Star
Escrito por Anne | Revisado por Anne
- Eu não quero mais. - a menina suspirou. - Eu não consigo mais. Eu sinto muito, mãe. Mas eu não aguento. Se eu tiver que morrer, eu vou. Se eu tiver, eu não vou.
- Mas...
- Não tem "mas", mãe. Eu tô cansada. Cansada de me sentir fraca, frágil... Cansada. Eu tenho 14 anos! Eu deveria... Sei lá, estar vivendo a minha vida. - uma lágrima escorreu. - Eu sei que você não tem culpa, ninguém tem. Eu só não aguento mais. Eu não aguento mais ficar vomitando. Não aguento mais não ter cabelos. Eu sou uma aberração.
- Você não é, .
- Eu sou. Não adianta dizer que eu não sou, eu sei que sou.
- , eu sei que tá tudo mais difícil, mas você não pode simplesmente se deixar vencer.
- Me deixar vencer? Eu lutei mãe. Eu lutei todos esses quatro anos. Eu só não tenho mais forças. Eu não estou dizendo que eu vou morrer, não estou... Só tô dizendo que o que tiver que ser, vai ser.
- Você é uma guerreira, . O tratamento pode não estar dando certo, mas você continua firme. Suas amigas continuam do seu lado, não continuam? Sua família continua do seu lado.
- Eu não aguento mais! As pessoas me olham com pena, quando eu chego no Instituto do Câncer, é como se eles me olhassem e enxergassem a minha sentença de morte. É difícil respeitar minha vontade? Não deveria ser. Por favor, mãe.
A mãe assentiu e saiu do quarto.
xx
Izzy - a mãe de -, decidiu acatar a decisão da filha, mas, não muito tempo depois, a menina faleceu, uma vez que o câncer se espalhou pelo corpo todo.
xx
PS: EU FIZ ALGUMAS ALTERAÇÕES NA MÚSICA. TIPO MAN PRA GIRL, FOUR PRA FOURTEEN, ETC SUGIRO QUE VOCÊS COLOQUEM PRA TOCAR, ESSA MÚSICA.
I remember your barefeet down the hallway,
I remember your little laugh
Race cars on the kitchen floor
Plastic dinosaurs
I love you to the moon and back
Izzy observava as fotos da menina quando criança. sempre fora uma criança diferente, não gostava de brincar de boneca, gostava de brincar com brinquedos de menino, talvez por influência do irmão mais velho, Philippe.
Em uma das fotos, estava no final do corredor, o sorriso ainda sem dentes, e o irmão estava segurando seus braços gordinhos, para que ela ficasse em pé.
Izzy riu. Ela podia sentir o calor das mãozinhas da menina nas suas.
I remember your blue eyes
Looking into mine
Like we had our own secret club
I remember you dancing before bedtime
Then jumping on me waking me up
I can still feel you hold my hand
Little girl, and even the moment I knew
You fought it hard like an army guy
Na foto seguinte, Izzy estava sentada no chão, dando risada, olhando nos olhos azuis da filha, que mal tinha completado quatro anos.
Os olhos de Izzy marejaram. Ela sentia falta da filha. Da menina que havia lutado quatro anos pra tentar curar um câncer no sangue, leucemia, na verdade. Elas haviam tentado de tudo, mas, desde o primeiro passo para à cura - a quimioterapia -, o corpo da menina havia reagido mal, tentaram até transplante de medula óseea mas nada adiantou.
Ela nunca deixou de acreditar na cura. Nunca. Ela dizia até que se um dia o câncer a abandonasse e ela conseguisse se formar, se tornaria oncologista, a especialidade médica que trata do câncer em geral. Mas, ela não viveu tempo o bastante.
Remember I leaned in and whispered to you
Come on baby with me, we’re gonna fly away from here
You were my best fourteen years
A próxima foto, Harry - o marido de Izzy - havia tirado em uma das sessões de quimioterapia.
A menina já estava quase careca, mas sorria. Os tubos de ar estavam encaixados no nariz e ela parecia ter um pouco de dificuldade para respirar, mas ria de algo que a mãe falou no seu ouvido.
Izzy lembrava-se bem do que havia falado... "Seja forte. Continue forte. Em pouco tempo, nós vamos sair daqui e você vai ver, tudo vai ser melhor.", a menina apenas sorriu e assentiu.
I remember the drive home when the blind hope turned to crying and screaming why
Flowers pile up in the worst way
No one knows what to say about a beautiful girl who died
And it’s about to be Halloween you could be anything you wanted if you were still here
I remember the last day when I kissed your face and whispered in your ear
Ela estava cansada de ver fotos, mas, as lembranças começaram a vir em sua mente, de uma vez só...
Lembrava-se de uma vez, o primeiro Halloween após a descoberta do câncer... se sentia mal, fraca, cansada e seus cabelos estavam ralos, mas queria comemorar, afinal, adorava Halloween, era sua data preferida do ano!
Decidiu que iria vestir-se de Alice, do filme Alice No País Das Maravilhas. Alice era sua personagem da Disney preferida - na verdade, era o Chapelero, mas isso não vem ao caso.
Izzy foi buscar a fantasia numa loja, um dia antes da noite de Halloween, as ruas estavam frias e cheias de folhas secas, mas ela podia imaginar o sorriso da filha, assim que visse a fantasia. Ela ia fazer uma surpresa à filha: havia encomendado, também, uma peruca loira.
Desde que descobrira o câncer, aquela foi uma das vezes que mais ficou feliz, os olhos azuis pareciam brilhar com a fantasia completa, e Izzy podia jurar que viu os olhos da menina lacrimejarem assim que viu a peruca. Ela veio até a mãe e a abraçou, e Izzy sussurrou no seu ouvido: "Eu vou fazer tudo o que eu puder, pra te fazer feliz".
Depois da noite de Halloween, passou uma noite no hospital, graças ao esforço que havia feito.
What if I’m standing in your closet trying to talk to you
What if I kept the hand-me-downs you won’t grow into
And what if I really thought some miracle would see us through
What if the miracle was even getting one moment with you
Ela foi até o quarto da filha. Estava tudo intocado. Ninguém entrara ali, só ela. Ela havia se sentido preparada para dar as coisas que a filha havia usado, mas agora, achava que era a hora certa.
Sentou-se em frente ao guarda-roupa e o abriu, tirou blusa por blusa, calça por calça, vestido por vestido e os redobrou, por mais bem dobrados que estivessem.
O cheiro doce da filha ainda estava em casa roupa, cada canto daquele quarto ainda tinha o cheiro de , o cheiro doce que ela tanto gostava.
Dobrando as roupas, lembrou da última vez que fizera isso junto com , a menina falou que só um milagre a salvaria, mas que a coisa boa nisso tudo, era que ela acreditava em milagres. Izzy também acreditava, mas, o milagre não veio, pelo menos não em tempo.
I remember your barefeet down the hallway I love you to the moon and back
Izzy terminou de dobrar todas as roupas e as encaixotou, depois, encostou-se no batente da porta do quarto da filha e olhou para o corredor.
Fechou os olhos, abriu-os e os fixou no lugar onde a foto com Phillippe havia sido tirada. Ela conseguia ver, ou sentir, a menina ali, pequena e brincando com os brinquedos do irmão mais velho.
O tempo pode passar, ela poderia engravidar de novo, sua nova filha poderia ser igual a , mas... aquela menina iria ficar guardada pra sempre em sua memória.
Ela iria a amar, mesmo depois que ela mesmo morresse. Ela iria a amar pra sempre. Independente de qualquer coisa.
"Ao infinito e além." ela pôde ouvir, pela última vez, a voz da menina em sua cabeça.
- Ao infinito e além. - ela sussurrou baixinho, para si mesma.
É meio triste e talvez, é a mais triste que eu já escrevi até agora. Eu não ia participar, mas, me bateu a inspiração e foi a história toda. Well... Não é baseada em ninguém em especial, era pra ser, mas não foi. Espero que gostem. Aliás, a música foi realmente escrita pra um menino que tinha câncer! Xx, see ya. :)