Soft and Tender
Escrito por Khloe Petit
Seus olhos brilhavam como o nascer do sol, anuviados por uma leve nuvem, mas que prometia algo bom.
Eu não cansava de observá-la.
Ela era como meu próprio nascer do sol.
– O que foi? - sua voz soou ainda sonolenta.
– Hum? - murmurei, ainda mesmerizado com minha sorte em tê-la deitada ali ao meu lado.
– Você está me encarando faz um tempo já.
– Estava te admirando.
– Por quê?
– Porque você é linda.
Ela abriu um sorriso tímido. Doce. Perfeito. Meu.
Nós havíamos nos conhecido por um acaso. Ela levava algumas crianças para o parque, como parte de seu trabalho como professora em uma creche de bairro; eu, como policial civil, havia sido transferido para aquele mesmo bairro e encarregado de observar e manter a paz entre os residentes. Uma das melhores horas, era a parte da manhã, quando eu ajudava o trânsito local em seu caos comum de saída para o trabalho e escola.
Quando ela sorriu para as criancinhas cuja altura mal chegava à altura dos capôs dos carros, foi como se minha vida fosse um filme, e chegasse o momento em que todos veriam, pelos meus olhos, aquela obra de arte acontecendo em slow motion.
Diariamente, passei a ansiar pelos horários da manhã. Raramente permitia que trocassem meu horário e com frequência trocava com o policial responsável, para que não pudesse perder o vislumbre de vê-la com seus sorrisos e voz doce.
Com o passar dos meses, já era normal tanto ela, quanto todos os frequentadores da região que faziam o mesmo caminho, de me reconhecerem e me cumprimentarem. No dia do policial, fui surpreendido com um presente da turma de crianças que ela cuidava.
– É um cartão de obrigada! - uma das crianças disse.
Agradeci a todos sem graça, não sabendo bem como dialogar com pessoas tão pequeninas; por fim, fui até ela com a desculpa de agradecer à responsável por educar crianças tão bem. Perguntei se, por acaso, se ela não houvesse nenhuma programação, se aceitaria sair um dia comigo.
Uma semana antes eu havia ouvido suas colegas conversando com ela sobre encontros às cegas e ela recusando docemente, pois não acreditava nesses tipos de encontros. Sorri, orgulhoso, esperando pelo momento certo para convidá-la eu mesmo. Ela me conhecia, afinal.
E então tudo fluiu como se aquele fosse nosso destino.
Nós saímos algumas vezes antes de eu tomar a iniciativa de beijá-la. Porque ela parecia ser o tipo de mulher que precisava de tempo para deixar as coisas acontecerem. Eu, com meu jeito rústico de quem havia crescido em uma família militar, repleto de regras duras de como ser um homem e como se comportar como um de forma a trazer orgulho para a sociedade. Essa educação me fez um homem frio, frequentemente alvo de críticas de meus superiores por ser inflexível demais. Achei que a carreira na polícia fosse isso: inflexível com os bandidos, as pessoas ruins. Mas quando há dinheiro, há sempre uma saída.
Meu desempenho duro fez com que eu fosse transferido para um bairro com poucos casos de bandidos e mais necessidade de ronda, para que os cidadãos se sentissem seguros.
Quando minha vida começou a se tornar tediosa e ociosa, ela surgiu. . Com seu sorriso doce como algodão doce e alegre como uma criança em frente a uma loja de brinquedos.
se mostrou exatamente a mulher que eu enxergava. Preocupada, empática, feita para ser amada e amar. No início de nosso relacionamento, senti medo de perdê-la.
– Eu não sou tão frágil como você imagina, - ela disse um dia, quando eu lhe disse para nunca me deixar devido ao meu temperamento difícil. – Sei quando devo ser dura com as pessoas.
– Você nunca foi dura comigo.
abriu um sorriso terno e fez um carinho em meu rosto antes de responder:
– Você é duro o suficiente.
*___*
– Case-se comigo - disse um ano depois, enquanto caminhávamos de mãos dadas à beira do rio Han durante o pôr do sol. – Me ame de forma doce e tranquila como sempre fez, e eu a amarei com todo meu ser.
– Sim - ela respondeu, lágrimas brotando de seus olhos –, sim, eu adoraria amar você para sempre, .
Foi como se o nascer do sol entrasse em meu peito e ficasse ali, me transformando em um vagalume irritante, levando um brilho para onde quer que fosse.
Faz cinco anos desde nosso casamento. De lá para cá tivemos dois filhos e o próximo está quase pronto para nascer. Continuamos vivendo no mesmo bairro que nos conhecemos e, diferente de antes, criamos uma rotina em que eu a acompanho e nossos filhos até a creche, para em seguida tomar meu posto no trabalho de sempre; ajudando crianças a chegarem em segurança até a escola ou fazer com que o trânsito de carros não seja impossível nos horários de pico.
– Mimi, você precisa deixar a perna do papai para ele fazer o trabalho dele - disse pacientemente, a mão nas costas para compensar o peso que a barriga que carregava nossa caçula.
– Não, não! Quero ir junto do papai!
Sorri e agachei para que ela pudesse olhar em meus olhos.
– O trabalho do papai está na rua, o seu está aqui dentro. Lembra do que eu lhe disse antes?
Olhamos os dois para e seu barrigão, e Mina rapidamente se lembrou de seu dever como irmã mais velha. Balançou a cabeça e foi até a mãe lhe beijar a barriga. encarou-a com amor e então ergueu seus olhos para mim.
Sorri e fui até ela, lhe dando um beijo no topo de sua testa.
– Até mais tarde.
– Eu te amo. - ela disse, como sempre e, sentindo a ternura que antes dela em minha vida não existia, olhei em seus olhos e disse com a mesma calma e doçura que ela se dirigia a mim:
– Para sempre.