Stay... Forever?

Escrito por Leticia | Revisado por Andressa

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  P.O.V Louis
  Harry sorriu e me entregou uma semente, encarei aquilo curioso, não era o que pessoas normais costumavam dar em um primeiro encontro. Não, espere! Aquilo nem era um primeiro encontro normal. Nós dois estávamos no meio de uma boate barulhenta e que cheirava a todo tipo de droga. Eu nem o conheço direito, o que eu sei sobre Harry? Que ele veio de Holmes Chapel tem 22 anos e… Uh, apenas isso. Nos conhecemos na fila do caixa do supermercado e ele conseguiu me trazer até aqui. Que bela história.
  - Uma semente? – franzi o cenho.
  Ele afirmou sorrindo.
  - Se sua intenção era trazer flores eu acho.
  - Não, Loueh! – ele sorriu doce – você vai plantar essa semente, ela vai crescer e sempre que você vê-la vai lembrar-se de mim – seu sorriso ficou maior – se ainda estivermos saindo ou não, isso é pra lembrar – ele piscou.
  - Você é maluco – ri guardando a semente no bolso.
  - Costumavam me chamar assim – ele tirou um cigarro do bolso e sentou-se no banco do bar.
  - Costumavam? Quem?
  - Meus pais – ele respondeu soltado a fumaça daquilo.
  Abaixei a cabeça e balancei negativamente e ele me olhou confuso.
  - Não pode fumar em lugar fechado, Harry.
  - Olhe, que princesinha – ele riu.
  - É sério – rolei os olhos.
  - Você quer? – ele me ofereceu.
  - Não.
  - Do que tem medo? – ele parecia desafiador.
  - Hm… Câncer? – disse como se fosse óbvio.
  Ele riu.
  - Você devia ter medo também.
  - Eu não tenho medo da vida, Lou – ele sorriu, como um maluco chapado - eu não tenho medo da morte.
  Encarei o chão e sorri.
  - Você não é como a maioria das pessoas.
  - Por isso você aceitou sair comigo – seu sorriso alargou.
  - Eu aceitei pra ver se você calava a boca e deixava as pessoas passarem suas coisas no caixa – ele riu fofamente.

  Flashback On
  - Não aceito não como resposta – o cacheado sorriu sapeca.
  - Andem logo com isso! – diziam pessoas na fila.
  O garoto a minha frente estava me deixando com vergonha, todos nos olhavam enquanto ele insistia em sair comigo. Eu não iria sair com ele, eu não saio com estranhos, apesar do dono dos cachos ser lindo, eu não vou!
  - Pelo amor de deus, aceita logo! – resmungou um senhor.
  - Todos nos querem juntos – o cacheado brincou – vamos, Loueh.
  - Eu não saio com estranhos – encarei seus olhos verdes.
  - Não faço nada que você não queira – ele sussurrou.
  As pessoas atrás de nós continuavam reclamando e o cacheado a minha frente sorria feliz com aquilo, ele sabia manipular as pessoas.
  - Está bem – me dei por vencido.
  Ele sorriu, pediu meu celular e saiu fazendo as pessoas na fila soltar vários “finalmente”. Ei, espere há algo errado, certo, há algo errado desde o momento em que ele insistiu com isso sem nem me conhecer, mas quero dizer, vamos sair e nem ao menos sei seu nome.
  - Hey – gritei – qual seu nome?
  Ele sorriu, não apenas sorriu, mas sorriu de um jeito como se escutar aquilo fosse o maior prêmio que ele já tenha ganhado na vida.
  - Harry – ele respondeu com certo orgulho – Harry Styles.
  Flashback Off

  Harry me encarou com um semblante angelical.
  - Estamos aqui a meia hora e eu ainda não sei nada sobre você – sussurrei.
  - Não precisa – ele respondeu calmo.
  O encarei surpreso.
  - Você me faz ser xingado no caixa de um supermercado, e misteriosamente está interessado em mim, me traz aqui e não fala exatamente nada saber sua vida, se você for um maluco querendo abusar de.
  - Lou, se eu quisesse abusar de você te levaria a um beco escuro e não uma boate cheia de gente.
  Ele piscou pra mim.
  - Vamos apenas se divirta – Harry levantou-se se pondo de pé na minha frente.
  Baixei a cabeça e sorri. O que eu tinha a perder?

• • •

  Deviam ser dez da manhã quando acordei em um lugar completamente diferente do que eu pensava que estaria. Era um enorme quarto inteiramente branco. E eu teria ficado com medo se não tivesse visto Styles ao meu lado, ele dormia com a cara enfiada no travesseiro quase babando e aquilo chegava a ser fofo. Quando tentei sair da cama fui surpreendido por uma mão segurando a minha, me virei na mesma hora e o encarei. Ele tinha os olhos pequeninhos, um sorriso pequeno e uma carinha de: acabei de acordar, traz café na cama pra mim?
  - Bom dia Lou – ele disse, sua voz soou tão rouca e preguiçosa.
  - Bom – sorri.
  A verdade é que eu não sabia como tinha ido parar ali, mas eu tinha uma ideia do que acontecera noite passada.
  - Já vai? – ele perguntou enquanto me via vestir a calça.
  - Acho que é hora.
  - Fica – ele pediu me fitando curioso.
  - Não faz essa cara de cachorro – rolei os olhos voltando a deitar na cama.
  - Sempre funciona – ele riu me dando um selinho de surpresa.
  Então ficamos em silêncio. Seus olhos me fitavam atentamente, nossos sorrisos eram largos e nem sabíamos o porquê de tanta felicidade. Eu podia jurar que via em seus olhos algo a mais.
  - Fica pra sempre? – ele pediu em um sussurro.
  Assenti beijando seus lábios.
  Loucura? Talvez. Mas a verdade é que eu ficaria pra sempre com aquele cara que eu conheci num caixa de supermercado e dele só sei o nome e a idade.

• • •

  Já fazia um mês que Harry e eu estávamos namorando, sim, namorando, por mais engraçado e estranho que pareça começamos a namorar no dia que ele pediu para que eu ficasse.
  É, foi um tipo de metáfora que eu só entendi depois de alguns dias, mas não me arrependi que aceitar. A cada dia que passava eu conhecia mais sobre Harry e ele sobre mim, eu ainda tinha que aguentar minha mãe falando que eu devia ter cuidado. Mas Harry não parecia oferecer perigo.
  Eu achava isso até semana passada quando encontrei um tipo de pó em suas coisas, eu não sabia o que diabos era aquilo e nem queria descobrir e se eu perguntasse Harry acharia que eu estaria invadindo sua privacidade, mas não foi preciso perguntar pois no dia seguinte ele chegou com um saquinho cheio daquele pó branquinho e me ofereceu.
  - O que é isso Harry? – questionou.
  - É legal, prova – ele sorriu me entregando o pacotinho.
  - Não Harry, me diz que isso não é...
  Eu estava ficando com medo.
  - Qual é, Lou – ele rolou os olhos.
  Eu realmente não sabia nada sobre Harry.
  - Isso é cocaína, Harry! – arregalei os olhos.
  - Não me diga – ele fez cara de deboche – não quer provar? – ele disse pegando parte do pó e colocando na boca – tem certeza?
  - Você não me disse que era um viciado!
  Essa foi nossa primeira briga. Uma semana depois voltamos, Harry continuava usando drogas e isso me incomodava, pois às vezes ele fumava e o cheiro daquilo ficava em suas roupas, eu simplesmente ficava enjoado ao sentir o cheiro daquilo. Mas ele me assegurou que apenas usava, e talvez isso me deixasse mais confortável.
  Mas não foi assim que aconteceu, com o passar do tempo Harry mudava, eu o conhecia cada vez mais e agora o meu Harry revelava partes de si que eu não conhecia.
  Nossa segunda briga.
  Eu estava saindo da lanchonete onde trabalhava, tinha acabado de ligar pro Harry e ele disse que estaria em casa em alguns minutos, precisava resolver assuntos. Ok. No momento em que desliguei o celular e caminhei para o estacionamento em busca da minha moto vi um rosto conhecido, perto dali, em um beco, Harry e outro cara, um garoto que devia ter no máximo 16 anos. Eles conversavam e Styles parecia furioso. Então ele parou, encarou ao redor e tirou do bolso um pacotinho que eu não identifiquei. O garoto passou algum dinheiro e Harry pegou, primeiro deixou o garoto sair dali e depois saiu.
  Eu encarava de longe com os olhos marejados. Ele me assegurara sobre aquilo!
  Então eu descobri que Harry também mentia, e demais.
  Eu sai dali como se nada tivesse acontecido, ao chegar em sua casa entrei com calma e ele não estava, andei até seu quarto. Encarei sua cama bagunçada e algumas roupas em cima. Em um ato impensado sai revirando gavetas, eu precisava de algo, de algo que me certificasse do que eu vi naquele beco, eu não queria acreditar que meu Harry era um criminoso.
  Mas quando meus olhos bateram ali eu não contive minhas lágrimas, em uma gaveta cheia de meias estava escondido um revolver. Era algo inimaginável.
  - Louis – sua voz soou pelo quarto. Era grave e pesada, sem humor algum.
  No instante em que me virei pude ver seus olhos que agora eram escuros, o verde que os deixava vivo sumira e agora era uma imensidão escura e quase sem vida. Eu peguei aquele revolver nas mãos.
  - Não devia mexer ai – ele disse frio.
  - E você não devia ter mentindo – disse com a voz tremula.
  - Você não precisava saber.
  - Harry – senti minha voz embargar – por que mentiu?
  - Escute Louis, eu não quero que você se meta nisso, entendeu?
  - Então você vende drogas e se as pessoas não pagam você mata elas? – perguntei com a voz embargada.
  - Já disse Louis, não se meta!
  - Eu sou a porra do seu namorado! – gritei – você pretende me fazer de idiota até quando, Styles?
  Harry se aproximou, meus dedos ficaram gelados, um medo estranho se aproximou de mim, ele poderia me matar, me bater, mas ele tirou o revolver de mim e me abraçou. Sim, abraçou com amor, e dessa vez ele cheirava ao perfume que lhe dei de presente, seus braços me envolviam com carinho e eu não pensei em outra coisa se não chorar. Deitei a cabeça em seu peito e chorei.
  - Me desculpa – ele pediu.
  - Se eu desculpar você vai continuar isso, adianta? – perguntei.
  - Adianta ter você comigo – ele disse com a voz embargada – por favor, Lou, ninguém nunca ficou tanto tempo quanto você.
  Então meu coração se apertou. Eu o abracei o mais forte que pude e sussurrei em seu ouvido:
  - Eu disse que ficaria pra sempre, mas não tenho certeza se consigo.
  Harry afrouxou o abraço e me encarou, seus olhos estavam vermelhos e o verde voltara a eles, agora não pareciam obscuros como antes. Agora era meu Harry. Ele me encarou e sorriu com o canto da boca, um sorriso mínimo e me beijou. Como se não se importasse com o que fosse acontecer dali pra frente, me beijou como se só existíssemos nos dois no mundo.
  E suas mãos com gentileza desceram a minha cintura e me levaram até sua cama.
  Será que as coisas sempre terminariam daquela maneira?

• • •

  Um mês depois daquilo Harry decidiu me contar sobre sua vida inteira, e dei toda a atenção. Ele me disse que estudou em escolas particulares toda a vida e sempre teve o mesmo grupo de amigos e com esse grupo de amigos teve o primeiro contato com as drogas, quando seus pais descobriram o mudaram de escola, mas era tarde, Harry agora era o típico garoto problema da família. Quando a escola acabou ele se viu livre e assim – com ajuda de amigos – entrou totalmente no mundo das drogas. Harry usava e traficava. E o que mais preocupava Louis era saber que aquilo o matava por dentro e não poder ajudá-lo.
  As coisas estavam boas ultimamente, boas até demais, eu e Harry estávamos bem, e minha mãe parou de pegar no meu pé. Com exceção do domingo em que fomos ao cinema e eu encontrei meu amigo Zayn, Harry teve um ataque de ciúmes, gritou e quebrou algumas coisas. Mas estamos bem, eu aprendi que a vida com Harry Styles nunca é perfeita e nunca será, mas esse é o preço que se paga ao amar alguém.
  Eu posso dizer que meu amor por Harry apareceu desde o dia em que o vi, desde o dia em que encarei seus olhos verdes. Eu não acreditava nesse papo de amor a primeira vista até conhecê-lo.
  - Haz – chamei manhoso – Haz?
  Encarei a cama vazia. Era um domingo cedo e ele não estava. Joguei a cabeça no travesseiro e grunhi frustrado. Levantei da cama com preguiça e caminhei até a cozinha. Harry estava na sala assistia alguma coisa na tevê. No sofá tinham pacotinhos vazios – daqueles que ele consumia de cocaína – e cigarros, cheirava a maconha e eu não aguentava o ver assim tão dependente.
  - Haz – sussurrei me aproximando do sofá – Haz são nove da manhã, não é muito cedo pra isso?
  Ele continuou encarando a televisão.
  - Harry – passei a mão por seu ombro – olhe pra mim.

  Ele simplesmente encarava a televisão era como se eu não existisse.
  - Por favor, Harry.
  - Dá pra calar a boca? – ele disse com raiva.
  - Por que você é sempre assim? Eu estou tentando ajudar!
  - Louis seria melhor se você calasse a porra da boca e não se metesse no que não é da sua conta – ele disse me encarando com raiva.
  - Não aja como um idiota de novo.
  Harry cerrou os punhos e levantou-se do sofá.
  - Eu só quero seu bem, você fica aqui acabando com a própria vida aos poucos.
  - Dá pra calar a boca?! – ele gritou.
  Dessa vez ele fez algo que eu não esperava, mas só me dei conta quando meu nariz sangrava, seu punho estava fechado e ele tinha uma expressão de raiva no rosto. Eu não sabia como agir, eu estava apavorado, estava com raiva. Eu não esperava isso dele.
  - Louis – agora sua voz parecia suave, seu semblante era preocupado. Eu não me acostumei com sua bipolaridade ainda – M-me desculpa – ele tentou passar a mão em meu rosto, mas eu me afastei
  - Quando você vai perceber que isso te faz mal?
  Harry me encarou ainda surpreso, supresso consigo mesmo talvez.
  - Isso mata a você e a todas as pessoas ao seu redor, deve ser por isso que ninguém fica por você, Styles – gritei – porque você age como um viciado egoísta!
  - Lou – ele baixou a cabeça – você é tudo que sobrou.
  - E mesmo assim você quis me mandar embora.
  - Não fiz por mal – ele segurou minha mão.
  - Harry não dá – sussurrei – não dá pra continuar assim.
  - Louis, por favor – ele disse com a voz embargada – você disse – ele fungou – pra sempre, lembra?
  O encarei triste.
  - Pra sempre é tempo demais – sussurrei batendo a porta.
  Naquele dia quando voltei pra casa tratei de arrumar meu nariz, deitei na cama sentindo minha cabeça e meu coração latejarem. Harry tinha o poder de me deixar bem demais ou fodido demais. A vida com ele era em extremos e eu gostava disso.
  Durante a noite quando decidi levantar da cama e comer alguma coisa não deixei de notar a rosa que desabrochava dentro do vazo que a plantei, aquela era a semente que Harry me dei no primeiro dia que saímos juntos. Eu lembro bem do que ele disse.
  – Você vai plantar essa semente, ela vai crescer e sempre que você vê-la vai lembrar-se de mim.
  É e eu lembrava. Aquela rosa me fazia recordar tantos momentos. Me fazia querer estar com Harry e dizer que ele ficaria bem, pois estávamos juntos e isso importaria, apenas isso, mas não era assim que funcionava na vida real.
  Sai de meus devaneios com o toque do celular, encarei a tela mesmo que já soubesse que era. Suspirei pesado, coloquei o celular no bolso e sai pela porta da frente. Era hora de voltar pra casa.

• • •

  Harry me abraçou apertado faltou me girar em seus braços, seu sorriso ficou largo, ele beijava todo o meu rosto.
  - Você não deixa de ser um bebêzão – ri.
  - Eu estou feliz, eu acordei feliz qual o problema nisso? – ele fez bico.
  - Nenhum – acariciei seu rosto – eu gosto de você assim.
  Ele sorriu pra mim. Fazia duas semanas que Harry havia parado totalmente com as drogas, às vezes ele procurava pelo apartamento loucamente, e teve um tipo de crise, mas na maioria delas ele era tranquilo e carinhoso. Na noite em que voltamos Harry jogou tudo aquilo fora e me prometeu que nunca mais usaria, mas quem sabe, podia ser mais uma de suas promessas não cumpridas.
  O fato é que eu ficaria com Harry de qualquer forma, não era apenas amor, era mais forte, era algo que me ligava a ele e eu não poderia deixá-lo assim.
  Mais um mês se passou rapidamente, chegamos aos seis meses de namoro e Styles tentou fazer um jantar que não saiu muito bem, pois ele queimou a comida e fomos obrigados a pedir comida chinesa, esperar quase uma hora e comer com champanhe, mas estava valendo, pois estávamos juntos e isso era mais importante do que qualquer coisa.
  No fim da noite, Harry tentou me agradar, me mimou e me encheu de beijos, ele disse que ás vezes eu parecia uma mulherzinha carente, eu bati nele e rimos. As coisas eram mais simples com meu Harry.
  No fim da noite Harry acordou tossindo, ele não conseguia respirar direito e isso me desesperou, dirigi tão rápido ao hospital que devo ter pegado umas três multas por ultrapassar sinal vermelho, mas que se foda eu queria saber se Harry ficaria bem.
  Ele foi levado pra alguma sala me obrigando a esperar naquela maldita sala de espera, o que mais me desesperou foi ver uma família chorando quando o médio disse que o pai das três crianças e marido daquela mulher não teria chances alguma. Nesse momento eu tive vontade de ir confortar aquela mulher e as três crianças, eu não imagino como é perder alguém, e nem quero pensar nessa possibilidade já que Harry está aqui.
  Quando eram 3h da manhã o médico me deixou entrar pra ver Harry, ele usava uma máscara para respirar e sorriu quando me viu.
  - Ei – beijei sua testa – melhor?
  Ele assentiu. Tateou meus bolsos até sentir o celular o tirou de lá, abriu e digitou algo o observei curioso, quando ele voltou pra mim pude ver o que tinha escrito.
  “Não precisa ficar com medo”.
  Assenti.
  - Você nunca tem medo de nada – sussurrei.
  Harry acariciou meu rosto.
  - Vamos ficar bem? – perguntei com a voz embargada.
  Ele assentiu com calma.
  Talvez não.
  Quando já era quase de manhã um médio pediu para que eu saísse, pois eles examinariam Harry e diriam a causa daquilo. Eu sai, fiquei na sala de esperava novamente, agora o hospital não tinha ninguém além das recepcionistas. As mulheres me olhavam curiosas e as vezes sorriam como se quisessem me reconfortar.
  - Está aqui há muito tempo – disse uma senhora simpática – quando dormiu pela última vez?
  - Ontem – sussurrei – eu não posso sair daqui.
  - Alguém importante demais? Mãe? Pai?
  - Meu namorado – encarei seus olhos azuis – ele é a pessoa mais importante.
  Ela assentiu com um sorriso triste.
  - Ouça filho, às vezes não vale a pena se sacrificar assim por alguém.
  Sorri triste.
  - Por ele vale qualquer coisa.
  Devia ser 2h da tarde quando o médico me chamou novamente, ele me encarou uma cara estranha e disse que queria conversar antes que eu visse Harry.
  - Temos o diagnóstico do Harry – disse ele sério.
  - E o que ele tem?
  O médico me encarou nos fundo dos olhos, suspirou triste e anunciou:
  - Câncer de pulmão.
  Eu não sabia o que seria câncer de pulmão, mas se tem a palavras câncer no meio não deveria ser algo que eu devesse dar graças a deus. Eu o encarei surpreso, mas nada consegui demonstrar, eu estava surpreso, estava desesperado e confuso. Eu perderia Harry? É isso? Depois de tanto lutar? Vou morrer na praia.
  - É o pior tipo Sr. Tomlinson – ele disse triste – câncer de pulmão de pequenas células.
  - Isso não tem tratamento? – arregalei os olhos.
  - Infelizmente não.
  O encarei com os olhos marejados.
  - Quanto tempo?
  - Uma semana.
  Respirei fundo. Tudo que eu pude fazer eu já tinha feito. Agora era isso? Esperar Harry morrer? Simplesmente esperar o amor da minha vida morrer em uma cama de hospital?
  Adentrei a sala em que ele estava com os olhos vermelhos, pois lágrimas não paravam de cair, o ar ficou difícil e minha respiração era complicada. Aproximei-me da cama e beijei seus lábios.
  - Por que você não me escutou? – sussurrei com a voz embargada.
  - Não se preocupa – ele disse.
  - Harry você vai morrer! – o encarei nos olhos.
  - Você também vai um dia – ele disse normalmente.
  - Isso é sério.
  - Eu sei que é – ele acariciou meu rosto – mas você ainda tem a flor.
  - Harry! – grunhi – eu preciso de você.
  - Você tentou me ajudar – ele disse me encarou seriamente – você foi a melhor coisa que me aconteceu em toda a minha vida e eu te amo, Louis eu te amo pra caralho, eu só agradeço por você ter aparecido e me aguentado com todos esses problemas.
  - Eu te amo – sussurrei beijando seus lábios – muito, muito, muito.
  Harry sorriu triste. Me abraçou apertado e acariciou meus cabelos.

• • •

  Era noite de uma quinta, Harry e eu estávamos no hospital, ele contava histórias bizarras que vivera e eu ria não acreditando que aquilo era verdade, e talvez não fosse mesmo. Mas improvável, e vindo de Styles qualquer coisa era possível.
  - Sono? – perguntei ao vê-lo bocejar pela terceira vez, ele assentiu com cara de manhoso.
  Sempre que Harry dormia meu coração apertava. Ele arrumou-se na cama e sorriu pra mim.
  - Não precisa ficar com essa cara – ele disse – vem cá? – ele abriu os braços.
  Sorri de canto.
  - Dorme comigo? – ele sussurrou.
  - Acho que não é permi...
  - Shhh – ele disse – entra aqui de uma vez – riu afastando-se na cama.
  Ri com aquilo.
  Sentei-me e depois me deitei, Harry me abraçou com tanto carinho, eu queria poder abraça-lo pra sempre. Ficamos ali, por algum tempo ele encarava meus olhos e eu os seus, me lembrou nossa primeira noite, ou melhor, nossa primeira manhã. Styles me fez ficar na cama apenas o encarando, e nesse dia que eu jurei ficar pra sempre.
  - Eu te amo – sussurrei beijando seus lábios.
  - Eu amo você – ele sorriu doce – mais do que a mim mesmo.
  Acaricie sua bochecha e lhe beijei, dessa vez um beijo de verdade, talvez um de despedida. Ao fim do beijo Harry sorriu, fechou os olhos uma expressão angelical e me encarou, afundei meu rosto em seu peito e respirei fundo, apertei os olhos tentando conter as lágrimas e foi ai, quando a primeira lágrima caiu o pior som que já ouvi na vida ecoou pela sala. O aparelho apitava e eu só tinha forças pra chorar, agarrei o corpo de Harry o beijei pela ultima vez. Os médicos entraram na sala e era ai que acabava.
  Então eu não pensava em mais nada, eu não pensava em viver, pois com Harry era tudo perfeito, apesar de tantos problemas. Mas sem ele as coisas eram ruins, o céu não era azul, os dias eram tempestuosos e o sol nunca mais aparecera, eu só tinha uma coisa para me lembrar dele. Apenas aquela rosa que brilhava a cada dia mais, ela parecia ter a juventude de Harry e era tão bonita quanto Styles. Com aquela rosa, eu sabia que meu amor não morreria, não morreria porque eu disse, eu prometi. Eu ficaria pra sempre com meu Harry Styles

FIM



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