Still Doll

Escrito por Annelise Stengel | Revisado por Pepper

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  Nota importante: É estritamente necessário que você escute essa música. Tem 0:09 de tempo, dá pra carregar tranquilamente. Ouça-a algumas vezes, para que você lembre da melodia. Não ficarei pedindo pra tocar durante a história, quero que ela ecoe em sua mente quando for necessário. É importante, para o envolvimento na história, que você escute. Arrisque. Boa leitura.

  - Você tem certeza que quer passear pela cidade a essa hora? - resmungou, vestindo o sobretudo preto por cima da roupa simples que usava. A pergunta fora dirigida a seu marido, , que também terminava de se agasalhar.
  - Mas é claro. O dia está um pouco feio, mas podemos apreciar uma volta, conhecer um pouco os pequenos estabelecimentos do lugar. - explicou, parecendo animado.
  "Um pouco feio" era um eufemismo usado pelo homem para se referir ao dia. Nuvens quase negras de chuva cobriam todo o céu visível da pequena cidade do leste europeu. A julgar pela temperatura e luminosidade, não e diria nunca que eram apenas duas horas da tarde. Da pousada que estavam, os Heamsworth podiam avistar o ponto mais alto da cidade, onde a silhueta de uma catedral gótica quase se misturava com o negrume do horizonte. O resto das construções eram baixas, sem muitos detalhes ou características marcantes. Era uma cidade absurdamente pequena, normal e sem graça. O que deixava um pouco desanimada.
  Ela acabara de se casar com . Visitar Nucet, Romênia, durante uma semana era parte da viagem de lua de mel. A outra parte era ir para uma casa de campo em Skye, Escócia, oferecida por um parente de . Um tio, padrinho, ou algo do tipo. Eles não tinham muito dinheiro disponível, já que ambos insistiram que construir uma casa para os dois seria muito melhor do que continuarem vivendo juntos no apertado apartamento de Londres. Por isso, para ao menos terem a chance de conhecer algum outro lugar, decidiram visitar o leste europeu. O pai de , antes de sofrer um derrame e permanecer incapacitado de sequer reconhecer os próprios filhos, era historiador, e quando ela era pequena sempre lhe contava sobre as Guerras Mundiais, área que mais o interessava. Isso acabou despertando o interesse da filha mais nova. Embora não tenha seguido os passos do pai, formando-se em Gastronomia, sempre guardou no coração o que o pai lhe contara, e por algum motivo obscuro a Romênia sempre lhe chamara um pouco da atenção. Tentara ir com vários pretextos, porém apenas em sua lua de mel conseguira tempo e dinheiro para viajar tão longe de casa.
  , que crescera no emaranhado de Londres, filho de pai mecânico e mãe bêbada, nunca tivera a chance de sair de sua grande cidade, com exceção de um final de semana em Southend-On-Sea com os primos, que resultou num desastre que ele não gostava de lembrar. Dessa forma, qualquer viagem que fizesse com a garota que tivera a chance de desposar o satisfaria.
  - Ta bem então. Vamos. - entrelaçou seus dedos aos de seu marido, e juntos saíram da pousada. O velho que ficava na recepção, que aparentemente também era o mordomo e cozinheiro, não expressou-se ao vê-los saindo em direção ao dia negro e sombrio.
  , ao sentir o vento frio, aproximou-se mais do corpo de Ollie, segurando com o braço direito o braço do marido cuja mão estava entrelaçada com a sua. A corrente de ar balançava os cabelos longos dela para trás, e ela semicerrou os olhos. , com sua boina, apenas aconchegou a mulher enquanto passavam pelas calçadas escuras. Tudo parecia negro ou cinzento ao redor, e não se via pessoas nas ruas.
  Logo que chegaram em Nucet, tiveram essa impressão do local: vazio. As ruas não eram apinhadas de gente, e apenas haviam alguns cachorros sarnentos e magrelos perambulando pelos becos. De vez em quando uma criança chorava e corria. Os Heamsworth não sabiam quanto era a população de Nucet, mas se fosse algo superior a 500 pessoas não acreditariam.
  Enquanto passavam nas calçadas, percebiam luzes de estabelecimentos abertos, mas apenas uma ou outra pessoa, um pouco triste ou mal encarada, frequentavam o local. Provavelmente não estavam acostumados com turistas. soltou um suspiro triste enquanto seguiam a rua que daria ao centro da cidade.
  - Acho que deveríamos ter ido apenas para Skye. - comentou, baixinho. sorriu e beijou o topo de sua cabeça.
  - ! Não fale assim. Não deixa de ser interessante. Podemos falar que passamos nossa lua-de-mel num lugar mal-assombrado! - riu sozinho, ao ver a esposa encolher-se mais. Se tinha uma coisa que não suportava, era histórias de fantasmas. Ela detestava todas essas coisas. Nunca se orgulharia em dizer que passou a lua-de-mel num local mal-assombrado. Provavelmente nem conseguiria pronunciar essas palavras.
  Andaram apenas mais alguns metros e então a rua abriu-se para o centro da cidade. O centro, na verdade, era uma praça circular, com uns 20m de diâmetro. No centro dela, havia uma fonte também circular, de pedra. Havia musgo cobrindo partes das pedras que formavam a fonte, e a água era enegrecida. Não podiam saber se ela era sempre enegrecida ou se apenas refletia o céu, porém ao aproximarem-se, perceberam que a água aparentava ser muito mais viscosa do que deveria. Não ousaram seguir mais perto da fonte abandonada, então apenas analisaram o seu conjunto de longe.
  Além da base circular de pedra onde toda a água se concentrava, havia uma coluna erguendo-se no meio, também de pedra, de onde em tempos felizes a água pura devia jorrar e alegrar as crianças. Esses tempos felizes, porém, pareciam estar há muitos anos de distância, porque um arbusto nascera no centro da coluna, erguendo-se em galhos finos, retorcidos e secos, criando um ambiente desagradável. sentiu um arrepio percorrer sua espinha.
  - Não é realmente uma vista que se possa apreciar, não é mesmo? - murmurou. O vento estava um pouco mais fraco, e eles observaram os vários caminhos que tinham disponíveis para seguir, se não quisessem voltar. Parecia o centro de um labirinto, e qualquer outro caminho que seguissem não os levaria para um lugar determinado. Apenas os confundiriam e os deixariam loucos.
  Andaram um pouco ao redor da praça, passando em frente à diversas entradas de ruas, até que interrompeu-se na frente de uma, franzindo as sobrancelhas. olhou para o marido, confusa, mas ele apenas fez sinal para que ela não fizesse barulho. A mulher concentrou-se em tentar ouvir o que ele ouvira, além do uivar do vento que continuava a fustigar seu rosto e cabelos. Alguns segundos passaram-se sem ela perceber qualquer coisa que fosse, mas então começou a ouvir ao longe um melodia, bem baixa. Quase imperceptível. Não entendeu como seu marido pôde ouvir aquilo a princípio, mas pouco a pouco a voz feminina alcançou seus ouvidos um pouco mais claramente.
  Lalala la la, lalala la la, la-ra, la-ra, la-ra...
  Era bem curta e repetia-se incansavelmente, e tanto quanto sentiram-se atraídos a seguir por aquela rua e descobrir de onde tal som vinha. Entreolharam-se e trocaram um silêncio compreensivo, automaticamente se virando e seguindo pela rua escura.
  A rua não era muito diferente da que vieram. Escura, com a calçada de paralelepípedos um pouco irregular, causando ocasionais tropeços e desequilíbrios. A maioria das casas estava com a luz apagada, apesar de ser duas e meia da tarde. Um estabelecimento à frente tinha suas luzes acesas, iluminando a rua e a calçada, e era de lá que o som vinha. Conforme se aproximavam, o cantarolar ficava mais alto, e puderam perceber que não havia letra, apenas a melodia que escutavam.
   e pararam na vitrine, a luz alcançando seus rostos, e analisaram o que viam.
  Era uma loja de bonecas de porcelana. Havia cinco em exposição, todas com os mesmos rostos bochechudos e expressões vazias, cabelos perfeitamente cacheados, loiros, castanhos, ruivos. Bochechas rosadas e mãos paradas ao lado do corpo pequeno e imóvel. Vestidos cheios de babados, de diversas cores, sapatos pretos afivelados nos pés minúsculos. Cada uma tinha cerca de 30cm de altura, exceto a do meio que estava mais destacada, que devia ter uns 40cm. Estavam dispostas na vitrine com um cenário de chá da tarde como decoração. Feltro vermelho, quase cor de vinho, cobria o chão em ondas largas e arrumadas, e caía como uma cortina presa nas laterais. Não se via muito do fundo da loja, para isso seria necessário entrar. A música ressoava e eles ainda não identificaram de onde vinha, apesar de confirmarem que não era de nenhuma boneca. No vidro, perceberam depois, continha o nome da loja pintado em letras cursivas douradas, um pouco gastas. Eles não entendiam romeno, por isso o que estava em letras maiores não foi possível identificar. Embaixo, porém, estava em inglês, escrito em letras maiúsculas e simples: ~ Still Doll ~.
  - Assustador. - resmungou, apertando-se a . Ele sorriu para ela.
  - Ora . São só bonecas. Qual o problema com bonecas? - olhou novamente para a vitrine, mas antes que respondesse, a música parou subitamente e a porta ao lado esquerdo deles abriu-se, fazendo um sininho tilintar. soltou um pequeno gritinho, escondendo-se atrás do marido, que recuou um pouco, surpreendido.
  - Visitantes. - uma voz arrastada, mas suave, em inglês britânico soou, e atreveu-se a olhar além das costas de . Seus olhos alcançaram uma boneca em tamanho real, e ela arregalou os olhos reprimindo outro grito. Percebeu porém que era uma pessoa humana, uma pessoa real que estava à sua frente. Era quase impossível identificar diferenças.
  A garota que abriu a porta devia ter cerca de 1,55m de altura. Usava um vestido verde que expandia-se na saia, com as pontas em babados. Ela parecia uma empregada. Usava seu cabelo preso em duas mechas, uma em cada lado da cabeça, e os fios aloirados caíam em cachos pesados e grandes até seus ombros. Seu olhar parecia vazio, e seu rosto redondo era um pouco mais suave que os das bonecas, mas ainda assim, como estava maquiada, lembrava muito uma delas. Usava luvas brancas que seguiam até em cima de seu cotovelo, e meias igualmente brancas até acima do joelho. Os sapatos boneca pretos que usava eram incrivelmente lustrosos e pretos. O que mais a diferenciava de uma boneca, no caso, era que ela piscava frequentemente, com seus cílios longos e enegrecidos pelo rímel, e seus olhos moviam-se com uma curiosidade reprimida de para , e de volta para .
  - Ah, olá. - finalmente disse, recobrado do susto causado pela súbita aparição da garota.
  - Era você que estava cantando? - perguntou, ainda escondendo-se atrás do marido. A garota inclinou levemente o corpo para o lado, de forma que pudesse ver melhor, os cachos pesadamente caindo para o lado também, acompanhando a gravidade.
  - Sim. - respondeu, com sua voz suave e mecânica, num inglês perfeito. olhou para , que também o olhou, e saiu de trás dele, parando ao seu lado. A garota voltou a se endireitar, e seus olhos vazios olhavam de um para o outro novamente.
  - Você entende e fala bem o inglês, não é? - comentou, sendo simpático. Apontou para a vitrine. - São bonecas muito bonitas.
  - Sim. Obrigada. Bunică quem as faz. - a garota respondeu. - Também temos chá. Querem tomar chá? - apontou para dentro da loja.
  - Ah, na verdade... - pareceu insegura, segurando a mão de e apertando de leve, indicando que queria ir embora o mais rápido possível. O marido provavelmente não entendeu, porque sorriu para a esposa e depois para a garota.
  - Claro, adoraríamos!
  - Sigam-me, por favor. - a garota voltou para dentro do estabelecimento e o casal se entreolhou, fuzilando com o olhar.
  - O que foi querida? - ele arqueou as sobrancelhas, começando a andar e a puxando para dentro. - Não é possível que esteja com medo de umas bonecas fofinhas e uma garota que parece uma boneca fofinha, não é?
  - Não gosto disso. Não gosto nada disso. - ela resmungou pra ele, enquanto passavam por um curto corredor até a loja em si.
  Não era muito grande. Havia um balcão ao canto esquerdo ao que eles entraram, onde várias roupas e perucas para bonecas estavam expostos, junto a uma caixa registradora extremamente antiga e enferrujada. Atrás do balcão, tinha uma porta fechada. Um relógio que se encontrava pendurado na parede, bem em frente a eles, também parecendo antigo, tinha seu pêndulo marcando os segundos, e os ponteiros ornamentados apontavam para o 3 e o 9, que estavam em números romanos. Eram quase três horas da tarde, e não havia sinal de luz ou do sol se olhassem pela janela. Do lado direito de onde entraram tinha um vidro fosco, que devia ser o que dava para a vitrine. No centro da loja tinha uma mesa quadrada, coberta por feltro cor de vinho, e cadeiras com espaldar reto e almofadadas no assento. Nas paredes, estantes eram repletas dos mais diversos tipos de bonecas, que cercavam o lugar
  - Sentem-se. Trarei o chá. Fiquem à vontade. - a garota ordenou, apontando para a mesa. Deu às costas a eles sem nem olhá-los e seguiu até o fim do balcão, entrando pela porta.
  - Lugar agradável até. Quem diria que encontraríamos algo assim passeando pela cidade, hein ? - parecia animado, puxando a cadeira para que ela se sentasse. andava quase endurecida, observando todas aquelas bonecas com seus olhares vazios. Sentou-se na cadeira e viu fazer a mesma coisa, à sua frente. - Por que está tão preocupada?
  - Por que você está tão despreocupado? - ela rebateu de volta, querendo descontar a aflição que estava sentindo desde que escutaram aquela melodia estranha - que agora recomeçara, atrás da porta - e que crescera mais e mais devido às ações do marido. - Nós nem sabemos o nome dela.
  - Isso é verdade. E o que é "bunică"? - ele pareceu confuso. rolou os olhos.
  - Significa "avó", na língua local. Ela deve ter algum parentesco inglês para falar tão bem assim, mas ainda mantém características linguísticas do local que vive atualmente. - explicou, passando a mão nervosamente pelo cabelo, ainda olhando ao redor da sala.
  - , relaxe. - falou, segurando suas mãos por cima da mesa, tentando acalmar a esposa. - São só bonecas. Você não teve bonecas quando era pequena?
  - Dessas, não. Deus me livre. - murmurou. - Tive aquelas de pano. Aquelas que tinham algo dentro de si.
  - O que quer dizer com isso? - arqueou as sobrancelhas, inconscientemente balançando os dedos ao som da melodia cantada pela garota, do outro lado da porta atrás do balcão.
  - Você nunca ouviu aquelas histórias à respeito de bonecas possuídas? - a mulher arqueou as sobrancelhas. negou com a cabeça. - Como elas são de porcelana, são ocas dentro. Dessa forma, é fácil para um espírito maligno ou vingativo apropriar-se do corpo delas. É por isso que são tão assustadoras. Eu não sei quem em sã consciência compraria um treco desses e manteria em sua casa. - contou, sentindo a pele arrepiar em pensar em tal tipo de coisa estando naquele ambiente. pareceu entender um pouco de seu medo do local, e olhou apreensivo ao redor.
  Antes que qualquer um deles pudesse falar outra coisa, a garota abriu a porta de trás do balcão e entrou carregando duas xícaras de chá fumegantes, e alguns biscoitos. Ela aproximou-se da mesa - depois de fechar cuidadosamente a porta atrás de si - e depositou tudo calmamente em frente a eles.
  - Obrigado. - agradeceu. - Desculpe, não sabemos seu nome.
  - É Sally. - ela respondeu, segurando a bandeja com as duas mãos. - Aproveitem o chá. - começou a se afastar, mas quase a puxou de volta, se não estivesse com medo de tocá-la.
  - Desculpe, ahn, Sally? - chamou-a e a garota se virou, olhando-a. novamente sentiu o arrepio percorrer suas costas. - Desculpe, teria algum banheiro que eu possa usar?
  - Sim. Siga-me. - respondeu, virando-se para o corredor. pediu licença para , que já tomava o primeiro gole de chá e concordou com a cabeça. Seguiu Sally pelo corredor escuro até uma porta à direita no fim do mesmo. Sally abriu a porta e acendeu a luz. agradeceu e entrou, fechando a porta atrás de si. No corredor, ouviu Sally afastar-se, cantarolando a melodia de mais cedo.
  Olhou o cubículo que se encontrava. Não era grande, tendo apenas um vaso sanitário e uma pia. Era todo branco, com um tapete vermelho. Olhando para cima, percebeu uma pequena prateleira colocada na intersecção das paredes, e sobre ela havia uma boneca. "Até no banheiro..." pensou, arrepiada. Não podia deixar de lado a sensação que sentia que estava sendo observada por todas essas bonecas. Essa da estante tinha cabelos castanhos, com um penteado parecido com o de Sally, com lacinhos vermelhos prendendo as mechas. O vestido era vermelho e preto, a pele pálida sendo destacada pelos cílios negros contornando as íris cor de cobre. Ela não tinha uma expressão muito diferente das outras, porém para pareceu particularmente infeliz e assustadora. Ficando nas pontas dos pés, esticou-se e virou o rosto da boneca para baixo, para que aqueles olhos vazios parassem de a encarar.
  Decidiu parar de se preocupar com tudo aquilo, simplesmente tomar o chá e ir embora para a pousada. Passaria o resto da lua de mel fazendo coisas interessantes com seu marido. Fora um erro achar que podia aproveitar a viagem num lugar daqueles, mas agora que estavam ali podiam inventar coisas para fazer.
  Enquanto lavava as mãos, ouviu Sally cantar a melodia novamente. Lalala la la, lalala la la, la-ra, la-ra, la-ra... Achou a música estranhamente alta, e quando esticou as mãos para pegar o pano para secá-la, percebeu que o som vinha de dentro do banheiro. Estava alto demais para vir através da porta. Com um tremor, virou-se para a boneca.
  O pano caiu de suas mãos.
  E um grito saiu de sua garganta.
  A boneca agora estava sentada novamente, como estava quando entrara no banheiro, apesar da mulher ter virado-a para baixo. E embora a boca de porcelana não se movesse, a pequena cabeça balançava lentamente de um lado para o outro, num mínimo movimento, enquanto a melodia ecoava pelo banheiro.
   Heamsworth destrancou a porta com pressa e, sem nem ao menos apagar a luz, correu do banheiro para o corredor escuro. No meio do caminho, esbarrou num corpo e deu outro grito, até duas mãos fortes apertarem seus ombros.
  - ! O que houve? - a olhava preocupado, entretanto ela não conseguia enxergar o rosto do marido por causa da escuridão no corredor. Jogou os braços ao redor do corpo dele e apertou-se contra seu calor conhecido, ao mesmo tempo que ele a enlaçava e tentava acalmá-la. - Eu a ouvi gritar. O que houve?
   não respondeu, se falasse iria se lembrar de tudo e aquilo apenas a iria assustar mais.
  - Vamos embora. Por favor. - murmurou contra o peito largo de seu marido.
  - Algo de errado? - Sally surgiu na porta da sala que levava à loja, a luz iluminando apenas suas costas, deixando sombras cobrirem seu rosto delicado. evitou olhar para ela, controlando o choro.
  - Acho que vamos embora, Sally. Quanto lhe devo pelo chá e os biscoitos? - assumiu a situação, virando-se para a atendente boneca. Com um braço segurava a esposa contra si, e com o outro retirava a carteira do bolso.
  - É por conta da casa. - Sally respondeu, em sua voz monótona e suave. - Voltem sempre. - disse, abrindo a porta para eles.
  - Obrigado. Até mais. - puxou para fora e a porta fechou-se com um tilintar atrás deles.
  Incrivelmente, o dia estava ainda mais escuro que antes. Agora já eram quatro, e o vento havia dado uma pequena trégua, tornando-se uma brisa um pouco cruel. O casal andava pelas ruas, tentando voltar ao centro para assim voltar à pousada. Os dois estavam inicialmente em silêncio, mas assim que chegaram à praça perguntou o que havia acontecido e se viu contando uma história de terror pela primeira vez - e o pior de tudo, é que ela estava envolvida. Sentaram-se lado a lado na fonte, bem próximos, e pensaram sobre o que tinha acabado de acontecer. Tinham passado bastante tempo dentro da loja, embora não parecesse, e tanto lembrar-se de lá como estar fora da loja deixava suas mentes um pouco enevoadas.
  - Falando nisso, enquanto você estava fora, perguntei à Sally a respeito da avó dela. Saber se podia encontrar a velha e tudo o mais. Ela não pareceu saber me responder sobre nada disso, disse apenas que quem fazia as bonecas era a bunică dela. - comentou, colocando um dedo na água e depois fazendo uma careta de nojo. Limpou-o na calça e olhou para a esposa, que estava pálida e um pouco trêmula por conta do incidente. Abraçou-a de lado e beijou o topo da cabeça dela. - Vamos voltar à pousada, talvez se você tomar um chá e dormir um pouco isso tudo passe. - sugeriu, e concordou com a cabeça.
  Levantaram-se e seguiram pela rua que tinham vindo. Devido ao caminhar lento, às dificuldades da calçada irregular e ao trajeto levemente íngreme, já eram quatro e meia quando chegaram à pousada. O velho que ficava na recepção não se movera um centímetro sequer, e ponderaram se deviam checar sua respiração caso ele tivesse morrido. Apenas seguiram direto para o quarto, retirando os casacos e deixando-os em cima de um banco que havia ali. Os quartos tinham aquecedores, e alguns segundos de permanência lá já os aquecera. sentou-se na cama, enquanto esperava ir até a copa e pedir um chá quente para os dois, já que o telefone do serviço de quarto não funcionava.
  - Achei que aquele velho estava morto. - disse, entrando no quarto. , que enrolara-se em alguns cobertores, levantou o olhar até ele. - Ele vai trazer o chá para o quarto assim que ficar pronto. Você está bem? - perguntou, sentando-se ao lado dela e acariciando suas costas.
  - Acho que sim. - ela respondeu, fungando. - Foi uma experiência traumatizante. Nunca mais quero ver bonecas na minha vida.
  - E se tivermos uma filha um dia? Vamos dar o que para ela?
  - Computadores e iPads. - respondeu prontamente, afundando o rosto no travesseiro, enquanto gargalhava.
  Conversaram algumas coisas banais para se distraírem um pouco, e alguns minutos depois o velho batia na porta, entregando os chás. O casal sentou-se um de frente para o outro, com as pernas cruzadas, na cama. Os cobertores os enrolavam e eles tomaram o líquido quente calmamente. O de era de camomila, o melhor para acalmar os nervos - justamente o que ela precisava. Não conversaram muito, refletindo silenciosamente à respeito de tudo que passaram naquela tarde escura.
  Depois que terminaram o chá, prontificou-se a levar as xícaras para a copa. concordou com a cabeça e pensou em tomar um banho. Lavar aquela sensação desagradável do corpo. Na pousada não tinha bonecas em banheiros, então ela estava salva. Não haveria nenhum problema. Separou a toalha e o pijama, e entrou no banheiro ao mesmo tempo que voltava da cozinha. olhou ao seu redor, apenas como garantia, e não havia rastro da boneca morena de vestido vermelho e preto em nenhum ponto do banheiro, como esperado. Sorriu sozinha, já se sentindo bem mais calma. Estava segura. Tirou as roupas e deixou-as no chão do cômodo, entrando na ducha. Ligou-a e a água quente a atingiu, fazendo todo seu corpo relaxar de vez.
  O banho não demorou muito, mas o vapor d'água dominara o lugar e as paredes estavam úmidas. Enrolando-se na toalha, parou na frente do espelho, desembaçando-o. Com um arrepio, percebeu que a melodia que Sally cantava voltou à sua mente. Fechando os olhos com força para afastar essa memória, tentou pensar em qualquer outra música, e acabou lembrando-se de uma que sua mãe costumava cantar quando ainda era criança. Isso acalmou a sua mente e ela voltou a abrir os olhos.
  E refletida atrás dela havia uma boneca de cabelos castanhos, com lacinhos vermelhos prendendo as duas mechas em que o cabelo se dividia. O vestido vermelho e preto estava um pouco amassado, e a boneca mantinha a expressão vazia de quando a vira na loja. No banheiro.
  A não conteve o grito, e virou-se para trás, mas não havia nada atrás dela. A porta abriu-se e então a encarava preocupado.
  - O que foi?! - perguntou, e ela respirou fundo, voltando a olhar o espelho. Não tinha nada atrás dela agora, além de seu marido. fechou os olhos e suspirou.
  - Não é nada. Acho que preciso dormir, só isso. - sussurrou, passando reto por ele, levando seu pijama nas mãos para se trocar fora do banheiro.

  Depois de muito rolar na cama, o casal conseguiu dormir. Era cedo quando foram para a cama, por isso não estranhou acordar no meio da noite. ressonava tranquilamente ao seu lado, e ela virou-se para encarar o teto. Por algum motivo, lhe veio à mente o dia que contara para seu pai que estava tendo insônia. Ela acordava várias vezes de noite na adolescência, logo depois de terem mudado de casa. Ela estava preocupada, mas o pai a acalmou dizendo que era só porque ela não estava costumada com os barulhos perto da casa. Quando ouvia um barulho que não estava acostumada, seu corpo interrompia o sono para que ela ficasse alerta, foi o que ele disse. imaginou se era isso que estava acontecendo agora. Dispensou a ideia, já que a cidade era calma demais para ter barulhos estranhos à noite. Estava tudo silencioso. Ela sorriu, um pouco tranquila. E então, como se fosse sussurrado em seu ouvido, baixinho, vindo de algum lugar do quarto, ela começou a ouvir.
  Lalala la la, lalala la la, la-ra, la-ra, la-ra... Lalala la la, lalala la la, la-ra, la-ra, la-ra...
   sentou-se, completamente desperta, e ouviu seu coração disparar. Estava escuro, ela não conseguia ver nada, mas sua mão tremia em seu colo, incapaz de mover-se até o abajur. sentia que se acendesse a luz, a boneca vermelha estaria ali de novo. Bem na sua frente.
  Tudo que conseguiu fazer foi esticar a mão até onde sabia que era o ombro de e balançá-lo nervosamente até perceber que ele acordara.
  - , o que foi? - a voz sonolenta dele a atingiu, e sufocou um pouco o barulho da voz que cantarolava a melodia.
  - , shhhh. Escuta, só escuta. - a voz dela tremia enquanto ela deitava ao lado dele e apertava-se contra o peito largo e quente do marido. Ele ficou em silêncio, e por um tempo a respiração dos dois conseguiu abafar a música, mas então ela se tornou mais forte. percebeu ficar incomodado e um pouco assustado.
  - Vou acender a luz. - ele avisou, sentando-se. fechou os olhos e escondeu o rosto no travesseiro, sentindo a pele arrepiar ao continuar ouvindo lalala la la, lalala la la, la-ra, la-ra, la-ra... soar incessantemente. A escuridão que enxergava através de suas pálpebras fechadas iluminou-se um pouco quando acendeu o abajur. aguardou. - Ela não está aqui, . - ele sussurrou, parecendo um pouco assustado. A esposa finalmente conseguiu levantar a cara e olhar ao redor.
  - Mas... a música... você também está ouvindo não é? - ela balbuciou, olhando por todo o quarto enquanto sentava-se na cama. Ela não podia estar enlouquecendo até aquele ponto, devia estar ouvindo também. Pela expressão dele, ela soube antes que ele respondesse.
  - Sim. - ele acariciou a cabeça dela. Depois, franziu as sobrancelhas. - Será que...? - ponderou, saindo da cama e então agachando-se no chão.
  - Embaixo da cama? - sussurrou, arregalando os olhos ao imaginar aquela boneca oca embaixo de sua cama, cantando a melodia e balançando a cabeça como fizera no banheiro.
  - Ah, Deus... - ouve a voz de , enquanto ele se enfiava embaixo do móvel para pegar algo. Ela sente a garganta fechar e quando ele saiu, segurando algo que era vermelho e preto, não conseguiu reprimir um gemido de medo. - Como ela veio parar aqui?!
  - É assombrado! Eu falei pra você! É assombrado, está nos perseguindo, ! - começou a chorar. Escondeu o rosto nas mãos e tentou segurar os soluços.
  - Vamos resolver isso. - ele decidiu, indo até a lareira do quarto. olhou para ele por entre os dedos, percebendo o que ele fazia.
   largara a boneca no chão, de cabeça para baixo. O som estava um pouco mais baixo, mas ainda era audível. Depois de arrumar as madeiras e fazer algumas tentativas com o fósforo, ele acendera o fogo que crepitava e aquecia o quarto, iluminando-o melhor. lançou um olhar para , ainda sentada na cama, o rosto molhado de lágrimas, com a luz bruxuleante atingindo sua expressão assustada. Sem hesitar, pegou a boneca pela barra do vestido e jogou-a no fogo.
  Levantou-se e voltou para a cama, sentando ao lado da esposa e abraçando-a de lado, aninhando-a no peito. Surpreendentemente, ainda podiam ouvir a música, que parecia tornar-se cada vez mais alta. tapou os ouvidos, sem desviar os olhos da lareira. O fogo pegara rápido no vestido, e a face delicada da boneca estava escurecendo conforme a porcelana pintada era queimada, acabando por causar um efeito de sorriso medonho em seus lábios decorados. A boneca não tinha expressão, nem mesmo quando estava derretendo-se ou sendo destruída, mas a melodia que ecoava dela tornava-se mais e mais forte, chegando a ecoar nos ouvidos e na mente de mesmo com seus esforços para evitar a propagação do som.
  Ficaram observando até que apenas trapos torrados e pequenas peças de argila tivessem sobrado. Não era possível identificar mais aquilo como uma boneca. A música parou subitamente, e tudo ficou quieto, podendo-se escutar o vento do lado de fora da janela e o crepitar baixo das chamas que começavam a se extinguir.
  - Acho que podemos tentar dormir agora. - sussurrou, ainda acariciando as costas e cabelos da esposa. - Não vai acontecer mais nada, .
  - Vamos embora amanhã. Por favor. - sua voz enmbargada soou baixa, falhando no começo.
  - Vamos. Vamos sim. - ele não tinha como não concordar, ao sentir sua esposa ainda tremendo em seus braços, sem desviar os olhos do local onde a boneca fora queimada. - Vamos dormir então. - completou, deitando-se e puxando-a para seus braços. Apagou a luz e a acolheu, logo fechando os olhos.
   percebeu que adormecera rápido, mas sempre que tentava acompanhá-lo, a música voltava a invadir sua cabeça e ela sentia-se inquieta e assustada, com medo que a boneca fosse voltar e atacá-la e seu marido, enquanto dormiam. Por que a boneca os perseguia? O que haviam feito de errado?! Eles eram apenas turistas que visitaram a loja, por que aquilo estava acontecendo com eles?
  Quando se deu conta, já amanhecia e ela não havia dormido nada. Seu corpo sentia-se cansado, assim como sua mente, mas não fora capaz de dormir por nada. Levantou-se e foi até o banheiro, dando uma olhada rápida em seu reflexo pálido e assustado no espelho. Seu rosto estava um pouco inchado por ter chorado, e também pelo sono, e pensou em resolver aquilo tomando um banho. Por garantia, deixou a porta aberta, e não demorou mais que dez minutos embaixo d'água. Saiu, trocou-se e ao voltar para o quarto deparou-se com seu marido de cócoras próximo à lareira, remexendo as cinzas.
  - Não sobrou nada, . Pode ficar tranquila. - ele sorriu para ela, levantando-se e beijando-a rapidamente nos lábios.
  - Ainda quero ir embora. - ela respondeu, completando com um bocejo. - Você quer tomar um banho? Vou arrumando as malas.
  - Tudo bem. - concordou, separando a roupa que usaria.
  Enquanto o marido tomava um banho rápido, arrumou tudo que trouxeram na mala, sem olhar para as cinzas. Estava tudo quieto, apesar do barulho do chuveiro a gás. Ele terminou o banho e voltou para o quarto depois de trocado, guardando o que faltava na bolsa. Desceram juntos e o velho da recepção estava em seu lugar de sempre.
   foi até lá, resolver a saída dos dois, enquanto sentava-se num sofá da recepção, ao lado da mala. Não demorou e ela até surpreendeu-se ao ver o velho reagir. Ela sempre o achara esquisito. Desde que chegara naquela cidade, achara tudo e todos esquisitos. A Romênia não era, definitivamente, como a Romênia que estava acostumada a pensar e gostar, principalmente a cidade pequena de Nucet com suas lojas de bonecas assombradas.
  - Tudo pronto, querida. - anunciou. Ela levantou-se e acenou fraco para o velho. Pegaram o carro que tinham alugado na cidade vizinha, onde havia uma estação de trem e era por onde eles haviam vindo ( adorava viagens de trem, por isso cruzaram toda a Europa no transporte, como parte da lua-de-mel), guardaram a mala no banco de trás e partiram logo, sem nem ao menos tomarem café da manhã.
  - É uma pena que não foi tão bom quanto esperávamos. Desculpe, . - falou, pesaroso. Ela o olhou.
  - Você não fez nada de errado, . - ela sorriu, calma. Estava indo embora, tudo ia ficar bem. Ele fez uma careta com a boca, prestando atenção na estrada e no GPS, para que conseguisse sair dali sem rodar muito a cidade.
  - Eu que insisti para entrarmos na loja de bonecas. - resmungou, vagando com o carro pelas ruas vazias e cinzentas.
  - Deixe isso para lá. Não sabíamos o que ia acontecer. - ela tentou não pensar em tudo aquilo.
  Nucet estava extremamente cinzenta no dia da partida deles, com nuvens pesadas cobrindo o céu matinal. As ruas estavam praticamente vazias, porém vez ou outra viam alguém andando ou limpando a frente da casa. Olhavam o carro com uma curiosidade sombria, e sentia-se arrepiar cada vez que encarava um pouco mais os moradores romenos.
  Quando estavam próximos ao portão de saída da cidade, que os levaria à estrada para a cidade vizinha, diminuíu a velocidade para passar num buraco. Nesse momento, puderam ouvir ao longe a melodia conhecida. Com uma reviravolta desconfortável no estômago, trocou um olhar assustado com o marido, que franzia as sobrancelhas. A esposa olhou para fora da janela, avistando uma boneca em tamanho real caminhando calmamente, com cachos loiros e pesados emoldurando o rosto, presos em duas mechas laterais. O vestido meio bufante era rosa e tinha vários laços brancos, e a meia três quartos que a boneca animada usava era branca. A boneca parecia carregar alguma coisa na mão, que estava solta ao lado do corpo.
  - Sally? - murmurou, e passou a mão nos braços.
  - Vamos, . - apressou-o e ele obedeceu.
  Lançaram um último olhar, e Sally os encarava com olhos vazios e sem expressão. Estava mais próxima agora, e pôde observar que o objeto que Sally segurava em sua mão, que pendia ao lado do corpo, era uma boneca de cabelos castanhos, com um penteado parecido com o de Sally, com lacinhos vermelhos prendendo as mechas. O vestido era vermelho e preto, a pele pálida sendo destacada pelos cílios negros contornando as íris cor de cobre. A expressão da pequena boneca parecia infeliz e assustadora, e a última coisa que viu - ou teve a impressão de ver - enquanto o carro atravessava o portal da cidade, era o rostinho pequeno franzindo-se em um sorriso medonho, parecido com aquele que surgira quando ela era queimada pelo casal na noite anterior.



Comentários da autora


n/a: Bu! Oi gente que se arriscou a ler uma fanfic de terror minha!
Terror realmente não é meu gênero forte, eu mesma não curto muito os filmes (passar medo? Quem faz isso de propósito? G_G) e meu maior medo são sapos (oi? Fobia inútil!) o que não gera uma fanfic muito interessante. Porém depois de assistir um episódio (ok, dois, porque é episódio duplo) de Kuroshitsuji, que envolvia bonecas e uma musiquinha assustadora (pelo menos, ficou assustadora depois desse anime), acabei me inspirando pra fic e escrevi quase tudo num dia. Não sei porque demorei tanto pra terminar.
De qualquer jeito, curti a capa que fiz, curti o cenário que criei (pra mim, as melhores histórias de terror são aquelas que te deixam paranoico e o tempo todo com medo de algo que pode acontecer, e não necessariamente acontece. Tipo ser atacada por uma boneca de porcelana maníaca) e espero que vocês tenham gostado também, além de terem gostado da história, claro. É o mais importante, no fundo hahaha deixem comentários pra animar (ou destruir, quem sabe, se eu simplesmente não sirvo pro gênero joguem na cara - sutilmente, por favor - mesmo)
Lelen, acabou ficando dedicada pra você porque você que é a mestra nesse gênero! haha Espero que tenha gostado e desculpe a demora! :P Acho que as personagens não condizem muito com você ou algum favorito seu, mas espero que tenha dado para ler! (estou curiosa para saber se você leu com o Akashi! haha)
Só isso (falei demais, er). Desculpem a n/a quase maior que a fic inteira. Obrigada a quem leu {tudo}, e até a próxima :3
xx Anne

Curiosidades: (Não me matem por aumentar a n/a, acho legal colocar isso)
• A música que toca nos episódios de Kuroshitsuji é London Bridge is falling down, falling down, falling down...", só que elaborada para combinar com a trama dos episódios. Super recomendo o anime pra quem gosta dessas coisas! E agora a música acabou me dando medo G_G
• O nome da fic não tem muito sentido nem relação com a fanfic, eu sei, não atirem pedras, é que enquanto eu escrevia, ficou na minha cabeça a música de encerramento de uma das temporadas de Vampire Knight (acho que dá 1ª), sim, outro anime, e a música se chama Still Doll. E eu acho o comecinho meio aterrorizante.
• A melodia que toca, para quem não percebeu lendo no Youtube, é a abertura da série The Secret Circle, e honestamente, com aqueles corvos e tudo o mais, sempre me deu um pouco de medo também.
• Última, juro: sim eu tenho pavor irracional de sapos, e sou meio medrosa como vocês podem ver pelas últimas curiosidades, e realmente não sei como fazer uma n/a pequena *foge*