Stay Closer
Escrito por Maraíza Santos | Revisado por Mariana
Coloquei as mãos na janela e empurrei meu rosto contra o vidro para ver do lado de fora. Neve, neve e mais neve. Geralmente, preferiria esse clima, porém eu só queria ir para casa e naquele tempo mal conseguia abri a porta.
- , o tempo lá fora está péssimo! – Comentou desligando a TV – Vai pra casa assim mesmo?
- Não. – Me afastei da janela – Vou ligar pra minha mãe, talvez ela venha me pegar, sei lá.
- Péssima ideia. – Ele riu coçando a nuca – Os telefones não estão pegando.
- Ah, que ótimo! – Revirei os olhos e fui andando em direção as escadas, parei no primeiro degrau o olhando, ele me fitava com seus olhos azuis. Balancei minha cabeça em pergunta – Posso ficar aqui?
- Ah... É... – Ele disse meio enrolado – Claro! Claro...
- Ok – Fui subindo as escadas um pouco rápido e ouvi um suspiro frustrado do . Parei no sexto degrau e sem olhar pra ele, suspirei.
- Vai subir? Eu não sei onde é... Hm... Banheiro – Comentei logo olhando para trás.
Ouvi seus passos se aproximarem e percebi que já subia as escadas ele passou em minha frente e eu o segui. Continuei andando e passei as mãos no rosto para aliviar o estresse.
Preciso da minha cama. Preciso do meu chocolate quente. Preciso do meu sono.
Coloquei a mão na maçaneta em uma porta sem segui-lo o forcei a porta para abrir.
- Tá fechada – Ouvi a voz de atrás de mim. – E isso ai é meu quarto – Ele soltou uma risada fraca e eu acompanhei rindo.
- Vai, me diz, onde é o banheiro? – Perguntei. Ele apontou pra porta ao lado. Entrei-me trancando a porta.
era um velho amigo, nos conhecíamos desde criança porque frequentamos a mesma igreja em Nashville junto com os nossos pais. A diferença é que ele era um cristão nato e eu apenas uma turista na igreja desde que eu saira de casa e ficado longe por tanto tempo. Não o via há um século e, muito menos, conversava com ele em redes sociais. Talvez seja isso que nos mantém um pouco longe. Minha mãe havia pedido pra eu buscar uns papéis aqui com a mãe dele, Mrs. , e assim o fiz, mas não fazia ideia que ia acontecer uma tempestade de neve lá fora.
Tirei minhas luvas e as enganchei por dentro de minha calça. Liguei a torneira, enchi minhas mãos com água e molhei meu rosto. Olhei-me no espelho.
Tenho quanto tempo nessa casa? Hm, três horas? Talvez a tempestade demore ainda mais e não me dê passagem, logo eu teria que ir apenas amanhã. Certeza que os pais do estão ilhados dentro do escritório e isso me dá o resto do dia com ele. Oh, isso vai ser tedioso. Mas quem sabe eu não conheça o melhor? Ele parece ser uma cara legal.
Dei os ombros e enxuguei meu rosto e minhas mãos com uma toalha que havia lá. Sai do banheiro e pus minhas luvas; olhei pros lados e não vi ninguém, porém a porta do quarto dele estava aberta. Fui entrando devagar e o vi pegando uma caixa que estava em cima do seu guarda-roupa. Eu não sei quanto tempo durou, pode ter sido segundos ou até minutos, até que da sua mão caiu uma aranha em cima do meu pé.
Gritei desesperadamente na hora em que vi aquele inseto gosmento no chão sentindo meu sangue gelar, e o medo tomar conta dos meus olhos.
- Tira, tira, tira! – Gritei subindo em cima da cadeira que o estava e segurei-o pela cintura e fechei os olhos com força.
- Calma! Calma! Fique perto, babe! – Ele segurou meus braços. Senti o calor de suas mãos pelo casaco fino que eu usava – Vamos acabar caindo daqui.
Ficamos em silêncio por alguns segundos quando começou a rir.
- É uma aranha de mentira – Ele explicou. Abri um dos olhos e depois os outros dois.
- Tira... – Sussurrei manhosa olhando pra ele. Nunca havia percebido o quão alto ele era até agora. Ele me fitou com os seus olhos concentrados por um tempo.
- Se você me soltar... – Ele falou sorrindo envergonhado, tirei meus braços e ele saiu de cima da cadeira. Pegou a aranha em sua mão e colocou no bolso. – Não sabia que você tinha medo de arranhas.
- Mais do quê eu tenho de golfinhos – Desci da cadeira e ele subiu pra pegar a caixa.
- Golfinhos? – Ele fez uma careta – Que estranho.
- Muita gente tem medo de golfinhos sabia? – Pus minhas mãos na cintura - E o que tanto procura?
- Isso – Ele tirou na caixa um álbum de foto enorme cheio de poeira. Sentou na cama e eu sentei do seu lado. O álbum tinha cor de rosa claro e tinha uma capa lisa sem nome. Ele passou a mãos por cima tentando tirar boa parte da poeira e abriu.
- Você lembra disso? – Ele falou apontando pra primeira foto. Lá havia o grupo de crianças sentadas em um círculo escutando a história que uma mulher - cabelos castanhos, uma jovem sorridente - contava. Sorri.
- Esse era você? – Apontei para um garotinho de cabelos negros e sorrisinho meigo parecia ter mais ou menos um ano.
- Sim, essa era a senhorita Stuart – Ele riu como se lembrasse de algo – eu coloquei chiclete no cabelo dela nesse dia.
- Meu Deus! – Exclamei – Você sempre aprontava quando éramos crianças.
- Sim – Ele sorriu folheando as páginas rapidamente até chegar em uma onde havia fotos de duas crianças sorrindo...
- Você ainda tem? Nós éramos tão pequenos – Falei admirada com a mão na boca.
Na foto estávamos juntos com uma medalha de honra ao mérito por causa de uma competição de perguntas e respostas de um dos livros da bíblia, me lembro muito bem que nós dois empatamos e que ele ficou todo tímido pra tirar a foto comigo. Nossos sorrisos alegres quase não cabiam nos nossos rostos.
- Eu gostava do seu cabelo castanho – Ele comentou -, mas ficou legal ele loiro.
- Ninguém nunca me disse isso – Falei olhando pra ele. desviou o olhar para o álbum – Sabe, costumam dizer que preferem eu loira.
- Prefiro do jeito que você é – Ele me olhou nos olhos por uns segundos e voltou a prestar atenção no álbum.
- O que você quer dizer pra mim, ? – Arqueei as sobrancelhas.
- Nada não – Ele disse tentando parecer concentrado nas fotos.
- , pelo amor de Deus! Somos adultos! – Eu revirei os olhos – Não temos 14 anos, acho que...
- O quê, ? – Ele olhou pra mim com o cenho franzido – Vai fazer isso de novo?
- Isso o quê, criatura? – Perguntei sem entender nada.
- Fingir que não sabe de nada. Fingir que eu não existo igual você fazia na escola, fingir que eu nem amigos somos quando você sabe muito bem que pode contar comigo pra qualquer coisa! Fingir que não sabe que eu sou... – Ele engasgou – Não importa. De qualquer maneira você vai voltar pra Seatle e fingir que nunca morou aqui em Nashville. – ele se levantou já subindo na cadeira pra guardar o álbum mostrando-se irritado.
- Qual é o seu problema? – Me levantei com raiva – Fica falando essas coisas sem sentido!
- Sem sentido é você voltar e agir como a rainha da cocada peta! – Ele falou.
- Olha aqui, seu merda, eu só... – Falei apontando o dedo pra ele já me aproximando. Meu rosto com certeza estava vermelho, mas o que eu poderia fazer? Ele fica com essas histórias e eu pago o pato?
- , para com isso. – Ele segurou minhas mãos – Para!
- Para com o quê? Eu amo Nashville, eu amo minha vida aqui, mas não posso ficar aqui! Aqui não é meu lugar – E inevitavelmente eu estava chorando – Eu sou a ovelha negra dessa cidade! Eu não devia... – Engasguei com os soluços – Minha mãe, ela deve me odiar!
- Ela não te odeia, – Ele segurou meus braços pra que eu olhasse em seus olhos – Ela só sente falta de você. Todos nós sentimos.
- Eu não sei. – Abaixei a cabeça – Você mesmo acabou de dizer que eu não sou uma boa amiga e...
Estabilizada. Nada do meu corpo mexia, meus olhos estavam arregalados enquanto eu tentava entender o que acontecia.
me beijou. certinho me beijou.
Ele segurava meu rosto com as suas duas mãos, elas estavam quentes e senti meu corpo arrepiar ao tocar minha pele fria. Fechei os olhos devagar, achando o quão louco isso era, e segurei suas mãos para tirá-las do meu rosto e eu poder abraça-lo com meus braços pelo seu pescoço. Ele colocou as mãos em minha cintura aprofundando o beijo. Era como em todo meu corpo corre-se uma corrente elétrica que o passava pra mim.
- Alguém pode me explicar isso? – Ouvi a voz da minha mãe e afastei meus lábios olhando pra trás. Lá estava ela de braços cruzados ao lado dos pais do .
- Sempre soube que um dia eles iam ficar juntos – Comentou a senhora . Sorrindo envergonhada tentei esconder minha cabeça no casaco de , que sorria também com as bochechas vermelhas.
- Cuidado, hein? – O pai dele fez sinal com dois dedos – Estou de olho em vocês.
- O que aconteceu com a tempestade de neve? – Perguntou .
- Parou faz mais de meia-hora – Respondeu minha mãe – Vocês estavam bem ocupados hãm? Bem, - ela virou pra os pais do – é melhor deixarmos eles sozinhos.
- Cuidado vocês dois – Repetiu o senhor . Eles se viraram e saíram.
- Ah – Minha mãe olhou pra nós – Termine logo com isso e vamos pra casa, ok?
- Ok – Respondi e ela sorriu voltando a andar junto com os donos da casa.
- O que foi isso? – Perguntei a ele.
- Um beijo? – Ele respondeu como se fosse óbvio.
- Espera, você é... Hm... Apaixonado por mim, ? – Arqueei as sobrancelhas.
- Ah, ... – ele, envergonhado, coçou a nuca.
- Oh, Jesus, eu devia ter ouvido quando a Sunny disse... – Pus a mão na cabeça.
- Mas e ai? Você... é... é apaixonada por mim? – Ele perguntou. Suspirei.
- Não, mas agora fiquei confusa – Suspirei outra vez – Depois a gente conversa tá? – Beijei a bochecha dele. – Tchau, .
- Tchau, .- Ele falou parecendo frustrado – Até algum dia.
- Claro, – Sorri – Claro. – Continuei andando com a certeza que dessa vez eu voltaria.
{...}
Tirei meus pés de cima da cadeira enquanto eu desenhava no meu caderno de esboço dos meus desenhos. Escrevi em baixo “Stay closer, babe’’ sorrindo sozinha ao olhar o final do desenho.
- Parabéns pelo ultimo trabalho, , você é ótima como designer gráfico! - Jonh, meu chefe na empresa - De quem são esses olhos? – Perguntou ele ao olhar meu desenho.
– Oh, esse é o . – Respondi meio abobada.
- Hm, sei – ele olhou desconfiado indo para sua sala.
Fique perto, babe.
FIM
Olá, leitoras! Esse é o fim de mais uma fanfic. Eu não sei de onde veio a ideia mais quando vi a palavra ‘’medo’’ nada me veio na minha cabeça até agora ahahaha espero que tenham gostado. Até mais!