.
- Safaa!!! – Corri atrás dela, mas parei logo que vi para onde ela correu. Ou melhor, para quem. Vi a abraçando, ela estava com a amiga dela e segurava uma capa igual ao que guardava a fantasia quando teve a festa, mas dessa vez dava pra ver que era um vestido formal, cada uma segurava um.
Ela me olhou séria largando Safaa, dava pra ver o quanto ela tinha ficado tensa.
- A próxima vez que você sair correndo assim, eu nunca mais te levo para lugar nenhum! – Reclamei com ela virando para . – Desculpa por isso. – Falei serio procurando a chave do carro pelo meu bolso e destravando o carro.
- Você não precisa se desculpar.
- Oh pelo amor de Deus, se beijem logo, por favor! – Olhei sério pra criança do meu lado.
- Safaa, entre no carro agora.
- Adorei essa garotinha. – Ouvi a amiga dela falar segurando o riso.
- Zayn, eu só estava brinc...
- Safaa, entra no carro. Por favor. – Ela rolou os olhos e entrou no banco de trás do carro, olhando o que acontecia pela janela.
- Olha, , eu vou te esperar no carro ok.
- Não precisa, eu já estou saindo. – Falei me virando para o carro. Mesmo assim, a garota virou e seguiu para o outro lado do estacionamento. não dizia nada, ficou parada olhando para baixo.
- Zayn... – Ela murmurou.
- Você deveria estar com seu novo brinquedinho não?
- Zayn, não é isso, é que...
- É o que então ? – Me aproximei dela, a vendo dar um pequeno passo para trás. – Ou você já se cansou dele também?
- É o melhor para mim.
- Pois eu te agradeço por todo seu egoísmo. – Entrei no carro e pisei no acelerador, a fazendo sair da frente do carro rápido.

*POV – *
Respirei fundo antes de tocar a campainha da casa de Josh. Ter encontrado Zayn estava totalmente fora dos meus planos. E ter visto o estado que ele se encontrava, dava pra ver as olheiras e a aparência pálida dele, me fazia ainda pior saber que eu tinha haver com aquilo.
Toquei a campainha prendendo meu cabelo num coque rápido. O pai dele abriu a porta sorrindo.
- ! Como você está? Entre por favor! – Sorri entrando na enorme casa, vendo Josh surgir pela escada e me abraçar forte.
- Hey babe. – Ele me beijou logo depois parando e olhando para frente meio incomodado. Virei o rosto na mesma direção que ele e vi seu pai nos olhando sorrindo. – Er... Pai. Você não tem que ir para o aniversário do meu tio...?
- Oh, sim! Já havia esquecido! – Ele riu, pegando alguns pertences na meda de centro da sala e indo até a porta. – Então garotos, não fala nada que eu não faria. Ou faria...
- Pai! Você vai se atrasar! – Ele falou me fazendo rir.
- Bem, se divirtam com o filme. – Ele saiu nos deixando sozinhos. Fui até o sofá e me sentei esperando ele.
- Então, o que vamos assistir hoje?
- Hoje temos terror com Silêncio dos Inocentes e comedia com... Uma Noite No Museu 2.
- Sério, Josh. Esses são seus “novos filmes”? – Eu ri o vendo colocar o filme de comedia e logo depois se jogar do meu lado no sofá.
- Na verdade o filme novo era só um pretexto para você vir. O plano é colocar qualquer filme enquanto nos agarrávamos no sofá. – Nossas risadas ecoaram pela casa enquanto o filme começava.
- Um plano muito bem arquitetado o seu.
- Você acha? – O vi inclinar na minha direção me dando vários selinhos.
- Garoto esperto você... – Passei a mão pelo cabelo dele e puxei sua nuca, o beijando, a mão dele pousou na minha coxa alternando entre carícias e apertos. O beijo ficava cada vez mais urgente, ele me puxou pela cintura, me fazendo sentar no seu colo.
- Que tal irmos para o meu quarto?
- Você esta tendo ótimas ideias hoje. – Ele riu me carregando, prendi minhas pernas pela cintura dele sem parar o beijo. Estava até com medo dele me derrubar enquanto subia as escadas sem prestar atenção nos degraus. Ele abriu a porta com um os pés adentrando com rapidez no quarto e me jogando na cama sem nem se preocupar em fechar a porta.
Josh tirou a camisa e deitou por cima de mim beijando meu pescoço, por um momento veio Zayn na mente, mordendo a minha orelha enquanto ria.
- Ahh Z... JOSH! – Rezei pra que ele não tivesse percebido, o que pareceu funcionar. Balancei a cabeça pra fazer os pensamentos desaparecer e tentei me focar nesse exato momento. E nesse exato momento trocar o nome dele não seria uma boa coisa.
Josh puxou minha camisa para cima para que eu o ajudasse a tirar, e segundou depois ela já se encontrava em um canto qualquer do quarto, não me importava nesse exato momento. Eu tirei a minha calça no mesmo momento que ele fazia o mesmo com a dele, quanto menos tempo perdido melhor! E deu pra sentir o quanto Josh estava animado com esse momento quando ele forçou seu corpo ao máximo no meu, me fazendo puxar seu cabelo forte.
- Só não me deixe careca, ! – Ele riu puxando meu lábio.
O celular dele não parava de tocar o que começava a me irritar.
- Melhor você atender, pode ser algo importante. – Ele olhou no visor quem era rolando os olhos e jogando o celular em qualquer canto, como nossas roupas.
- O que importa nesse momento é você. Apenas você.

- SEGURA ISSO DIREITO CRIATURA!!! - Faltava um fiozinho de paciência pra não descer daquela escada e quebrar a cabeça de . Esse grito foi tão forte e fez toda a quadra olhar assustado.
- SE VOCÊ PARAR DE GRITAR TALVEZ EU SEGURE DIREITO! – Eu tentava amarrar uma das faixas que simulava uma nuvem em um canto do teto. E eu estava com todas as minhas forças lutando pra não olhar pra baixo.
- EU SÓ ESTOU FALANDO QUE ESTÁ TORTO!
- OK, OK, JÁ ENTENDI!
Terminei de amarrar a porcaria e desci o mais rápido possível da escada. Paramos uma do lado da outra e demos uma olhada de 360° pela quadra.
- Até que valeu a pena todos os seus gritos.
- Querida, tudo em que eu estou envolvida vale a pena. – falou mandando um beijo na minha direção.
- Nem um pouco modesta...
- Então, que venha amanhã. Ah uma manhã inteira no salão de beleza. Tem coisa mais encantadora? – Dava para ver o brilho nos olhos dela. Ok, eu admito, eu também estou muito animada. Ultimo baile do colegial. The Prom. Não tem como não ficar animada com isso!
- Matt está tão animado quanto eu. O que é muito raro num garoto... – Ela riu fazendo uma cara estranha. – E o Josh, já preparou terno?
- Segundo ele sim. Na verdade eu não o vi o dia inteiro, nem mesmo consegui falar por telefone. E agora não sei como ir para casa.
- Deve estar ocupado também. Vamos, eu te deixo em casa.
- Obrigada.
- Sempre que seu novo transporte escolar te deixar na mão, sua melhor amiga estará aqui.
Segui para o carro dela, durante todo o caminho ficamos conversando sobre o baile. Duas garotas animadas dentro de um carro enquanto tocava Britney Spears, era o mais que esperado. Minutos depois cheguei em casa. Todo o meu dia se resumiu em ouvir musica, assistir TV e comer salada para que eu mantivesse o peso do dia que comprei o vestido. Seria horrível minutos antes descobrir que o vestido não fecha, não é?
Já era noite quando eu sentei na cama depois do jantar, eu havia retocado partes da minha unha com um esmalte rosa salmão e esperava o esmalte terminar de secar quando ouvi um pequeno barulhinho vindo do meu celular avisando que eu tinha um e-mail novo, peguei com cuidado para não borrar o esmalte e vi que tinha um pequeno link de vídeo. Junto havia vários e-mails de alunos do colegio que o vídeo também havia sido mandado. Optei ver pelo computador. Abri o e-mail e cliquei no link, logo depois desejando não ter feito. Haviam vários garotos, e cada um tinha alguma oferecida jogada no colo deles, todos onde parecia ser a área VIP da boate que eu havia ido mês passado. A mesa estava cheia de copos e garrafas. De todos os rostos eu apenas reconheci um, o que já bastava.

“Não acredito que você conseguiu! Depois daquele acidente ela até parecia uma mosca morta às vezes.”.
“Vocês não sabem como iludir uma garota como o garotão aqui ok!” *Risadas*
“Agora a pergunta que todos querem saber: é boa mesmo ou é mercadoria barata?”
“Digamos que no final aguentar toda aquela chatice compensou...” Ele falou terminando toda a bebida dentro do copo. “Agora tratem de me dar o dinheiro! Desculpa se a aposta foi fácil!” *Mais risadas*

Eu não conseguia pensar em mais nada. Eu não conseguia chorar. Ele não merecia nem isso. Muito menos sorrir. Apenas fechei o e-mail e deitei na cama, sem falar ou fazer mais nada, e dormi.
Acordei com o despertador. Peguei meu celular e lá haviam chamadas de , e umas 10 chamadas dele, sem falar em mensagens pedindo para eu responder, ligar assim que possível, que não era nada mais que um mal entendido. Joguei meu celular na bolsa, levantando e tomando banho. Vesti qualquer camisa com uma calça e all star e saí do quarto fazendo um coque alto no cabelo. Meu pai já havia saído para o trabalho e minha mãe estava colocando alguns pratos na lava-louça.
- Hey filha. Grande dia hã? – Ela falou dando um abraço apertado em mim. Eu não falei nada, apenas bebi um copo de suco e fui em direção à saída. – , aconteceu algo?
- Animada para o meu grande dia, só isso. – Rolei os olhos saindo de casa, colocando os óculos. Vi Zayn aparecer na porta me olhando. Provavelmente ele teria visto o vídeo pelo e-mail da irmã mais velha, que estudava no colégio. Entrei no carro, nem pra ele eu estava com paciência nesse exato momento. Saí da garagem e segui pela rua, vendo pelo retrovisor ele olhar na minha direção.
Logo que cheguei no salão vi me esperando encostada no carro dela. Saí recebendo um forte abraço dela.
- Como você está?
- Anda, vamos nos atrasar. - Ignorei o abraço e entrei, vendo o meu cabelereiro de sempre já me esperar sorridente.
- ... – Peguei uma revista e sentei na cadeira, fazendo o mínimo de contato possível com todos, até mesmo com o cabelereiro que insistia em contar uma história totalmente sem sentido sobre alguma mulher que frequentava o salão.
Como era esperado, demorou a manhã toda para que ficássemos prontas. Ele prendeu meu cabelo num rabo de cavalo para que não atrapalhasse o meu dia a dia e nem estragasse a escova que eu havia acabado de fazer, além disso, limpamos e hidratamos a pele.
Paguei o salão e segui pela porta com a mesma expressão que eu havia desde que havia acordado.
- , você precisa falar, desabafar. É pra isso que eu estou aqui, sou sua melhor amiga.
- , nós temos uma festa daqui a 4 horas, tenho que ir para casa terminar de me arrumar. Te vejo mais tarde. – Dei um beijo no rosto dela e segui para o meu carro, dirigindo até minha casa, onde havia um carro na frente. Um carro que eu sabia de quem era. Uma Land Rover especificamente.
Entrei em casa ainda sem nenhuma emoção vendo Josh se levantar do sofá assim que eu entrei.
- Seu par resolveu te visitar antes da hora! – Minha mãe falou sorrindo, mais animada que a própria filha.
- Eu não tenho par para o baile, mãe. Por favor Josh, sai da minha frente.
- , a gente precisa conversar.
- Não tenho nada para falar com você.
- Aconteceu alguma coisa ? – Minha mãe perguntou séria, alternando o olhar entre Josh e eu.
- Aconteceu que eu conheci a pior pessoa que eu pudesse imaginar.
- Josh você pode me explicar?
- Não mãe, sério, não se mete nesse assunto. Apenas finge que eu nunca o conheci, porque pra mim já está facílimo.
- , me escuta...
- Já escutei tudo que eu queria, agora sai da minha casa.
- ...
- SAI DA MINHA CASA AGORA! – Ele olhou uma última vez para mim e saiu lentamente como se quisesse que eu o parasse e dissesse que estava tudo bem. Rolei os olhos e o empurrei porta a fora, batendo a porta com força.
- Você quer conversar sobre isso.
- Se a maquiadora chegar, me chama por favor, vou comer alguma coisa. – Segui para a cozinha respirando fundo e peguei parte da salada que havia sobrado. Alguns minutos depois ouvi minha mãe me gritar da sala avisando que a maquiadora havia chegado.

Capítulo 12

- , o carro está pronto! – Ouvi meu pai gritar do andar de baixo da casa. Consertei o vestido longo vermelho, joguei meu cabelo totalmente reto para frente dos meus ombros e coloquei a máscara no rosto a amarrando com uma fina fita atrás da minha cabeça enquanto caminhava escada abaixo. Meu pai estava encostado perto da minha mãe que segurava uma máquina fotográfica e me olhava com pena.
- Hey querida! Você está linda! Até parece uma princesa com essa roupa!
- Só falta o príncipe... – Meu pai sussurrou recebendo uma cotovelada de minha mãe.
- Pronta para a foto?
- Mãe, eu realmente não estou com animação para foto.
- Vamos lá querida. Pelo menos isso. – Rolei os olhos e me encostei numa parede com algumas fotografias da família penduradas, colocando a mão na cintura. – Eu não estou vendo o sorrisinho lindo da ...
- Mãe...
- Sorria ! – Dei um singelo sorriso logo sentindo minha vista apagar por uns instantes por causa do flash da máquina. Ela me abraçou dando um beijo na minha bochecha. – Você não quis conversar comigo, mas seja o que for que tenha acontecido, você está linda e eu quero que se divirta muito essa noite.
- Pode deixar mãe. – A abracei forte sorrindo. – Agora eu tenho que ir, ou vou chegar atrasada.
- Eu te amo! Seu pai também te ama muito!
- Sim, agora vamos.
- Fale que a ama. – Minha mãe sussurrou para ele como se eu não tivesse ouvido.
- Ela sabe que eu amo ela.
- Mas ela quer ouvir.
- Pra q...
- Diga! – Um silêncio se instalou na sala depois do grito que escapou da minha mãe. Meu pai pegou as chaves numa pequena mesinha e abriu a porta.
- Eu te amo filha, agora vamos.
A rua estava silenciosa, apenas ouvia o som dos paços do meu pai e o meu salto tocando forte no chão. Entramos no carro e meu pai deu a partida manobrando e seguindo pela rua, era noite e não tinha muito movimento na rua então demorou uns 20 minutos para chegar ao colégio.
- Eu não trouxe bolsa, caso vocês tentem ligar para o meu celular.
- Quando você quiser ir para casa pegue um táxi e eu pago quando chegar em casa. – Ele deu um beijo no mesmo lugar que minha mãe havia dado antes. – Divirta-se.
Saí do carro sentindo um vendo frio percorrer meu corpo. Enquanto caminhava até a quadra, pude reparar nos pulsos das garotas onde haviam pequenas flores que combinavam com as que haviam nos ternos dos seus pares, e eu senti um vazio por todo o meu braço.
A quadra de esportes estava com uma iluminação branca no teto onde haviam várias das nuvens que eu ajudei a pendurar um dia antes, e mais para o chão tinha uma iluminação baixa avermelhada, que se misturava com algumas chamas falsas que se balançavam com ajuda de ventiladores, e saia um pouco de gelo seco no palco onde tinha um DJ que também usava uma mascara no rosto. Na verdade todos usavam. Menos um que olhava insistente mente para a porta a espera de alguém, Josh. Ele realmente estava lindo, e eu até pensei que ele me esperava até ver uma pequena loira pular nos braços dele dando um pequeno selinho, e logo depois ele colocando a mascara rápido olhando para os lados.
Eu realmente nunca senti tanta raiva em toda a minha vida. Um ódio misturado com nojo queimava dentro do meu peito. Como eu podia ser tão burra? Tão idiota? Meu punho se fechou com tanta força e eu sentia a vontade de chorar se aproximar até sentir dois braços me abraçar por trás.
- Se eu não tivesse comprado o vestido com você não te reconheceria! – Me virei vendo animada me abraçando.
- Você está muito linda.
- Por favor, eu sei ok. – Ela falou jogando o cabelo rindo e eu rolei os olhos.
- Onde está Matt?
- Foi pegar uma bebida para mim. Ele é bobão, mas até que quebra o galho como par. E você... Está tudo bem?
- Por que não estaria? Está tudo uma maravilha. – me puxou para a pista de dança e me forçava a pular com ela enquanto tocava “Wild Ones” do Flo Rida. Era até difícil com o vestido, e dava para ver que era a preocupação de várias garotas que dançavam por ali, todos dançavam da maneira que conseguissem.
- Ah quase esqueci. – pegou meu pulso colocando uma pulseira dourada, havia uma igual no pulso dela. – A escola não permitiria ficar vendendo bebida para todos, então tem algo guardado com o garçom pra os, digamos, “convidados VIP’s”.
Ótimo, a única coisa que eu realmente não queria era passar a noite tomando refrigerante. Fui até um bar improvisado num canto onde tinha dois garotos mascarados.
- Então minha querida, coca-cola? – Rolei os olhos e levantei o pulso mostrando a pulseira. – Você tem cara que merece algo mais... Sofisticado. – Ele piscou sorrindo e virou para uma pequena mesa, pegando uma garrava com um líquido transparente e misturando com outra bebida dentro de um copo com gelo, e colocou um canudo com uma pequena sombrinha colorida. – Tenha uma boa festa. – Sorri pegando o copo e caminhei até o lado de fora pra tomar um ar. Era quase impossível respirar direito com tanta gente.
-... Eu não acho que ela teria coragem de vir depois dele ter falado tudo aquilo. – Ouvi dois casais comentando perto da porta.
- Queria que não fosse baila de máscaras. Seria ótimo ver a cara de pateta de . – Eles riram e a vontade de chorar veio mais ainda.
Fui caminhando até o estacionamento sentindo algumas lágrimas caírem, dei um gole da bebida apenas para experimentar e senti uma queimação superforte descer pela minha garganta, me fazendo tossir.
- Esse cara quer me matar, só pode. – Analisei o liquido meio avermelhado dentro do copo. – Como se eu tivesse algo a perder. – Virei todo o líquido garganta abaixo, de uma só vez. Senti uma pontada na cabeça e pensei por um momento que tinha que tinha um vulcão em erupção dentro do copo e que eu estava bebendo lava de tão forte que era aquela coisa. Fiquei tonta por um momento e tropecei numa pedra, me apoiando rápido num carro.
- Droga. – ajeitei meu cabelo que tinha ido para frente do meu rosto e ajeitei a mascara, quando eu virava para voltar para a festa consegui reparar no carro em que tinha me apoiado. Era um Ford. Mais especificamente um Mustang Cobra. Preto. Modelo antigo. – Um copo já me faz ter alucinação, só pode. - Pisquei várias vezes os olhos pra ver se um carro qualquer aparecia no lugar, mas não adiantou. Não era alucinação, era ele, era “O” Mustang Cobra Preto. - Mas o que... – Olhei rápido em minha volta tentando achá-lo, mas todos os garotos de terno e com máscara, era algo difícil encontrar um em especial.
Segurei a barra do vestido para facilitar enquanto eu caminhava rápido para dentro da festa. Todos dançavam uma musica lenta. Minha mente começou a rodar e eu me sentei numa mesa vazia fechando os olhos pra tentar passar a tontura.
- Parece que temos um casal apaixonado. A próxima musica foi dedicada à “”.
Vários casais tentavam me procurar entre todas as máscaras, sussurrando algo como “ela está aqui?” e “onde ela está?”, mas logo depois desistindo. Rolei os olhos já cansada daquilo tudo, não acreditava que Josh, mesmo com uma loira qualquer no baile, ainda tentava chamar minha atenção. Levantei da mesa indo em direção à saída, já fiquei tempo demais ali dentro. Born To Die De Lana Del Rey começou a tocar e eu senti uma mão segurar o meu braço fazendo meu corpo voltar rápido e eu encarar um ser mascarado de cabelos pretos.
- Não acredito que você vai embora logo quando eu te dedico uma musica. – Zayn sorriu me puxando devagar até a pista de dança onde outros casais já começavam a dançar.

Feet, don't fail me now
Take me to the finish line
Oh, my heart, it breaks
Every step that I take
But I'm hoping at the gates
They'll tell me that you're mine

Senti seus braços envolverem minha cintura e o abracei pelo pescoço. Impressionante como o cheiro do perfume dele tinha o poder de me acalmar não importa o que tivesse acontecido.
- Você fica linda em vermelho. – Ele sussurrou no meu ouvido me fazendo arrepiar.
- Você também não fica tão ruim de terno... – Ele riu dando um beijo perto da minha orelha.

Don't make me sad, don't make me cry
Sometimes love is not enough
And the road gets tough
I don't know why
Keep making me laugh
Let's go get high
The road is long, we carry on
Try to have fun in the meantime

- Eu vi o video.
- Eu suspeitei, porque pelo que eu me lembro, mandei você me esquecer.
- Você é tão idiota .

Choose your last words
This is the last time
'Cause you and I
We were born to die

- Qual parte do “você é minha” você ainda não entendeu? – Se eu não tivesse apoiada nele eu teria caído no chão com a força que ele apertou a minha cintura. As palavras saíram com raiva da boca dele.
- Você está me machucando Zayn. – Eu sussurrei e cravei meus dentes no ombro dele pra abafar o grito de dor, e deu pra perceber que o terno não ajudou a amenizar a dor dele já que ele apertava ainda mais a minha cintura.
- Isso não se compara a dor que você me fez sentir por todo o mês. – Ele largou minha cintura ainda a segurando, me balançando no ritmo da musica.
- Me impressiona que não teve nenhuma noticia séria nos jornais. O que foi Zayn? Perdeu a experiência? - Falei próximo ao seu rosto puxando o lábio dele com força. Eu não sei o que havia dado em mim, mas resolvi entrar no jogo.

Come and take a walk on the wild side
Let me kiss you hard in the pouring rain
You like your girls insane
Don't make me sad, don't make me cry
Sometimes love is not enough
And the road gets tough
I don't know why
Keep making me laugh
Let's go get high
The road is long, we carry on
Try to have fun in the meantime

- Você não tem nem ideia do que eu realmente quero fazer com você nesse exato momento. – A mão dele pousou no meu pescoço apertando-o levemente, mas já dava pra sentir certo incômodo. – You’re such a bitch, babe. – Passei o dedão pelos lábios dele dando um selinho após. – Você sabe como eu me divirto imaginando que você é a dona daqueles pescoços. Eu não me aposentaria assim. Eu tenho uma surpresa pra você .
- Por favor, Malik, eu não estou com paciência pra analisar a obra de arte que você fez numa pobre coitada que encontrou pelo caminho.
- Você tem que aprender que me pertence. Não é tão interessante se divertir sozinho , está na hora de deixar outra pessoa se divertir comigo.

Come and take a walk on the wild side
Let me kiss you hard in the pouring rain
You like your girls insane
Choose your last words
This is the last time
'Cause you and I
We were born to die

Zayn mordeu o lóbulo da minha orelha e me puxou porta a fora da quadra. Havia um sorriso no rosto dele. Aquele mesmo sorriso de quando ele apareceu na minha vida.
- Malik, não corre, meu vestido é longo! - Ele parou e se abaixou, puxando e rasgando toda a parte rodada do meu vestido, deixando apenas a parte colada no meu corpo na metade da minha coxa. – Zayn Malik!
- Bem melhor assim, e você dizendo meu nome e sobrenome... Eu não resisto. – Ele riu e eu dei um tapa no braço dele. – Entra no carro. – Ele falou destravando a porta.
- Não acredito que você estragou meu vestido... – Falei entrando no carro e logo depois ele acelerou.
Demorou uns 40 minutos até chegarmos no local. Que por sinal era o meio do nada. Ele parou o carro no meio de uma rodovia deserta que dos dois lados só havia mato e arvores.
– Nem sei por que eu estou aqui. Agora aceitei vir de boa vontade pra minha própria morte...
- Eu não falei que você vai morrer.
Ele saiu do carro batendo a porta, segundou depois ele abriu a porta do meu lado e me puxou pelo braço para fora, me puxando entre as florestas.
- Ótimo, além de estragar meu vestido, quer que eu estrague meu sapato numa floresta no meio do nada.
- Cala a boca .
- Você sabe que calar a boca não adianta mais comigo, não é?
- Não sei porque eu não te mato logo e me livro dessa chatice.
- “Eu te amo” – Falei tentando imitar sua voz. – Esqueceu-se disso? – Ele apenas riu. – Droga Zayn, você matou a garota no inferno? Não aguento mais andar!
- Chegamos. – Ele parou do nada, e as árvores impediam que a luz da lua iluminasse alguma coisa. Era difícil enxergar alguma coisa ali. Eu senti um verto frio logo quando ele se afastou de mim, só dava pra ouvir os passos dele.
- Zayn?
Um pequeno refletor ligou de repente, apenas iluminando um ponto da floresta. Meus olhos doeram com a claridade, mas logo depois eu vi para onde a luz iluminava. E meu corpo ficou tenso.
Havia no chão uma mochila aberta, e dava pra ver algum objeto de metal ali dentro junto com outras coisas. Meu olhar seguiu a árvore que estava logo do lado, tinha uma pessoa amarrada e amordaçada a arvore, usava terno e uma mascara preta. Zayn seguiu rindo até a pessoa tirando a mascara fazendo a pessoa olhar assustado diretamente para mim.
- Josh? – Olhei para Zayn com minha respiração começando a ficar pesada. – Malik! Mas que droga é...
- Surpresa .

Capítulo 13

Zayn mantinha um sorriso no rosto. Era como se toda aquela festa voltasse tudo de novo. Minha respiração começava a ficar pesada e eu sentia o todo aquele pânico tomar conta de mim novamente. Tudo de novo.
- Zayn, não faz nada com ele, por favor. – Ele me olhou rindo e foi até a mochila pegando um par de luvas. Josh me olhava com desespero, ele tentava falar algo, mas o pano só fazia ruídos baixos saírem da boca dele. Ele fez algo ruim, mas não merecia tanto.
- Eu? Por que eu faria algo se ele não me fez nada ? – Ele veio caminhando até mim dando um beijo na minha bochecha. – Eu não irei fazer nada.
- Então por que ele está aqui? Nós estamos aqui? – Ele pegou meu pulso com cuidado, abrindo minha mão e colocando as luvas nela.
- Porque você, , irá fazer.
Meu corpo todo endureceu, Josh me olhou em pânico e dava pra ver os olhos deles ficarem molhados. Joguei as luvas no chão e o olhei intensamente.
- Zayn, isso não tem graça, o deixe ir e me leve para casa. Agora.
- Vamos lá babe, você merece se divertir. – Ele pegou a luva e me entregou com força. – Agora, você vai por as luvas, caminhar até aquela mochila, vai pegar aquela faca e vai enfiar no pescoço dele.
- Não.
- PÕE A PORCARIA DA LUVA!
Meu corpo tremeu com o grito dele. O vi revirar os olhos e pegar meu cabelo com força, me guiando para baixo e me fazendo pegar a luva. Minhas mãos tremiam, nem sabia como eu conseguir colocá-las com sucesso.
- Muito bem . Agora você levanta e... – Senti a mão dele pegar meu braço com força, dessa vez me forçando a levantar. – Agora você levanta e faz todo o trabalho. – Ele me guiava puxando o meu braço e me colocando em frente a Josh que me olhava apavorado.
Zayn pegou uma outra luva, a colocando, e tirando a mordaça de Josh.
- Por favor, me solta! Eu estou implorando! – Ele me olhou fixamente. – Por favor ! Por favor!
- Cala a boca.
- , eu te amo, por favor, me solt...
- EU MANDEI VOCÊ CALAR A BOCA! – A marca da mão de Zayn ficou totalmente visível no rosto de Josh com a força. Meu corpo encolheu no mesmo momento, enquanto eu começava a chorar. – Vamos lá babe.
Eu nunca tinha visto Zayn tão possesso como ele estava. E aquilo estava me assustando pra cacete! Eu queria poder correr o mais rápido possível para conseguir algum tipo de ajuda. E eu faria, se meu corpo pelo menos conseguisse responder os meus comandos.
- , você atuando como uma mosca morta está me irritando mais do que eu já estou. – Ele pegou a pequena faca, já familiar para mim, dentro da mochila e colocou na minha mão. Ele ficou parado do meu lado, a mão na cintura e me olhando. – , eu não tenho a noite toda.
- Zayn, eu n-não posso.
- Sim, você pode. – Tentei levar minha mão que tremia segurando a faca até Josh, mas não dava.
- Zayn...
- Sério, ? Sério que depois de tudo você tem pena dele? Você é muito idiota. – Ele caminhou até atrás de mim encostando a cabeça na minha. – Ele te humilhou . Você por um pé no colégio, todos irão se lembrar das coisas boas que você fez por ele enquanto estava... Digamos assim, “ajoelhada” na frente dele! Se bem que você fez o mesmo por mim num tempo bem mais curto. – Ele riu. – Você é um tapado até pra levar uma garota pra cama... – Zayn o olhou com desprezo rindo.
Fechei os olhos lembrando o vídeo enquanto chorava ainda mais.
- , eu estava bêbado. Me perdoa, por favor, foi idiotice...
- Ah foi mesmo. – A risada de Zayn foi alta me fazendo arrepiar. – “Você quer morrer? Blablablabla?” – Zayn o imitou fazendo uma voz como se fosse afetado, ele fechou o punho e deu um murro no estomago de Josh. Amarrado ele não pode nem se contorcer pra tentar amenizar a dor, a boca dele fez um ruído estranho pelo golpe. – Babaca. – Ele voltou ao meu lado. – Já fiz muita coisa aqui , sua vez. – Ele segurou minha mão me forçando a passar a lamina pelo braço dele cortando também a camisa, o sangue dele começava a descer pelo seu braço, e um vermelho começava a sujar o branco do pano.
- ... – Parte do sangue dele desceu da faca pela mão e me vi fraca, tudo ficou embasado e minha perna falhar, mas Zayn me segurou por trás.
- Não, não, não, , você não vai desmaiar agora. – Ele deu alguns tapas no meu rosto, e vi minha visão se estabilizar.
- Droga... – Sussurrei passando meu braço pela minha testa tentando tirar o cabelo que grudava pelo meu rosto com o suor e minhas lágrimas. Senti seu lábio tocar minha orelha.
- Ele te humilhou , te usou. Isso foi doloroso pra você. Confiar inteiramente em alguém e quebrar a cara, agora você sabe o que eu passei... Antes. – Eu não conseguia parar de chorar, parecia que o frio que fazia naquela floresta de noite passava para dentro do meu corpo, fazendo doer cada parte, incluindo meu coração. Zayn sabia como usar as palavras, como fazê-las te afetar, e profundamente. Era como se me dividisse. Uma parte sentia toda aquela raiva que eu estava sentindo de Josh voltar completamente. Mas outra parte simplesmente queria perdoá-lo, nunca mais o ver de novo, mas perdoá-lo. – Confiar em alguém e saber que pra essa pessoa você não vale nada.
- , você sabe que não é verdade. – Josh sussurrou como se quisesse que apenas eu o ouvisse.
- Que para ele você é apenas mais uma opção de diversão.
- Para, por favor, Zayn... – Era quase impossível respirar chorando tanto, parecia que todo o meu peito se contorcia por dentro.
- , não...
- Ele te decepcionou profundamente, , ele quebrou seu coração.
- Desculpa Josh...
- , não.
Sem parar para respirar, enfiei a lâmina pela barriga dele, ouvindo o grito de dor de Josh, os olhos dele se abriram e dava pra sentir toda a dor dele pela expressão do seu rosto. Minha mão colocou o pouco de força que eu ainda tinha e arrastei a faca para o lado, fazendo o grito dele ficar mais forte. Olhei para o local vendo aquele liquido vermelho descer, parte descendo pelo meu braço. Senti um beijo no meu pescoço, meu choro ficou mais forte e alto.
Os olhos de Josh começavam a se fechar e sua respiração ficava mais rápida. Ele me olhou uma ultima vez e fechou os olhos totalmente, eu finalmente larguei a faca e caí no chão chorando tudo que eu conseguia, olhei minhas mãos, estavam as duas sujas de sangue e algumas partes da minha perna que se sujaram quando eu caí no chão cheio de folhas que boa parte agora estavam vermelhas. Vi Zayn o desamarrar e o puxar, caminhando para onde tinha um pequeno rio, ele jogou o corpo e voltou.
Ele me segurou por debaixo do braço e me levantou, me guiando até o carro, onde eu sentei no banco do carona. Ele voltou até o local pegando a mochila e a faca, olhando em volta checando se havia algo que poderia nos incriminar. Zayn colocou a mochila no porta-malas e entrou no carro.

Ele seguiu dirigindo pela rodovia. Eu podia sentir seu olhar sobre mim em alguns instantes. Já havia conseguido parar de chorar, o vento gelado que vinha da janela fazia meu corpo tremer, eu olhava para um ponto fixo a minha frente, toda a cena voltava como uma gravada na minha cabeça. O olhar de Josh, a expressão de dor na cara dele, o grito dele ecoava na minha cabeça repetidamente.
- Foi o melhor para você, , a vida não é fácil. – Ele tocou na minha coxa para tentar me reconfortar. Se isso ainda era possível. Encolhi meu corpo com o toque dele, sem mudar o foco do meu olhar.
Eu não reparei no tempo, nem no percurso que fizemos, mas senti o carro parar. Zayn saiu do carro e senti ele abrir o porta-malas. Minutos depois ele abriu a porta perto de mim e se abaixou um pouco pegando minhas mãos e tirando as luvas, só agora eu consegui lembrar delas. Ele fechou a porta e eu o segui com o olhar e reconheci. Era o mesmo local onde ele havia queimado as coisas da outra vez, ainda havia a carcaça do outro carro queimado e tinha o barril de metal, também queimado. Ele ia caminhando até o barril jogando as luvas, ele tirou a camisa e a calça jogando no barril, ficando apenas com a cueca boxer preta. Zayn abriu a mochila e tirou rápido uma calça qualquer preta e um moletom vestindo e em seguida jogou um líquido de uma garrafa pequena, tocando fogo no barril. O vi voltar rápido com a mochila, entrando no carro e jogando a mochila em qualquer canto.
- Agora vamos cuidar de você.
Ele seguiu com o carro, arrancando, eu continuava no mesmo lugar. Meu corpo queria reagir, se movimentar, mas minha mente simplesmente havia desistido, era demais, só queria um momento para tentar aliviar, mesmo que por um momento.
Muitos minutos depois vi o carro para mais uma vez, olhei para frente e vi minha casa. As luzes estavam todas apagadas, o que significava que já estavam todos dormindo. Zayn me olhou por alguns instantes, logo depois saindo do carro, ele abriu a porta para que eu saísse, mas quando coloquei os pés para fora senti seus braços nas minhas costas e por debaixo das minhas pernas e então ele me carregou, fechando a porta do carro com o pé.
Ele foi caminhando até os fundos da casa, ele me colocou no chão por um instante pegando uma chave escondida atrás de um pequeno jarro de plata perto da porta. Ele a destrancou e arrastou a porta de vidro coberto com uma cortina marrom, ele voltou a me carregar e entramos em casa. Zayn subia a escada com todo o cuidado para que não fizesse barulho. Ele abriu a porta do meu quarto e me levou até o banheiro me colocando encostado na banheira.
- Acho que tenho que ir agora. Você não quer falar, mas tudo bem. Eu guardo a chave no lugar que estava. Dormir vai te fazer b...
- Não me deixe sozinha Zayn. - Falei finalmente o olhando no olho.
- Achei que você estava br...
- Não me deixe sozinha.
Ele saiu do banheiro e eu senti um vazio dessa vez completo no meu peito. Então ouvi a porta do meu quarto se fechar e trancar, e Zayn voltar a aparecer no banheiro, ele se aproximou e deu um beijo na minha testa.
- Eu não vou.
Ele me ajudou a tirar o vestido e o sapato, ele olhou pelo quarto e pegou um saco plástico que estava perdido pelo local, colocando dentro o sapato sujo de sangue.
- Eu dou um jeito nisso depois... – Ele colocou o saco num canto e voltou a atenção para mim, com uma pequena ducha que tinha na banheira, me ajudou a tirar o sangue que havia nos meus braços e nas pernas, e me ajudou a limpar meu rosto, que eu imaginava estar todo borrado com a maquiagem. Pegou uma toalha e me ajudou a secar, me entregando uma camiseta limpa que estava pelo banheiro.
Zayn me carregou mais uma vez, levando-me até minha cama, deitando-se ao meu lado.
- Pensei que nunca mais iria olhar na minha cara.
- Eu preciso de um tempo pra aliviar minha mente.
- Se quiser eu posso ir agora.
- Apenas espere até que eu durma.
- Claro... – Senti o lábio dele tocar minha bochecha.

POV – Zayn
Olhei para o relógio ao lado da minha cama. Eram 10h da manhã. Bocejei e me levantei seguindo para o banheiro. Tomei um banho rápido, colocando um jeans qualquer e uma camisa preta lisa. Coloquei o All Star, peguei meu celular e saí do quarto. Desci as escadas rápido, dava pra ouvir a voz da minha família na sala comentando algo que assistiam. Não estava com a mínima fome então peguei minhas chaves e saí de casa com cuidado para que não me ouvissem.
Eu precisava ver como ela estava essa manhã. Eu sabia que o que eu fiz não era o certo, mas ela precisava daquilo. Ela precisava saber o que acontecia se ela me trocasse por outro mais uma vez, ainda mais por aquele verme. Ela precisava saber que era MINHA, e de mais ninguém.
Atravessei a rua indo em direção à porta dela, logo tocando a campainha umas duas vezes. Ouvi alguns passos e logo a mãe dela abriu a porta sorrindo.
- Zayn! Querido como está?
- Eu estou bem, e a senhora?
- Ótima! Posso ajudar?
- Sim. Er... Eu poderia falar com ? É algo importante.
- Aw querido, ela não está no momento. – Minha cabeça embaralhou por um minuto. Ela já estava assim tão bem?!
- Er... Ela vai demorar? Eu poderia esperar ela talvez.
- Se você tiver paciência de esperar por uma ou duas semanas. – Ela riu baixo.
- C-como assim, uma ou duas semanas?
- Ela acordou hoje dizendo que precisava de férias. Imagine, férias... – Ela continuava rindo. – A doutora dela disse que ela poderia ter estresses e coisas assim com o colégio, então ela foi hoje de manhã bem cedo passar uns dias na casa de uma tia, em uma cidade por aqui no Texas mesmo. Desculpe desapontar docinho.
Eu forcei um sorriso para ela me despedindo e me virei enquanto ela fechava a porta, apenas tentando imaginar o que deu na cabeça daquela garota dessa vez. Droga...

Capítulo 14

Ouvi o barulho da chaleira fazer um barulho irritante e fui até a cozinha, desligando o fogão branco que ocupava o pequeno vão da cozinha, a peguei com um pano levando até a mesa onde derramei a água quente no pequeno copo, vendo o aroma de jasmim surgir de leve e a pequena flor abrir no copo, flutuando pela água. Minha tia tinha trazido uns pacotes de chá quando fez uma viagem para a China. Dei um gole sentindo meu corpo começar a relaxar, consertei meu suéter que insistia em cair pelo meu ombro e segui para a sala segurando uma pequena tigela com pequenos biscoitos de morango, sentando em frente ao sofá, peguei a pequena mesinha onde pousava meu notebook e coloquei sobre o meu colo, dando mais um gole no chá e colocando a caneca no porta-copos e a tigela de biscoitos bem no canto da mesinha.
- , irei terminar alguns desenhos e vou dormir. Qualquer coisa, eu estou no ateliê.
- Logo vou dormir também, tia. Boa noite. – Sorri a vendo mandar um beijo pelo ar e subir as escadas. Tia Pillar era artista, vivia viajando por causa de exposições, quando ela parava no Texas eu adorava vir visitar sua casa. Tinha uma pequena lagoa com alguns patos na casa dela, de todos, era o meu lugar preferido para passar um tempo.
Voltei minha atenção para o notebook enquanto colocava vários biscoitinhos de vez na boca, vendo me chamar como louca pelo chat.

: Hey, esqueceu dos pobres?!
: Haha nunca!
: Quando a senhorita pensa em voltar mesmo... Ah esqueci, ela não tem data pra voltar -.-
: Não fale assim sua boba. Só preciso de umas férias.
: Pois esqueça férias, sua amiga precisa de você aqui! Matt está mais grudento do que nunca, preciso de você pra ter desculpa pra não ir a uma festa com ele.
: Uhhh e Matt debaixo da árvore se beijando. B-E-I-J-A-N-D-O! Hahahahah
: Não tem graça, a situação é séria! Estou com saudades.
: Também estou! Logo eu volto.
: Preciso ir agora. Te amo muito viu?
: Te amo mais!
está off-line.

Dei um suspiro pesado, terminando todo o meu chá. Havia uma pasta com várias fotos aberta no notebook, tinha fotos minha sozinha, com minha família e com amigos. Havia várias fotos antigas com Justin e Isabel, até mesmo fotos tiradas horas antes do acidente. Todos os meus momentos especiais estavam ali, registrados, era como um diário com imagens para mim, e eu poderia contar a história de cada fotografia. Todos estavam ali registrados, todos, menos um. Eu não tinha nenhuma fotografia com Zayn, nada além das páginas comentadas do meu diário, eu gostava dele, sabia que gostava. Mas também sabia que não tinha muitos momentos felizes para lembrar-se quando fosse mais velho.
Faziam 3 semanas que eu estava nas minhas “férias improvisadas”, minha mãe ligava quase todo o dia desde uma semana pra cá lembrando que as férias eram de 2 semanas apenas. Mas eu não estava preparada para aguentar toda aquela vida de novo, tudo voltar, encarar Malik matando pessoas por minha culpa ou me obrigando a fazer o trabalho sujo dele. Pois era isso que aconteceria quando eu chegasse. Eu sentia falta da minha família, dos meus amigos, e além do mais, dele. Apesar de tudo ele me fazia sentir viva novamente. Era até macabro pensar que alguém assim me faria tão bem.
Eu não estava afetada por causa de Josh, era como se... Se eu aceitasse. Era a vida - ou a morte? Olhei a televisão ligada a minha frente e reparei que durante essas três semanas não havia saído nenhuma notícia trágica pelo Texas, a não ser pequenos assaltos ou algum acidente pela rodovia. Como se Zayn tivesse entrado em inatividade. Ou o mais estranho ainda era que ninguém até agora não havia achado o corpo de Josh.
Ameacei desligar a TV percebendo que o sono se aproximada, e daí tudo havia voltado ao “normal”:

Mais um corpo foi encontrado no condado de West Lake Hills. A polícia começa a suspeitar de um possível assassino em série no local. Com os mesmos traços físicos das duas primeiras vítimas, a garota foi encontrada na rodovia do lado oeste do condado. Mães da garota, que morreu com apenas 16 anos, cobra justiça para que outras mães não passem pelo mesmo sofrimento.

Segundo a polícia, as investigações estão em andamento, mas com dificuldade, já que o assassino, como nos dois casos anteriores, deixou nenhuma pista que levasse a polícia até ele. Eles pedem para que garotas com os mesmos traços das vítimas ou alguma característica parecida evitem saídas desacompanhadas à noite, e as ruas serão cautelosamente vigiadas durante todo o dia.

Coloquei a pequena mesa no sofá e levantei de vez, mas logo depois sentei de volta sentindo toda a minha cabeça girar e um peso se instalar na minha garganta. Acontecia isso sempre quando eu era pequena, eu acabava de comer então levantava rápido daí ficava tonta. Desliguei a TV e tentei levantar mais uma vez, mas dessa vez o peso voltou mais forte do que nunca, corri para o banheiro colocando a mão na boca pra tentar impedir que tudo voltasse no cômodo errado da casa.
Alguns minutos depois saí do banheiro terminando de limpar a minha boca com uma toalha de papel, senti uma fraqueza tomar conta do meu corpo depois que todo o alimento havia saído do meu corpo, senti o vazio no meu estômago, mas não quis arriscar em comer algo e por tudo para fora do mesmo jeito. Entrei no quarto e me joguei na cama relaxando um pouco o corpo nos lençóis macios.
*If I was a rich girl nanananananananananana nah*
Ouvi meu celular tocar, olhei o visor, mas o número estava como desconhecido.
- Alô... Alô? – Ouvi o telefone desligar na outra linha. Desliguei meu celular e joguei ao meu lado na cama.
*If I was a rich girl nanananananananananana nah*
- Alô! – Nenhuma palavra era dita do outro lado, mas dava para ouvir uma respiração pesada. Meu corpo todo se arrepiou e um frio tomou conta do meu corpo. – Olha, não tem nenhuma graça, ok! Se for ficar calado, não dê ao trabalho de me ligar mais uma vez! – Desliguei, mas dessa vez desliguei todo o aparelho. Provavelmente era um trote de muito mau gosto, mas havia me assustando pra caramba! Virei para o lado para tentar dormir, lembrando-me do número do telefone, eu conhecia aquele número, mas não conseguia lembrar de onde era...

POV – Zayn
888 horas. 37 dias. Um mês e uma semana. Esse era o tempo que eu estava longe de . Eu não aguentava mais aquela tortura. Era como uma parte de mim tivesse sido tirada. Eu me perguntava se era possível ficar tão dependente de uma pessoa em tão pouco tempo.
Terminei de queimar mais uma leva de roupas sujas de sangue. Era a terceira desde que ela havia ido embora, eu começava a ficar sem muitas opções desde que a polícia havia colocado a cidade em estado de alerta. E todo aquele alvoroço era culpa dela. De mais ninguém. Culpa dela por ter me abandonado desse jeito, a polícia deveria estar procurando ela, isso sim.
Dei mais um gole da pequena cerveja que eu bebia assistindo o fogo tomar conta de todo o barril, e entrei no carro, jogando a garrafa no bando do carona. Enquanto dirigia liguei o rádio, percebendo que tocava Drunk On Love de Rihanna, me fazendo rir. Aquela letra era perfeita para mim, pra descrever o que eu sentia no momento, chegava a ser ridículo. Eu nunca fui uma pessoa que mostrava emoção fácil, mas mordi meu lábio pra evitar que eu começasse a chorar naquele momento. Droga ...
Levou 45 minutos para eu chegar em casa, estacionei o carro desligando o rádio e saí, como havia ficado de costume eu olhei a janela do quarto dela, e como havia ficado de costume, ela estava apagada. Bati a porta do carro com extrema força e entrei em casa vendo meus pais aparecerem na sala.
- Zayn, gaças a Deus você chegou. – Meu pai disse rolando os olhos.
- O que aconteceu?
- Não é o que aconteceu, é o que vai acontecer com você se você não subir agora para o quarto, se arrumar e descer em 20 minutos.
- Alguém poderia me explicar?
- Um cliente do papai vai trazer a família para jantar aqui hoje e ele quer que todos estejam no jantar. – Ouvi minha irmã mais velha passar pela escada levando um kit de maquiagem em direção ao seu quarto.
- É importante para seu pai fechar negócios com esse cliente, então, pelo amor de Deus Zayn, tente se comportar como um garoto normal... – Minha mãe falou sarcástica beijando minha testa, mas logo depois se afastando sentindo um cheiro estranho. – Sério Zayn, álcool?
- Mãe já estou grandinho para esse tipo de sermão. Por favor... – Subi as escadas correndo e entrei no meu quarto tirando a jaqueta e jogando pelo chão.
Entrei no banheiro tomando um banho rápido e logo depois escovando os dentes para tirar qualquer cheiro de álcool que me denunciasse. Vesti uma calça jeans simples com uma camisa branca lisa e calcei um All Star qualquer que encontrei pelo armário. Joguei todo o meu cabelo para trás sem me importar muito.
Peguei meu celular vendo que, como antes, não havia nenhuma mensagem dela, nem ligação perdida. Já começava a pensar que eu tinha estragado tudo, qualquer chance que eu tinha com ela havia sido perdido.
Ouvi a voz da minha mãe gritar um “ZAAAYYN” do andar de baixo e segui para lá. Dava pra ouvir algumas vozes de “que família bonita” ou “é um prazer conhecer você”. Desci as escadas vendo um homem na sala perto dos meus pais. Ele olhou para a mim fazendo todos eles olharem na mesma direção.
- Zayn, já estava mandando alguém ir te chamar!
- Pai, eu não demorei tanto. – Falei baixo para que só ele me escutasse.
- Filho, esse é o Senhor Weatherford. – Ele era alto com os cabelos pretos já sendo ocupados por alguns fios brancos. O rosto dele era muito familiar, mas no momento não vinha nada na minha mente.
- É um prazer senhor! – Falei o cumprimentando com um aperto de mão.
- O prazer é meu, filho!
- Filho! Eu quero que você conheça o filho dele, tem a sua idade. E é um amor de pessoa! – Ouvi minha mãe falar surgindo na sala de braços dados a um garoto. Ou melhor, “O” garoto. Havia um enorme curativo no braço dele que dava pra ser visto pela manga curta da camisa, minha mãe ajudava ele a caminhar, já que ele andava meio manco por conta de algum ferimento. – Filho, quero que conheça o filho do Sr. Weatherford. Zayn, esse é Josh. Josh, esse é meu filho Zayn!
- Mas o que... – Falei baixo sentindo um nervosismo no meu corpo. Ele caminhou até mim com um sorriso de canto e ergueu a mão para que eu cumprimentasse.
- Zayn, quanto tempo hein!
Minha mãe me olhou confusa, como todos na sala.
- Vocês se conhecem?
- Ah sim Sra. Malik! Ele é amigo da minha atual namorada, acho que vocês conhecem, sua vizinha .
- Sua atual namorada?! – Ouvi Safaa falar com cara de descrença, logo sendo repreendida pelo meu pai.
- Ah que bom que já se conhecem, nos poupa parte de toda essa apresentação. – Ouvi o pai dele falar.
- Josh sofreu um assalto e o feriram. Acredita nisso Zayn? Não podemos mais caminhar com segurança. Sorte que uma pessoa o viu ferido e levou para o hospital. – Minha mãe falou dando um pequeno beijo na bochecha dele sorrindo. – Então, estão todos com fome? Vamos para a sala de jantar!
Vi todos seguirem para a outra sala, menos Josh que continuou me olhando com um sorriso de vitória no rosto.
- M-mas como voc...
- Sabe Zayn, qual a primeira lição em “Como matar alguém”? Bem, é você MATAR a pessoa. Até pensei em comprar um livro para você: Assassinatos para Leigos. Talvez você deixasse de ser tão, digamos... Amador. Deixar seu “casinho de verão” fazer o serviço não foi muito inteligente também.
- Por que você não contou logo? Por que falou que foi um assalto? – O vi se aproximar de mim com raiva no rosto.
- Porque seria muito fácil te ver na cadeia. Eu quero que você sofra, muito mais do que eu sofri. – Ele se virou pra seguir para a sala, mas parou no caminho. - Ah, diga a sua cadelinha que ela não tem nem noção do que a espera. Vocês mexeram com a pessoa errada.

Capítulo 15

*Knock Knock*
Abri um dos olhos, sentindo minha cabeça doer com a luz forte do sol na janela. Parei por alguns minutos tentando analisar o mundo ao meu redor... E deixei a cabeça cair no travesseiro mais uma vez.
*Knock Knock*
- Urrgg... – Levantei num único impulso da cama levando alguns minutos para me acostumar com a claridade. Saí do quarto caminhando pelo corredor, passei pelo quarto de minha tia que estava vazio. Desci as escadas me arrastando indo em direção a porta e vi um bilhete numa pequena mesa ao lado:
“Fui ao centro da cidade, talvez demore. Café da manhã está pronto, só precisa esquentar caso você tenha acordado 3 horas depois que eu escrevi isso. Xx Tia Pillar.”
Sorri com a suposição dela e abri a porta.
- FELIZ ANIVERSÁRIO!!!! – Ouvi entrar na casa carregando vários balões e tentando não derrubar o pequeno bolo.
- São 9h da manhã, isso é praticamente de madrugada para mim. Não acredito...
- Cale a boca , eu dirigi por 2h ou 3h com vários balões irritantes flutuando pelo carro. Eu mereço um prémio por melhor amiga do mundo! – Ela colocou o bolo na primeira mesa que encontrou, a mesa de centro da sala. Amarrou os balões no corrimão da escada e me deu um abraço forte. – Você realmente achou que iria passar os 18 anos sozinha numa casa no meio do mato?
- , estamos em Houston...
- Mas sua tia resolveu ter uma casa bem ao fim da cidade.
- ...
- O que foi? Ela está aqui? – Ela disse sussurrando olhando para os lados.
- Não, ela saiu. Eu disse pra minha mãe não falar onde eu estava.
- Você está passando o aniversário sozinha , isso é o mínimo que ela podia fazer, me dizer o endereço para eu pelo menos entregar o abraço dela! – Ela se jogou no sofá fechando os olhos. – E como se eu nunca tivesse vindo aqui... Então, qual o plano do aniversário?
- O plano era dormir o dia inteiro comendo chocolate.
- Nem uma garrafinha...?
- , perante a lei ainda não podemos beber.
- Conta outra , nem Isabel sabe o quanto você bebe... – Senti minha cabeça encarar o chão por um momento e respirei fundo. – ...
- Está tudo bem. Preciso de um banho...
- Eu vou te esperar aqui em baixo. Eu sei o quanto você me ama, mas eu preciso de um descanso. – Eu ri seguindo pela escada.
- Você não presta.
Entrei no quarto ouvindo meu celular parar de tocar, olhei pelo visor e havia 10 ligações perdidas de um número desconhecido. Joguei o aparelho na cama e tirei a camisa que vestia me preparando para o banho.
*If I was a rich girl nananananananananana nah!”
Peguei o celular rápido, o visor mostrava o mesmo número desconhecido.
- Alô?
- Oi... Sou eu. – Meu corpo chegou a arrepiar com a voz dele. Eu já havia esquecido como era boa a sensação de ouvir aquele sotaque inglês.
- Como você conseguiu meu número?
- Você sabe que sua mãe me ama.
- Urrgg ela te deu meu endereço também? – Falei sarcástica.
- Na verdade ela deu.
- Sério?
- Mas estou pensando se você merece a honra da minha visita.
- Por que você ligou Malik?
- Você resolveu sumir do mapa, então estou terminando um pequeno serviço...
- Atuando em plena luz do dia Zayn?! Você está perdendo a prática.
- , Josh está vivo.
- ELE O QUE?!?! – Meu corpo paralisou por um momento. Sentei na cama tentando aliviar o susto. – Zayn, não brinque com essas coisas...
- A família dele veio em um jantar aqui em casa noite passada. Foi uma surpresa pra mim também.
- Como você pôde deixar algo assim acontecer?!
- Eu?! Sério que você está colocando a culpa em mim?
- EM QUEM MAIS EU COLOCARIA?! – Fechei a porta pra tentar evitar que ouvisse.
- Não sei... EM VOCÊ TALVEZ? NEM PRA MATAR ALGUÉM VOCÊ PRESTA?!
- COMO É?! Desculpe-me Zayn se eu FALTEI A ESSA AULA de como METER A FACA NA BARRIGA DE ALGUÉM!
- Droga ...
- O que vamos fazer agora? E se ele contar?
- Ele não vai contar.
- COMO VOCÊ SABE ZAYN? E SE...
- , ele não vai contar ok, confia em mim.
- Estou com medo Zayn... – O ouvi aliviar o ar como se estivesse preso por anos nos seus pulmões.
- Vai ficar tudo bem... Eu não vou o deixar fazer nenhum mal a você, eu prometo. Apenas... Por favor, , volte, eu não vou me perdoar se algo acontecer com você...
- ? – bateu na porta do quarto. – Está tudo bem? Ouvi gritos.
- Não vai Zayn. está aqui e...
- Eu sinto a sua falta. – Ele me interrompeu. – Eu te amo.
- Droga Zayn... Eu... Apenas se cuide, ok? Tenho que desligar agora.
- Feliz aniversário. – O ouvi falar antes de desligar o telefone.
- ESTÁ TUDO BEM! – Gritei respondendo , largando meu celular no mesmo local da cama que estava antes.
Entrei no banheiro tirando o resto das peças que ainda estava vestida e liguei o chuveiro, sentindo a água quente me acalmar enquanto descia pelas minhas costas.
Eu ainda me perguntava como minha vida poderia ter se transformado em um pesadelo em apenas 1 ano e alguns meses. Isabel, Josh... Até mesmo Zayn, não vou mentir sobre todas as coisas ruins que ele trouxe de Bradford.
Desliguei o chuveiro e enrolei a toalha no meu corpo. Segui para o quarto colocando um vestido floral num tecido fino e jogando por cima o cardigã que havia se tornado meu amigo inseparável, ajeitei meu cabelo num coque frouxo, peguei meu celular e desci para a sala, vendo que já havia colocado em cima da mesma mesa próximo ao bolo um pote de sorvete e colheres.
- Não se esqueceu dos pratos? – Ela olhou na minha direção sorrindo.
- Somos duas garotas sozinhas numa casa no meio do mato, não precisamos de pratos! – Me sentei ao seu lado, ela pegou o bolo, colocando no meu colo e o sorvete, me entregando uma colher. Ela tirou um pedaço do bolo com a colher, o esfarelando um pouco e jogou na boca rindo.
- Ah , não sei o que faria sem você.
- Você não chegaria a fazer alguma coisa querida.
Passamos toda a manhã ali, acabou que aquele bolo com sorvete virou meu café da manhã e almoço. Lembrei que hoje era domingo. nunca deixaria o nosso domingo do mês passar em branco. Mesmo que eu estivesse em outra cidade, mesmo que fosse do outro lado do país, ela sempre estaria alí comigo. E ela sabia que eu faria o mesmo por ela.
- Estou com sede...
- Acho que tem suco na geladeira, vou pegar para a gente. – Levantei colocando o bolo no colo dela e segui para a cozinha.
- O que você tem comido durante todas essas semanas?! Você está mais gorda!
- Obrigada , não imagina o quanto me fez bem esse elogio! – Peguei o suco colocando em dois copos e seguindo para o sofá e entregando suco a ela.
- Parece que Josh não deu no couro tão bem quanto Zayn...
- Mas o qu... ! Pelo amor de Deus! - Eu ri, mesmo sentindo um nervoso pelo corpo ao ouvir o nome dele.
- Eu não sei se você soube, mas seu ex-namorado sofreu uma tragédia algumas semanas atrás.
- C-como assim, tragédia?
- Ele sofreu um assalto, levou até uma facada na barriga, mas um homem encontrou ele por um rio, bastante ferido, mas ainda estava respirando, então o levou para o hospital.
- Assalto? Como assim assalto?
- Como assim assalto ! Assalto! “Passa a grana” “blablabla”... O importante é que ele já está bem.
- Cla-a-ro, o que importa é que ele esta... Bem.
Ouvi meu celular tocar, olhei o visor e vi um numero desconhecido. Suspirei fundo e levantei com o aparelho na mão.
- Eu preciso atender, ! Eu estou disposto a... Esquecer, digamos assim, as coisas ruins que você fez comigo. Ok, eu fui um babaca, mas você revisou um pouco mais forte, não acha?
- Diz logo o que você quer!
- Por enquanto eu só quero que você se despeça de alguém, afinal uma pessoa não pode ter dois namorados.
Eu havia entendido o que ele tinha dito, Deus como eu queria não ter entendido tão rápido... Meu coração ameaçava rascar todo o meu peito e sair pulando de tão forte que eram as batidas. Senti minhas pernas tremerem e me segurei no balcão atrás de mim.
- ! O que houve?! – surgiu pela porta assustada e me segurou, evitando que eu caísse no chão feito uma fruta podre.
- A gente... A gente precisa ir!!!
- O que está acontecendo??? Você está pálida!
- Precisamos voltar!! , Zayn!!
- Calma , você está pálida! E está me assustando!!!!!
Respirei fundo e juntei todas as minhas forças para correr pela sala e subir as escadas. Entrei no meu carro e peguei minha bolsa, revirando tudo que havia dentro por cima da cama, encontrando as chaves. Logo voltei na mesma velocidade. me esperava na porta segurando sua bolsa.
- E suas coisas? Você não vai l...
- Não há tempo pra isso! – Tentei abrir a porta, mas minhas mãos tremiam e o molho de chaves caiu no chão.
- , você não pode dirigir dessa maneira. Vem... – segurou minha mão, abrindo a porta e seguimos para o carro dela. Entramos no carro o mais rápido possível.
- O que você vai falar pra sua tia?
- Não importa agora! Depois eu invento desculpa qualquer.
- Você pode pelo menos por o cinto?
- Dirige !!!!
Ela colocou a chave na ignição e acelerou o carro. Minutos depois estávamos atravessando a cidade de Houston. O sol terminava de se por e seus últimos raios batiam de leve nas janelas dos prédios. As pessoas começavam a sair para alguma festa, a cidade era bastante iluminada a noite. E ver todas aquelas pessoas felizes estava me dando mais desespero ainda. Minha perna tremia e eu praticamente não sabia o que fazer com as mãos, elas permaneciam inquietas, indo da janela para o banco, para o meu colo, até que senti uma mão por cima delas.
- Você precisa se acalmar. Eu não sei o que está havendo, mas vai dar tudo certo.

Durante toda a viagem eu não conseguia me acalmar, lagrimas caiam só de imaginar o pior. Demorou umas 3 horas até ultrapassarmos Austin e seguíamos pela rodovia até West Lake Hills, o sol já havia descido completamente e a única coisa que iluminava a rodovia era as luzes de alguns postes colocados pelo caminho. A estrada era mal iluminada, mas deu pra reconhecer o que eu menos queria. Havia um carro capotado na estrada.
- , para o carro! – Ela encostou o veículo na beira da rodovia e eu sai rápido, sendo seguida por ela.
- Eu já vi esse carro em algum lugar... – Ela disse caminhando atrás de mim. – Ai meu deus.
Senti meu joelho enfraquecer ao ver o Ford Mustang Cobra preto virado de cabeça pra baixo e vários estilhaços de vidro pelo asfalto. O cheiro de gasolina era forte.
- Ajuda ele ! Ele pode estar vivo ainda!
Corri até o carro me abaixando para poder ajudar Zayn, mas para minha surpresa o carro estava vazio.

*Flashback – POV Zayn*
A fumaça do cigarro escapava lentamente pela minha boca e pelo nariz, enquanto assistia o barril de metal com algumas coisas queimando dentro. Tentei equilibrar o cigarro enquanto discava o numero dela pela 10ª ou 11ª vez. Troquei o cigarro de mão e encostei o aparelho no ouvido enquanto chamava.
- Alô?
- Oi... Sou eu.

- Como você conseguiu meu número?
- Você sabe que sua mãe me ama.
- Urrgg ela te deu meu endereço também?
- Na verdade ela deu.
- Sério? – Uma risada escapou da minha boca ao ouvir ela.
- Mas estou pensando se você merece a honra da minha visita.
- Por que você ligou Malik?
- Você resolveu sumir do mapa, então estou terminando um pequeno serviço...
- Atuando em plena luz do dia Zayn?! Você está perdendo a prática.
Eu não podia esconder dela o que estava acontecendo, poderia até ser pior se ela não soubesse.
- , Josh está vivo.
- ELE O QUE?!?! Zayn, não brinque com essas coisas... – Dei uma tragada forte e rápida no cigarro vendo a fumaça escapar enquanto eu falava.
- A família dele veio em um jantar aqui em casa noite passada. Foi uma surpresa pra mim também.
- Como você pôde deixar algo assim acontecer?!
- Eu?! Sério que você está colocando a culpa em mim?- Levantei do carro incrédulo. Era o que faltava agora...
- EM QUEM MAIS EU COLOCARIA?!
- Não sei... EM VOCÊ TALVEZ? NEM PRA MATAR ALGUÉM VOCÊ PRESTA?!
- COMO É?! Desculpe-me Zayn se eu FALTEI A ESSA AULA de como METER A FACA NA BARRIGA DE ALGUÉM!
- Droga ...
- O que vamos fazer agora? E se ele contar?
- Ele não vai contar.
- COMO VOCÊ SABE ZAYN? E SE...
- , ele não vai contar ok, confia em mim.
- Estou com medo Zayn... – Suspirei forte, dava um aperto no peito ver ela assim tão desprotegida longe de mim.
- Vai ficar tudo bem... Eu não vou o deixar fazer nenhum mal a você, eu prometo. Apenas... Por favor, , volte, eu não vou me perdoar se algo acontecer com você...
- ? – Ouvi alguém falar ao fundo do telefone. Se eu estava certo era a voz da amiga dela. – Está tudo bem? Ouvi gritos.
- Não vai Zayn. está aqui e...
- Eu sinto a sua falta. Eu te amo.
- Droga Zayn... Eu... Apenas se cuide, ok? Tenho que desligar agora.
- Feliz aniversário. – Falei antes de desligar. A mãe dela era uma dessas pessoas que não sabia manter informações guardadas.
Coloquei o cigarro na boca e entrei no carro. Eu não podia deixar ela assim, tão longe, sabendo que Josh poderia tentar algo contra ela, mesmo que ela estivesse com a amiga, só conseguiria me acalmar quando ela estivesse ao meu lado, protegida.
Dirigi até chegar em casa, estacionando o carro de qualquer jeito e correndo entrando em casa.
- Mãe, vou viajar! – Gritei enquanto subia a escada rápido, peguei a primeira mochila que encontrei, e coloquei algumas peças de roupa e produtos de higiene. Minha mãe chegou na porta do meu quarto confusa.
- Como assim viajar Zayn? Pra onde?
- Vou visitar em Houston. Ligo quando chegar lá. – Dei um beijo no rosto dela e desci. Dava pra perceber que ela estava preocupada com a minha saída assim repentina, mas ainda assim vi um sorriso se formar involuntariamente quando eu falei o nome de .
- Por favor Zayn, não faça nenhuma besteira.
- Não vou mãe. Eu prometo.
Corri para o carro sem nem ao menos fechar a porta de casa. Acelerei o máximo que pude e seguir em direção a rodovia. Era mais ou menos 14h e o sol estava mais forte do que nunca. Coloquei os óculos e segui enquanto tocava uma musica aleatória pela rádio.
Olhei pelo retrovisor e vi alguns carros atrás de mim. Não era nenhuma preocupação até eu reparar quem estava no banco do motorista. Acelerei e virei em uma ruma qualquer e minha teoria se confirmou. Pisei fundo e o carro foi rápido seguindo pela estrada para fora da cidade, o carro se aproximou encostando na traseira do meu carro e batendo.
- Droga... – Acelerei mais ainda, era praticamente uma caça em meio a rodovia vazia. Ele empurrou o carro mais uma vez contra o meu e eu acelerei mais uma vez olhando pelo retrovisor fixamente.
Ele deu um ultimo empurrão no meu carro e eu perdi o controle, o carro seguia em direção a um poste e pela velocidade que eu estava, a batida seria forte. Virei todo o meu volante perdendo totalmente o controle do carro, o fazendo virar descontroladamente e seguir para o outro lado da estrada, não sei como, mas o movimento brusco fez o carro capotar e girar umas duas vezes até parar de cabeça pra baixo no chão. Minha cabeça começava a rodar e eu piscava várias vezes para tentar me manter acordado. Senti meu rosto ficar pegajoso, passei a mão pela testa e olhei pra minha mão vendo o vermelho tomar conta dos meus dedos, minha mente rodou mais enquanto via uma sombra sair de um carro e as pernas de alguém caminharem na minha direção. Senti alguém me puxar e então tudo ficou preto.

Capítulo 16

Senti todo meu corpo doer e minha cabeça ainda girar, meus olhos abriram lentamente, tentei levar minha mão a cabeça, mas não consegui, elas estavam amarradas. Então eu percebi, meu corpo estava preso a um poste de madeira, olhei em volta, eu não conhecia o local, parecia um depósito abandonado, uma pequena lâmpada iluminava o local. Minha roupa estava suja de sangue, que provavelmente era meu, cortes preenchiam todo o meu braço, e eu já imaginava o estado que meu rosto se encontrava pela dor que eu sentia. Uma voz ecoou pelo local e eu tentei virar o rosto pra saber quem era, o que me arrependi logo depois com a pontada de dor no pescoço.
- Uuuhhhh namorado errado... Mas é muito bom saber que você está bem. É uma sensação horrível ter uma faca na barriga. Espero que você nunca passe por isso... – Josh surgiu na minha frente enquanto falava no celular. Havia um enorme sorriso no rosto dele, ele afastou um pouco o celular e sussurrou um “É ela!” sarcasticamente. Ouvi-a perguntar “O que você quer Josh?” do outro lado da linha.
- Você sabe o que eu quero. Você é minha ! Eu estou disposto a... Esquecer, digamos assim, as coisas ruins que você fez comigo. Ok, eu fui um babaca, mas você revidou um pouco mais forte, não acha?
gritou “Diz logo o que você quer!”.
- Por enquanto eu só quero que você se despeça de alguém, afinal uma pessoa não pode ter dois namorados. – Ele encostou o aparelho no meu ouvido para que eu falasse alguma coisa, mas eu não queria dizer, não queria que ela ficasse preocupada ou fizesse alguma loucura por minha causa. E eu sabia que eu conseguiria sair dali e acabar de uma vez por todas com esse babaca. Josh ficou sério não gostando nada com a minha reação e deu um murro bem no meu estomago.
- Urg... . – Queria poder terminar a frase e dizer pra ela não se preocupar, mas nem mesmo ela deixou.
- ZAYN!!! NÃO!!!
Josh desligou o celular o jogando em qualquer canto, rindo feito um maníaco. Eu tentei me soltar mais estava muito fraco para conseguir algo. Ele apenas ria.
- O belo adormecido acordou, e com disposição. Pena que a princesa encantada não está aqui para resgatá-lo. Ou será que ela virá... Você sabe bem como aquela cadelinha adora uma adrenalina no corpo. Se bem que ela vai gostar ainda mais quando eu colocar outra coisa dentro dela...
- Você encostar um dedo nela, você estará m...
- Estarei o que, Malik? Morto? – Ele riu e bateu no meu rosto. – Não sou eu que estou amarrado num tronco onde a única pessoa no local não tem nenhuma boa intenção.
Ele caminhou até uma mochila logo ao canto, e eu sabia de quem era aquilo.
- Reconhece? – Josh pegou uma faca e veio em minha direção, consertando o cabelo para trás. – Acho que a faca você reconhece, e muito bem... – Senti a lâmina cortar o meu braço e um grunhido saiu da minha garganta. – Agora você vai sentir o triplo que eu senti. Afinal, eu tenho o dia inteiro pra curtirmos.
Ele passou a lâmina devagar pelo meu ombro, como se tivesse todo o tempo do mundo pra fazer isso. A dor era agoniante, eu sentia o sangue descer por todo o meu tórax.
- Você não tem noção... Do... Do que eu irei fazer com você... Quando eu sair daqui. – Falei com dificuldade.
- Ah me diga o que você fará. Eu quero muito saber. – Ele deu três murros fortes na minha barriga, minha garganta não foi nem capaz de produzir algum som por conta te tanta dor. Eu lutava pra continuar acordado, mas meus olhos começavam a ficar pesados.
- Não, não, não Zayn, você não vai dormir agora. – Ele falou dando tapas no meu rosto para eu acordar. – Bom, temos bastante tempo hoje, então vamos conversar um pouco, não? – Josh puxou uma cadeira que estava por perto e colocou a minha frente, sentando. – Sabe Zayn, estamos nesse momento, digamos “tenso”, mas eu realmente te admiro sabia? Você chegou a cidade como quem não queria nada... Eu realmente nem sabia da sua existência até conhecer . Daí depois do que você fez comigo, o que não foi nada legal, levou alguns dias até eu perceber que você é o “louco da faca”, como os policiais costumam te chamar. Todas aquelas garotas... Sabe, tá um pouco difícil achar uma boa vadiazinha nessa cidade, e você dificultou ainda mais as coisas. – Ele se levantou e puxou meu cabelo para trás, para que eu o encarasse. – E sem contar, que uma delas era minha prima! Ok, verdade seja dita, uma prima bem distante e bem insuportável. Mas era minha prima, poxa! – Ele fingiu uma cara triste. – A gente se divertia quando nenhum dos dois encontrava nada melhor. Boas lembranças eu tenho daqueles corredores escuros...
A lâmina correu mais uma vez, mas dessa vez belo meu rosto, na minha bochecha, e logo depois, outro murro. Tudo escureceu.

- Po po po poker face, po po poker face mahmahmahmah... – Ouvi alguém cantarolar. Abri os olhos e Josh continuava na minha frente sentado e brincando com a faca na mão. Ele olhou pra frente e me viu o encarando. – Sério, se é pra você ficar desmaiando toda hora, eu acabo logo com isso e ainda dá tempo de ver algum filme.
Olhei pela porta que estava aberta, a luz do sol já havia praticamente desaparecido, a escuridão começava a tomar conta do pasto que havia em frente ao depósito. De longe dava pra ver os postes da rodovia acesos.
- Então, vamos voltar ao que interessa... – Ele se levantou animado, mas logo parou com um barulho vindo de fora. Tanto eu quanto ele olhamos para a porta. Josh caminhou com cuidado até o lado de fora segurando a faca. Deu para ouvir alguns barulhos e um choro alto. Instante depois Josh voltou puxando uma pessoa pelo cabelo. Droga.
- Haha parece que teremos uma reuniãozinha hoje!
Ele largou ela no chão que logo me encarou em horror.
- Zayn, meu Deus!!! – correu até mim, pegando meu rosto com cuidado, e logo depois largando quando eu soltei um gemido de dor. Ela encarava as mãos sujas de sangue, horrorizada. – Larga ele Josh, seu problema é comigo.
- , isso não é novela mexicana, eu não vou trocar ninguém. O meu problema é com os dois. – Josh a puxou pelo cabelo guiando para outro tronco que sustentava o teto do depósito, assim como outros iguais.
- Não ouse fazer nada com ela! – Parecia que toda a adrenalina do meu corpo estava em atividade, meu coração pulsava forte. Ele a amarrou do mesmo jeito que eu estava.
- Por que você não cala a boca hein? – Ele consertou a faca na mão e foi em direção a ela. – Oi . Saudade de você, o que deu na sua cabeça de sumir assim? – Ele passou a faca no rosto dela, no mesmo local que ele havia feito o corte no meu rosto. – Você mudou, está mais... Encorpada, falamos assim... – A faca pousou no braço dela, fazendo um corte rápido, deixou escapar um grito enquanto chorava. Tentei juntar todas as forças que havia no meu corpo e debati meu corpo, tentando soltar a corda que me prendia. Josh descia a faca pelo corpo dela, que estava apavorada, e passou a faca pela barriga dela.
- Josh, não, por favor, não me machuca, por favor... – O desespero dela me deixava mais desesperado ainda. Senti a corda afrouxar e meus braços conseguirem sair.
Tentei correr até ele, e teria dado certo se não se espantasse e ele percebesse. Josh segurou pelo meu pescoço e me jogou contra o chão com força, chutando o meu abdômen. O vi caminhar até a mochila.
- Quer saber? Cansei, fui muito bonzinho com vocês e é isso que eu recebo.

POV –
Eu tentava me acalmar, mas a cada movimento de ele fazia, eu me desesperava ainda mais. Josh caminhou até a mochila puxando dois objetos, um prateado e um preto. Duas armas. Meu coração parecia sair pela boca de tão depressa que eram as batidas.
- Eu fiquei na duvida em qual eu traria, se uma especial ou uma mais simples sabe. Mas pela situação, acho que seria digno vocês morrerem com um toque especial... – Ele jogou a arma preta de volta a mochila e levantou a prateada na luz, dava pra ver uns desenhos delicados cravados no ferro nas laterais da arma. Ele puxou o gatilho e olhou pra mim, se aproximando da gente. Droga, droga, droga...
- Quando eu disse para você se despedir dele, eu falava sério, .
- Por favor, não. A-a gente pod-de começar tudo de novo Josh, como... Como você disse, eu aceito. Mas por favor não o m-mate!
- Começar tudo de novo ? Você tentou me matar. VOCÊ TEM NOÇÃO DO QUE É ISSO?! E por causa desse verme! – Ele caminhou até Zayn e um estouro forte ecoou.
- PARA!!! PARE POR FAVOR!!! NÃO!! – Eu gritava vendo Zayn se contorcer de dor segurando forte a coxa. O vermelho do sangue pintava por toda a calça jeans.
- Calma baby... Eu não vou matar ele. Não agora. – O sorriso de Josh conseguia piorar toda a situação, era algo psicótico, a única coisa queeu conseguia fazer era chorar, e chorar muito. Ele apontou a arma na minha direção. – Primeiro quero que ele veja você morrer. – Fechei os olhos já esperando pelo meu destino trágico.
Sabe quando dizem que nos últimos minutos sua vida passa diante dos seus olhos? Pois é exatamente assim. Vi toda a minha vida parrar como um filme. Meus pais, as viagens que eu fazia quando era pequena, todas as festas que eu ia com os meus amigos, o acidente de carro, Isobel morrendo, Justin, . E Zayn. Quando eu olhei pela janela e o vi pela primeira vez encostado em frente a sua casa com aquele sorriso que eu odiava tanto, mas tanto que acabei ficando viciada nele. Aquele mesmo sorriso que eu vi quando acordei uma vez no quarto dele. E o ultimo semblante que eu tinha dele era daquela hora, minhas mãos segurando o rosto totalmente ferido dele.
Ouvi um barulho de gemidos e abri os olhos rapidamente. Zayn e Josh atracados, como se fosse uma rinha de briga, e que com certeza eu sabia que um não sairia bem.
Zayn segurava a mão de Josh com a arma, mancando por causa do tiro que havia recebido na perna.
- Zayn!!!! – Ele deu uma cabeçada em Josh fazendo os dois ficarem tontos e derrubarem a arma no chão. Tanto Josh quanto Zayn olharam na mesma direção da arma, levantaram e correram pegando mais uma vez, e brigando pela posse do objeto. Dava pra ver que Zayn não aguentaria por muito tempo, dava pra sentir a dor que ele sentia pelo semblante do seu rosto. E então aconteceu.
*PÁÁÁÁÁÁ!!!*
Um único estouro. Os dois se entreolhavam assustados. Zayn me olhou rápido e eu vi os dois largarem a arma. Uma mancha vermelha se estendia pela camisa de Josh na área do ombro, e todos olharam para um grito na porta.
- AAAAAAAHHHHHHHHH MEU DEUS MEU DEUS EU MATEI UM HOMEM!!!!! EU MATEI!!!! - segurava a arma tremendo enquanto pulava atordoada sem saber o que fazer. Josh caiu no chão segurando o ombro com força. Zayn caminhou mancando na minha direção, desamarrando as cordas que me prendiam. Logo que eu me soltei, ele me abraçou forte.
- Sua louca, o que você veio fazer aqui?! Eu mandei você ficar lá!
- Você sabe que eu não te obedeço mais.
- Você sabe que é minha. – Ele deu um beijo no meu rosto e eu sorri. Olhei atrás dele e vi alguém se mexer. Josh, e ele segurava a arma apontada para nós.
- NÃO!!!!!
*PÁÁÁ!!!!!*
Abri os olhos rápidos e o vi caído no chão. Nós dois olhamos para rápido, mas a cara dela era mais confusa quanto a nossa. Logo alguns policiais surgiram pela porta, apontando a arma em volta, conferindo se havia mais algum risco de perigo.
- EU JURO QUE MEU TIRO FOI EM TOTAL DEFESA!!!!! – falava rápido já começando a chorar.
- Calma senhorita, chegamos a tempo de ver o acontecimento. – O policial falava enquanto guardava sua arma num compartimento preso a cintura.

Vi Zayn sair da ambulância estacionada na frente do depósito, junto com vários carros da polícia. Ele sorria parecendo agradecer e caminhou, parando pra ver o carro ainda destruído na estrada.
- Saudades do brinquedinho? – Sussurrei no seu ouvido, o fazendo tomar um pequeno susto e rir.
- Ele era especial, passamos por muitas coisas juntos.
- Parece que hoje eu dirijo. Vamos. – Caminhamos até o meu carro.
- O que a polícia falou? – Zayn me perguntou.
- Bem, como todos podemos ver, nós somos vítimas, vamos apenas dar alguns depoimentos e somos liberados. Suas coisas que encontraram lá, todas estavam com as digitais dele, sem falar da arma que ele tinha trazido. Acabou que Josh levou a culpa pelos assassinatos das garotas, a faca usada havia impressões de Josh também. – Vi Zayn parar no meio do caminho e me olhar incrédulo.
- Aquele verme vai levar todo o crédito pelas minhas obras de arte?! – Rolei os olhos rindo.
- Cala a boca Malik! Como está a perna?
- Está bem, foi um tiro de raspão. O babaca não deu o tiro certo. E você? Está tudo bem?
- Sim, apenas os arranhões da faca no rosto e no braço. Nada de mais... Minha mãe que deve estar tendo ataques em casa. Por eu já ter 18 anos, eles não precisavam vir aqui.
Entramos no carro e coloquei a chave, ligando. acenou para a gente e saiu com o carro dela para casa.
- Eu ainda posso dirigir ok?
- Meu carro, minhas regras. – Ele riu e saímos pela estrada em direção à cidade. Zayn olhava pela janela refletindo, os braços e o rosto cheios de curativos, atadura na perna e um pequeno suporte no braço, o ombro havia se deslocado com o acidente do carro, mas não era nada sério. – Sabe, agora eu tenho 18 anos, já tomo conta da minha vida, você também.
- Aonde você quer chegar com isso? – Era tão bom ouvir a risada dele.
- Bem... Sempre foi meu sonho sair pelo país, de carro, com alguém. Cruzar a estrada no meio do nada, sem nenhuma preocupação. Como nos filmes! – Ele ria ainda mais. – Quer parar de rir Malik!
- Desculpa. Mas... Se você quiser...
- Sério?
- Arrume as malas que amanhã a gente está saindo. – Ele sorria tanto que me dava vontade de sorrir só de olhar pra ele. Mas ainda havia algo pra resolver.
- Zayn... E o que você vai fazer?
- Do que você está falando?
- Você sabe do que estou falando. – Ele suspirou olhando para frente e depois pra mim novamente.
- Você promete parar?
- Eu não posso prometer nada . Mas você sabe que nada acontece se você não surtar e resolver fugir por um mês inteiro.
- Por favor, Zayn, pare. Por nós... Pare por nós três.
- Nós três? Que três ? Você está louc... – Os olhos cor de mel de Zayn se abriram ao máximo possível, peguei sua mão e coloquei na minha barriga. Dava pra ver a respiração dele rápida, Zayn olhava pra mim, olhava para a barriga, e olhava para mim de novo. - Ma-mas... Mas... ... – Até parecia que ele teria um ataque do coração a qualquer momento.
Eu apenas olhei pra frente me concentrando na estrada. Ainda dava pra sentir a respiração pesada e o olhar de espanto de Zayn na minha direção. Ficamos assim por pelo menos uns 3 minutos.
- Ah Malik, antes que eu esqueça. Também te amo.

FIM



Comentários da autora


Comentário da Autora: Último capítulo! Vou ficar com saudade de escrever Stripped ))): Queria apenas fazer um último agradecimento (momento melação ASHUHUASUHAS). Queria agradecer a minha beta diva, Andressa que fez um trabalho lindo! E a todas as leitoras, todos os comentários (li e amei todos *-*) tanto aqui quanto no twitter, todas que acompanham a fic desde o começo! Agradecer a Cau e a Brubs suas lindas *-* Ahhh essa é minha primeira fic no site, mas não será a ultima (vocês ainda vão me aturar!) Já to começando a próxima! Qualquer coisa vocês podem falar comigo no twitter! Obrigada gente! *----*

Nota da Beta: Fiquei muito triste com o término de Stripped ='(
Foi uma das fics que eu mais acompanhei desde que entrei no site como beta. Todo o suspense que a fic trouxe... eu realmente amei.
Imagina Jessica! Diva é você que escreveu essa fic maravilhosa! *-*